A EVOLUÇÃO DA BASE TÉCNICA DA AVICULTURA ... - Blog do Levy

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16.04.2013 Views

A EVOLUÇÃO DA BASE TÉCNICA DA AVICULTURA DE CORTE NO BRASIL Para GOODMAN et alli (1990) dois tipos de capitais interferem na agricultura. Os capitais apropriacionistas, associados principalmente com o processo de produção rural e com a transformação primária das safras, e os capitais substitucionistas associados a etapas de fabricação dos alimentos. Dessa forma percebemos um movimento competitivo dos capitais industriais a fim de criar setores de acumulação através da restruturação do processo recebido da produção pré-industrial. Um exemplo desse processo é instabilidade provocada pelas biotecnologias criando uma ameaça à base rural da agricultura, colocando em cheque a própria definição de agricultura e de indústria. O caso da farinha de trigo ilustra como a substituição industrial pode transformar um produto rural num insumo industrial, de tal modo que a qualidade ou o valor são dados por critérios de processamento e manufatura antes que por considerações nutricionais. Esta tendência de avaliar os produtos rurais principalmente como insumos para o processamento industrial e para a comercialização está no âmago dos debates correntes sobre alimentos processados e nutrição. Um outro exemplo foi a produção do leite evaporado e o leite em pó que, embora produzidos por métodos de produção em massa, eles tinham as características que os tornavam substitutos diretos do produto natural e dos meios tradicionais de preservação do leite como, como a manteiga e o queijo. No que se refere a perspectiva mais ampla e de longo prazo, GOODMAN et alli (1990: 120) cita que “... a ação do substitucionismo via microbiologia industrial é novamente a de reduzir a importância da agricultura, definida como a produção de culturas nos campos, associada com sistemas específicos de alimentos e fibras para o processamento e distribuição”. Sublinha ainda que “as novas biotecnologias exporão crescentemente a redundância dessa concepção tradicional. Em essência, essas técnicas avançadas ameaçam trivializar a agricultura, transformando-a em uma entre diversas fontes competitivas de matéria orgânica para conversão e fracionamento da biomassa. Assim, a posição privilegiada das culturas convencionais de campo, nos padrões atuais de uso da terra, serão crescentemente desafiados”. Levy Rei de França 76

DETERMINANTES DAS TRANSFORMAÇÕES DA BASE TÉCNICA Para GOODMAN et alli (1990) o efeito cumulativo dessa tendência é obscurecer a especificidade ou identidade dos bens produzidos no meio rural, reforçando o movimento de longo prazo do substitucionismo para reduzir a parcela da agricultura e da terra no valor agregado gerado pelo sistema alimentar. Finalmente, é provável que as fronteiras do substitucionismo sejam definidas tanto pelos gostos e pela lealdade dos consumidores aos alimentos orgânicos completos quanto pelas restrições técnicas e de engenharia. Portanto, o apropriacionismo e o substitucionismo constituem um movimento de interação combinado do capital no processo gradual e ininterrupto de troca das atividades rurais por atividades industriais. Neste aspecto ainda que o apropriacionismo transforme as atividades rurais em atividades industriais e, assim, afrouxe as limitações impostas pela natureza, os capitais constituídos por esta dinâmica, entretanto, retêm laços simbióticos com o processo de produção de base rural. Estes laços também caracterizam os setores de processamento primário. A ação tendencial do substitucionismo, entretanto, é reduzir o produto rural a um simples insumo industrial, abrindo caminho para a eliminação do processo rural de produção, seja pela utilização de matérias primas não-agrícolas. Seja pela criação de substitutos industriais dos alimentos e fibras. Dessa forma, o setor rural fragilizado e subordinado ao apropriacionismo e substitucionismo industrial passa a seguir a tecnologia de criação recomendada pela indústria, isso é mais forte nas integrações devido a intensa modernização na procura de se manter competitiva. A bem da verdade, as grandes empresas também recebem pressão semelhante, só que o elemento subordinador é o desenvolvimento tecnológico que oferece vantagens nas relações de produção, de maneira só permanece no mercado quem se mantém atualizado, principalmente em um mercado globalizado. III. 3 - Questões Ligadas à Terra e ao Trabalho As explicações para a adoção de inovações tecnológicas, segundo ROMEIRO (1998), era preocupação de muitos analistas na década de 60. Baseado no diagnóstico dos Levy Rei de França 77

DETERMINANTES <strong>DA</strong>S TRANSFORMAÇÕES <strong>DA</strong> <strong>BASE</strong> <strong>TÉCNICA</strong><br />

Para GOODMAN et alli (1990) o efeito cumulativo dessa tendência é obscurecer a<br />

especificidade ou identidade <strong>do</strong>s bens produzi<strong>do</strong>s no meio rural, reforçan<strong>do</strong> o movimento<br />

de longo prazo <strong>do</strong> substitucionismo para reduzir a parcela da agricultura e da terra no valor<br />

agrega<strong>do</strong> gera<strong>do</strong> pelo sistema alimentar. Finalmente, é provável que as fronteiras <strong>do</strong><br />

substitucionismo sejam definidas tanto pelos gostos e pela lealdade <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res aos<br />

alimentos orgânicos completos quanto pelas restrições técnicas e de engenharia.<br />

Portanto, o apropriacionismo e o substitucionismo constituem um movimento de<br />

interação combina<strong>do</strong> <strong>do</strong> capital no processo gradual e ininterrupto de troca das atividades<br />

rurais por atividades industriais. Neste aspecto ainda que o apropriacionismo transforme as<br />

atividades rurais em atividades industriais e, assim, afrouxe as limitações impostas pela<br />

natureza, os capitais constituí<strong>do</strong>s por esta dinâmica, entretanto, retêm laços simbióticos<br />

com o processo de produção de base rural. Estes laços também caracterizam os setores de<br />

processamento primário. A ação tendencial <strong>do</strong> substitucionismo, entretanto, é reduzir o<br />

produto rural a um simples insumo industrial, abrin<strong>do</strong> caminho para a eliminação <strong>do</strong><br />

processo rural de produção, seja pela utilização de matérias primas não-agrícolas. Seja pela<br />

criação de substitutos industriais <strong>do</strong>s alimentos e fibras.<br />

Dessa forma, o setor rural fragiliza<strong>do</strong> e subordina<strong>do</strong> ao apropriacionismo e<br />

substitucionismo industrial passa a seguir a tecnologia de criação recomendada pela<br />

indústria, isso é mais forte nas integrações devi<strong>do</strong> a intensa modernização na procura de se<br />

manter competitiva. A bem da verdade, as grandes empresas também recebem pressão<br />

semelhante, só que o elemento subordina<strong>do</strong>r é o desenvolvimento tecnológico que oferece<br />

vantagens nas relações de produção, de maneira só permanece no merca<strong>do</strong> quem se<br />

mantém atualiza<strong>do</strong>, principalmente em um merca<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong>.<br />

III. 3 - Questões Ligadas à Terra e ao Trabalho<br />

As explicações para a a<strong>do</strong>ção de inovações tecnológicas, segun<strong>do</strong> ROMEIRO<br />

(1998), era preocupação de muitos analistas na década de 60. Basea<strong>do</strong> no diagnóstico <strong>do</strong>s<br />

<strong>Levy</strong> Rei de França<br />

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