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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 307<br />

estavam prontos para bem servirem a Companhia, mas não podiam<br />

sofrer o menospreço que se lhes mostrava ; que uns declaravam<br />

abertamente a ofensa a eles feita, enquanto outros a<br />

velavam no semblante para se vingarem depois. Sugeria, portanto,<br />

que se lhes permitisse gozar daquela antiga vantagem do<br />

sustento, no que êle já tinha consentido para não perigar a salvação<br />

pública. A esta muitíssimo importava não se reduzir a<br />

tal escassez o número de militares. Não poderia defender com<br />

tão módico presídio terras que se estendem a algumas centenas<br />

de léguas, nem guarnecer tantas fortalezas, cidades e portos.<br />

Havia um armistício, mas pouco seguro : os portugueses velavam,<br />

sob mostras de amizade, os antigos ódios contra nps ; espiavam<br />

as ocasiões e, achando instigadores, praticariam os seus criminosos<br />

desígnios. Gloriavam-se de já terem um rei nacional e se<br />

indignavam, com a maior veemência, contra a opresão da liberdade<br />

religiosa, em oposição com o que se havia prometido. Execravam<br />

os nossos tributos e impostos, assim como a permissão<br />

concedida aos judeus para celebrarem o seu culto. Nassau manifestava<br />

ainda o desejo de que os Estados Gerais considerassem<br />

que os portugueses estavam obrigados à Companhia por vultosos<br />

débitos de comprar de engenhos, avaliados em 5.900.000 florins,<br />

e deles quasi não se poderiam libertar senão convulsionando a<br />

República. Assim, estariam mais seguros no meio dos nossos<br />

perigos, esperando riquezas e honras de uma situação duvidosa e<br />

túrbida. Preferiam ser esmagados na ruína pública a sê-lo na<br />

individual, dando menos na vista, se perecessem com muitos.<br />

Além disso, odiavam os costumes, a língua, as leis, a religião dos<br />

holandeses, sem haver esperança de medrar entre uns e outros<br />

uma paz sólida. Portanto, pensava o Conde que os portugueses<br />

deveriam ser contidos pelo terror, e este dependia das armas e de<br />

guarnições mais poderosas, vínculos em verdade descaridosos, mas<br />

necessários. Revelou aos mesmos Estados Gerais que os portugueses<br />

do Brasil, como se fossem vassalos do rei de Portugal, lhe<br />

haviam mandado uma carta, lamentando que não tivessem ocasião<br />

de lhe demonstrar, a exemplo de outras províncias, a sua fidelidade<br />

e obediência ; que gradativamente eram privados do exercício<br />

do seu culto, e que não podiam admirar-se de não ter sido<br />

feita por D Tristão de Mendonça, no tratado das tréguas, referência<br />

alguma sobre liberdade religiosa. Acrescentava o Conde<br />

que reputava censurável e digno de castigo o dirigirem-se os<br />

portugueses do Brasil, súditos da Holanda, a um rei do ultramar.

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