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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 281<br />

tes mais próximos. Se não forem considerados dignos do mando,<br />

conferem esta dignidade de chefe aos mais merecedores.<br />

Usam os chilenos armas decentes. São lanças de vinte e Armas.<br />

oito pés de comprimento, com uma ponta de ferro ou de madeira<br />

muito dura, com as quais combatem dextramente a cavalo. Mostravam,<br />

também aos holandeses alfanjes e terçados espanhóis, e<br />

bem assim couraças garantidas contra os golpes, havendo tomado<br />

essas armas nas derrotas infligidas outrora aos espanhóis.<br />

Estragadas as bainhas por longo uso, cingiam as espadas amarrando-as.<br />

Usam também maças, ameaçadoras pelos cravos nelas<br />

fincados.<br />

Trazem além disso arcos e flechas, como costumavam seus<br />

antepassados. As pontas destas, de pedra polida e alisada, são<br />

envenenadas e matam logo a quem ferem. Tal costume, porém,<br />

não é geral, mas da nação dos chamados Puelches, que habitam<br />

a parte oriental das montanhas denominadas ppr eles Cordilheiras.<br />

Fabricam também para si, com muitas peles unidas, capacetes<br />

e couraças, com que evitam os golpes mortais. Sua cavalaria<br />

é mais valente que a infantaria, e quando esta se desdobra nos<br />

campos de batalha, facilmente se põe em fuga, principalmente com<br />

os tiros de espingarda e mosquetes dos nossos. São considerados<br />

hábeis em brandir lanças, mas inhábeis em manejar armas<br />

de fogo. Ensinados a guerrear de emboscada, atacam o inimigo<br />

desprevenido e trucidam-no. Muitas vezes os nossos ouviram<br />

gabar-se-lhes a bravura, mas nunca a experimentaram, visto como<br />

trezentos deles podem ser afugentados por dez mosqueteiros.<br />

Cruéis para os vencidos, não poupam a vida a nenhum. Dilaceram<br />

a dentadas sangrentas o coração arrancado ao adversário<br />

que prostaram, invocando o nome de Pilan (342), a quem,<br />

como a um nume e um gênio, imolam tal vítima.<br />

Desconhecem o Criador, o culto divino, a imortalidade da Religião.<br />

alma, e não distinguem dias santificados e profanos. Todavia,<br />

parece terem idéia de uma divindade ou de um demônio, porque Demônios.<br />

adoram a seu Pilan como a um espírito do ar. Cantam-lhe carmes<br />

e hinos (343), mormente quando alienados pela bebida<br />

e como tomados de furor Sempre que os trovões lhes aterram as<br />

mentes pávidas, rogam que eles causem a perdição dos inimigos,<br />

e, soprando da boca e das narinas fumadas de tabaco, repetem<br />

"Pilan Pilan" como celebrando uma cerimônia sagrada com tais<br />

fumigações. Quando alcançam vitória, fazem festa, demasiamse<br />

em comezainas e bebedeiras e, cravando na terra uma lança,

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