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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 349<br />

cios da Companhia, porque os nossos quebravam a fidelidade, os<br />

inimigos se mostravam audazes, as fortalezas capitulavam e os<br />

soldados holandeses ficavam sujeitos às derrotas, e além disso,<br />

já não foram mais os saqueadores portugueses contidos pelo medo,<br />

nem os holandeses pela conciência do dever. O Conde, reservado<br />

para cousas maiores, pediu a tempo a sua demissão, de sorte<br />

que ficou duvidoso se mereceu maior louvor em administrar as<br />

terras bárbaras ou se em deixá-las. Foi-lhe mais pronto entregar<br />

o governo que aceitá-lo, e o que sobre si tomara a pedido alheio<br />

renunciou de vontade e ânimo sereno. Certo se deveu ao destino Voltando Mauque,<br />

despindo-se, nas terras estrangeiras, da sua dignidade de ric j° P*** * Pàgovernador<br />

e capitão-general, se houvesse revestid» de outra na com' aitas^tgni-<br />

pátria, sem deixar de ser quem foi e tornando-se até maior do<br />

que foi. Antes obedeceu até às ordens dos mercadores, agora<br />

somente às dos Estados Gerais ; antes servia um cargo temporário,<br />

agora perpétuo; antes administrava interesses da Pátria,<br />

ausente dela ; agora faz o mesmo, residindo nela ; antes governava<br />

bárbaros, agora governa a sua gente ; antes comandava milícia<br />

mais imperita, agora tem às ordens milícia mais organizada. Com<br />

efeito, foi nomeado pelos Estados Gerais não só governador da<br />

ínclita Wesel (362), a mais forte das praças fronteiriças, mas<br />

também tenente-general de toda a cavalaria, sob o príncipe Guilherme<br />

de Orange (363). e, lembrando-se dos méritos de seus<br />

avós e votando-se aos interesses da Holanda, vê a trajetória, mas<br />

não o termo, das suas honras.<br />

Os invejosos e descontentes se inclinam a diminuir os louvores<br />

dos que governam, mas aqueles que seguem os sentimentos<br />

de justiça e os sufrágios dos melhores não ouvem as vozes vãs do<br />

povo. Os que vão julgar dos capitães cumpre que lhes examinem<br />

os planos, conselhos, fidelidade e feitos, e não unicamente isso,<br />

mas ainda aquilo que poderia ter sido por eles realizado, pois sabido<br />

é que amiúde não se lhes deparam ocasiões, amiúde se vêem<br />

privados de armas e aparelho bélico. E além disso, não podem<br />

responder, por si próprios, pelos sucessos de todos os cometimentos,<br />

porquanto as cousas da milícia são muito sujeitas à<br />

sorte. Também é esta condição dos potentados : — consideram<br />

seus todos os feitos prósperos, mas imputam aos seus generais<br />

todas as empresas infelizes. Nassau nunca deixou escapar-se a<br />

Fortuna, quando ela se apresentava, nem permitiu, por negligência,<br />

que ela se oferecesse ao inimigo. E, quando este prevalecia<br />

em armas, nunca êle achou que se devesse desdenhar, nem temer-<br />

dades -

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