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IMPE em Lisboa, 25 de Novembro 2008 - Instituto Pupilos do Exército

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PALAVRA no…<br />

<strong>IMPE</strong> <strong>em</strong> <strong>Lisboa</strong>, <strong>25</strong> <strong>de</strong> Nov<strong>em</strong>bro <strong>2008</strong><br />

Exmo. Senhor Major-General Director<br />

Exmos. Senhores Coronéis, Sub-Director e Chefe <strong>do</strong> Serviço Escolar<br />

Exmo. Senhor Ten-Coronel Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Cursos <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Sargentos<br />

Exmos. Senhores Oficiais e d<strong>em</strong>ais Militares<br />

Caros Colegas<br />

Estima<strong>do</strong>s Alunos<br />

Das palavras elogiosas que acabo <strong>de</strong> escutar <strong>do</strong> Exmo. Sr. Coronel José Diogo, nasceu <strong>em</strong> mim<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um agra<strong>de</strong>cimento especial.<br />

Este agra<strong>de</strong>cimento não visa o seu conteú<strong>do</strong>, pois este <strong>de</strong>verá traduzir uma justa verda<strong>de</strong> e,<br />

consequent<strong>em</strong>ente, será minimamente mereci<strong>do</strong>.<br />

O que agra<strong>de</strong>ço e saú<strong>do</strong> é o sinal <strong>de</strong> mudança que elas traz<strong>em</strong>: quantos <strong>do</strong>centes não têm<br />

<strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> o <strong>IMPE</strong> s<strong>em</strong> quase uma palavra <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida, s<strong>em</strong> quase se dar por isso? Há quanto<br />

t<strong>em</strong>po um evento <strong>de</strong>ste tipo não acontecia?<br />

Novos ventos sopram no <strong>IMPE</strong>…<br />

Após este preâmbulo, profundamente senti<strong>do</strong>, <strong>do</strong>u-vos a saber que ”não vou dar uma última<br />

aula”. Não se ajustaria à circunstância … quanto mais não fosse porque o CSEET, <strong>de</strong> que sou<br />

(ou era!!!) Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r, não funciona há pelo menos <strong>do</strong>is anos lectivos.<br />

Não funciona, mas não está extinto. Existe e po<strong>de</strong>rá gerar Cursos <strong>de</strong> Especialização<br />

Tecnológica (CET´s), cujos planos curriculares já foram cria<strong>do</strong>s, ou até continuar o Ensino<br />

Superior, segun<strong>do</strong> Bolonha. Qu<strong>em</strong> sabe?<br />

Esta minha intervenção será breve e preten<strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma forma resumida, contar da minha<br />

relação com este Estabelecimento Militar <strong>de</strong> Ensino.<br />

Soube da existência <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong>, algures no t<strong>em</strong>po, durante a segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong><br />

sessenta, <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>. Estudava eu, então, no <strong>Instituto</strong> Superior Técnico, e caminhan<strong>do</strong><br />

um dia, pela estrada <strong>de</strong> Benfica, com o propósito <strong>de</strong> assistir a um “Benfica - Belenenses, <strong>em</strong><br />

futebol”, na “antiga Catedral da Luz” (eu que, na altura, já torcia pelos “leões”…), <strong>de</strong>i conta da<br />

placa metálica que o i<strong>de</strong>ntificava no edifício <strong>de</strong>sta 2ª Secção <strong>do</strong> <strong>IMPE</strong>.<br />

Curioso, informei-me. Fiquei conhece<strong>do</strong>r da Instituição <strong>de</strong> que se tratava, e com a convicção,<br />

que me foi transmitida, <strong>de</strong> ser uma Escola <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> prestígio.<br />

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Mais tar<strong>de</strong>, lá para os finais da primeira meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> setenta, <strong>do</strong> século XX,<br />

cumprin<strong>do</strong> o serviço militar, como aspirante e alferes miliciano, na Arma <strong>de</strong> Transmissões, ali à<br />

