16.04.2013 Views

Baixos - Brasiliana USP

Baixos - Brasiliana USP

Baixos - Brasiliana USP

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 175<br />

céu, dos ventos e do mar. Cada um deles preferiu afundar, com<br />

celeridade e furor, as naus contrárias a salvá-las, apresando-as.<br />

Cada um deles misturou com o próprio valor alguma cousa de temeridade<br />

e converteu em prudência o que o acaso oferecia. Batalhámos<br />

com tal felicidade que pouquíssimos caíram na luta, porque<br />

Nassau previra sabiamente que suas naus não abordassem as do<br />

inimigo para não serem metidas a pique pelo número de soldados<br />

contidos nas capitâneas adversas. E assim, com avanços e recuos<br />

freqüentes, atacámos os contrários com reiterados canhonaços.<br />

Esta batalha, que só terminou ao pôr do sol, feriu-se junto à<br />

Paraíba, a duas milhas da costa. Aconteceu que a esquadra espanhola<br />

foi impedida pela hostilidade do mar e dos ventos para os<br />

confins setentrionais do Brasil, onde as correntes marinhas, dirigindo-se<br />

com grande rapidez para o ocidente, arrastam quaisquer<br />

navios sem que eles o queiram.<br />

Neste recontro foi derribado e partido pelas balas o mastro de<br />

uma das nossas naus, denominada o Cisne. Servia-lhe de botafogo<br />

Jacó Aldrich, soldado notável nos combates marítimos. Tendo-se<br />

inutilizado esta nau para a peleja, foi coagida a procurar defesa,<br />

ancorando-se. Conhecendo-se isto, lançaram-se contra ela<br />

doze naus grossas espanholas para a tomarem, pois se via impedida<br />

por causa do velame atrapalhado a caído. Vendo o nosso Almirante<br />

o perigo, mandou-lhe em socorro alguns navios, com cuja<br />

chegada largaram o Cisne seis naus espanholas. Travaram-no as<br />

demais, deitando-lhe os arpéus, e logo duzentos ou trezentos inimigos<br />

ocuparam-lhe como vencedores o convés e o castelo de popa.<br />

Aldrich, com o ânimo obstinado até os extremos da luta e com a<br />

fereza do seu caráter, expulsou-os virilmente, graças à covardia dos<br />

espanhóis e à indulgência da fortuna. A ousadia misturada com<br />

o desespero e a vergonha misturada com o temor foram os autores<br />

de tão brilhante proeza. De fato, cortadas as amarras que detinham<br />

a âncora, deu a nau nos parcéis e recifes da costa, para onde<br />

a seguiram, presas ao mesmo fado, quatro naus espanholas. Estas,<br />

porém, à vista do perigo, arrebentaram as cadeias e abandonaram<br />

o Cisne, deixando nele os camaradas, não já vencedores, mas prisioneiros.<br />

Consternados com este caso, parte deles saltaram ao<br />

mar e parte, buscando outro meio de salvar-se, pereceram numa<br />

luta cruel, ou trucidados a ferro ou tragados pelas águas.<br />

Uma quinta nau, capitaneada por Antônio da Cunha Andrade,<br />

comandante da esquadra de socorro enviada à ilha, ignorando que<br />

o Cisne encalhara no banco, abeirou-se dele por erro e, varando

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!