A Evolução da Avicultura de Corte em Goiás - Blog do Levy

A Evolução da Avicultura de Corte em Goiás - Blog do Levy A Evolução da Avicultura de Corte em Goiás - Blog do Levy

A EVOLUÇÃO DA AVICULTURA DE CORTE EM GOIÁS<br />

LEVY REI DE FRANÇA & JOSÉ FLÔRES FERNANDES FILHO<br />

Sumário.<br />

Resumo 1<br />

Abstrat 1<br />

I. Introdução 1<br />

I.I. - A <strong>Evolução</strong> <strong>da</strong> <strong>Avicultura</strong> <strong>de</strong> <strong>Corte</strong> no Brasil 4<br />

I.I. 1 – Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Produção na <strong>Avicultura</strong> <strong>de</strong> <strong>Corte</strong> Brasileira 9<br />

II.1.1 – Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Produção In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte 9<br />

II.1.2 – Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Produção Cooperativo 10<br />

II.1.3 – Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Produção por Integração 10<br />

II.2 – A Questão Locacional na Déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70 12<br />

II.3 – A Questão Locacional Atual 13<br />

III – A <strong>Evolução</strong> <strong>da</strong> <strong>Avicultura</strong> <strong>de</strong> <strong>Corte</strong> no Centro-Oeste 15<br />

III.1 – Incentivos Públicos no Centro-Oeste 19<br />

III.2 – O Projeto Buriti <strong>em</strong> <strong>Goiás</strong> 21<br />

III.3 – Projeto Buriti, “Justificativas” 21<br />

III.3.1 – Redução nos Custos <strong>de</strong> Transação 22<br />

III.3.2 – Redução nos Custos <strong>de</strong> Produção 23<br />

III.3.3 – Redução <strong>do</strong>s Custos <strong>de</strong> Logística 24<br />

IV – O Novo Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Integração 24<br />

V – Impactos Espera<strong>do</strong>s para <strong>Goiás</strong> 25<br />

V.1 – Em Termos Sociais 25<br />

V.2 – Em Termos Regionais 26<br />

V.3 – Em Termos Econômicos 26<br />

V.4- Em Termos Ambientais 26<br />

V.I – Conclusão 26<br />

VII – Referências Bibliográficas 27<br />

ii


Resumo<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste paper foi realizar uma análise <strong>da</strong>s transformações recentes observa<strong>da</strong>s na<br />

avicultura na avicultura <strong>de</strong> corte, b<strong>em</strong> como a implantação <strong>do</strong>s novos projetos na região Centro-<br />

Oeste <strong>do</strong> Brasil, principalmente no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiás</strong>. São apresenta<strong>do</strong>s as transformações ocorri<strong>da</strong>s<br />

na base técnica a nível mundial, sua chega<strong>da</strong> ao Brasil e mais recent<strong>em</strong>ente a sua re-espacialização<br />

no Centro-Oeste. São abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s alguns <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiás</strong> <strong>em</strong> função <strong>de</strong> estar se <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong><br />

a nível nacional e ter recebi<strong>do</strong> o projeto Biruti pela <strong>em</strong>presa integra<strong>do</strong>ra Perdigão. Este projeto<br />

marca o início <strong>de</strong> novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> frangos <strong>de</strong> corte, basea<strong>do</strong> na integração <strong>de</strong> médios e<br />

gran<strong>de</strong>s produtores. Além <strong>de</strong> apresentar as principais características <strong>de</strong>ste novo mo<strong>de</strong>lo, procura-se<br />

apontar fatores explicativos para a sua introdução como a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ganhar competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

pela redução <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> transação, produção e <strong>de</strong> logística. O trabalho procura, também,<br />

apresentar os prováveis impactos sócio-econômicos, ambientais e regionais que a diss<strong>em</strong>inação<br />

<strong>de</strong>ste novo mo<strong>de</strong>lo na avicultura <strong>de</strong> corte brasileira po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar.<br />

Palavras-Chave: <strong>Avicultura</strong> <strong>em</strong> <strong>Goiás</strong>, A Nova <strong>Avicultura</strong> <strong>de</strong> <strong>Corte</strong> no Brasil.<br />

Abstract<br />

The objective of this paper was to accomplish an analysis of the recent transformations<br />

observed into the broiler, as well as the introduction of the new projects in the Center-West region<br />

of Brazil, mainly in <strong>Goiás</strong> State. The transformations occurred in the word wi<strong>de</strong> technical base, its<br />

coming to Brazil and more recently its new replace in Center-West are presented here. Due to the<br />

following project has been a national landmark and has received the “Buriti” project by the<br />

integration “Perdigão” companies, some <strong>da</strong>ta from <strong>Goiás</strong> State were approached in it. Besi<strong>de</strong>s<br />

presenting the main characteristics of this new mo<strong>de</strong>l, it tries to point explanatory factors for its<br />

introduction as the need of winning competitiveness by the reduction of the transaction costs,<br />

production and of logistics. The paper seeks, also, to present the probable impacts socioeconomic,<br />

environmental and regional that the spread of this new integration mo<strong>de</strong>l in the Brazilian broiler can<br />

unchain.<br />

Key-Words: <strong>Goiás</strong> Broiler, The Brazilian Broiler.<br />

I - Introdução<br />

Para GIANNONI & GIANNONI (1983), a avicultura nos mol<strong>de</strong>s industriais teve gran<strong>de</strong><br />

incentivo após 1940, <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> fome provoca<strong>da</strong> pela segun<strong>da</strong> guerra mundial, alia<strong>do</strong> ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas tecnologias 1 . MORENG & AVENS (1990) também concor<strong>da</strong>m que o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> indústria avícola comercial começou no início <strong>de</strong> 1940, quan<strong>do</strong> vários países<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> começaram a se envolver com a II guerra mundial. Citam ain<strong>da</strong> que nos EUA a<br />

avicultura cresceu in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> programas governamentais e assim manteve um caráter<br />

competitivo que se caracterizava <strong>em</strong> procurar uma produção eficiente <strong>em</strong> um merca<strong>do</strong> altamente<br />

disputa<strong>do</strong>. Livre <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> racionamento e outras restrições <strong>da</strong> II guerra mundial, a produção<br />

<strong>de</strong> carne e ovos aumentou rapi<strong>da</strong>mente. Os avanços tecnológicos que foram obti<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s<br />

resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s pesquisas científicas <strong>de</strong>ram impulso para uma expansão industrial rápi<strong>da</strong>. Estas<br />

pesquisas aplica<strong>da</strong>s na tecnologia e no manejo <strong>de</strong> produção resultaram, finalmente, num<br />

1 Justifican<strong>do</strong> o pensamento <strong>de</strong> SCHUMPETER (1943) já que nas crises é que aparec<strong>em</strong> novas tecnologias.<br />

1


significativo crescimento <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango a um custo competitivo, o que possibilitou<br />

um rápi<strong>do</strong> crescimento <strong>do</strong> consumo <strong>em</strong> to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Para FRANÇA (2000), a análise <strong>da</strong>s modificações <strong>da</strong> base técnica <strong>da</strong> avicultura <strong>de</strong> corte<br />

mostram que a tecnologia promoveu várias mu<strong>da</strong>nças na produção e nas relações <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

frango <strong>de</strong> corte. A área <strong>da</strong> genética permitiu a substituição <strong>de</strong> raças puras <strong>de</strong> aves por híbri<strong>do</strong>s<br />

sintéticos <strong>de</strong> alta performance produzi<strong>do</strong>s pelos “avozeiros”. Os ganhos genéticos, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

permitiram a diminuição <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> abate <strong>de</strong> 105 dias para 42 dias; a melhora na conversão<br />

alimentar, passan<strong>do</strong> <strong>de</strong> 3,5 para 1,8 ao abate e aumento <strong>do</strong> peso vivo <strong>de</strong> 1,5 kg para 2,6 kg a i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> abate.<br />

Os avanços na nutrição iniciaram <strong>em</strong> 1900, quan<strong>do</strong> se usou ração pela primeira vez,<br />

marcan<strong>do</strong> o princípio <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> transformações até aparecer<strong>em</strong> as rações balancea<strong>da</strong>s. As<br />

transformações foram percebi<strong>do</strong>s nas misturas <strong>de</strong> ingredientes protéicos, na adição <strong>de</strong> aminoáci<strong>do</strong>s<br />

essenciais e mais recent<strong>em</strong>ente a utilização <strong>de</strong> aminoáci<strong>do</strong>s digestíveis, aumentan<strong>do</strong> a precisão <strong>do</strong>s<br />

cálculos e diminuin<strong>do</strong> a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> proteínas nas rações. Alia<strong>do</strong> a esses<br />

aspectos, o aumento <strong>da</strong> precisão no levantamento <strong>da</strong>s exigências nutricionais, associa<strong>do</strong>s à<br />

programação linear, permitiram o cálculo <strong>de</strong> rações a mínimo custo, diminuin<strong>do</strong> o custo e<br />

aumentan<strong>do</strong> a estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> preço <strong>da</strong>s rações.<br />

A área <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> alimentação foi atingi<strong>da</strong> <strong>de</strong> maneira intensa pela automação.<br />

Hoje, o funcionamento <strong>do</strong>s come<strong>do</strong>uros e <strong>do</strong>s bebe<strong>do</strong>uros não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra humana,<br />

são mais eficientes <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> limpeza, melhoram o ganho <strong>de</strong> peso e diminu<strong>em</strong> a mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>em</strong><br />

função <strong>da</strong> ausência <strong>de</strong> pessoas an<strong>da</strong>n<strong>do</strong> com freqüência <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> galpão.<br />

A indústria <strong>de</strong> rações, se reorganiza <strong>em</strong> função <strong>da</strong> logística <strong>de</strong> transporte, se regionaliza e<br />

diversifica sua produção associa<strong>da</strong> a tecnologia mais acessíveis <strong>de</strong> menores plantas, miniaturização<br />

<strong>da</strong> informática e acesso ao pr<strong>em</strong>ix <strong>em</strong> pequenas escalas. Por outro la<strong>do</strong>, com a <strong>em</strong>ergência <strong>da</strong><br />

verticalização aparec<strong>em</strong> as gran<strong>de</strong>s integrações que passam a produzir um volume <strong>de</strong> rações maior<br />

que a própria produção <strong>do</strong> setor <strong>da</strong> indústria <strong>de</strong> rações.<br />

A climatização passa ser um <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos mais importante na produção <strong>de</strong> frangos, a<br />

tecnologia atual oferece o aquecimento por campânulas a gás com queima<strong>do</strong>r <strong>de</strong> infravermelho, que<br />

são mais eficientes, <strong>de</strong> baixo custo e aquec<strong>em</strong> o <strong>do</strong>bro <strong>de</strong> pintinhos (1000 pintinhos). A refrigeração<br />

passa a fazer parte <strong>do</strong>s galpões, o sist<strong>em</strong>a mais utiliza<strong>do</strong> é a combinação <strong>de</strong> nebuliza<strong>do</strong>res e<br />

exaustores movimentan<strong>do</strong> o ar <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> a outro <strong>do</strong> galpão (sist<strong>em</strong>a s<strong>em</strong>i-climatiza<strong>do</strong>). Quanto ao<br />

sist<strong>em</strong>a adiabático evaporativo, apesar <strong>de</strong> ser mais recente ain<strong>da</strong> t<strong>em</strong> uso bastante restrito, <strong>em</strong><br />

função <strong>do</strong> custo benefício questionável e ser uma tecnologia pouco difundi<strong>da</strong>.<br />

Os galpões aumentam a sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> interna, passan<strong>do</strong> <strong>de</strong> 100 m 2 para cerca <strong>de</strong> 1600 m 2 ,<br />

trocam cobertura <strong>de</strong> telhas <strong>de</strong> barro e amianto por telhas <strong>de</strong> alumínio, não utilizam mais lanternins<br />

<strong>em</strong> função <strong>da</strong> ventilação negativa, mu<strong>da</strong>m a estrutura <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira para estrutura <strong>de</strong> cimento prémol<strong>da</strong><strong>do</strong><br />

ou metálica, as lâmpa<strong>da</strong>s incan<strong>de</strong>scentes são troca<strong>da</strong>s pelas lâmpa<strong>da</strong>s fluorescentes,<br />

diversificam o material utiliza<strong>do</strong> como cama <strong>de</strong> frango e passam a fazer a reutilização <strong>de</strong>sse<br />

material por até 4 a 5 vezes.<br />

A área <strong>da</strong> sani<strong>da</strong><strong>de</strong> se apresenta como o ponto frágil <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia produtiva <strong>da</strong> avicultura <strong>de</strong><br />

corte, isso po<strong>de</strong> ser percebi<strong>do</strong> pelo volume <strong>de</strong> tecnologias existentes e ain<strong>da</strong> não utiliza<strong>da</strong>s. Do que<br />

foi feito <strong>de</strong>stacam-se o controle <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença <strong>de</strong> Marek, manejo sanitário, incluin<strong>do</strong> isolamento, cerca<br />

viva, vacinas, diagnóstico e monitoramento <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças.<br />

