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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 97<br />

tência da Salamadra em que ia Jol, e, recém-construída, estava<br />

muito apta para a peleja; mas, em comparação com o porte colossal<br />

e a altura da capitania inimiga, parecia ela apenas um iate.<br />

Antes, dirigindo-se uma prece a Deus para que patrocinasse Batalha naval.<br />

aquele grande feito, infundindo coragem aos guerreiros que se batiam<br />

em favor da República, o nosso almirante incendeu-lhes o brio<br />

com uma alocução. Depois, abordou a capitania espanhola, aferrando-a<br />

fortemente com arpéus e correntes, não sob mostras de amizade,<br />

o que logo acreditou o espanhol, mas de maneira franca e indübiamente<br />

hostil. A seu exemplo, atacou o vice-almirante a almiranta,<br />

prendendo-a à sua nau com cadeias e balroas, e não menos<br />

ardorosamente e com igual confiança atracou-se a npssa Lanterna<br />

com a Lanterna espanhola.<br />

Travava-se a refrega entre estas partes sós: as demais contemplavam<br />

inativamente — oh vergonha — a luta dos companheiros,<br />

fora do alcance e do perigo das armas.<br />

Brigavam renhidamente três contra três, e quando se inflamaram<br />

os ânimos, lançaram-se ferozmente em recíprocas matanças.<br />

Cada qual se via encerrado em sua nau como num círculo fatal:<br />

era ela a área da vida e a da morte, a arena da glória. Tudo ali era<br />

vário: os lances, os ferimentos, as mortes dos que tombavam. A<br />

caligem, a fumarada, as fagulhas, as cinzas roubavam os contendores<br />

aos olhos e aos golpes certeiros uns dos outros. As balas das<br />

peças e mosquetes não matavam nem feriam tanto os combatentes<br />

quanto as estilhas arrancadas às traves dos navios. A nossa capitania<br />

já havia lutado com a capitania espanhola perto de duas horas<br />

numa peleja ancípite, demorando-se em associar-se ao combate os<br />

capitães da Rotterdam e da Tolen. Então os mais expeditos da<br />

nossa maruja, trepando ao alto, saltaram no convés da capitania<br />

espanhola e ocuparam-lhe como vencedores a parte superior, trancando<br />

os espanhóis no porão. Fez-se isto assim: com os cestos da<br />

gávea da capitania holandesa mal chegavam acima da amurada e do<br />

convés da espanhola, o nosso almirante, convertendo em utilidade<br />

as incertezas do ocaso, encheu-os de atiradores, que, de-cima, descarregaram,<br />

contra o vaso inimigo, sobre os que lhes estavam em<br />

baixo, granadas de 24 e de 28 libras. E assim, fulminando aqueles<br />

ciclopes, esvasiaram para nós o convés. Tratou então o almirante<br />

com um dos marinheiros (isto sem dúvida prometia a vitória) que tirasse<br />

a bandeira da capitania espanhola, e teria mil florins por paga<br />

da proeza. Já êle havia subido ao mastro para cumprir o ajustado,<br />

quando, chegando-se contra a nossa capitania a almiranta e a Lan-

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