16.04.2013 Views

Baixos - Brasiliana USP

Baixos - Brasiliana USP

Baixos - Brasiliana USP

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 179<br />

aparato assombroso de tantos navios, arruinámos a esperança de<br />

se recuperar o Brasil aos que se preparavam para ultrajar a potência<br />

da Holanda e mostrámos os instrumentos da nossa legítima<br />

defesa. Por um revés da fortuna, aconteceu aos espanhóis arrastaram-se<br />

assaz morosamente na viagem da Baía a Pernambuco, a<br />

qual se pode e se costuma fazer toda mais ou menos em doze dias,<br />

pois lutaram alguns meses com o desfavor dos ventos, consumindo<br />

a sua água potável, de que muitíssimo necessitavam por causa do<br />

calor intenso. Assim, em conseqüência das fadigas e demoras,<br />

perdeu-se a armada, que, no primeiro assalto, teria sido poderosa e<br />

apta para a vitória.<br />

Nestas batalhas, ostentaram-se várias virtudes. Assim, a<br />

perícia náutica soube utilizar a vantagem dos ventos e as marés.<br />

O arrojo, travando-se com inimigos mais poderosos, envolveu-se<br />

nos mesmos riscos que êle. Preferiu a prudência militar queimar<br />

e submergir as naus adversas a capturá-las e conservá-las não sem<br />

dispêndio público. Pugnou heroicamente a fidelidade, a constância,<br />

o esforço. A moderação ficou satisfeita com debandar o adversário,<br />

que era impossível abater com tão pequena força. A<br />

clemência salvou os inimigos próximos da perdição. Manifestou-se<br />

mais de uma vez a amizade, socorrendo os companheiros em<br />

perigo. Uma entusiástica pressa, que não consentia folga aos<br />

desígnios do inimigo, acometeu-lhe reiteradamente as naus apercebidas<br />

para pelejar, mas movendo-se tardamente.<br />

Tudo isso consta dos nossos anais e histórias.<br />

Infelicidade da<br />

armada espanhola.<br />

Entretanto, aqueles que combateram entre os espanhóis, Narração dosesvendo-lhes<br />

mais de perto os desastres, referiram o que passo a di- ^"que^aclntèceu<br />

zer, para valer a verdade tanto pela confissão dos contrários quan- nessas batalhas.<br />

to pela nossa.<br />

Partindo da Espanha a armada, dobrado o Cabo Verde e<br />

percorrido o começo do Oceano Etiópico, foi arremessada pelos<br />

ventos e correntes em frente do litoral do Cabo de Santo Agostinho.<br />

Temendo-se fazer aí o desembarque à conta dos pernambucanos<br />

próximos, rumou ela para a Baía, onde cruzavam doze naus<br />

holandesas, enviadas para explorar e fazer presa. Acossando elas<br />

a frota trabalhada dos incômodos do mar, para lhe poderem desde<br />

logo causar dano, os almirantes espanhóis, avisados por uma barca<br />

pescareja, entraram o Recôncavo, onde há a proteção da artilharia<br />

das fortalezas. E, como logo aparecessem em socorro algumas<br />

naus de guerra vindas da Baía, os holandeses, achando não se<br />

devia pelejar, largaram a esquadra. De fato, naquela paragem

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!