A eficiência na criação é aumenta<strong>da</strong> pela sexag<strong>em</strong> que permite mais uniformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com<br />

reflexos positivos tanto no abate como na criação e pela alta <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> que permite a otimização <strong>da</strong><br />

utilização <strong>do</strong>s galpões aumentan<strong>do</strong> os lucros.<br />

2


E, um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> frangos surge basea<strong>do</strong> no processo <strong>de</strong> verticalização 2 <strong>da</strong><br />

produção. As gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presas avícolas se apropriaram <strong>da</strong> tecnologia <strong>da</strong> genética, nutrição, abate e<br />

processamento e <strong>da</strong> comercialização <strong>do</strong>s produtos avícolas, aumentaram intensamente suas<br />

produções, pelo aumento <strong>de</strong> suas plantas e <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res e, além <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r ao merca<strong>do</strong><br />

nacional, passaram a aten<strong>de</strong>r também o merca<strong>do</strong> internacional. Associa<strong>do</strong> a essa mu<strong>da</strong>nça observase<br />

que a produção atomiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> aves por parte <strong>de</strong> muitos milhares <strong>de</strong> pequenos produtores<br />

está sen<strong>do</strong> substituí<strong>da</strong> nas últimas 3 déca<strong>da</strong>s por um pequeno número médios e gran<strong>de</strong>s produtores<br />

integra<strong>do</strong>s, utilizan<strong>do</strong> as mais sofistica<strong>da</strong>s técnicas apresenta<strong>da</strong>s no corpo <strong>de</strong>ste it<strong>em</strong>.<br />

As modificações <strong>da</strong> base técnica <strong>da</strong> avicultura apresenta<strong>da</strong>s <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>scritiva têm a<br />

importância primordial <strong>de</strong> comprovar através <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s as alterações t<strong>em</strong>porais sofri<strong>da</strong>s no processo<br />

tecnológico <strong>de</strong> produção. Entretanto, numa visão mais reflexiva, <strong>de</strong>ve-se procurar enten<strong>de</strong>r por que<br />

ocorr<strong>em</strong> essas mu<strong>da</strong>nças, ou seja, quais são seus <strong>de</strong>terminantes. A avicultura não foi o único setor<br />

<strong>da</strong> agricultura a se modificar. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> está inseri<strong>da</strong> <strong>em</strong> um contexto maior que atingiu a<br />

produção rural <strong>de</strong> maneira global.<br />

Os <strong>de</strong>terminantes <strong>da</strong>s modificações <strong>da</strong> técnica po<strong>de</strong>m ser atribuí<strong>do</strong>s: a <strong>de</strong>sagregação <strong>do</strong><br />

complexo rural e formação <strong>do</strong> complexo agroindustrial; ao apropriacionismo e o substitucionismo<br />

industrial; as questões liga<strong>da</strong>s à terra e ao trabalho; e ao Esta<strong>do</strong> através <strong>de</strong> políticas públicas e<br />

financiamento. Em resumo, esses <strong>de</strong>terminantes po<strong>de</strong>m ser explica<strong>do</strong>s sob a inspiração <strong>de</strong> alguns<br />

autores <strong>da</strong> forma como segue abaixo.<br />

Para GRAZIANO DA SILVA (1996) ocorreu uma <strong>de</strong>sagregação <strong>do</strong> complexo rural e<br />

formação <strong>do</strong>s complexos agroindustriais, ou seja, uma estrutura com características auto-suficientes<br />

é substituí<strong>da</strong> por outra liga<strong>da</strong> a jusante e a montante a indústria. Para GOODMAN et alli (1990) o<br />

apropriacionismo e substitucionismo industrial foram os responsáveis pelas modificações ocorri<strong>da</strong>s<br />

no campo; ele se baseia na tese <strong>de</strong> que a indústria se apropria <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> campo através <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico, substituin<strong>do</strong> com eficiência ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, que no caso <strong>da</strong> avicultura, se<br />

concentram na área <strong>da</strong> genética, nutrição e mecânica. Esse processo é tão intenso que sobrou para o<br />

campo apenas a criação <strong>do</strong> frango (por isso a apropriação é dita parcial). Questões liga<strong>da</strong>s à terra e<br />

ao trabalho para ROMEIRO (1998) explicam o que ocorreu no campo. Segun<strong>do</strong> o autor, a<br />

economia <strong>de</strong> terra, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> o seu custo, com a aplicação <strong>de</strong> tecnologia aumentan<strong>do</strong> a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

à economia <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> também ao custo e a baixa eficiência humana, t<strong>em</strong> justifica<strong>do</strong><br />

as modificações poupa<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> terra e trabalho. Cita ain<strong>da</strong> que existe um ambiente <strong>de</strong> crise agrícola,<br />

não apenas pelo <strong>de</strong>sequilíbrio entre a oferta e procura, mas pela diminuição <strong>da</strong> flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ajuste face às pressões que ten<strong>de</strong>m a comprimir a ren<strong>da</strong> <strong>do</strong> agricultor, seja pelo la<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><br />

(tendência à que<strong>da</strong> <strong>do</strong>s preços), seja pelo la<strong>do</strong> <strong>da</strong> oferta (tendência à elevação <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> ecossist<strong>em</strong>a agrícola).<br />

Em vários momentos o Esta<strong>do</strong>, também, foi um <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos que contribuiu para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> avicultura industrial, seja pela regulamentação <strong>da</strong> importação <strong>de</strong> pintinhos<br />

avozeiros, seja por financiamento, pela pesquisa através <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> pesquisa e universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />

políticas públicas benefician<strong>do</strong> o setor, utilização <strong>do</strong> frango como garoto propagan<strong>da</strong> <strong>do</strong> plano real<br />

e participação atual no financiamento <strong>de</strong> novas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> frangos <strong>de</strong> corte no Centro-<br />

Oeste.<br />

Com relação aos impactos <strong>da</strong>s transformações <strong>da</strong> base técnica, constatamos seus efeitos: nas<br />

relações <strong>de</strong> produção, com a <strong>em</strong>ergência <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a integração <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> frango substituin<strong>do</strong><br />

o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e subordinan<strong>do</strong> as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s à lógica <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s capitais<br />

industriais <strong>da</strong> avicultura; no tamanho <strong>do</strong>s integra<strong>do</strong>s, visto que a tendência atual é <strong>de</strong> que os<br />

integra<strong>do</strong>s sejam, ca<strong>da</strong> vez maiores e <strong>em</strong> menor número <strong>em</strong> função <strong>do</strong> oferecimento <strong>de</strong> garantias<br />

2 Em 1982 SORJ et alli assinalavam a existência <strong>de</strong> indícios <strong>de</strong> que os níveis <strong>de</strong> automação e os ganhos <strong>de</strong> escala<br />

tornariam ca<strong>da</strong> vez mais viável a granja avícola <strong>em</strong> mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>em</strong>presa capitalista.<br />

3


ancárias ao financiamento <strong>de</strong> galpões <strong>de</strong> maior tamanho, com eleva<strong>do</strong> nível automação, e <strong>do</strong><br />

aumento <strong>da</strong> escala para viabilizar a produção; na eficiência <strong>da</strong> produção, já que <strong>da</strong> forma como o<br />

sist<strong>em</strong>a integração r<strong>em</strong>unera o integra<strong>do</strong>, a eficiência aumenta e não existe pagamento <strong>de</strong> não<br />

trabalho, o que é muito comum na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> pecuária; na geração <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregos, pois a ca<strong>da</strong> dia,<br />

graças à automação, 1 hom<strong>em</strong> cui<strong>da</strong> <strong>de</strong> mais frangos e mais galpões, contribuin<strong>do</strong> para <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego<br />

tecnológico e passan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> frangos com base na mão-<strong>de</strong>-obra familiar<br />

para a utilização <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra assalaria<strong>da</strong>; e na localização <strong>da</strong>s granjas, pois atualmente as novas<br />

plantas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> frangos são monta<strong>da</strong>s no Centro-Oeste, região produtora <strong>de</strong> grãos e<br />

fornece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s incentivos fiscais.<br />

II – A <strong>Evolução</strong> <strong>da</strong> <strong>Avicultura</strong> <strong>de</strong> <strong>Corte</strong> no Brasil<br />

O complexo avícola brasileiro começou com a introdução <strong>de</strong> raças híbri<strong>da</strong>s no país, na<br />

déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1940, mas que se intensificou somente no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960, com o programa <strong>do</strong>s<br />

galpões <strong>de</strong> mil frangos 3 e a vin<strong>da</strong> <strong>de</strong> filiais <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas norte-americanas e cana<strong>de</strong>nses, entre<br />

outras. Para a produção local <strong>de</strong> matrizes, essas <strong>em</strong>presas trouxeram suas linhagens <strong>de</strong> avós,<br />

intensifican<strong>do</strong> sua distribuição no país, que estava restrita a poucas regiões e atendia à <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

criação <strong>de</strong> “fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> quintal” (ORTEGA, 1988). Interessante observar que estas <strong>em</strong>presas<br />

ofereciam também to<strong>do</strong> um pacote tecnológico para viabilização <strong>da</strong> avicultura.<br />

A partir <strong>do</strong>s anos 60, a avicultura <strong>de</strong> corte brasileira surge <strong>de</strong> maneira tími<strong>da</strong> 4 , entendi<strong>da</strong><br />

como uma fonte <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> alternativa e subsistência familiar. No início <strong>de</strong> 70 se verifica a<br />

consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> nova técnica, inician<strong>do</strong> um processo contínuo e gra<strong>da</strong>tivo <strong>de</strong> transformações que<br />

mu<strong>da</strong>riam totalmente a concepção inicial <strong>da</strong> avicultura. A déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> setenta, portanto, entrou para a<br />

história como sen<strong>do</strong> a época <strong>da</strong> consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> avicultura industrial no Brasil 5 , inclusive é a partir<br />

<strong>de</strong>sta <strong>da</strong>ta que passamos a ter <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> performance <strong>do</strong> setor.<br />

Apesar <strong>da</strong>s crises que freqüent<strong>em</strong>ente assolam a economia brasileira, a avicultura <strong>de</strong> corte,<br />

no que se refere à produção <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango, v<strong>em</strong> evoluin<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira contínua, com taxas <strong>de</strong><br />

3 Resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> convênio entre os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e o Ministério <strong>da</strong> Agricultura (SORJ et alii, 1982).<br />

4 Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960 a avicultura <strong>de</strong> corte ganhou dinamismo, também entre outros fatores, graças a vin<strong>da</strong> para o Brasil<br />

<strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> técnicos norte-americanos, e a criação <strong>de</strong> uma equipe brasileira para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> projeto <strong>do</strong><br />

Escritório Técnico <strong>de</strong> Agricultura (ETA). É <strong>de</strong>sta época a criação <strong>do</strong>s clubes 4 S que, trabalhan<strong>do</strong> <strong>em</strong> nível <strong>de</strong> extensão<br />

rural, estimularam <strong>em</strong> jovens o interesse pela avicultura. O impulso <strong>de</strong>finitivo foi a visita <strong>de</strong> avicultores e técnicos<br />

brasileiros às granjas e indústrias avícolas <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s (GIANNONI & GIANNONI, 1983).<br />

5 Segun<strong>do</strong> MORENG & AVENS (1990), a base <strong>da</strong> indústria avícola começou a tomar forma <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1930, com a<br />

agregação <strong>de</strong> pequenos produtores, nos EUA, para constituir gran<strong>de</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s comerciais integra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> galinhas e<br />

perus. Estas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s integra<strong>da</strong>s (O senti<strong>do</strong> com que o autor <strong>em</strong>prega a palavra integração não t<strong>em</strong> relação direta com o<br />

sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> frango atual chama<strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a integração) produziam uma disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> significante <strong>de</strong><br />

alimentos e consumiam produtos industrializa<strong>do</strong>s e ingredientes <strong>de</strong> rações, geran<strong>do</strong> <strong>em</strong>presas fornece<strong>do</strong>ras e<br />

ven<strong>de</strong><strong>do</strong>ras que propiciaram o surgimento <strong>de</strong> novas fontes <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> para um segmento significante <strong>da</strong> população.<br />

