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Baixos - Brasiliana USP

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O CONDE JOÃO MAURÍCIO DE NASSAU 91<br />

uma confusão de facinorosos e de perdidos. Mesclando-se a estes,<br />

degeneram os melhores, os bem dotados de ânimo e de caráter.<br />

Acreditava-se, porém, que os que assim falavam, tratavam,<br />

sob color do bem público, da sua utilidade particular, se bem não<br />

faltassem nas reuniões palavras especiosas e sentenças plausíveis,<br />

nas quais autorizavam a sua causa.<br />

Os defensores da liberdade comercial alegavam que se guardam<br />

melhor as possessões por meio de colônias do que pelas armas;<br />

que elas se estabeleceriam, concedendo-se a todos a faculdade de<br />

comerciar, e não se fundariam, se os administradores da Companhia,<br />

em número tão diminuto, tivessem a gestão exclusiva do comércio;<br />

que, com a multidão dos cidadãos, crescem as rendas públicas.<br />

Além disso faltavam à Companhia, com o erário esgotado<br />

pelas despesas e o crédito abalado, recursos bastantes para garantir<br />

o monopólio, porque o tráfico, a guerra, o sustento, a roupa e<br />

outras necessidades dos habitantes exigiam muitos gastos, e não<br />

havia esperança, longínqua embora, de se remediar tal penúria.<br />

Entretanto, nem a guerra, nem o comércio se podem fazer sem dinheiro,<br />

assim como não se podem os corpos mover sem nervos.<br />

Havendo os diretores pedido a Nassau o seu parecer, explanou-lho<br />

em carta desta substância: Toda a salvação da Companhia<br />

estava na união dos seus dirigentes e toda a ruína dela viria da sua<br />

discórdia. Enquanto, com aquelas contendas e deliberações, se buscam<br />

remédios, se ia, neste meio tempo, esgotando e arruinando Sagunto.<br />

Não ignorava ser perpétua sorte da verdade gerar o ódio<br />

dos que sentem de modo diverso. Era-lhe porém, preferível a lealdade<br />

à condescendência e o antepor a vontade de ser útil ao desejo<br />

de ser agradável. E, conquanto lhe fosse mais fácil dizer sua opinião<br />

que dar conselho, não obstante, ia apresentar alvitres, sem qualquer<br />

paixão, desviando, porém, de si os ódios que lhe pudessem advir<br />

de um resultado talvez imprevisto; porque, quando de boa fé se<br />

pede conselho, não se devem imputar ao conselheiro os sucessos<br />

desastrosos. Exageram-se, dizia êle, os lucros que tocavam outrora<br />

aos particulares, os quais poderiam ser da Companhia. Tinha, porém,<br />

desde então mudado a situação do comércio e das cousas.<br />

Antes, quando nos apoderamos desta parte do Brasil, tudo estava<br />

nas mãos dos diretores; agora porém, está, mediante contratos, também<br />

nas mãos de particulares. Antes, aqui se encontrou muito açúcar<br />

nos trapiches dos portugueses e poucas mercadorias nossas, das<br />

quais necessitassem. Assim, os holandeses as permutavam por açú-<br />

Vantagens das<br />

colônias.<br />

Parecer do<br />

Conde

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