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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 201<br />

as companhias que se achavam no nosso território e, atravessando<br />

o São Francisco, extrema austral do Brasil holandês, voltou para<br />

a Baía, com os seus soldados reduzidos, famintos e enfraquecidos<br />

com as exaustivas caminhadas.<br />

Nessa ocasião, Nassau e o Supremo Conselho, seu colaborador,<br />

concentravam seus cuidados em dois projetos : tomarem a<br />

Baía e a cidade de São Salvador e levarem ao cabo a resolvida<br />

expedição de Jol contra o Ocidente. Não se pôde realizar o primeiro<br />

por falta de soldados e provisões de boca, as quais a esquadra<br />

de Jol, a ponto de partir para o Ocidente, havia absolvido.<br />

Assentou-se portanto, executar-se o segundo projeto. Dois fatores<br />

igualmente prejudicavam os lucros da companhia : 1.°) os<br />

salteadores e devastadores, que forçavam os habitantes do campo<br />

a darem-lhes dinheiro em troca de sua tranqüilidade, e esta foi<br />

a causa de ter diminuído o talho do pau-brasil ; 2°) os incendiários<br />

e malfeitores, que operavam ou por si ou instigados pelo inimigo.<br />

Na medida do possível ocorreu-se a esses males, com<br />

se espanharem pelas zonas infestadas, segundo os recursos e extensão<br />

das mesmas, soldados que prendessem os ladrões negros<br />

e também portugueses e os apresentassem à autoridade judicial<br />

do lugar. Era chefe desses bandidos um negro, um tal Pedro<br />

Visto, que, recebendo instruções dos inimigos, causou aos holandeses<br />

danos consideráveis, mas ultimamente sofreu também da<br />

parte deles não pequenas perdas, pois lhe foram arrebatados cem<br />

negros por êle roubados aos senhores de engenhos.<br />

Muito se esforçaram o Conde e os conselheiros para tornarem<br />

os portugueses, nossos súditos, mais favoráveis e justos<br />

para nós. Os mais deles apegavam-se à opinião de que não podiam,<br />

de boa fé, tomar armas contra o rei e reprimir a ferocidade<br />

e as incursões quotidianas dos salteadores, e por isso os favoreciam<br />

com o silêncio, com os conselhos e com a própria cooperação.<br />

Diante disso, mandou o Conde formar lista, nas três províncias<br />

de Pernambuco, Itamaracá e Paraíba, dos portugueses mais conceituados<br />

pela posição social, pela riqueza e pelo bom nome, e<br />

lhes rogou que colaborassem com êle na defesa da segurança pública<br />

; que renunciassem às relações de amizade com o inimigo,<br />

pois nenhum auxílio mais poderiam esperar da armada espanhola ;<br />

que reavivassem a atividade do comércio e, numa ação conjunta,<br />

desviassem dos altares e dos lares (276) toda a violência. Êle nada<br />

omitiria em proveito deles e em honra da nação portuguesa;<br />

preveniria, por severíssimo edito, que fossem tratados indigna-

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