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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 151<br />

ilha, em pontões lançados através dos rios. Acolheu a terra amiga<br />

as mudas, transplantadas não só com trabalho, mas também com<br />

engenho, e tal fecundidade comunicou àquelas árvores anosas, que,<br />

contra a expectativa de todos, logo no primeiro ano do transplante,<br />

elas, em maravilhosa avidez de produzir, deram frutos copiosíssimos.<br />

Já eram septuagenárias e octogenárias e por isso diminuíram<br />

a fé do antigo provérbio : "árvores velhas não são de mudar"<br />

Foi cousa extraordinária ter cada uma delas dado frutos que valiam<br />

oito rixdales (223) Depois do coqueiral, havia um lugar destinado<br />

a 252 laranjeiras, além de 600, que, reunidas graciosamente<br />

umas às outras, serviam de cerca e deliciavam os sentidos com a<br />

côr, o sabor e o perfume dos frutos. Havia 58 pés de limões grandes,<br />

80 de limões doces, 80 romanzeiras e 66 figueiras. Além<br />

destas, viam-se árvores desconhecidas em nossa terra (224): mamoeiros,<br />

jenipapéiros, mangabeiras (225), cabaceiras, cajueiros,<br />

uvalheiras (226), palmeiras, pitangueiras (227), romeiras, araticuns<br />

jamacarús (228), pacobeiras ou bananeiras. Viam-se<br />

ainda tamarindeiros, castanheiros, tamareiros ou cariotas, vinhas<br />

carregadas de três em três meses, hervas, arbustos, legumes, plantas<br />

rasteiras, ornamentais e medicinais. É tal a natureza das ditas<br />

árvores que, durante o ano inteiro, ostentam flores, frutos maduros<br />

junto com os verdes, como se uma só e mesma árvore estivesse vivendo,<br />

em várias de suas partes, a puerícia, a adolescência e a virilidade,<br />

ao mesmo tempp herbescente, adolescente e adulta.<br />

Alegre Nassau com este bom êxito de sua plantação, com esta paiédo de FRIbenignidade<br />

da natureza, pois aquele arvoredo já ocultava o Recife BURGO.<br />

inteiro a quem o olhasse de longe, pôs a mira no prazer de edificar<br />

ali o palácio e a residência do governador.<br />

Os heróis e os imperantes comprazem-se em habitar em mansões<br />

condignas, e em distinguir-se da multidão, não só na dignidade,<br />

senão também no modo de viver e na habitação. A casa<br />

que lhe haviam destinado os diretores da Companhia ameaçava<br />

ruína e não permitia reparos decentes sem grandes gastos.<br />

O palácio por êle construído (chama-se Friburgo, isto é, cida- Distingue-se por<br />

duas torres.<br />

dela da liberdade) tem duas torres elevadas, surgindo do meio do<br />

parque, visíveis desde o mar, a uma distância de seis a sete milhas,<br />

e servem de faróis aos navegantes. Uma delas, tendo no topo<br />

uma lanterna e jorrando sua luz nos olhos dos nautas, atrai-lhes<br />

a vista para si e para o forte da costa, indicando-lhes a entrada<br />

segura e certa do porto. De cima delas descortinam-se, de um

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