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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 131<br />

peritos de qualquer arte ou mister, porque todo o seu meio de vida<br />

está nas tavernas e tascas e, expulsos destas, são compelidos a viver<br />

ou do suor alheio, à moda dos zângãos, ou de alguma atividade flagiciosa.<br />

São próprios para a colonização três espécies de homens: J rês classe ,<br />

i 1 J J L J • J 1- - 1 homens próprios<br />

1. , aqueles que, providos de cabedais, gostam de aplicar-se a expio- para a coiomração<br />

dos engenhos; 2.", os que vivem de um ofício; 3. c , os que, de-<br />

zação -<br />

pois de terem servido à Companhia, se empenham em beneficiar a<br />

nossa possessão, dedicando-se à agricultura (125)<br />

Para o trabalho dos engenhos e da lavoura são necessários<br />

negros, que se teem de comprar, porquanto os nossos patrícios levados<br />

para o Brasil, ainda mesmo que tenham o corpo muito exercitado,<br />

não toleram essas tarefas, por enervar ainda os mais fortes<br />

ou a mudança do clima ou a da alimentação, gerando neles imperceptivelmente<br />

a preguiça e o torpor, de modo que a desídia, a princípio<br />

odiada, começa por fim a ser-lhes agradável. Esta fraqueza<br />

não se verifica só no homem, mas também nalgumas cousas da Europa,<br />

ainda mesmo inanimadas, como o ferro, o aço, o latão, e tanto<br />

mais em seres corruptíveis e putrescíveis.<br />

Dos holandeses que se dedicaram ao granjeio da lavoura e<br />

dos engenhos muitos recobraram a riqueza antiga, de sorte que se<br />

pode esperar com fundamento alcance o Brasil, em poucos anos, a<br />

importância que teve sob o rei. Já sobe o preço do açúcar, que se<br />

manteve baixo por muito tempo.<br />

Os portugueses (esta é a segunda categoria dos habitantes) ou Portugueses.<br />

se estabeleceram no Brasil há muitos anos atrás, sob o domínio dos<br />

seus compatriotas, ou então, pertencendo à seita judaica, transmigraram<br />

recentemente da Holanda para ali. Compram terras e engenhos<br />

e os exploram com diligência. Os mais deles habitam<br />

no Recife e forcejam por dominar quasi todo o comércio. Outrora,<br />

foram na maioria senhores de engenhos e hoje compram aqueles<br />

cujos donos fugiram em conseqüência das guerras. Teem eles os<br />

seus trabalhadores, que plantam cana e fabricam açúcar, tarefa até<br />

hoje negada aos nossos patrícios, por lhes faltar perícia de temperálo<br />

e de purgá-lo, embora sejam capacíssimos noutras artes. Entretanto,<br />

não toleram também os portugueses esses afãs, ordenando-os<br />

aos negros, mais aptos para ser mandados do que para trabalhar.<br />

A maioria dos portugueses nos são infensos, mantendo-se quietos<br />

só pelo terror, mas, apresentando-se-lhes ensejo, mostram-se contra<br />

nós desaforados e descomedidos em palavras. Antepõem a sua<br />

vantagem à boa fama e à lealdade; ocultam contra nós a sua cobiça<br />

s de

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