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Baixos - Brasiliana USP

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130 O BRASIL HOLANDÊS SOB<br />

pela inópia de vitualhas. Cumpre, portanto, fomentar, com privilégios<br />

e concessões, a cobiça dos holandeses, sobretudo daqueles<br />

que se animarem a construir novos engenhos e a encetar a plantação<br />

de cana. Sabemos ter feito isto o rei da Espanha, o qual concedeu<br />

a tais colonos, no primeiro decênio, isenção de impostos, obrigandoos<br />

depois, pelo tempo adiante, somente à metade deles. A mudança<br />

da situação não consente façam os nossos a mesma cousa, visto como<br />

as partes vizinhas do litoral estão ocupadas pelos seus donos, e as<br />

mais distantes afastam os novos colonos pela dificuldade de transportes,<br />

pelo preço destes e pela carestia de mantimentos. Faz-se.<br />

pois, mister imaginar outra negaça para os cobiçosos de lucros e<br />

suprir com o engenho a míngua pública. A nossa Holanda é abundante<br />

de artífices mercenários: ferreiros, mestres de obras, pedreiros,<br />

cinzeladores, uma onda de alfaiates e sapateiros, marceneiros,<br />

torneiros, vidraceiros, oleiros, canteiros, latoeiros, xaireleiros e tantos<br />

outros desta espécie, que poderiam cansar até o loquaz Fábio (122).<br />

Na Pátria eles se manteem a custo com o seu mister ( julgando cada<br />

um que é de pobreza a sua profissão. Se passarem para o Brasil,<br />

poderão provocar à inveja a sua antiga fortuna e perceber jornal<br />

mais pingue. De feito, em parte nenhuma, não existe trabalho sem<br />

salário, nem salário sem trabalho. Em via de regra, o trabalho e o<br />

salário muito dessemelhantes em sua natureza, gostam de andar<br />

juntos, numa sociedade natural (123)<br />

O jornal dos mestres de obras são seis florins e o dos seus ajudantes<br />

três ou quatro florins. Os mais elevados são os dos trabalhadores<br />

de engenhos. É necessário atrair esses obreiros para na<br />

Holanda não serem pesados ao erário público, nem se atirarem como<br />

pobres às bolsas dos particulares. É preferível mandar para o Brasil<br />

esses a remeter para lá os criminosos, os infamados por suplícios<br />

e a maruja de Ulisses (124). Isto é familiar aos espanhóis, e a escória<br />

de tais perdidos, por eles despachadas para o Brasil, produziu<br />

progênie mais viciosa, a qual, guardando os vestígios de sua ruim<br />

procedência, não faz distinção entre o justo e o injusto. Onde os<br />

oficiais mecânicos fizeram um lucrozinho, compram um campinho e<br />

interpretam os primeiros favores da fortuna que os afaga como promessa<br />

de maior fortuna.<br />

Quando são úteis Será muito promissor o estabelecimento de colônias, se se der<br />

° S Colônias* aS aos c °l° nos uma habitação garantida; se presidirem à república<br />

homens incapazes de fazer agravos aos súditos e de usar despòticamente<br />

do poder; se boas leis regularem o comércio. É, porém, pernicioso<br />

e desairoso àquela república enviarem-se-lhe indivíduos im-

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