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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 111<br />

como Ártichofski, procurariam reconciliar os dois, e, obtendo deste<br />

último um pedido de desculpas, abrandariam aquele por sua intercessão.<br />

Pareceu imprudente ao Conselho despedir Ártichofski (este<br />

já se achava detido em casa por determinação do Conselho), o qual<br />

havia pouco fora enviado por autoridade dos superiores. Seria isso<br />

usurparem eles uma atribuição dos diretores supremos da Companhia<br />

em negócio de tanta relevância. Mais imprudente ainda seria<br />

despedir ao Conde, porquanto lhe eram subordinados os conselheiros<br />

na autoridade, na condição, na dignidade, e não deixaria de<br />

haver perigo em ficar o Brasil sem um governador. Seria também<br />

afrontoso ao Conde e à casa de Nassau anteporem ao capitão-gener*aj<br />

de todo o Brasil e à segurança geral a defesa e os créditos de<br />

um homem de condição inferior.<br />

Tendo conhecimento da decisão dos conselheiros de promoverem<br />

a reconciliação, para a qual se propunham para árbitros, perseverou<br />

o Conde na sua opinião. Passaram à segunda votação,<br />

convocando também o Conselho de Justiça, e, não lhes prazendo<br />

outra solução para o caso, igualmente Nassau firmou em nada ceder<br />

da sua resolução. No santuário da filosofia aprendera que os ressentimentos<br />

envelhecem por último; que os mortais se esquecem dos<br />

benefícios, mas lembram-se das ofensas; que é difícil harmonizar a<br />

ambição com o comedimento; aquela não descansa, se não alcançar<br />

os seus intentos, mormente nos impérios recentes, onde não deve<br />

haver rivalidades e onde é perigoso confiar em homens que se reconhecem<br />

por êmulos e invejosos da glória alheia.<br />

Enfim, depois que os conselheiros discutiram entre si as razões,<br />

as circunstâncias dos fatos, as divergências dos chefes, as condições<br />

do momento, acordaram unânimes em reenviar Ártichofski e no Demissão de Armesmo<br />

dia significaram-lhe, por intermédio de Carpentier, membro fo ofski.<br />

do Supremo Conselho, assim como de Elias Herckman e Mortemer,<br />

o pensamento de ambas as corporações.<br />

Não se demorou Ártichofski e, embarcando-se na Paraíba em 26 DE MAIO<br />

navios que voltavam para a Holanda, deixou o Brasil pela terceira<br />

vez.<br />

Na qualidade de narrador e não de juiz, não presumo nem de<br />

o acusar, nem de o escusar. Referir fatos que estão nos documentos<br />

públicos é ato de quem rememora e não de quem recrimina.<br />

Quanto ao mais, educado desde menino para a milícia e exercitado<br />

nos vários lances da guerra, unira aos exercícios de Marte o<br />

estudo das artes liberais, entregando-se com afinco à leitura da his-<br />

\ tória e de conhecimentos às vezes necessários a um capitão. A estes

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