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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 347<br />

geográficas com grande cuidado e a sua custa, nas quais se representavam<br />

as cidades, vilas, povoaçoes, fortalezas, currais, lagoas,<br />

fontes, cabos, estâncias navais, portos, rios, escolhos, engenhos,<br />

igrejas, conventos, plantações, posição das regiões, suas<br />

longitudes e latitudes e outras cousas, sendo autor delas Jorge<br />

Marcgrav, exímio geógrafo e astrônomo, o qual, incumbido de fazer<br />

o mesmo na África, lá morreu. Para agradar-lhe mandou o<br />

Conde construir numa eminência um observatório, onde se estudassem<br />

os movimentos, o nascer, o ocaso, a grandeza, a distância<br />

e outras cousas referentes aos astros. A estes estudos juntou<br />

ainda aquela diligência com que fez desenhar e pintar artisticamente<br />

os animais de várias espécies, as maravilhosas formas dos<br />

quadrúpedes, assim como das aves, peixes, plantas, serpentes e<br />

insetos, os trajes exóticos e as armas dos povos. Estamos na<br />

expectativa certa de tudo isso, que deve sair a lume com as respectivas<br />

descrições.<br />

Se bem que tratava o Conde a todos com distinção, admirava<br />

e amava aos doutos, principalmente aqueles a quem conhecia<br />

na intimidade. Entre estes estavam em primeiro lugar Francisco<br />

Plante e Guilherme Piso, aquele seu capelão e pregador,<br />

este seu médico, aquele diligentíssimo em excitar as almas à piedade,<br />

este em revelar a natureza à maior das ciências, ambos insignes<br />

pela sua ilustração e louvados na sua arte. Por isso quiseram<br />

não somente ser testemunhas das ações praticadas, mas<br />

também dar a conhecer a flora do Brasil. Um, dirigindo o espírito<br />

para as ficçÕes poéticas, exaltou, num poema de mérito, que intitulou<br />

Mauricíada, os feitos gloriosos de Maurício no Brasil. O<br />

outro, dedicando-se ao estudo da natureza rara e das virtudes<br />

das plantas exóticas, julgou que lhe competia dar-lhes a descrição.<br />

Fizeram estes dois que não fôssemos vencidos no engenho<br />

e na erudição por aqueles cujas armas vencêramos com as armas,<br />

cuja barbárie vencêramos com a brandura.<br />

De todas estas cousas, nenhuma teve o Conde por maior que<br />

a religião, nenhuma por mais sublime que a fé. No governo<br />

delas de tal modo se distinguiu que, na diversidade das crenças,<br />

conquanto professava publicamente a sua, isto é, a verdadeira,<br />

manteve-se eqüitativo em relação às outras e não impôs aos súditos,<br />

com editos minazes, a forma do culto divino que abraçara,<br />

mas deixou-a pura qual a encontrara, ou a ela os atraiu plàcidamente.<br />

Por isso aconselhou se ganhassem os ânimos dos gentios<br />

para eles acreditarem que lhes queriam ensinar o melhor aqueles

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