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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 293<br />

tantes fatos. Enquanto se prepara isto no Brasil e cento e trinta<br />

homens escolhidos nas companhias se dispõem a seguir viagem<br />

para Valdívia, aporta a Pernambuco a nau Orange, que chegara<br />

atrasada a Chiloé e não encontrara as demais naus. Dias depois, /nesperadameníe<br />

, ., 1 , 1 . , T T i volta Herckmann<br />

contra a expectativa geral, apresenta-se o almirante Herckmann para 0 Brasil.<br />

com toda a frota, pouco havia conforto dos chilenos, sua futura<br />

libertadora e terror dos espanhóis. Deu ao Conde como razão<br />

da sua volta a míngua de mantimentos, a longa e dúbia expectação<br />

da próxima colheita, as promessas vãs dos chilenos de fornecer<br />

vitualhas, as murmurações dos soldados sobre a ração diária<br />

da comida, suas ameaças e deserções, tendo sofrido a pena capital<br />

alguns que foram presos na fuga; os armamentos, a cavalaria e a<br />

infantaria dos espanhóis, que marchavam contra êle, e aos quais<br />

não era igual com poucos soldados. Nem todos receberam estas<br />

razões com o mesmo ânimo. E enquanto divergiam as opiniões,<br />

Herckmann adoecendo, atalhou com a morte os juízos alheios, e<br />

findou o curso da vida e do destino, acompanhando a Brauer numa<br />

sorte igual. A tal ponto é verdade ser vivíssimo para os mais<br />

felizes o sentimento da adversidade.<br />

Antes de partir Crispim para o Brasil, era o nosso almirante<br />

visitado pelos principais dos chilenos, até mesmo por aqueles que<br />

viviam entre os espanhóis, e faziam-se estimar pela fidelidade e<br />

lhaneza do trato quotidiano. Disseram eles, e principalmente um<br />

tal de nome Manquiant (348). que havia espalhadas por aquelas<br />

terras as minas de ouro, que, cavadas por africanos, dariam<br />

cada dia cinco ou seis pesos de ouro e não com grande trabalho;<br />

que se abstinham delas para não armarem de novo a cobiça<br />

dos espanhóis contra as suas cervizes; que preferiam a pobreza a<br />

esses perigos da vida e a falta das riquezas a bens que lhes causariam<br />

mal; que cuidavam de procurar o sustento do ano, não<br />

estendendo além desse tempo os seus desejos, afim de que o espanhol<br />

não intente incursões e não lhes arrebate o que granjearam,<br />

se tiverem fartura e se orgulharem com o atulhamento dos<br />

celeiros. Tinham ouro só para o seu uso e para o esplendor doméstico<br />

e para nada mais.<br />

Certamente, com o importuno e ávido pedido de ouro,<br />

pareceu ou termos grande falta dele ou desejarmos imoderadamente<br />

as cousas com que os mortais nos tornamos arrogantes e<br />

piores. E confessando a nossa sede de ouro, pôde inspirar sus-

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