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Baixos - Brasiliana USP

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224 O BRASIL HOLANDÊS SOB<br />

qualquer liberalidade que fosse. No dia seguinte, continuaram<br />

não menos ardorosamente a romper através de bosques e ermos,<br />

queixando-se os carreiros de ser levados mais longe. Acalentada<br />

com promessas, serenou-lhes a impaciência, até que vencidos,<br />

numa extensão de légua e meia, os matos e brenhas, saltaram o<br />

rio Carambí (294) e ganharam as planícies de onde se podia<br />

avistar a serra de Copaoba. Entretanto, a conselho dos índios,<br />

deram pequena volta por causa dos prescipícios e acharam um<br />

trilho bom para as cavalgaduras e carros.<br />

Por êle foram guiados de novo a uma brenha, onde os índios<br />

descobriram abundante mel no ôco das árvores. Percorrendo<br />

esse trilho, alcançaram o rio Cibambí (295), envolvidos numa<br />

rara e gratíssima fragrância de arbustos, que fazia parar os caminheiros.<br />

Seguindo daí e mandados à frente roçadores, atingiram<br />

uma lagoa e depois a planície de Araruquéia (296), que<br />

ardia toda, por estarem as urzes em chamas. Suspeitou-se que<br />

os índios houvessem ateado a queimada para aterrarem os holandeses.<br />

Foi ela abafada e extinta com ramos e folhagens para<br />

que os animais de carga, assustados com a novidade do espetáculo,<br />

não arrebentassem as rédeas e disparassem. Por causa deste<br />

sucesso, denominaram aquele sítio o "lugar do incêndio" Toparam<br />

novas matas e logo se lhes ofereceu o grande rio Araçaí<br />

(297) Por troncos de árvores esparsos e cortados aqui e ali,<br />

notou-se que os portugueses já tinham passado por lá em demanda<br />

de Copaoba. Aí se demoraram um dia inteiro, enquanto os<br />

índios rasgam caminho na espessura das brenhas. Ali se observaram<br />

surdindo da terra umas varas lenhosas e umas cepas, umas<br />

rastejantes e outras enlaçadas com as árvores vizinhas. Curvando-se<br />

para o chão, de novo se erguiam onde se tinham incurvado,<br />

parecendo não um ramo que se levantava outra vez, mas outra<br />

árvore, nascida da mesma raiz. Talhadas, manavam um líquido<br />

avermelhado, que logo coagulava numa substância viscosa e glutinosa.<br />

Diziam os bárbaros que servia para sarar feridas.<br />

Moveu-se daí ó bando através de canaviais bravos e chegou<br />

ao sopé de um monte. Tinha surgido o fundado receio de<br />

que os incendiassem os habitantes da montanha, pois a ninguém<br />

seria possível escapar dos danos e do furor das chamas. Apareceram<br />

em seguida os despenhadeiros dos montes e os trechos<br />

impérvios para as cavalgaduras. Aí foram os carreiros dispensados<br />

de prosseguir, despachando-se para o Conde um mensageiro<br />

que lhe relatasse o caminho até ali feito.

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