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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO PE NASSAU 249<br />

não deve ser tolhido senão por meios suasórios, porque tal procedimento<br />

não somente é grato aos vencidos, mas também inóxio<br />

aos vencedores. Desvelou-se, entretanto, em não ser a religião<br />

verdadeira oprimida pela errônea, o que antigamente fez também<br />

Constantino, depois de triunfar do partido de Licínio, e, após êle,<br />

os reis francos e outros. E com tal clemência e benignidade tratou<br />

Nassau os portugueses que quis se associassem e confundissem<br />

os interesses deles com os dos holandeses, com se fossem<br />

uma só nação, nada tendo distinto e exclusivo senão a religião.<br />

Se alguém os agravasse ou tratasse com dureza, êle se mostrava<br />

um defensor severo, por ser igual o direito entre vencidos e vencedores.<br />

Reputava, com efeito, mais seguro fazer amigos do<br />

que escravos, e governar antes os que aceitavam de bom grado<br />

a sua autoridade do que os coagidos a isso.<br />

Quando já estava o governo do Brasil organizado com ótimas<br />

leis, Nassau, cuja governança devia durar um qüinqüênio,<br />

pediu de novo a sua exoneração. Já o fizera antes, esperando<br />

ocasiões de prestar na Holanda maiores serviços à República.<br />

Os Estados Gerais e o Conselho dos Dezenove, porém, negaram<br />

várias vezes a demissão pedida, porque Nassau, tornando conhecido<br />

o seu nome através do Brasil e das nações vizinhas, já<br />

era poderoso e inspirava terror aos estrangeiros, amor aos súditos<br />

e admiração a todos. Ninguém melhor que o Conde sustentaria<br />

aos ombros assim a boa fortuna dos súditos como o acatamento<br />

prestado ao governo brasileiro. Depois de engrandecido o Brasil<br />

e ampliadas as suas fronteiras, não querendo contrariar o desejo<br />

de um espírito que tinha mais altos desígnios, concederam enfim<br />

a exoneração solicitada. Mas todos os conselheiros que tinham<br />

de ficar à frente da administração do Brasil haviam aconselhado<br />

antes aos Estados Gerais e aos diretores da Companhia que<br />

prorrogassem a governança de Nassau. Tinham-lhes escrito à<br />

porfia : "Tendo cessado naquele momento as hostilidades, eram<br />

de temer os perigos do ócio, por se inclinar o ânimo dos habitantes<br />

â sedição, às carnificinas, a todas as violências e agravos. Guarnecia<br />

as praças e cidades situadas ao longe uma soldadesca de<br />

nações e línguas diversas, e toda essa gente inquieta não se mantinha<br />

facilmente no dever, senão pela autoridade do Conde, que<br />

a tinha penhorado com muitos benefícios. Pela sua afabilidade,<br />

cortesia, e benevolência, tinha êle captado a estima de todos. Um<br />

novo governador talvez fosse odiado por excessiva cobiça, ou<br />

soberbo com a excelência de sua família, ou desdenhado pela<br />

O Conde pede<br />

novamente a sua<br />

demissão.<br />

Consegue-a<br />

enfim.<br />

Os conselheiros<br />

do Brasa insistem<br />

na permanência<br />

dele.

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