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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 107<br />

provisões de boca e petrechos bélicos e restaurando também fortes<br />

e trincheiras em Porto Calvo, Una, Serinhaém e Cabo de Santo<br />

Agostinho<br />

Foi nesta quadra que, pela terceira vez, veio ao Brasil, com Quesião com Aroito<br />

navios e sete companhias militares, Cristóvão Ártichofski, que<br />

gozava de antigo prestígio entre os diretores da Companhia. Deu<br />

isto ocasião a grave embate, de que surgiram partidos, cindindo-se<br />

os cidadãos e os soldados em sentimentos diversos, uns mais favoráveis<br />

ao Conde, outros a Ártichofski, travando apaixonadas discussões<br />

até a respeito da autoridade que competia a cada um dos<br />

dois. Nada tão indigno nesta conjuntura do que ver-se o Conselho<br />

obrigado a despedir Ártichofski, o qual, pertencendo antes à milícia<br />

brasileira, lhe participara das ações. E este homem-, noutras ocasiões<br />

tão cheio de serviços, tão notável pelas suas severas virtudes<br />

marciais, teve de ser recambiado, durante o governo do Conde, tão<br />

benévolo e brando, que, havia muito, cativara, pela sua humanidade<br />

e caráter bondoso, não somente os seus, mas também os bárbaros.<br />

Referirei as causas dessa pendência, mas preferia ignorá-las para<br />

que não a conheça e se regozije o espanhol, com pesar da Companhia<br />

e de todos os homens de bem.<br />

Por prudente decisão e por parecer do Príncipe de Orange e<br />

dos Estados Gerais, tinha a Companhia dado a Ártichofski, como<br />

de fato convinha, a intendência geral do armamento no Brasil, crdenando-lhe<br />

o rigoroso desempenho da sua função.<br />

Receberam-no com simpatia e distinção o Conde e o Conselho,<br />

como o merecia um varão já célebre por várias expedições e pelos<br />

seus luzidos feitos no Brasil. Mostrando-lhes as instruções que lhe<br />

deram os Estados Gerais, o Príncipe de Orange e os diretores da<br />

Companhia, nenhuma dúvida puseram a respeito delas, conquanto<br />

remordesse tàcitamente ao Conde e aos conselheiros uma tal ou<br />

qual insinuação de malévola suspeita nelas esparzida, isto é, que, ern<br />

chegando Ártichofski, se cuidasse com maior diligência de todo o<br />

armamento, remetendo-se aos diretores da Companhia relação minuciosa<br />

e clara do estado dele, e que eles queriam a milícia e tude<br />

o que a ela se referisse em perfeita ordem. Os ânimos mais briosos<br />

acreditavam que nestas palavras eram acusados de má administração<br />

.<br />

Já tinha decorrido quasi um bimestre que se geriam os negócios<br />

do Brasil com vistas concordes, sem nenhum rompimento entre<br />

os regedores, puros de qualquer suspeita má e da nódoa de qualquer<br />

arteirice. Então, depois de espalhados entre o vulgo rumores e pa-

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