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Baixos - Brasiliana USP

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362 O BRASIL HOLANDÊS SOB<br />

Tobias Silberling (1659) e recentemente também em holandês<br />

(1923) por S. P 1'Honoré Naber. A presente tradução, mandada<br />

fazer pelo ministro Gustavo Capanema- é assim a terceira que se<br />

empreende da crônica barleusiana.<br />

Quem preferir a leitura do original latino terá de vencer não<br />

pequenas dificuldades. Não falando das freqüentes e às vezes<br />

quasi indecifráveis adulterações de nomes próprios e de termos indígenas,<br />

aliás comuns em outros autores coevos que versaram assuntos<br />

semelhantes, encontram-se no cronista de Nassau certos<br />

passos de interpretação árdua e demorada. Influenciado pelo retorismo<br />

da época, falta-lhe a singeleza, a fluência, a limpidez dos<br />

verdadeiros clássicos latinos. O seu estilo é forçado, irregular, perissológico,<br />

túrgido, cheio de impropriedades, de incorreções sintáticas,<br />

de ambages, defeitos que sobremaneira o distanciam dos<br />

escritores genuinamente latinos, dificultando-lhe, assim, a imediata<br />

compreensão. Não parece merecido o epíteto de "latiníssima"<br />

com que adorna Varnhagem a história de Barléu, salvo se houve<br />

neste qualificativo uma intenção irônica.<br />

Entretanto, é justiça reconhecer-se ao escritor flamengo, e<br />

disso o seu livro dá claro testemunho, vasta leitura dos autores antigos,<br />

aos quais muitas vezes imita quasi literalmente ou adapta a<br />

diversos trechos da sua narração. Faltou-lhe, porém, o critério seletivo<br />

de um tipo clássico de estilo, um ideal definido de perfeição<br />

literária.<br />

O tradutor, conquanto procurasse, dentro do possível, aliviar<br />

a redação maciça do autor, não quis, todavia, desfigurá-lo, dando-<br />

-lhe feição nimiamente moderna, destoante dos processos estilísticos<br />

da época. Sem se apegar a exagerado literalismo, o que tornaria<br />

tediosa a leitura da obra, forcejou, entretanto, para acompanhar<br />

sempre de perto o original, conservando-lhe, fielmente a substância,<br />

a despeito de variar às vezes a forma, quando a clareza o<br />

exigia.<br />

Se não prima Barléu pelo estilo, não é tão pouco historiador<br />

sereno, obediente à regra de Tácito de narrar os fatos sem ódio<br />

nem favor. Panegirista de Nassau, só o aprecia pelo lado bom, sem<br />

lhe apontar um só erro. sem lhe achar um só defeito. Não vê nele<br />

senão virtudes, somente lhe tece louvores. Tal proceder gera desconfiança<br />

no leitor. Qual o homem que não tem os seus deslizes ?<br />

Qual o administrador em absoluto isento de alguma falta ? E Nassau<br />

não poderia fugir à sorte comum a todos os mortais. Falando<br />

de Barléu, assim se exprime Frei Rafael de Jesus : "Escreveo, &

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