Cita ain<strong>da</strong> que durante os anos <strong>de</strong> 1929 a 1936, quan<strong>do</strong> os EUA passaram por uma crise econômica, com secas severas<br />

e t<strong>em</strong>pesta<strong>de</strong>s <strong>de</strong> areia, muitas famílias <strong>da</strong> zona rural sobreviveram à custa <strong>da</strong> criação <strong>do</strong>méstica <strong>de</strong> galinhas,<br />

consumin<strong>do</strong> ou ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-as. Mesmo após 1936, os aviários <strong>do</strong>mésticos <strong>da</strong>vam uma ren<strong>da</strong> para a família <strong>do</strong> sitiante,<br />

que oferecia uma estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica principalmente durante os perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> tensão financeira. A capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

galinhas produzir<strong>em</strong> produtos alimentares <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor nutritivo, com um mínimo <strong>de</strong> investimento, seja <strong>em</strong> termos<br />

<strong>de</strong> t<strong>em</strong>po e capital investi<strong>do</strong>, colocou na época a produção <strong>de</strong> aves entre uma <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais importantes <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s<br />

as famílias rurais americanas. Estas vantagens <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>ram às aves o papel <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> alimentos nutritivos para<br />

famílias com recursos limita<strong>do</strong>s, principalmente nos países <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. É importante observar que a avicultura<br />

nasce como ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>méstica familiar, é incorpora<strong>da</strong> pela indústria, mas conserva a criação na orig<strong>em</strong> on<strong>de</strong> iniciou<br />

(qu<strong>em</strong> cria t<strong>em</strong> o mesmo perfil <strong>da</strong>queles <strong>da</strong> sua instituição). O que mu<strong>do</strong>u foi a forma verticaliza<strong>da</strong> por força <strong>da</strong><br />

industrialização, já que neste nicho (criação) a indústria capitalista não teve interesse <strong>em</strong> assumir, sinaliza<strong>do</strong>,<br />

provavelmente, pelo excesso <strong>de</strong> não trabalho e gran<strong>de</strong> risco já que trabalha com vi<strong>da</strong>.<br />

4


11,39% ao ano. Isso resultou num crescimento acumula<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2.446% <strong>de</strong> 1970 até 1999, on<strong>de</strong> a<br />

produção passou <strong>de</strong> 217.000 para 5.526.000 tonela<strong>da</strong>s anuais, conforme apresenta<strong>do</strong> no Gráfico 1.<br />

GRÁFICO 1 - <strong>Evolução</strong> <strong>da</strong> Produção Brasileira <strong>de</strong> Carne <strong>de</strong> Frango, 1000t, 1970/1999.<br />

6000<br />

5000<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

0<br />

1970<br />

1972<br />

1974<br />

1976<br />

Produção (1000t)<br />

1978<br />

Fonte: Da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s in APA (2000). Elaboração <strong>do</strong>s Autores.<br />

1980<br />

1982<br />

1984<br />

1986<br />

No que se refere à produção mundial, o Brasil é um <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s produtores <strong>de</strong> frangos <strong>de</strong><br />

corte, ocupan<strong>do</strong> a terceira posição a nível mundial, sen<strong>do</strong> supera<strong>do</strong> apenas pela China que é o<br />

segun<strong>do</strong> e os EUA, o lí<strong>de</strong>r <strong>do</strong> setor (ANUALPEC, 2000). Em uma análise <strong>de</strong>sses <strong>da</strong><strong>do</strong>s, GODOY<br />

(1999) argumenta que a produção <strong>de</strong> frangos <strong>do</strong>s chineses continua irrisória frente à sua população<br />

(consumo <strong>de</strong> 5,1 Kg per capita/ano <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango <strong>em</strong> 1998, praticamente 1/5 <strong>do</strong> consumo<br />

brasileiro). Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> esta constatação sinaliza para um gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> crescimento basea<strong>do</strong><br />

na ampliação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> interno. Cita ain<strong>da</strong> que o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho expressivo <strong>do</strong> México, ocupan<strong>do</strong> a<br />

quarta posição, po<strong>de</strong> ser justifica<strong>do</strong> graças à indústria americana que passou a se servir <strong>da</strong>s<br />

condições e <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra mexicana (mais barata) para aumentar sua produção e ampliar sua<br />

participação no merca<strong>do</strong> externo.<br />

Fazen<strong>do</strong> uma análise <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango, <strong>de</strong> 1994 a 1999, a China foi<br />

o país campeão <strong>de</strong> crescimento com taxas anuais <strong>de</strong> 5,62%, contra 5,58% <strong>do</strong> Brasil. Sen<strong>do</strong> que o<br />

crescimento acumula<strong>do</strong> <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> foi <strong>de</strong> 46,66% para a China, e 46,29% para o Brasil. Para se ter<br />

uma idéia <strong>do</strong> crescimento <strong>da</strong> produção brasileira, os EUA no mesmo perío<strong>do</strong> cresceu com taxas<br />

anuais <strong>de</strong> 3,18% e acumulou um crescimento <strong>de</strong> 24,5%. (Da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s in APA, 2000. Elaboração<br />

<strong>do</strong>s Autores).<br />

A participação <strong>do</strong> frango <strong>de</strong> corte na mesa <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r cresce a taxas <strong>de</strong> 8,08% ao ano a<br />

partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70, acumulan<strong>do</strong> um crescimento no consumo per capita, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1970 a<br />

1999, <strong>em</strong> 930,4%. Para se ter uma noção <strong>da</strong> dimensão <strong>de</strong>sse crescimento, o consumo acumula<strong>do</strong> per<br />

capita <strong>de</strong> ovos, <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> bovino e <strong>de</strong> suíno para o mesmo perío<strong>do</strong> foi <strong>de</strong> 45,9%, 52,2% e 11,1%,<br />

respectivamente. (Aves & Ovos, 1999:4. Modifica<strong>do</strong> pelos Autores)<br />

1988<br />

1990<br />

1992<br />

1994<br />

1996<br />

1998<br />

5


O maior consumo per capita <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango no Brasil <strong>de</strong>verá ser atingi<strong>do</strong> <strong>em</strong> 2000,<br />

quan<strong>do</strong> se espera que ca<strong>da</strong> brasileiro consuma aproxima<strong>da</strong>mente 25,7 quilos <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango por<br />

ano. Essa quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria ser entendi<strong>da</strong> como o limite máximo <strong>de</strong> consumo <strong>do</strong> nosso merca<strong>do</strong><br />

interno, entretanto, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> outros países, como Hong Kong, é possível<br />

perceber gran<strong>de</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> crescimento. O Brasil atualmente ocupa a 10 a posição <strong>em</strong> termos<br />

<strong>de</strong> consumo per capita a nível mundial com 25,7 Kg /ano, isso representa 49,7% <strong>do</strong> consumo <strong>do</strong> l o<br />

coloca<strong>do</strong> que é Hong Kong com 51,7 Kg/ano. Entretanto perceb<strong>em</strong>os uma certa estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> no<br />

consumo <strong>de</strong> 1998 a 2000. (Da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s in APA, 2000. Elaboração <strong>do</strong>s Autores).<br />

O consumo <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango no Brasil cresceu a uma razão <strong>de</strong> 5% ao ano, <strong>de</strong> 1994 a 1999,<br />

acumulan<strong>do</strong> neste mesmo perío<strong>do</strong> um crescimento 34%. Essa performance coloca o Brasil que é o<br />

terceiro maior consumi<strong>do</strong>r mundial <strong>em</strong> segun<strong>do</strong> lugar <strong>em</strong> nível <strong>de</strong> crescimento, sen<strong>do</strong> supera<strong>do</strong><br />

apenas pela China que cresceu a taxas <strong>de</strong> 9,2% ao ano e acumulan<strong>do</strong> um consumo no mesmo<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 70%. Para se ter noção <strong>de</strong>sse crescimento, os EUA maior consumi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, têm<br />

para o mesmo perío<strong>do</strong> taxas anuais <strong>de</strong> crescimento e total acumula<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2,7% e 17,8%,<br />

respectivamente, manifestan<strong>do</strong> característica <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> maduro próximo ao seu limite máximo <strong>de</strong><br />

consumo. (Da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s in APA, 2000. Elaboração <strong>do</strong>s Autores).<br />

As primeiras exportações <strong>de</strong> carcaças <strong>de</strong> frangos foram realiza<strong>da</strong>s <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

setenta, o que contribuiu para uma maior expansão <strong>de</strong>sta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Observa-se um rápi<strong>do</strong><br />

crescimento <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> exporta<strong>da</strong> a taxas <strong>de</strong> 74,75% ao ano entre 75 e 82. Ficam estagna<strong>do</strong>s<br />

com tendência <strong>de</strong> que<strong>da</strong> até 87, quan<strong>do</strong> então passam a apresentar um crescimento significativo à<br />

taxas anuais <strong>de</strong> 10,33% até 99, contra taxa <strong>de</strong> 37,33% <strong>de</strong> 75 a 87. Fazen<strong>do</strong> uma avaliação total <strong>de</strong><br />

75 a 99, observa-se um crescimento <strong>da</strong>s exportações <strong>de</strong> 22.113,34% na quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> (t) e 26.427,27%<br />

no valor FOB (US$ MILHÃO), com taxas anuais <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> 24,12% e 25,01%,<br />

respectivamente. Atualmente o Brasil é o segun<strong>do</strong> maior exporta<strong>do</strong>r 6 <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />

sen<strong>do</strong> os EUA o lí<strong>de</strong>r <strong>em</strong> exportações. (Da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s in APA, 2000. Elaboração <strong>do</strong>s Autores).<br />

TABELA 1 - Comparação <strong>de</strong> Índices Zootécnicos <strong>de</strong> Custos <strong>do</strong>s Principais Países Produtores <strong>de</strong><br />

Frango <strong>de</strong> <strong>Corte</strong>.<br />

Índices<br />

zootécnicos<br />

Brasil Holan<strong>da</strong> China EUA Tailândia França<br />

Conversão 2,0 1,9 2,3 2,0 2,0 2,0<br />

I<strong>da</strong><strong>de</strong> (dias) 41,9 42,0 56,0 42,0 45,0 43,0<br />

Eficiência 227 232 201 230 211 225<br />

Peso limpo (Kg) 1,4 1,4 2,0 1,5 1,4 1,4<br />

Ração 100 153,9 119,5 102,5 143,5 159,1<br />

Pintinho 100 170,4 106,5 98,8 104,3 152,3<br />

Custo Abate<strong>do</strong>uro 100 188,7 118,3 112,8 136,8 179,4<br />

Total 100 191,2 109,9 109,0 124,7 185,7<br />

Fonte: GOMES & ROSADO (1998). A<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> pelos Autores.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

(peso médio X viabili<strong>da</strong><strong>de</strong>) X 100<br />

Eficiência= conversão alimentar X I<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> abate Conversão= Consumo <strong>de</strong> ração (kg)<br />

Peso vivo <strong>da</strong> ave (Kg)<br />

6 Em 1985 a exportação <strong>de</strong> frango <strong>em</strong> partes representava 14% <strong>do</strong> total <strong>da</strong> carne <strong>de</strong> frango exporta<strong>da</strong>, enquanto <strong>em</strong> 1999<br />

já alcançava 54,8%. Atualmente são exporta<strong>do</strong>s mais <strong>de</strong> 60 tipos <strong>de</strong> cortes (ORTEGA, 2000).<br />

6


Comparativamente aos principais países produtores <strong>de</strong> frango, o Brasil t<strong>em</strong> se <strong>de</strong>staca<strong>do</strong><br />

tanto pelos índices zootécnicos quanto pelos índices <strong>de</strong> custos, conforme apresenta<strong>do</strong> na Tabela 1.<br />

Verifica-se por meio <strong>do</strong>s índices zootécnicos que o Brasil. EUA, Holan<strong>da</strong> e França, sob o ponto <strong>de</strong><br />

vista <strong>de</strong> eficiência técnica, apresentaram os melhores resulta<strong>do</strong>s, b<strong>em</strong> acima <strong>da</strong>queles obti<strong>do</strong>s pela<br />

China e Tailândia.<br />

No tocante aos custos totais é visível a diferença existente entre o Brasil e <strong>de</strong>mais países. A<br />

Tailândia mesmo apresentan<strong>do</strong> custos superiores ao brasileiro (24,7%), t<strong>em</strong> amplia<strong>do</strong> a sua<br />

participação no merca<strong>do</strong> internacional. Segun<strong>do</strong> GOMES & ROSADO (1998), isso ocorre <strong>em</strong> razão<br />

<strong>de</strong> sua proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> com os merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res. Citam ain<strong>da</strong> que, a França e a Holan<strong>da</strong><br />

produz<strong>em</strong> a um custo quase que o <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> brasileiro, só se manten<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong> externo, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

aos subsídios <strong>da</strong><strong>do</strong>s aos produtores, que chegam, às vezes, <strong>em</strong> 85% <strong>em</strong> função <strong>da</strong>s barreiras<br />

alfan<strong>de</strong>gárias no merca<strong>do</strong> internacional. Os subsídios americanos às exportações, por outro la<strong>do</strong>,<br />

chegam a US$ 360 por tonela<strong>da</strong>.<br />

O consumo <strong>do</strong> frango industrial produziu modificações nos hábitos <strong>de</strong> consumo popular.<br />