Graça, aqui <strong>em</strong> <strong>Lisboa</strong>, na antiga Escola Prática <strong>de</strong> Transmissões, reforcei esta minha convicção<br />

através <strong>do</strong> conhecimento das capacida<strong>de</strong>s e saberes <strong>de</strong> muitos Oficiais e Sargentos com qu<strong>em</strong><br />

aí trabalhei, e que tinham si<strong>do</strong> e continuavam a ser “Pilões”.<br />

A Revolução <strong>de</strong> Abril, <strong>em</strong> 1974, abriu-me as portas <strong>do</strong> quartel e <strong>de</strong>volveu-me mais ce<strong>do</strong>, cerca<br />

<strong>de</strong> nove meses, à vida civil, então <strong>de</strong>signada por “passag<strong>em</strong> à peluda”.<br />

Antes da incorporação no serviço militar trabalhara na divisão <strong>de</strong> S<strong>em</strong>icondutores da Standard<br />

Eléctrica, <strong>em</strong> S. Gabriel (Cascais), e, após o cumprimento daquele serviço, fui trabalhar para o<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Tecnologia Educativa (ITE), que mais tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong> à Universida<strong>de</strong> Aberta <strong>de</strong><br />

<strong>Lisboa</strong>.<br />

Mas… há s<strong>em</strong>pre um mas…<br />

Quisera, talvez o acaso, que para além da formação técnico-científica adquirida, eu tivesse,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito jov<strong>em</strong>, uma sólida e, atrevo-me a dizê-lo, significativa formação humanística<br />

(tanto que eu li <strong>de</strong>s<strong>de</strong> tenra ida<strong>de</strong>…! e continuo…). Foi esta última, acredito, a fonte possível<br />

<strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> natureza e realização improváveis: o da juventu<strong>de</strong> eterna! A juventu<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

corpo material estava fora <strong>de</strong> questão, mas a da inteligência? a <strong>do</strong> espírito? e a da alma ?<br />

Como conservá-las? A resposta para mim foi óbvia: o contacto permanente com a Juventu<strong>de</strong>,<br />

não a <strong>do</strong>s Meninos, mas a <strong>do</strong>s Jovens, <strong>de</strong> 18, 20 e mais anos, participan<strong>do</strong> na sua formação e<br />

educação, isto é, o ENSINO…<br />

“ A ocasião faz o ladrão”… diz sabiamente o povo. E assim foi…<br />

Abriram-se-me as portas <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>em</strong> 1975, com a criação <strong>do</strong>s Cursos Superiores: para aqui<br />

vim ensinar e apren<strong>de</strong>r, apren<strong>de</strong>r muito…<br />

O Ensino Superior dava, aqui, quan<strong>do</strong> comecei, uns primeiros e titubeantes passos… mas já<br />

andava!<br />

Encontrei aqui um escol <strong>de</strong> Professores <strong>de</strong> raras qualida<strong>de</strong>s humanas e científico-pedagógicas.<br />

Gostei!!!<br />

Os primeiros t<strong>em</strong>pos foram difíceis. Viviam-se os t<strong>em</strong>pos <strong>do</strong> pós-Revolução e o <strong>Instituto</strong><br />

também navegava <strong>em</strong> mares <strong>de</strong> águas agitadas.<br />

Surgiu então, “não vin<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma manhã <strong>de</strong> nevoeiro”, um timoneiro notável, o “meu”,<br />

per<strong>do</strong><strong>em</strong>-me o pronome …, dizia eu o “meu” terceiro Director, o Exmo. Sr. Briga<strong>de</strong>iro Coelho,<br />

que levou, <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> sabe<strong>do</strong>r e firme, sagaz e inteligente, a nau a bom porto.<br />

O prestígio <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong>, <strong>do</strong> seu Ensino, e <strong>do</strong> seu produto (os “Pilões” já trabalha<strong>do</strong>res<br />

cre<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s…) renasceram totalmente e cresceram. Continuaram a crescer e a crescer com<br />

os “meus” 4º e 5º Directores, os Exmos. Senhores General Estorninho e Briga<strong>de</strong>iro Areia.<br />

