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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO I^AURICIO DE NASSAU<br />

aquele com o dinheiro, este com^as armas. De fato, não se abriu<br />

sem armas a via para o comércio livre, nem se pôde defender este<br />

sem o valor militar. Diferimos dos gregos e dos romanos nisto:<br />

aqueles dirigiram para o glória os seus principais esforços, e estes<br />

para a utilidade; em nós se reúne4> desejo da celebridade e o do<br />

proveito. Somos cúpidos onde o inimigo é rico; inofensivos, onde<br />

é pobre; vitoriosos, onde é belígero. Outro era o caráter dos germanos<br />

e gauleses, entre os quais não tinham acolhida os mercadores.<br />

Entre nós, o comerciante não só* mantém o Estado, mas ainda<br />

participa do governo. Temiam aqueles dois povos que as superfluidades<br />

quebrantassem os ânimos e afrouxassem as virtudes. Nós,<br />

talvez por sermos mais firmes contra os vícios, pela nossa doutrina<br />

e hábitos de inteireza, não detestamos esses sustentáculos do<br />

Estado, mas, ao contrário, julgamo-los capazes de praticar notáveis<br />

atos de virtude. Os romanos consideravam indecoroso para<br />

os senadores qualquer negócio. Mas aos senadores neerlandeses se<br />

permite, pois neles a ambição é condenada pela liberalidade, e a<br />

sovinice pela magnificência, e a vulgaridade da mercância é compensada<br />

pela aprovação dos governantes e pelo respeito do povo.<br />

Não vivemos em uma monarquia, mas numa república aristocrática,<br />

onde, por serem menos numerosos os nobres, assumem a governança<br />

os cidadãos mais honrados, muitos dos quais dados à vida<br />

comercial. Como os venezianos, florentinos, genoveses, crescemos<br />

também nós pelo comércio. A quem disso duvidasse, aí estão para<br />

o provar as imensas riquezas assim de particulares, como de cidades,<br />

sobretudo marítimas, cujos perímetros mais de uma vez já se<br />

alargaram. Portanto, não reputamos injusto obtermos o ouro mediante<br />

guerras legítimas, nem espantoso buscarmo-lo pelos mares<br />

em fora, nem vergonhoso ganharmo-lo comerciando, nem desagradável<br />

tomarmo-lo ao inimigo.<br />

O fato seguinte exprime bem a grande importância que o<br />

rei da Espanha dava às nossas expedições para a índia. Discutindose<br />

o tratado das tréguas, nada reclamaram os embaixadores espanhóis<br />

com maior empenho que o àHstermo-nos de relações comerciais<br />

com os indianos, para que, só com a esperança disto, se pudesse<br />

acreditar que êle renunciava seus direitos sobre os Países-<br />

<strong>Baixos</strong>, onde a realeza já era uma ficção, e nos tratava como províncias<br />

independentes. Já antes, Filipe II, encanecido no ofício de<br />

reinar, reservara para si, como um segredo de domínio, a navegação<br />

da índia; porquanto, transferindo para sua filha, a infanta Clara<br />

Isabel, que ia casar com o arquiduque Alberto d'Áustria, as pro-<br />

Em que diferem<br />

os mercadores<br />

holandeses dos<br />

gregos e romanos.<br />

Em que diferem<br />

dos germanos os<br />

gauleses. Porque<br />

aqui o mercador<br />

participa do<br />

governo.<br />

Importância da<br />

navegação da<br />

Índia.

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