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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 181<br />

mento do Áureo Sol, aos espanhóis se deveu a salvação de um só<br />

dos seus, mas a de oito mais aos próprios holandeses.<br />

Ao amanhecer do dia seguinte, recomeçada a luta, pugnaram<br />

tenazmente 35 naus holandesas, com perdas quasi iguais de<br />

parte a parte. Foi arrancada a antena da Lanterna dos batavos e<br />

derribado o mastro de mezena. Em alvorecendo o terceiro dia, a<br />

Corno Grande e a Grão Cristóvão abalroaram a nau espanhola<br />

São José, deitando abaixo o pavilhão e a cruz que lá se erguia como<br />

o emblema dos cristãos. Era capitão da Corno Grande um tal<br />

Antônio, alcunhado Camponês de Dürckendam, temibilíssimo para<br />

os adversários. O seu denôdo ensinou que também entre os lavradores<br />

nascem homens eminentes e fadados para luzidos exemplos.<br />

No quarto dia feriu-se nova e atroz batalha. As naus holandesas<br />

Grão Cristóvão e Corno Grande travaram peleja com a<br />

almiranta S. José, formidável por seus 54 canhões de bronze.<br />

Foi tal o aspecto do conflito, tal o seu ardor como se os beligerantes<br />

esperassem por certo ou afundarem o antagonista ou serem por<br />

êle afundados. A esquadra lusa sofreu tamanho destroço que julgou<br />

necessário bater em retirada, refugiando-se nos escolhos chamados<br />

Baixios de S. Roque.<br />

O comandante da almiranta Francisco Pimenta e outros declararam<br />

terem morrido nestas refregas alguns milhares dos seus.<br />

Da S. José, que conduzira 700 homens, pereceram 400.<br />

Ou por medo dos almirantes Lichthart e Jol, que, segundo<br />

tinham ouvido, iam chegar, ou tangidos para o ocidente por mares<br />

e ventos contrários, faltos de água e de mantimentos e levados<br />

por alvitres diversos, navegaram então os espanhóis por onde<br />

podiam e arribaram à ilha de Margarida (257), tendo morrido de<br />

fome vários deles. E não podendo a fortuna dar-nos nada melhor<br />

que a discórdia dos inimigos, cindiu esta os comandantes, o<br />

almirante e vice-almirante dos portugueses. Este último proejou<br />

para a ilha Terceira e dali chegou a Cádiz, com a maruja quebrantada<br />

de fome e sede. O galeão São Filipe tivera 300 mortos de<br />

doença, não contando os que prostrara morte mais atroz e gloriosa.<br />

Dos galeões tornaram à pátria S. José, S. Domingos, S. Filipe<br />

e S. Bernardo, fora os dois transportes S. João e S. Jorge. As<br />

outras naus ou pereceram no mar, ou, desconjuntadas, fizeram-se<br />

pedaços junto às costas da Nova Espanha ou das ilhas interjacentes.

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