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Foram, s<strong>em</strong> dúvida, anos brilhantes…! Neles receb<strong>em</strong>os as merecidas visitas <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>ntes da<br />

República, os Exmos. Srs. General Ramalho Eanes e Dr. Mário Soares, <strong>do</strong> Primeiro-Ministro,<br />

Prof. Doutor Cavaco Silva, e <strong>de</strong> outros m<strong>em</strong>bros <strong>de</strong> diferentes Governos, liga<strong>do</strong>s às áreas da<br />

Defesa e <strong>do</strong> Ensino.<br />

Cabe aqui não esquecer um hom<strong>em</strong> e um militar notável, a qu<strong>em</strong> o Pais muito ficou a <strong>de</strong>ver, e<br />

que estimava, <strong>de</strong> forma muito especial, o nosso <strong>Instituto</strong>: o Exmo. Sr. General Firmino Miguel.<br />

Após o seu trágico <strong>de</strong>saparecimento fechou-se algures, não sei ainda hoje b<strong>em</strong> on<strong>de</strong>, uma<br />

“porta mágica” que até aí o <strong>Instituto</strong> franqueava com alegria e tranquilida<strong>de</strong>.<br />

E, não sen<strong>do</strong> por certo o acaso que o <strong>de</strong>terminou, o <strong>Instituto</strong> ficou, a partir daí, <strong>de</strong>sampara<strong>do</strong> e<br />

pouco a pouco, quase aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>, no que às suas finalida<strong>de</strong>s dizia respeito, quer pelo<br />

<strong>Exército</strong>, quer por outros po<strong>de</strong>res. Foi <strong>de</strong>finhan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>finhan<strong>do</strong>, … até quase ficar moribun<strong>do</strong>,<br />

ao sabor <strong>de</strong> sucessivas maiores ou menores vonta<strong>de</strong>s.<br />

Era este o panorama quan<strong>do</strong>, ainda não há muito, chegou ao <strong>IMPE</strong> o Exmo. Ex-Director, Sr.<br />

Major-General Marques <strong>do</strong>s Santos.<br />

Com <strong>de</strong>terminação e <strong>em</strong>penho tentou, perseverou, venceu incompreensões e parece ter<br />

consegui<strong>do</strong> criar para o <strong>Instituto</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir à procura e encontrar o Mun<strong>do</strong> Novo <strong>do</strong><br />

Século XXI.<br />

Deixou a esperança <strong>de</strong> um novo <strong>IMPE</strong>, renasci<strong>do</strong>, reformula<strong>do</strong> e apto a (re)crescer por novos<br />

caminhos, mas para metas iguais: as da formação <strong>de</strong> futuros e completos cidadãos <strong>de</strong> um<br />

Portugal europeu.<br />

Os acontecimentos vivi<strong>do</strong>s no dia da última abertura solene <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong>ixaram a esperança<br />

<strong>do</strong> concretizar <strong>de</strong>stes novos t<strong>em</strong>pos.<br />

Eu atravessei, <strong>em</strong> trinta e alguns anos, to<strong>do</strong> este percurso com o <strong>Instituto</strong>.<br />

Tive no <strong>Instituto</strong> as alegrias <strong>de</strong> uma realização pessoal, das realizações pessoais <strong>do</strong>s “meus”<br />

alunos e criei laços <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> com tantas pessoas … (atrevo-me, até, a dizer que tive e tenho<br />

<strong>em</strong> cada aluna e aluno um amigo <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre e para s<strong>em</strong>pre) … Tu<strong>do</strong> o que aqui tive e vivi<br />

quase consegue apagar as coisas menos boas, que agora não refiro, <strong>em</strong>bora não tenham si<strong>do</strong><br />

poucas…<br />

Parto, mas fico, se mo permitir<strong>em</strong> os queri<strong>do</strong>s alunos, os <strong>de</strong> então e os <strong>de</strong> agora, também um<br />