Anteriormente, o frango caipira 7 era o preferi<strong>do</strong> pelo consumi<strong>do</strong>r, que consi<strong>de</strong>rava o frango<br />

industrial com sua pele muito branca, s<strong>em</strong> gorduras, um frango inferior. SORJ et alii (1982)<br />

sublinha que o frango industrial impõe-se primeiro nos supermerca<strong>do</strong>s, e com um público<br />

fun<strong>da</strong>mentalmente <strong>de</strong> classe média. Com o t<strong>em</strong>po, seja por oferta sist<strong>em</strong>ática na maioria <strong>do</strong>s centros<br />

<strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> carnes, seja pelo preço relativamente inferior à carne <strong>de</strong> boi, terminou por ingressar<br />

inclusive no consumo popular.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> última Pesquisa <strong>de</strong> Orçamento Familiar (POF), feita pelo IBGE, concluiu<br />

que, a carne <strong>de</strong> frango está igualmente presente, com variações mínimas no tocante à quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

tanto na mesa <strong>de</strong> pobres como na <strong>de</strong> ricos. Conforme po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> na Tabela 2, <strong>em</strong> 1998, a<br />

classe <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>de</strong> até 2 SM (salários mínimos) consom<strong>em</strong> 18% <strong>da</strong> carne bovina e 75% <strong>da</strong> carne <strong>de</strong><br />

frango consumi<strong>da</strong> pela ren<strong>da</strong> acima <strong>de</strong> 20 SM (IBGE, 1999.)<br />

TABELA 2 – POF - Consumo <strong>da</strong>s Carnes Bovina (<strong>de</strong> 1 a ) e <strong>de</strong> Frango 1989/1998, Kg Per Capita<br />

Classe <strong>de</strong> ren<strong>da</strong><br />

Carne bovina Carne <strong>de</strong> frango<br />

1989 1998 1989 1998<br />

Até 2 SM 2,3 3,4 10,9 14,4<br />

15 a 20 SM 14,1 14,3 14,1 16,8<br />

+ <strong>de</strong> 20 SM 21,2 18,8 16,3 19,2<br />

Fonte: IBGE (1999).<br />

On<strong>de</strong>: SM= salário mínimo.<br />

A avicultura t<strong>em</strong> ofereci<strong>do</strong> a sua contribuição <strong>em</strong> outras áreas, por ex<strong>em</strong>plo o baixo valor <strong>do</strong><br />

frango <strong>de</strong> corte, apresenta reflexos positivos sobre o aumento <strong>de</strong> seu consumo e t<strong>em</strong> efeitos<br />

positivos sobre o custo <strong>do</strong> valor <strong>da</strong> força <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res. Se consi<strong>de</strong>rarmos, conforme<br />

comenta GRAZIANO DA SILVA (1988), que o valor <strong>da</strong> força <strong>de</strong> trabalho eqüivale ao valor <strong>do</strong>s<br />

meios <strong>de</strong> subsistência que são necessários, inclusive <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista moral e histórico, para<br />

manter o nível <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> normal <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res e garantir a sua procriação, a avicultura contribui<br />

para elevar a taxa geral <strong>de</strong> mais-valia e, assim, a acumulação <strong>de</strong> capital.<br />

7 Devi<strong>do</strong> aos eleva<strong>do</strong>s índices <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> que consegue a avicultura intensiva, a avicultura tradicional fica<br />

marginaliza<strong>da</strong>, s<strong>em</strong> condições <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, controle sanitário e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> regular, impostas<br />

pelos segmentos <strong>de</strong> processamento e comercialização <strong>do</strong> complexo agroindustrial (CAI) avícola (SORJ et alii, 1982).<br />

7


Para GODOY (1999:3) a atual indústria avícola brasileira é resulta<strong>do</strong> direto <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />

urbanização ocorri<strong>do</strong> no país nestes últimos 50 anos, on<strong>de</strong> essa urbanização atuou <strong>de</strong> duas maneiras<br />

distintas na criação <strong>de</strong> um novo e amplo merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r:<br />

1. Ao transferir, <strong>do</strong> campo para as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, maciças levas <strong>da</strong> população, aqui inclusos os que<br />

produziam frangos e poe<strong>de</strong>iras para a própria subsistência e/ou para o atendimento, eventual ou<br />

contínuo, <strong>de</strong> terceiros;<br />

2. Ao valorizar os espaços urbanos, eliminan<strong>do</strong> não só os “cinturões ver<strong>de</strong>s” que cercavam os<br />

gran<strong>de</strong>s centros urbanos mas, sobretu<strong>do</strong>, as criações <strong>do</strong>mésticas (são poucos os que, nasci<strong>do</strong>s<br />

antes <strong>do</strong>s anos 50, não conviveram com o galinheiro no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> quintal, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> saíam os ovos<br />

para consumo diário e o “franguinho” <strong>do</strong> fim <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana).<br />

Essa evolução po<strong>de</strong> ser constata<strong>da</strong>, também, pela enorme re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s correlatas<br />

liga<strong>da</strong>s à avicultura e suas inovações tecnológicas 8 , incluin<strong>do</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> intermediação na<br />

comercialização, beneficiamento e prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> seus produtos. Neste escopo geral,<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser incluí<strong>do</strong>s: as indústrias <strong>de</strong> rações; <strong>de</strong> equipamentos para granjas, incubatórios,<br />

mata<strong>do</strong>uros e frigoríficos; <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> classificação, beneficiamento e transformação <strong>do</strong>s<br />

produtos avícolas; <strong>de</strong> laboratórios na produção <strong>de</strong> vacinas, drogas, antibióticos e <strong>de</strong>sinfetantes; a<br />

produção <strong>de</strong> matérias primas para rações como vitaminas, el<strong>em</strong>entos minerais e subprodutos<br />

industriais; a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> intermediários entre o produtor e o consumi<strong>do</strong>r responsáveis pela<br />

comercialização, beneficiamento, prestação <strong>de</strong> serviços e industrialização <strong>de</strong> produtos avícolas; os<br />

agrônomos, veterinários e zootecnistas; universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e centros <strong>de</strong> pesquisas; e muitas outras<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s aqui não relaciona<strong>da</strong>s. Para COTTA (1997) este setor agro-industrial gerou mais <strong>de</strong> 2<br />

milhões <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregos diretos e indiretos <strong>em</strong> 1997 e dinamiza outros setores produtivos <strong>do</strong> país,<br />

especialmente a produção <strong>de</strong> soja e <strong>de</strong> milho.<br />

Para se ter uma noção <strong>da</strong> dimensão <strong>do</strong> setor avícola, o agronegócio representa US$ 300<br />

bilhões <strong>do</strong>s US$ 850 bilhões <strong>do</strong> PIB brasileiro (35% <strong>do</strong> total), o setor agropecuário respon<strong>de</strong> por<br />

cerca <strong>de</strong> US$ 60 bilhões (7% <strong>do</strong> PIB) e <strong>de</strong>sse montante a avicultura <strong>de</strong> corte participa com US$ 6<br />

bilhões. As exportações <strong>do</strong> setor agropecuário somam US$ 16 bilhões enquanto as <strong>da</strong> avicultura <strong>de</strong><br />

corte chegam US$ 0,9 bilhões (SCHORR, 2000).<br />

Caracterizan<strong>do</strong> a avicultura <strong>em</strong> relação a outras culturas agropecuárias, SORJ et alii<br />

(1982:10) sublinham que:<br />

1 - Apresenta um altíssimo grau <strong>de</strong> subordinação <strong>da</strong> produção rural à mo<strong>de</strong>rna tecnologia<br />

produzi<strong>da</strong> pelo complexo agroindustrial, fazen<strong>do</strong> com que o complexo avícola seja um campo<br />

privilegia<strong>do</strong> para análise <strong>da</strong>s transformações <strong>da</strong>s relações sociais no campo sob a li<strong>de</strong>rança <strong>do</strong><br />

capital industrial;<br />

2 – Passa por um crescimento vertiginoso, no bojo <strong>da</strong> expansão <strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong> setor<br />

agroindustrial, basea<strong>do</strong>, <strong>em</strong> boa parte, <strong>em</strong> tecnologia estrangeira, possibilitan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>,<br />

esclarecer certos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> caráter <strong>do</strong> setor agroindustrial, suas perspectivas, e a inserção <strong>do</strong><br />

Brasil no merca<strong>do</strong> mundial <strong>de</strong> produtos alimentícios; e<br />

3 – Permite análise <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as <strong>da</strong> representação política <strong>da</strong>s novas cama<strong>da</strong>s sociais <strong>de</strong><br />

produtores rurais liga<strong>do</strong>s ao complexo agroindustrial e que se distingu<strong>em</strong> claramente <strong>do</strong>s antigos<br />

produtores agrícolas.<br />

No contexto <strong>da</strong> produção animal, a avicultura no Brasil t<strong>em</strong> se caracteriza<strong>do</strong> como o setor<br />

que mais se organizou <strong>em</strong> termos <strong>em</strong>presariais, pela formação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presas verticaliza<strong>da</strong>s e<br />

<strong>em</strong> termos associativos pela representação <strong>de</strong> interesses através <strong>de</strong> varias associações 9 . Para<br />

8<br />

SCHUMPETER (1943) cita que a inovação <strong>de</strong> um setor potencializa e dinamiza o aparecimento ou o crescimento <strong>de</strong><br />

outros setores com novas inovações.<br />

9<br />

Como por ex<strong>em</strong>plo: UBA – União Brasileira <strong>de</strong> <strong>Avicultura</strong>, APA - Associação Paulista <strong>de</strong> <strong>Avicultura</strong>, AGA –<br />

Associação Goiana <strong>de</strong> <strong>Avicultura</strong>, ABEF- Associação Brasileira <strong>de</strong> Exporta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Frangos, APINCO – Associação<br />

<strong>do</strong>s Produtores <strong>de</strong> Pintos <strong>de</strong> <strong>Corte</strong>, FACTA - Fun<strong>da</strong>ção Apinco <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia Avícolas, e outros.<br />

8


ORTEGA (2000:7) a especialização <strong>da</strong> avicultura nacional resultou na <strong>em</strong>ergência <strong>de</strong> formas <strong>de</strong><br />

representação <strong>de</strong> interesses mais especializa<strong>da</strong>s. A UBA por ex<strong>em</strong>plo é uma interprofissão, que<br />

mais <strong>do</strong> que ser uma <strong>de</strong>ntre muitas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s representativas congrega uma espécie <strong>de</strong> fe<strong>de</strong>rações<br />

estaduais, essa representação t<strong>em</strong> como característica uma dupla função: <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, encaminha<br />

politicamente as reivindicações <strong>do</strong> coletivo que representa, e, <strong>de</strong> outro, acaba <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhan<strong>do</strong><br />

importante papel <strong>de</strong> difusor <strong>de</strong> tecnologias.<br />

Portanto, o nascimento <strong>do</strong> associativismo na avicultura, levantan<strong>do</strong> a ban<strong>de</strong>ira pelo setor,<br />

permitiu ganhos consi<strong>de</strong>ráveis nos últimos anos, tanto no que se refere à produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> como no que<br />

tange a parte comercial. Atualmente o complexo avícola é um <strong>do</strong>s complexos agroindustriais<br />

brasileiros <strong>de</strong> maior dinamismo, com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> primária extr<strong>em</strong>amente intensiva e integra<strong>da</strong> entre<br />

os elos <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia produtiva. Em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong>s fortes relações a montante e a jusante <strong>da</strong> produção<br />

agropecuária é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um complexo agroindustrial completo (KAGEYAMA & GRAZIANO<br />

DA SILVA, 1987).<br />

II. 1 – Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Produção na <strong>Avicultura</strong> <strong>de</strong> <strong>Corte</strong> Brasileira<br />

A produção <strong>de</strong> frangos <strong>de</strong> corte ocorre na forma <strong>de</strong> três sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção: o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

produção in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção cooperativo e através <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção por<br />

integração.<br />

II . 1. 1 – Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> “Produção In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte”<br />

O sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte é aquele on<strong>de</strong> o produtor é responsável por to<strong>do</strong> o<br />

processo <strong>de</strong> produção <strong>do</strong> frango, to<strong>da</strong> e qualquer <strong>de</strong>cisão ten<strong>do</strong> caráter pessoal. Os riscos envolvi<strong>do</strong>s<br />

na produção e comercialização são <strong>de</strong> inteira responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tal produtor. Devi<strong>do</strong> às<br />

características próprias <strong>de</strong> tal sist<strong>em</strong>a, ele é mais encontra<strong>do</strong> nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s pequenas<br />

e médias. Os cria<strong>do</strong>res in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes produtores <strong>de</strong> frango <strong>de</strong> corte n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre possu<strong>em</strong><br />

abate<strong>do</strong>uros e frigoríficos, já que essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> significa um gran<strong>de</strong> investimento, impon<strong>do</strong><br />

dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s aos pecuaristas <strong>em</strong> integrar to<strong>da</strong> a sua produção. Raros são os casos <strong>em</strong> que cria<strong>do</strong>res<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes consegu<strong>em</strong> esse grau <strong>de</strong> verticalização, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a produção <strong>da</strong> ração até o abate<br />

(ORTEGA, 1988).<br />

São os cria<strong>do</strong>res in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes produtores <strong>de</strong> ovos que mais comumente consegu<strong>em</strong><br />

integrar sua produção, mesmo porque os investimentos com separação e <strong>em</strong>balag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s ovos são<br />

b<strong>em</strong> menores que com instalação <strong>de</strong> abate<strong>do</strong>res. Para os cria<strong>do</strong>res que ven<strong>de</strong>m sua produção, seja<br />

para abate, seja para seleciona<strong>do</strong>res, <strong>em</strong>bala<strong>do</strong>res e distribui<strong>do</strong>res <strong>de</strong> ovos, sua in<strong>de</strong>pendência está<br />

restrita ao não-controle <strong>de</strong> sua produção por uma integração e estão menos subordina<strong>do</strong>s à indústria<br />

a montante <strong>da</strong> agricultura caso produzam sua própria ração. Entretanto, sua subordinação se faz<br />

junto às indústrias à jusante, no caso os abate<strong>do</strong>uros ou comercializa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> ovos. Portanto estão<br />

apenas parcialmente verticaliza<strong>do</strong>s.<br />

Para GODOY (2000) este sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção, apesar <strong>de</strong> ter diminuí<strong>do</strong> bastante, não<br />

<strong>de</strong>saparecerá. Para ele existe muito espaço disponível, principalmente <strong>em</strong> áreas não explora<strong>da</strong>s pela<br />

gran<strong>de</strong> indústria, s<strong>em</strong> mencionar outras potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s como a crescente busca por alimentos<br />

naturalmente produzi<strong>do</strong>s, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> específica, que po<strong>de</strong>riam ser direciona<strong>do</strong>s a pequenos<br />

e médios produtores, s<strong>em</strong> o compromisso <strong>de</strong> manter seu merca<strong>do</strong> mediante volume produzi<strong>do</strong>.<br />

9


II. 1. 2 – Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Produção “Cooperativo”<br />

O sist<strong>em</strong>a cooperativo é aquele on<strong>de</strong> o cria<strong>do</strong>r participa <strong>da</strong> organização e <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões,<br />

corren<strong>do</strong> os riscos <strong>de</strong> um eventual fracasso comercial <strong>da</strong>s operações. A cooperativa muitas vezes<br />

produz os seus insumos, como pintinhos e rações, consumi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> próprio sist<strong>em</strong>a, estes são<br />

repassa<strong>do</strong>s aos coopera<strong>do</strong>s pelo custo <strong>de</strong> produção. No final <strong>do</strong> ciclo <strong>do</strong> lote, os frangos têm,<br />

agrega<strong>do</strong> aos insumos, as <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>spesas <strong>do</strong> lote (aquecimento, cama, mão-<strong>de</strong>-obra <strong>do</strong> coopera<strong>do</strong>,<br />

etc.). As <strong>de</strong>spesas administrativas, técnicas e operacionais também são agrega<strong>da</strong>s ao custo e<br />

ratea<strong>da</strong>s entre o total <strong>de</strong> frangos produzi<strong>do</strong>s. Os lucros obti<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a novos<br />

investimentos pela cooperativa, com distribuição <strong>de</strong> quotas entre os coopera<strong>do</strong>s; ou manti<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />

reserva, para aplicação no merca<strong>do</strong> financeiro; ou finalmente, distribuí<strong>do</strong>s entre os coopera<strong>do</strong>s, com<br />

divi<strong>de</strong>n<strong>do</strong>s proporcionais às quotas <strong>de</strong> participação (COTTA, 1997).<br />

A produção por parte <strong>da</strong>s cooperativas, <strong>em</strong> função <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> centralizar a produção<br />

e competir com grupos priva<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> possibilitar a garantia <strong>de</strong> escoamento <strong>da</strong> produção, <strong>de</strong><br />

sobreviver com atuação característica <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>em</strong>presa capitalista, <strong>de</strong> atuar distancia<strong>da</strong> <strong>do</strong><br />

conjunto <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s encastelan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um grupo dirigente no po<strong>de</strong>r e agin<strong>do</strong> <strong>de</strong> formas a garantir<br />

interesses próprios, para ORTEGA (1988), acaba justifican<strong>do</strong> sua inclusão no mesmo it<strong>em</strong> <strong>da</strong><br />

produção integra<strong>da</strong>. De maneira que apresentan<strong>do</strong> um comportamento s<strong>em</strong>elhante ao <strong>de</strong> uma<br />

<strong>em</strong>presa priva<strong>da</strong>, as vantagens apresenta<strong>da</strong>s pelas cooperativas são também s<strong>em</strong>elhantes às<br />

apresenta<strong>da</strong>s pela integração priva<strong>da</strong><br />

A diferença básica entre o sist<strong>em</strong>a cooperativo e o sist<strong>em</strong>a priva<strong>do</strong> <strong>de</strong> integração, está na<br />

participação <strong>do</strong> produtor na construção <strong>do</strong> capital social <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa e no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>stinos <strong>da</strong> cooperativa. Quanto ao futuro <strong>de</strong>ste sist<strong>em</strong>a, COUTINHO (1995) sublinha que haverá<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> transformação no cooperativismo <strong>de</strong> produção, <strong>de</strong>ssa forma o aumento<br />

<strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> num ambiente econômico ca<strong>da</strong> vez mais liberal vai direcionar as cooperativas a<br />

rever<strong>em</strong> diversos pontos <strong>de</strong> sua <strong>do</strong>utrina. Neste aspecto ORTEGA (2000) cita que essa forma <strong>de</strong><br />

produção v<strong>em</strong> sen<strong>do</strong> muito <strong>de</strong>sacredita<strong>da</strong> nos últimos anos e sugere que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser procura<strong>da</strong>s<br />

novas formas <strong>de</strong> associação 10 para os pequenos e médios produtores ganhar<strong>em</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

II. 1. 3 – Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Produção por “Integração”<br />

O sist<strong>em</strong>a integração na avicultura, consiste <strong>em</strong> incorporar à ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> principal <strong>de</strong> uma<br />

<strong>em</strong>presa, to<strong>da</strong>s aquelas outras que a ela se ligam no ciclo <strong>de</strong> produção <strong>do</strong> frango abati<strong>do</strong>. O contrato<br />

<strong>de</strong> integração é feito principalmente entre <strong>em</strong>presas que se compl<strong>em</strong>entam no processo produtivo.<br />

De um mo<strong>do</strong> geral, a <strong>em</strong>presa maior (integra<strong>do</strong>ra) fornece o material <strong>de</strong> base, ou seja os pintinhos<br />

<strong>de</strong> um dia, a ração, os medicamentos, as vacinas e <strong>de</strong>sinfetantes, a assistência técnica, além <strong>de</strong> se<br />

encarregar <strong>do</strong> transporte, <strong>do</strong> abate e <strong>da</strong> comercialização. Enquanto o cria<strong>do</strong>r 11 (integra<strong>do</strong>) aporta as<br />

10 Uma alternativa sugeri<strong>da</strong> por ORTEGA (2000) é a utilização, via associação <strong>em</strong> con<strong>do</strong>mínios, <strong>de</strong> um selo <strong>de</strong> garantia<br />

e marca, com o marketing <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> as quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> frango, por ex<strong>em</strong>plo: frango s<strong>em</strong> antibióticos, hormônios e<br />

alimenta<strong>do</strong> com ração que não utiliza produtos transgênicos como matéria prima.<br />

11 As integrações no Sul têm incentiva<strong>do</strong> os seus integra<strong>do</strong>s a cultivar<strong>em</strong> algum produto que seja matéria-prima na<br />

composição <strong>da</strong> ração utiliza<strong>da</strong> na criação. O milho é o produto preferencial, caso o integra<strong>do</strong> tenha um mistura<strong>do</strong>r a<br />

integração lhe fornece o concentra<strong>do</strong> ao qual se adiciona o milho. Não possuin<strong>do</strong> o equipamento, a firma integra<strong>do</strong>ra<br />

po<strong>de</strong> comprar sua produção <strong>de</strong> milho, resolven<strong>do</strong> parte <strong>do</strong> seu probl<strong>em</strong>a na aquisição <strong>de</strong> matéria-prima, fun<strong>da</strong>mental na<br />

produção <strong>de</strong> rações balancea<strong>da</strong>s e que t<strong>em</strong> apresenta<strong>do</strong> probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> oferta, mesmo porque sua produção não t<strong>em</strong><br />

acompanha<strong>do</strong> o aumento <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>. Essa condição é imposta pela firma integra<strong>do</strong>ra, para que o produtor tenha uma<br />

ren<strong>da</strong> adicional além <strong>da</strong> criação, o que lhe permite pagar menos pela sua matéria-prima, s<strong>em</strong> com isso “não matar sua<br />

galinha <strong>do</strong>s <strong>de</strong> ovos <strong>de</strong> ouro”. No Centro-Oeste as integrações pesquisa<strong>da</strong>s oferec<strong>em</strong> a ração entregue pronta para o<br />

10


suas instalações, equipamentos, aquecimento, forração <strong>do</strong> galpão (cama) e o seu trabalho. No final<br />

<strong>do</strong> ciclo, o lote é retira<strong>do</strong> pelo abate<strong>do</strong>uro (faz parte <strong>da</strong> integra<strong>do</strong>ra), o qual se encarrega <strong>da</strong><br />

comercialização <strong>do</strong> frango e o integra<strong>do</strong> recebe uma r<strong>em</strong>uneração 12 pela criação <strong>da</strong>s aves (COTTA,<br />

1997).<br />

Este sist<strong>em</strong>a é regi<strong>do</strong> por um contrato <strong>de</strong> integração feito entre as partes interessa<strong>da</strong>s,<br />

conten<strong>do</strong> os direitos e <strong>de</strong>veres recíprocos. Ele apresenta cláusulas gerais e muitas vezes mal<br />

<strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s, não se confundin<strong>do</strong>, entretanto com um simples contrato <strong>de</strong> fornecimento, ten<strong>do</strong> por<br />

única cláusula um preço combina<strong>do</strong><br />

COTTA sublinha ain<strong>da</strong> que o cria<strong>do</strong>r <strong>de</strong> frangos encontra neste tipo <strong>de</strong> contrato com a<br />

indústria, vantagens importantes. Entre elas se t<strong>em</strong> a garantia <strong>do</strong> escoamento <strong>da</strong> produção,<br />

facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> crédito no sist<strong>em</strong>a bancário, uma indispensável assistência técnica, além <strong>da</strong> certeza<br />

<strong>de</strong> uma ren<strong>da</strong> no final <strong>da</strong> criação. Entretanto, ele apresenta o inconveniente <strong>de</strong> tornar o produtor<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> indústria integra<strong>do</strong>ra, economicamente mais forte.<br />

Para GRAZIANO DA SILVA cita<strong>do</strong> por SHIKI (1996), o contrato <strong>de</strong> integração na<br />

avicultura surge como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> relacionamento entre a indústria e os pequenos agricultores<br />

familiares, e teoricamente critica a idéia <strong>de</strong> subordinação 13 <strong>do</strong> agricultor à agroindústria que o<br />

transforma <strong>em</strong> um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro trabalha<strong>do</strong>r a <strong>do</strong>micílio. O argumento para essa crítica está na<br />

autonomia <strong>do</strong> agricultor familiar <strong>em</strong> organizar o processo <strong>de</strong> trabalho, diferent<strong>em</strong>ente <strong>do</strong>s<br />

assalaria<strong>do</strong>s, pois o ritmo <strong>do</strong> trabalho seria <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> não pelo patrão ou pela máquina<br />

programa<strong>da</strong>, mas pelas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s biológicas <strong>do</strong> próprio processo produtivo. Neste senti<strong>do</strong><br />

BERNSTEIN também cita<strong>do</strong> por SHIKI (1996), sublinha que não são uma classe <strong>de</strong> explora<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que suas condições gerais <strong>de</strong> reprodução são as mesmas que regulam as <strong>em</strong>presas capitalistas.<br />

