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Baixos - Brasiliana USP

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168 O BRASIL HOLANDÊS SOB<br />

E se não houvera sido apresada uma nau inimiga transportando<br />

farinha, desde muito teriam sucumbido os holandeses, levados às<br />

extremidades da fome. Entretanto, por bondade de Deus, acudiuse<br />

de certo modo àquela inópia, pois já não restavam mantimentos.<br />

Pelas tais cartas apreendidas ficou manifesto haver o rei<br />

mandado a frota cruzar diante do litoral brasileiro durante dois<br />

anos inteiros, e que êle enviaria anualmente quantidade suficiente<br />

de forças e de naus, para se tornar senhor do mar e arrebatar aos<br />

holandeses o domínio dele.<br />

Este fato induziu também Maurício a pedir instantemente aos<br />

Estados Gerais contínuos reforços, se não quisessem ver por terra<br />

a nascente fortuna de tão grande império e expor a vida de tantos<br />

batavos aos escárneos e à ferócia dos adversários. Estavam mais<br />

dispostos a sucumbir pelas armas do que pela negligência dos<br />

seus. Era, de fato, pensamento assente do Conde disputar ao inimigo<br />

a dominação e tentar a sorte da guerra, pois não se tinha<br />

que escolher entre uma morte gloriosa e a morte obscura causada<br />

pela fome, entre os lances de uma refrega e as angústias da miséria.<br />

informações de Caíra casualmente nas mãos dos índios do Sergipe dei Rei<br />

um prisioneiro<br />

negro.<br />

certo negro, soldado de Henrique Dias e porta-bandeira. Interrogado<br />

a respeito da armada, disse alguma cousa, mas não muita,<br />

calando-se ou por ignorância, ou por lealdade aos seus.<br />

Adiantava êle que muitos dos embarcados na armada, por<br />

longa demora nas naus, primeiro antes de zarparem de Portugal e<br />

depois na altura do Cabo Verde, tinham sido atacados de doença<br />

e morrido, recolhendo-se outros, maltratados dos incômodos do<br />

mar, a um convento da Baía, onde se iam finando dia a dia ; que<br />

fora êle destacado pelo Governador para, com tropas volantes,<br />

queimar os canaviais e inflamar contra os batavos os portugueses,<br />

índios, mamalucos, mulatos e quantos negros pudesse, arrastandoos<br />

a si até abicar a armada, a qual, segundo a sua opinião, preparava<br />

o desembarque em Nazaré.<br />

Recebeu, porém, o Conde estas informações sem lhes dar]<br />

grande importância, pois não era verissímil que os espanhóis, tão<br />

convictamente esperançados de restaurar o Brasil, cogitasse de<br />

destruir a safra. Com efeito, é próprio dos que guerreiam, segundo<br />

as regras, poupar as terras às quais vieram com a intenção de as<br />

vencer e não assolar aquelas onde pretendem firmar possessões.<br />

Saquear, devastar, incendiar as mais vezes são atos de um exército<br />

desesperado, e não vantagens de um exército guiado por bons<br />

preceitos.

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