“PILÃO”.<br />

E parto, para uma Vida Nova, com esperança, muita esperança no futuro <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong>.<br />

Há sinais…<br />

Para além <strong>do</strong>s já referi<strong>do</strong>s e outros que não colhe aqui referir, recor<strong>do</strong> o dia <strong>do</strong> proverbial<br />

Magusto, que <strong>em</strong>bora atrasa<strong>do</strong> no t<strong>em</strong>po, trouxe a novida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um Director conviver natural<br />

e amigavelmente com alunos, professores, militares e d<strong>em</strong>ais presentes, surpreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-os,<br />

no final, com palavras <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>. estímulo e união, a que acrescentou o reconhecimento<br />

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presencial àqueles que, entretanto trabalhan<strong>do</strong>, permitiram o nosso banquete <strong>de</strong> iguarias e<br />

amiza<strong>de</strong>.<br />

Senhor Director, o meu muito obriga<strong>do</strong>.<br />

Nesta Escola <strong>de</strong>ixo Vida…<br />

Exorto-vos a to<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>ixo-vos um <strong>de</strong>safio: aos alunos, que estud<strong>em</strong> e aprendam, brinqu<strong>em</strong> e<br />

cri<strong>em</strong> laços fortes <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>s sãs, serão no futuro homens sábios e bons; aos professores<br />

que ensin<strong>em</strong> e eduqu<strong>em</strong>, transmitam cultura universal, na forma e nos t<strong>em</strong>as, vivam e<br />

pass<strong>em</strong> a mensag<strong>em</strong> <strong>de</strong> cidadania e amor pelo próximo, fruirão uma forma superior <strong>de</strong><br />

realização pessoal; a to<strong>do</strong>s os outros, militares e civis, que trabalh<strong>em</strong> com alegria e<br />

competência para a consumação plena <strong>do</strong>s objectivos e missão <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong>, sentirão a<br />

tranquilida<strong>de</strong> e a paz <strong>do</strong> <strong>de</strong>ver cumpri<strong>do</strong>.<br />

Portugal agra<strong>de</strong>cerá e Vós tereis vivi<strong>do</strong> momentos <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>.<br />

Uma última palavra para o que <strong>de</strong> mais importante s<strong>em</strong>pre existiu, existe e existirá, enquanto<br />

houver <strong>IMPE</strong>: os alunos.<br />

Foram s<strong>em</strong>pre eles, para mim, a verda<strong>de</strong>ira, primeira e última razão <strong>de</strong> aqui ter esta<strong>do</strong> e<br />

trabalha<strong>do</strong>.<br />

A to<strong>do</strong>s eles, os que já o foram e os que agora o são, <strong>de</strong>ixo um enorme abraço <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e<br />

gratidão, que serão eternas.<br />

Não posso <strong>de</strong>ixar também, aqui e agora, <strong>de</strong> recordar os ex-alunos e os ex-colegas, amigos e<br />

companheiros <strong>de</strong> caminhos passa<strong>do</strong>s, que já partiram para o ALÉM. E foram tantos… Que<br />

<strong>de</strong>scans<strong>em</strong> <strong>em</strong> Paz…<br />

Por fim, numa <strong>de</strong>spedida académica e rel<strong>em</strong>bran<strong>do</strong> que ”Coimbra t<strong>em</strong> mais encanto na hora<br />

da <strong>de</strong>spedida”, eu direi:<br />

- que o <strong>IMPE</strong> t<strong>em</strong> maior e mais real esperança <strong>de</strong> renascimento na hora <strong>de</strong>sta minha<br />

<strong>de</strong>spedida.<br />

Alunos, Senhor Director, Senhores Oficiais e d<strong>em</strong>ais militares, Senhores Professores e d<strong>em</strong>ais<br />

pessoal civil (aqui não representa<strong>do</strong>), a to<strong>do</strong>s os que aqui trabalham, rel<strong>em</strong>bro:<br />

“QUERER É PODER”.<br />

Tenho dito.<br />

João Espada da Silva Monteiro Capoulas<br />

(Professor Adjunto)<br />

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