Mesmo assim, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, são sujeitos a to<strong>da</strong>s as formas <strong>de</strong> extorsões e pressões<br />

por capitais diversos e pelo Esta<strong>do</strong>.<br />

O contrato <strong>de</strong> integração é normalmente individual, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, ser celebra<strong>do</strong> coletivamente,<br />

entre vários produtores interessa<strong>do</strong>s. Ele é um ato jurídico misto, ou seja civil e comercial, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong><br />

conter certas cláusulas que ofereçam maiores garantias ao produtor, que <strong>de</strong>ve ter pelo menos a<br />

certeza <strong>de</strong> uma ren<strong>da</strong> mínima. A renovação <strong>do</strong> contrato po<strong>de</strong> ser feita tacitamente, o rompimento,<br />

mediante aviso prévio, não dá lugar a nenhuma in<strong>de</strong>nização.<br />

A <strong>em</strong>presa integra<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>ve se responsabilizar pela boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços presta<strong>do</strong>s e<br />

<strong>do</strong>s insumos forneci<strong>do</strong>s, assim como pela retira<strong>da</strong> <strong>do</strong>s lotes combina<strong>do</strong>s. O integra<strong>do</strong> t<strong>em</strong> o <strong>de</strong>ver<br />

integra<strong>do</strong> não existin<strong>do</strong> nenhuma relação entre ser integra<strong>do</strong> e produção <strong>de</strong> grãos, isso foi constata<strong>do</strong> na frango Gale <strong>em</strong><br />

Jataí e na Perdigão <strong>em</strong> Rio Ver<strong>de</strong>..<br />

12<br />

A r<strong>em</strong>uneração é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> através <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> um indica<strong>do</strong>r <strong>de</strong> eficiência <strong>da</strong> produção, o Fator Europeu <strong>de</strong> Produção,<br />

que assim se expressa:<br />

(peso médio x viabili<strong>da</strong><strong>de</strong>) x 100<br />

FEEP= conversão alimentar x i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> abate<br />

Exist<strong>em</strong> outras formas <strong>de</strong> parceria <strong>em</strong> que o fornecimento <strong>do</strong>s insumos é computa<strong>do</strong> como ven<strong>da</strong> vincula<strong>da</strong> cuja fatura<br />

é <strong>de</strong>bita<strong>da</strong> numa conta sujeita a correção monetária e sal<strong>da</strong><strong>da</strong> no momento <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> ou entrega <strong>do</strong> frango gor<strong>do</strong> ao<br />

abate<strong>do</strong>uro, ou <strong>da</strong> liqui<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> lote (SHIKI, 1999).<br />

13 As formas para se <strong>de</strong>finir o pecuarista variam conforme o autor consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, entretanto to<strong>do</strong>s concor<strong>da</strong>m que ele<br />

invariavelmente é um pequeno cria<strong>do</strong>r. Para MULLER é um trabalha<strong>do</strong>r <strong>em</strong> <strong>do</strong>micílio; para WANDERLEY é um<br />

trabalha<strong>do</strong>r para o capital; para GRAZIANO DA SILVA é um produtor tecnifica<strong>do</strong> (autores cita<strong>do</strong>s por ORTEGA,<br />

1988:111) e na linguag<strong>em</strong> popular <strong>da</strong> avicultura, nas gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presas <strong>de</strong>sse setor, assim como <strong>em</strong> Rio Ver<strong>de</strong> <strong>Goiás</strong><br />

on<strong>de</strong> a Perdigão esta se instalan<strong>do</strong> utiliza-se a expressão “integra<strong>do</strong>”. Para PAULILO (1990), <strong>do</strong> produtor integra<strong>do</strong><br />

fala-se apenas como “o explora<strong>do</strong>”, “o subordina<strong>do</strong>”, enfim como o la<strong>do</strong> passivo, s<strong>em</strong> que haja uma preocupação maior<br />

com o que esses agricultores pensam <strong>de</strong> si mesmos e <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas, com opções que eles possam ter, mesmo que<br />

reduzi<strong>da</strong>s, a noção <strong>do</strong> lugar que a relação <strong>de</strong> integração ocupa <strong>em</strong> seu mun<strong>do</strong>.<br />

11


<strong>de</strong> executar os trabalhos segun<strong>do</strong> as condições previstas, <strong>de</strong> se abastecer <strong>de</strong> insumos junto à<br />

integra<strong>do</strong>ra, <strong>de</strong> aceitar a assistência técnica, etc.<br />

Para SORJ cita<strong>do</strong> por SHIKI (1996), o início <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> frangos <strong>de</strong> corte<br />

consistia numa estrutura composta pela indústria <strong>de</strong> rações e uma constelação <strong>de</strong> produtores<br />

“in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes”. A partir <strong>de</strong> 1961 surge o sist<strong>em</strong>a integração importa<strong>do</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, este<br />

sist<strong>em</strong>a cresce bastante a ponto <strong>de</strong>, <strong>em</strong> 1980 representar 35% <strong>da</strong> produção nacional e <strong>de</strong>sta <strong>da</strong>ta até<br />

2000 <strong>do</strong>bra a participação, sen<strong>do</strong> atualmente responsável por 70% <strong>do</strong> frango produzi<strong>do</strong> no Brasil 14 .<br />

Dessa forma, comparan<strong>do</strong>-se os três sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> produção, a participação <strong>da</strong> produção<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>verá ser menor e restrita a áreas não explora<strong>da</strong>s pela gran<strong>de</strong> indústria, o sist<strong>em</strong>a<br />

cooperativo bastante <strong>de</strong>sacredita<strong>do</strong> atualmente também <strong>de</strong>verá diminuir a sua participação <strong>em</strong><br />

função <strong>de</strong> não suportar a concorrência <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a integração. Para GODOY (2000) a produção na<br />

forma <strong>de</strong> integração <strong>de</strong>verá ser ain<strong>da</strong> maior por apresentar a competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> necessária pela<br />

avicultura <strong>em</strong> ambiente globaliza<strong>do</strong>.<br />

II. 2 – A Questão Locacional na Déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70<br />

Na déca<strong>da</strong> 70 era recomen<strong>da</strong><strong>do</strong> que a instalação <strong>da</strong> granja <strong>de</strong>veria, na medi<strong>da</strong> <strong>do</strong> possível,<br />

estar próxima <strong>de</strong> abate<strong>do</strong>uros, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>sejável que o abate<strong>do</strong>uro estivesse o mais próximo possível<br />

<strong>da</strong> granja, mas distante pelo menos uns 5 Km, para evitar a contaminação por aves <strong>do</strong>entes que<br />

chegass<strong>em</strong> ao abate, e num raio máximo <strong>de</strong> 60 Km, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista que a maior distância aumenta a<br />

per<strong>da</strong> <strong>de</strong> peso e mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s aves no transporte (ENGLERT, 1978). Fica claro pela proposta que<br />

esse granjeiro <strong>de</strong>veria ser um produtor in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, pois não tinha abate<strong>do</strong>uro e comercializava as<br />

aves vivas, na época era sugeri<strong>do</strong> também que procurasse o setor <strong>de</strong> compras <strong>do</strong> abate<strong>do</strong>uro sobre a<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> efetuar um contrato <strong>de</strong> compra total ou parcial <strong>da</strong> produção <strong>da</strong> granja, para assim<br />

ter a garantia <strong>de</strong> colocação <strong>do</strong> produto no merca<strong>do</strong> mesmo <strong>em</strong> época <strong>de</strong> crise (sen<strong>do</strong> este um <strong>do</strong>s<br />

maiores estímulos atualmente a participação <strong>da</strong> integração).<br />

A proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> incubatório 15 idôneo era sugeri<strong>da</strong> <strong>em</strong> função <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s pintinhos e<br />

<strong>da</strong> i<strong>do</strong>nei<strong>da</strong><strong>de</strong> reconheci<strong>da</strong> <strong>do</strong> incubatório, com práticas <strong>de</strong> manejo, higiene e <strong>de</strong>sinfecção rigorosas<br />

e que executasse uma boa seleção nos pintinhos ao nascer. Quanto menos viajass<strong>em</strong> os pintinhos,<br />

<strong>em</strong> melhores condições chegariam à granja, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> um t<strong>em</strong>po i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> 24 horas e até no<br />

máximo <strong>de</strong> 48 horas após a eclosão, usan<strong>do</strong> os mais varia<strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> transporte, tais como avião<br />

ou tr<strong>em</strong>.<br />

A proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fábrica <strong>de</strong> ração ou distribui<strong>do</strong>r <strong>de</strong> rações e concentra<strong>do</strong>s, era sugeri<strong>da</strong><br />

ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista a diminuição <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> frete, facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aquisição, adquirin<strong>do</strong> produtos <strong>de</strong><br />

maneira mais freqüente e portanto mais frescos, já que não seria necessário armazenamento,<br />

predispon<strong>do</strong> o produto a <strong>de</strong>terioração e intoxicação <strong>da</strong>s aves. A proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s integra<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s<br />

uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> ração significava, também, uma assistência técnica mais eficiente, pois<br />

qualquer necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> modificação na formulação <strong>da</strong> ração, após constatação <strong>da</strong> equipe <strong>de</strong><br />

assistência técnica <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> inclusão <strong>de</strong> um outro componente, por ex<strong>em</strong>plo, um<br />

medicamento po<strong>de</strong>ria ser rapi<strong>da</strong>mente elabora<strong>do</strong> e distribuí<strong>do</strong>. Em outras palavras, por conhecer<br />

perfeitamente seus consumi<strong>do</strong>res e por estar localiza<strong>da</strong> próxima, a firma integra<strong>do</strong>ra po<strong>de</strong>ria<br />

aten<strong>de</strong>r prontamente a requerimentos nutricionais <strong>da</strong> criação, com maior eficiência.<br />

14 Na região Sul, mais <strong>de</strong> 80% <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> frango é feita pelo sist<strong>em</strong>a integração.<br />

15 A produção pintinhos <strong>de</strong> um dia que era consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> avícola mais lucrativa <strong>da</strong> época e o setor <strong>de</strong> maior<br />

concorrência o <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> frango e ovos (produtos <strong>de</strong> consumo popular).<br />

12


A proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> zona produtora <strong>de</strong> milho ou sorgo (matérias-primas), era justifica<strong>da</strong> pelo<br />

fato <strong>de</strong> que o milho representa 60 a 70% <strong>do</strong> volume <strong>da</strong>s rações e, por isso, é um forte componente<br />

<strong>do</strong> custo <strong>da</strong>s rações, principalmente se consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o efeito <strong>do</strong> frete sobre o custo <strong>do</strong> quilo <strong>de</strong> carne<br />

<strong>de</strong> frango. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a variação <strong>do</strong> preço <strong>de</strong>sses grãos, era sugeri<strong>do</strong> a aquisição na safra <strong>de</strong> tu<strong>do</strong><br />

aquilo que seria utiliza<strong>do</strong> na entressafra e armazena<strong>do</strong>s <strong>em</strong> silos ou <strong>de</strong>pósitos na própria granja ou<br />

arre<strong>do</strong>res.<br />

Dos motivos elenca<strong>do</strong>s os grãos t<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> peso na localização <strong>da</strong>s granjas, mas nas<br />

déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 60 e 70 não encontrávamos com a proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> e freqüência <strong>de</strong> hoje as <strong>em</strong>presas que<br />

produziss<strong>em</strong> farelo <strong>de</strong> soja, farinha <strong>de</strong> carne e ossos e outras matérias-primas limitan<strong>do</strong> o espectro<br />

<strong>de</strong> ingredientes para fabricação <strong>de</strong> rações, e por conseqüência a instalação <strong>de</strong> fabricas <strong>de</strong> rações e<br />

granjas <strong>de</strong> frangos <strong>de</strong> corte <strong>em</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s regiões.<br />

Portanto, nesse padrão <strong>de</strong> produção existe uma gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produtores<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e <strong>em</strong>presas especializa<strong>da</strong>s para incubação, fabricação <strong>de</strong> rações, abate e outras<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s necessárias para viabilizar o processo <strong>de</strong> produção. Observa-se que os motivos<br />

locacionais estão liga<strong>do</strong>s as relações que se estabelec<strong>em</strong> entre essas <strong>em</strong>presas e os produtores cuja<br />

meta era o atendimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> regional.<br />

II. 3 – A Questão Locacional Atual<br />

A partir <strong>de</strong> 1975, e até 1985, é percebi<strong>do</strong> um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconcentração espacial <strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica no país. Em princípio, esse processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconcentração foi interpreta<strong>do</strong> como<br />

parte integrante <strong>de</strong> uma reconcentração <strong>em</strong> uma área industrial maior, ou seja, um polígono que vai<br />

<strong>do</strong> Sul <strong>de</strong> Minas passan<strong>do</strong> pelo interior <strong>de</strong> São Paulo, abrangen<strong>do</strong> áreas industriais <strong>do</strong> Paraná e <strong>de</strong><br />

