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Baixos - Brasiliana USP

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Destruição de<br />

Olinda.<br />

Das minas de<br />

Olinda nasce<br />

Mauriciópole.<br />

154 O BRASIL HOLANDÊS SOB<br />

nenhum resultado, esse projeto, ou porque se temia, por imperícia<br />

da engenharia militar ou da arte das fortificações, encetar tão importante<br />

cometimento, ou porque se sentissem pesarosos os que se<br />

enlevavam com a amenidade de Olinda. Desaconselhavam isto os<br />

portugueses, a quem parecia irrealizável esta ligação das terras, em<br />

razão da violência do rio e da maré. Foram-lhes da opinião mestres<br />

de obras assaz peritos, que se mandaram vir da Espanha. Desde<br />

que começaram, porém, a senhorear o Brasil os holandeses, subjugadores<br />

das terras e das águas, aprouve escolher-se o Recife e a<br />

Ilha de Antônio Vaz para sede do governo. Como que condenada<br />

pelo destino, arruinou-se a formosa Olinda, mostrando-se chorosa.<br />

As casas, os conventos e as igrejas, derribados, não pelo furor da<br />

guerra, mas de propósito, lagrimavam com a própria ruína. Não<br />

parecia sacrilégio aos nossos essa demolição, como o foram os<br />

furores dos foceus contra o templo de Del fos (232), mas uma<br />

mudança de religião, admirando-se embora os bárbaros e ps papistas<br />

de que admitissem tais profanações espíritos cultivados, instruídos<br />

nas normas mais elevadas e tão persuadidos do culto divino.<br />

Os holandeses, ao contrário, convencidos de que todo o lugar é<br />

igualmente sagrado e idôneo para se adorar a Deus, julgavam que<br />

não cometiam nenhuma impiedade, mas praticavam um ato de inteligência,<br />

desejando dar maior segurança à nova cidade e ao seu<br />

culto. Não queriam injuriar a Deus, (para longe tal cousa), mas<br />

sim que fosse adorado de modo mais seguro e proveitoso. Sendo<br />

nós, porém, homens e capazes de comover-nos com o belo, não podiam<br />

deixar de lamentar a assolação da cidade aflita aqueles mesmos<br />

que a devastavam, pondo por terra o topo das igrejas e dos edifícios<br />

públicos e privados, que, feridos pelos raios do sol vespertino, apresentavam<br />

sugestivo aspecto (233). E se a gente agora visse Olinda,<br />

juraria que contemplava, jazendo em seu local desolado, Pérgamo<br />

(234), as ruínas de Cartago ou de Persépolis (235)<br />

Assim o caráter tumultuoso da guerra ou o seu furor não<br />

deixa estável e duradoura nenhuma das cousas humanas, de sorte<br />

que nem ainda mesmo as pedras, os capitólios e os templos, que<br />

para o céu se erguem, logram sua perpetuidade e quietação.<br />

Transportou cada um para o Recife os restos e os entulhos<br />

vendíveis da cidade demolida, aproveitando os materiais em novas<br />

edificações para que, desaparecendo a mãe — Olinda —. lhe sobrevivesse<br />

das ruínas, embora com outro aspecto, a sua filha — Mauriciópole<br />

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