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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 253<br />

e sediciosas, de sorte que o Conde julgou necessário desarmar os<br />

turbulentos em todas as províncias. Para esse fim foi às regiões<br />

do Camaragibe, Porto Calvo, Una e Serinhaém André Filtz, exdiretor<br />

ali; a Ipojuca e Muribeca, Nunin Olferd ; a Goiana,<br />

Iguaraçú, Itamaracá e terras vizinhas, Baltasar van Voorden ; à<br />

Paraíba e ao Rio Grande, Gisberto Witt; à Várzea e aos distritos<br />

de Santo Amaro e São Lourenço quem o Supremo Conselho<br />

escolhesse; aos povos do São Francisco foi enviado o major<br />

Cray Todos eles cumpriram com diligência as ordens.<br />

Resolveu-se também destruir os quilombos dos Palmares, Piano de se des-<br />

para onde se dirigia uma aluvião de salteadores e escravos fugidos,<br />

ligados numa sociedade de latrocínios e rapinas, os quais eram<br />

dali mandados às Alagoas para infestarem as lavouras.<br />

truírem os Palmares.<br />

Os Palmares são povoaçoes e comunidades de negros (321). Descrição dos<br />

Há dois desses quilombos : os Palmares grandes e os Palmares ^"^e^ienos. *<br />

pequenos. Estes são escondidos no meio das matas, às margens<br />

do rio Gungouí, afluente do célebre Paraíba. Distam de Alagoas<br />

vinte léguas e da Paraíba, para o norte, seis. Conforme<br />

se diz, contam seis mil habitantes, vivendo em choças numerosas,<br />

mas de construção ligeira, feitas de ramos de capim. Por trás<br />

dessas habitações há hortas e palmares.<br />

Imitam a religião dos portugueses, assim como o seu modo<br />

de governar : àquela presidem os seus sacerdotes, e ao governo os<br />

seus juizes. Qualquer escravo que leva de outro lugar um negro<br />

cativo fica alforriado; mas consideram-se emancipados todos<br />

quantos espontaneamente querem ser recebidos na sociedade.<br />

As produções da terra são os frutos das palmeiras, feijões,<br />

batatas doces, mandioca, milho, cana de açúcar. Por outro lado,<br />

o rio setentrional das Alagoas fornece peixes com fartura. Deleitam-se<br />

aqueles negros com a carne de animais silvestres, por<br />

não terem a dos domésticos. Duas vezes por ano, faz-se o plantio<br />

e a colheita do milho. Colhido este, descansam quatorze dias,<br />

entregando-se soltamente ao prazer. A esses palmares se vai<br />

margeando a Alagoa do Norte. Certo Bartolomeu Lintz vivera<br />

entre eles para que, depois de ficar-lhes conhecendo os lugares e<br />

o modo de vida, atraiçoasse os antigos companheiros e servisse<br />

de chefe da presente expedição.<br />

Os chamados Palmares Grandes, à raiz da serra Behé, distam<br />

trinta léguas de Santo Amaro. São habitados por cerca de<br />

5.000 negros, que se estabeleceram nos vales. Moram em casas

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