Santa Catarina até atingir a área metropolitana <strong>de</strong> Porto Alegre. A expansão agrícola <strong>do</strong> Centro-<br />

Oeste foi um <strong>do</strong>s fatores aponta<strong>do</strong>s, como responsáveis por essa expansão. Neste aspecto, atrativos<br />

como o preço <strong>da</strong> terra, a solução tecnológica <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> para expansão agrícola <strong>do</strong>s cerra<strong>do</strong>s, a<br />

presença <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral e os efeitos <strong>de</strong> enca<strong>de</strong>amento para a frente e para trás <strong>de</strong>sse<br />

<strong>de</strong>senvolvimento agrícola foram aponta<strong>do</strong>s como responsáveis pela intensificação <strong>do</strong>s<br />

investimentos (HELFAND & REZENDE,1998).<br />

Para MATOS (1996), a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contar com fornecimento constante e contínuo <strong>da</strong><br />

matéria prima para o abate impõe, às <strong>em</strong>presas produtoras, estratégias <strong>de</strong> ocupação espacial,<br />

volta<strong>da</strong>s para as regiões on<strong>de</strong> são mais fáceis e abun<strong>da</strong>ntes os insumos agrícolas e pecuários. Nessas<br />

áreas elas instalam suas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> primeiro processamento. De outro la<strong>do</strong>, instalações <strong>de</strong> segun<strong>do</strong><br />

processamento, logicamente aquelas que geram produtos finais mais sofistica<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> maior<br />

agregação <strong>de</strong> valor, são coloca<strong>da</strong>s junto aos gran<strong>de</strong>s centros consumi<strong>do</strong>res. Outros fatores, como as<br />

expectativas futuras sobre a diminuição <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s grãos no Centro-Oeste <strong>em</strong> função <strong>do</strong> maior<br />

potencial <strong>de</strong> produção, e a diminuição <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s transportes através <strong>de</strong> caminhões mais<br />

eficientes, melhor infra-estrutura, melhor <strong>de</strong>sregulamentação <strong>da</strong>s ferrovias e melhor utilização <strong>do</strong>s<br />

contêiners, a médio e longo prazo, po<strong>de</strong>riam estar contribuin<strong>do</strong> para esta mu<strong>da</strong>nça locacional. Na<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, ain<strong>da</strong> não se consegue estabelecer um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> integração <strong>da</strong> agroindústria com o setor<br />

agrícola nos Cerra<strong>do</strong>s, o que é mais um aspecto relevante para a análise <strong>da</strong> questão locacional.<br />

Neste aspecto, segun<strong>do</strong> HELFAND & RESENDE (1998), existe uma opinião<br />

generaliza<strong>da</strong> <strong>de</strong> que a região Centro-Oeste, por produzir grãos mais baratos que os esta<strong>do</strong>s on<strong>de</strong><br />

hoje se concentram as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aves e suínos (especialmente Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul e Santa<br />

Catarina), po<strong>de</strong>ria ter vantag<strong>em</strong> comparativa nessas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> agroindústria. Assim, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, o projeto Buriti <strong>da</strong> Perdigão estaria acompanhan<strong>do</strong> a marcha <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas avícolas e<br />

suinícolas para o cerra<strong>do</strong>, crian<strong>do</strong> uma nova geografia para o setor, basea<strong>da</strong> na proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> com as<br />

13


áreas fornece<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> matérias-primas a baixo custo, principalmente <strong>do</strong> milho para ração. A<br />

localização geográfica <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiás</strong> e sua proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> a gran<strong>de</strong>s centros consumi<strong>do</strong>res,<br />

também, confer<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> vantag<strong>em</strong> no processamento e na produção <strong>de</strong> alimentos, aproveitan<strong>do</strong> a<br />

produção <strong>de</strong> matéria-prima <strong>da</strong> região.<br />

A preocupação com o custo <strong>do</strong> grão está relaciona<strong>da</strong> aos <strong>do</strong>is mais importantes ingredientes<br />

<strong>da</strong> ração, o milho (aproxima<strong>da</strong>mente 67%) e a soja (aproxima<strong>da</strong>mente 33%), representan<strong>do</strong><br />

portanto a quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong>s rações 16 . A redução <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> produção <strong>do</strong> frango <strong>em</strong><br />

<strong>Goiás</strong> <strong>em</strong> comparação com outros esta<strong>do</strong>s é mostra<strong>da</strong> na Tabela 3. Observa-se, por ex<strong>em</strong>plo que no<br />

Paraná o preço <strong>do</strong> milho era 3,7% menor <strong>do</strong> que <strong>em</strong> <strong>Goiás</strong> no perío<strong>do</strong> 1990 a 1995, enquanto que o<br />

preço <strong>da</strong> soja era 10,5% maior. HELFAND & RESENDE (1998:30) combinaram estes <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre<br />

participação <strong>do</strong> milho, farelo <strong>de</strong> soja e ração no custo <strong>do</strong> frango abati<strong>do</strong> e chegaram à conclusão <strong>de</strong><br />

que “uma <strong>em</strong>presa po<strong>de</strong>ria economizar menos <strong>de</strong> 1% <strong>do</strong> custo <strong>do</strong> frango abati<strong>do</strong> <strong>de</strong>slocan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong><br />

Paraná para <strong>Goiás</strong>. Como a distância <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> São Paulo ou <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro é maior <strong>em</strong> <strong>Goiás</strong> <strong>do</strong> que no Paraná, diferença no custo <strong>do</strong> transporte mais <strong>do</strong> que<br />

contrabalançaria a redução <strong>de</strong> custo <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à ração mais barata”. Os mesmos cálculos revelam uma<br />

redução <strong>de</strong> custo <strong>de</strong> 2,4% para o Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, com relação a Santa Catarina a redução <strong>do</strong><br />

custo foi calcula<strong>da</strong> <strong>em</strong> 4,5% no frango abati<strong>do</strong>, entretanto uma parte <strong>de</strong>ssa vantag<strong>em</strong> seria perdi<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos maiores custos <strong>de</strong> transporte. Dessa forma os autores conclu<strong>em</strong> que “os ganhos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a<br />

custos menores <strong>de</strong> ração no Centro-Oeste <strong>em</strong> comparação com o Sul representam, quase s<strong>em</strong>pre,<br />

uma pequena percentag<strong>em</strong> no custo <strong>de</strong> um animal abati<strong>do</strong>”. A economia <strong>do</strong> custo <strong>da</strong> ração seria<br />

maior, mas aumentaria o custo <strong>do</strong> transporte <strong>do</strong> produto final.<br />

TABELA 3 - Diferenciais <strong>de</strong> Preços <strong>do</strong> Milho e <strong>da</strong> Soja e Redução <strong>do</strong> Custo <strong>de</strong> Produção <strong>do</strong><br />

Frango <strong>em</strong> Comparação com <strong>Goiás</strong> – 1990/95.<br />

Esta<strong>do</strong>s Diferenciais <strong>de</strong> preços Diferenciais <strong>de</strong> preços <strong>da</strong> Redução <strong>do</strong> custo <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> milho<br />

soja<br />

produção <strong>do</strong> frango<br />

abati<strong>do</strong><br />

Minas Gerais 28,0 10,8 12,3<br />

São Paulo 19,8 8,7 8,9<br />

Paraná -3,7 10,5 0,5<br />

Santa Catarina 6,8 11,2 4,5<br />

Rio<br />

Sul<br />

Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> 5,0 3,3 2,4<br />

Fonte: HELFAND & RESENDE (1998)<br />

Analisan<strong>do</strong> os custos <strong>de</strong> produção <strong>do</strong> suíno e <strong>do</strong> frango nos esta<strong>do</strong>s, TALAMINI et alii<br />

(1998) verificaram que as vantagens <strong>de</strong> uma região sobre outra não são muito evi<strong>de</strong>ntes, <strong>em</strong> razão<br />

<strong>da</strong>s diferenças <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s fatores <strong>de</strong> produção. Dessa forma também concor<strong>da</strong>m que as<br />

constantes especulações sobre as vantagens regionais na produção <strong>de</strong> suínos e aves <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />

atribuí<strong>da</strong>s a outros fatores.<br />

Conforme apresenta<strong>do</strong> na Tabela 4, a maior variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> rendimentos físicos na região<br />

Sul, com <strong>de</strong>staque para o Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, cria, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, um probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

para a produção animal localiza<strong>da</strong> nessa região, vis-à-vis as <strong>de</strong>mais regiões. A produção <strong>de</strong> grãos no<br />

Centro-Oeste se diferencia fort<strong>em</strong>ente <strong>da</strong> região Sul, já que naquela região o milho parece ser uma<br />

lavoura consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>, enquanto no Centro-Oeste é uma lavoura que t<strong>em</strong> cresci<strong>do</strong> rapi<strong>da</strong>mente, mas<br />

<strong>de</strong> forma totalmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> soja. Segun<strong>do</strong> HELFAND & RESENDE (1998), esta<br />

16 Representa cerca <strong>de</strong> 67% <strong>do</strong> custo <strong>da</strong> produção <strong>do</strong> frango vivo e 55% <strong>do</strong> custo <strong>do</strong> frango abati<strong>do</strong>.<br />

14


constatação explica por que o milho continua sen<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> mesmo com probl<strong>em</strong>as crônicos <strong>de</strong><br />

comercialização, refletin<strong>do</strong> na contínua formação <strong>de</strong> estoques e redução <strong>do</strong> preço mínimo pelo<br />

Governo no Centro-Oeste, como no ano agrícola <strong>de</strong> 1997/98.<br />

TABELA 4 – Variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s Rendimentos Físicos <strong>do</strong> Milho e <strong>da</strong> Soja por Regiões e Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

Centro-Sul – 1980/97.<br />

Regiões Milho Soja<br />

Su<strong>de</strong>ste 0,12 0,08<br />

Centro-Oeste 0,08 0,09<br />

Sul 0,14 0,15<br />

Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul 0,23 0,21<br />

Santa Catarina 0,16 0,15<br />

Paraná 0,13 0,11<br />

Nota: A variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> é medi<strong>da</strong> pelo coeficiente <strong>de</strong> variação nos resíduos <strong>em</strong> relação à tendência<br />

exponencial.<br />

Fonte: HELFAND & RESENDE (1998)<br />

Para esses autores, a análise <strong>do</strong>s diferenciais <strong>de</strong> preço sugere que po<strong>de</strong> haver economia<br />

consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> custos, resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> transferência <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> animais <strong>do</strong> Su<strong>de</strong>ste para o Centro-<br />

Oeste. Em <strong>Goiás</strong>, o preço <strong>do</strong> milho nos anos 90 foi <strong>em</strong> média 25 a 80 reais mais barato que nos<br />

quatro esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Su<strong>de</strong>ste, mas o mesmo não po<strong>de</strong> ser dito sobre o Sul. No Paraná os preços <strong>do</strong><br />

milho ten<strong>de</strong>ram a ser menores que <strong>em</strong> <strong>Goiás</strong> nos anos 90 17 . Dessa forma, se a produção animal <strong>de</strong>ve<br />

migrar <strong>do</strong> Sul para o Centro-Oeste, é provável que não seja <strong>em</strong> função <strong>do</strong> preço <strong>do</strong> milho.<br />

Entretanto, outros aspectos não po<strong>de</strong>m ser menospreza<strong>do</strong>s para compreen<strong>de</strong>r esse<br />

movimento, como é o caso <strong>da</strong> perspectiva <strong>de</strong> redução <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> transportes através <strong>da</strong> melhoria<br />

<strong>da</strong> malha ro<strong>do</strong>-hidro-ferroviária, eleita pelo programa Avança Brasil como prioritária para a<br />

redução <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> “custo Brasil” para a Região. Não menos importantes são os incentivos fiscais<br />

e creditícios concedi<strong>do</strong>s pelos governos estaduais, que têm atraí<strong>do</strong> os maiores abate<strong>do</strong>uros <strong>do</strong> País<br />

para o Centro-Oeste. Outros fatores importantes <strong>de</strong> atração são os recursos <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Constitucional<br />

<strong>do</strong> Centro-Oeste, que, apesar <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r crédito a taxas <strong>de</strong> juros eleva<strong>da</strong>s, se compara<strong>da</strong>s às <strong>de</strong><br />

outras reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s internacionais, ao menos representa uma alternativa, numa conjuntura <strong>em</strong> que os<br />

produtores rurais não têm mais acesso a gran<strong>de</strong>s volumes <strong>de</strong> crédito subsidia<strong>do</strong>, como no passa<strong>do</strong>.<br />

Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> a escolha <strong>da</strong> região Centro Oeste para os novos investimentos <strong>em</strong> avicultura <strong>de</strong><br />

corte estão liga<strong>da</strong>s ao que foi apresenta<strong>do</strong> alia<strong>do</strong> a um ambiente transnacional, mostran<strong>do</strong> a face <strong>da</strong><br />

globalização impactan<strong>do</strong> sobre os processos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> frango. Portanto os motivos locacionais<br />

estão liga<strong>do</strong>s a produção <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> escala e neste momento Centro-Oeste foi escolhi<strong>do</strong> para<br />

<strong>de</strong>senvolver esta função.<br />

III – A <strong>Evolução</strong> <strong>da</strong> <strong>Avicultura</strong> <strong>de</strong> <strong>Corte</strong> no Centro-Oeste<br />

A introdução <strong>da</strong> avicultura mo<strong>de</strong>rna no Centro-Oeste é resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> aproveitamento <strong>do</strong>s<br />

principais insumos <strong>de</strong> sua produção, a soja (farelo) e o milho. Mas, para isso, foi preciso a<strong>de</strong>quá-la<br />

às condições climáticas <strong>da</strong> Região, com eleva<strong>da</strong>s t<strong>em</strong>peraturas médias e amplitu<strong>de</strong> térmica.<br />

17 Com exceção <strong>de</strong> alguns anos, a diferença com Santa Catarina e Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul não t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> muito gran<strong>de</strong>, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, os diferenciais <strong>de</strong> preços entre Santa Catarina e <strong>Goiás</strong> foram só 0, 9, 4, e 3 reais. Com o Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, os<br />

diferenciais para o mesmo perío<strong>do</strong> foram –6, 2, 9, 7 (HELFAND & RESENDE, 1998),<br />

15


No Centro-Oeste po<strong>de</strong>m ser encontra<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os tipos característicos <strong>de</strong> produção, como<br />

integrações, cooperativas e produtores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Entretanto, ca<strong>da</strong> vez mais, vão toman<strong>do</strong> lugar<br />

os gran<strong>de</strong>s projetos <strong>de</strong> integração, impl<strong>em</strong>enta<strong>do</strong>s por gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presas <strong>do</strong> setor frigorífico ou<br />

mesmo pelas cooperativas locais.<br />

A expansão <strong>da</strong> avicultura mo<strong>de</strong>rna é um fenômeno recente, na Região. Em 1990, sua<br />

produção <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango representava apenas 3,7% <strong>da</strong> produção nacional, e <strong>em</strong> 1997 essa<br />

participação atingiu 5,3%, como se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r a partir <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Tabela 5. No Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Tocantins o movimento foi o mesmo, e nesse perío<strong>do</strong> sua produção <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango <strong>do</strong>brou,<br />

passan<strong>do</strong> 10.952 para 20.383 tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> carcaças (ANUALPEC, 1998).<br />

Tabela 5 – Produção <strong>de</strong> Carne <strong>de</strong> Frango <strong>da</strong> Região Centro-Oeste e Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Tocantins<br />

Em tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> carcaças<br />

Região 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997<br />

MS 10.648 12.179 19.577 39.617 48.874 51.284 51.389 56.426<br />

MT 17.469 19.751 23.998 44.675 54.655 61.717 61.844 67.906<br />

GO 44.915 52.054 53.389 57.103 65.027 72.135 72.283 79.368<br />

DF 15.903 17.545 14.905 18.647 18.700 28.309 28.367 31.148<br />

C-Oeste 88.935 101.529 111.870 160.042 187.256 213.444 213.882 234.847<br />

TO 10.952 12.251 13.191 14.489 16.380 18.526 18.564 20.383<br />

Brasil 2.356.549 2.627.746 2.926.252 3.143.315 3.411.026 4.050.449 4.058.765 4.456.601<br />

Fonte: Anuário <strong>da</strong> Agropecuária Brasileira – Anualpec 98, FNP Consultoria e Comércio.<br />

<strong>Goiás</strong> é o maior produtor regional, segui<strong>do</strong> por Mato Grosso e por Mato Grosso <strong>do</strong> Sul. A<br />

partir <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1993 os Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e Mato Grosso transformaram-se <strong>em</strong><br />

exporta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> frango, tanto para outras Regiões como para o exterior, ain<strong>da</strong> que suas ven<strong>da</strong>s<br />

externas represent<strong>em</strong> pequenas participações no total nacional. Em 1999, to<strong>da</strong>s as gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presas<br />

localiza<strong>da</strong>s no Centro-Oeste, particularmente nos Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>Goiás</strong> e Mato Grosso <strong>do</strong> Sul 18 ,<br />

estavam com projetos <strong>de</strong> expansão <strong>da</strong> produção.<br />

Tabela 6. Produção <strong>de</strong> Carne <strong>de</strong> Frango. Brasil, Centro-Oeste e <strong>Goiás</strong>. 1989/2001.<br />

Ano Brasil Centro-Oeste <strong>Goiás</strong><br />

Volume (t) Índice Volume (t) Índice Volume (t) Índice<br />

1989 2.083 100 77 100 40 100<br />

1990 2.356 113 89 116 45 113<br />

1991 2.628 112 101 113 52 116<br />

1992 2.926 140 112 145 53 133<br />

1993 3.143 151 160 208 57 143<br />

1994 3.411 164 186 242 65 163<br />

1995 4.050 194 213 277 72 180<br />

1996 4.051 194 231 300 69 173<br />

1997 4.460 214 259 336 67 168<br />

1998 4.498 216 270 351 63 158<br />

Fonte: FNP<br />

18 Essas <strong>em</strong>presas são: Frangosul, Avipal, Seara (que adquiriu a CEVAL), Perdigão e Sadia.<br />

16


A Tabela 6, apresenta a evolução <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango <strong>em</strong> <strong>Goiás</strong>, Centro-Oeste e<br />

Brasil. Po<strong>de</strong>mos observar que esta produção é pouco significativa <strong>em</strong> termo <strong>do</strong> Centro-Oeste e <strong>do</strong><br />

Brasil. Em 1998, a produção <strong>de</strong> <strong>Goiás</strong> eqüivalia a 1,4% <strong>da</strong> produção brasileira e a 23,3% <strong>da</strong><br />

produção <strong>do</strong> Centro-Oeste. A análise <strong>do</strong>s índices <strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong> produção também aponta para<br />

um <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho pouco satisfatório. Enquanto no perío<strong>do</strong> 1989 a 1998 a produção brasileira cresceu<br />

116% e a <strong>do</strong> Centro-Oeste cresceu 251%, a <strong>de</strong> <strong>Goiás</strong> cresceu apenas 58%. Assim, para o perío<strong>do</strong><br />

observa<strong>do</strong>, a produção <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiás</strong>, comparativamente ao país e à<br />

Centro-Oeste, se apresentava pouco <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>.<br />

Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s para o ano <strong>de</strong> 1997, na Tabela 7, já apontavam para essa expansão <strong>da</strong> avicultura no<br />

Centro-Oeste, mesmo s<strong>em</strong> ain<strong>da</strong> registrar alguns gran<strong>de</strong>s projetos <strong>de</strong> integração, como é o caso <strong>do</strong><br />

abate<strong>do</strong>uro <strong>da</strong> Perdigão, no município goiano <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong>, n<strong>em</strong> o <strong>da</strong> SEARA/CEVAL, <strong>em</strong> Mato<br />

Grosso <strong>do</strong> Sul. Assim, po<strong>de</strong>-se concluir que os quatro maiores abate<strong>do</strong>uros <strong>de</strong> aves <strong>do</strong> País estão<br />

instala<strong>do</strong>s no Centro-Oeste, com <strong>de</strong>staque para os Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, Mato Grosso e<br />

<strong>Goiás</strong> 19 .<br />

Belik (1999) i<strong>de</strong>ntifica esse mesmo fenômeno <strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong> avicultura <strong>do</strong> Centro-Oeste<br />

e <strong>de</strong>staque que:<br />

“...as <strong>em</strong>presas (lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong> setor) partiram para um amplo programa <strong>de</strong> investimentos <strong>em</strong><br />

abate<strong>do</strong>uros e fábricas <strong>de</strong> ração na região Centro-Oeste, próximo às fontes <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> soja e<br />

milho. Isto po<strong>de</strong> ser constata<strong>do</strong> com o esforço <strong>da</strong> Sadia para se instalar <strong>em</strong> <strong>Goiás</strong>, ... .” (Belik,<br />

1999:60)<br />

Como ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong>ssa ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira reestruturação produtiva porque passa o setor <strong>em</strong> termos<br />

locacionais, basta dizer que a Sadia ven<strong>de</strong>u seu maior abate<strong>do</strong>uro, no município <strong>de</strong> Américo<br />

Brasiliense-SC, um <strong>do</strong>s mais mo<strong>de</strong>rnos <strong>do</strong> país, e com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> abate <strong>de</strong> 180 mil aves/dia. O<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> isso, é que o crescimento <strong>do</strong> rebanho <strong>de</strong> aves na região foi <strong>de</strong> 430% 1988 e 1997.<br />

(Belik, 1999:60).<br />

Através <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> RAIS <strong>de</strong> 1996 po<strong>de</strong>mos confirmar a expansão <strong>da</strong> avicultura no<br />

Centro-Oeste. Naquele ano havia 149 abate<strong>do</strong>uros na Região, distribuí<strong>do</strong>s entre to<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>s e<br />

o Distrito Fe<strong>de</strong>ral. Mato Grosso <strong>do</strong> Sul concentrava o maior número <strong>de</strong>les, 56, enquanto <strong>Goiás</strong><br />

possuía 37, o Distrito Fe<strong>de</strong>ral 32 e Mato Grosso 17. O Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Tocantins era o <strong>de</strong> avicultura mais<br />

incipiente, aí se localizan<strong>do</strong> apenas 7 <strong>em</strong>presas.<br />

Entretanto, nos últimos anos, num fenômeno bastante recente, observa-se um importante<br />

processo <strong>de</strong> expansão <strong>da</strong> avicultura no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Tocantins. Atraí<strong>do</strong>s pelos créditos especiais,<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> escoamento <strong>da</strong> produção através <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> transportes intermo<strong>da</strong>l (ro<strong>do</strong>viaferrovia-hidrovia),<br />

ampliação <strong>da</strong> oferta <strong>de</strong> energia elétrica e matéria-prima (soja e milho 20 ) para a<br />

produção <strong>de</strong> ração, principal insumo na criação <strong>de</strong> frango, está <strong>em</strong> marcha a instalação <strong>de</strong> alguns<br />

gran<strong>de</strong>s projetos <strong>de</strong> integração no Esta<strong>do</strong>.<br />

Os principais projetos <strong>em</strong> instalação no Esta<strong>do</strong> são os seguintes: Da Brazialian Chicken<br />

Alimentos, que <strong>em</strong> Porto Nacional está investin<strong>do</strong> US$ 45 milhões num abate<strong>do</strong>uro para 140<br />

frangos/dia a partir <strong>de</strong> 2001, com aves produzi<strong>da</strong>s por 300 integra<strong>do</strong>s. To<strong>da</strong> a produção será dirigi<strong>da</strong><br />

à <strong>em</strong>presa italiana Gramilini SPA. Outro <strong>em</strong>preendimento importante é o <strong>do</strong> Grupo Asa Alimentos,<br />

<strong>de</strong> Brasília, que está investin<strong>do</strong> R$ 1 milhão para duplicar sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 60 mil frangos/dia na<br />

planta <strong>de</strong> Paraíso <strong>de</strong> Tocantins e instalan<strong>do</strong> um abate<strong>do</strong>uro com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para abater 150 mil<br />

frangos/dia no município <strong>de</strong> Aguiarnópolis, na divisa com Maranhão, com a integração <strong>de</strong> 60<br />

19 Atualmente a produção <strong>de</strong> aves e suínos <strong>em</strong> <strong>Goiás</strong> já seria o suficiente para abastecer o merca<strong>do</strong> nacional (VILELA,<br />

2001).<br />

20 A produção <strong>de</strong>ssas culturas ain<strong>da</strong> é relativamente pequena, com 115 mil tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> soja e 109 mil tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

milho na última safra. Essas cultura t<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> crescimento, mesmo porque, suas produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s no esta<strong>do</strong><br />

são <strong>da</strong>s mais eleva<strong>da</strong>s <strong>do</strong> país, seis mil quilos por hectare no caso <strong>do</strong> milho e 45 sacas por hectare na soja.<br />

17


Empresas<br />

Tabela 7 – Maiores Abate<strong>do</strong>uros <strong>de</strong> Aves no Brasil – 1997<br />

Local<br />

<strong>de</strong><br />

Abate<br />

Participação<br />

(%)<br />

Aves<br />

Abati<strong>da</strong><br />

s<br />

Valor (R$)<br />

1 SADIA SC-PR-SP-MT 12,28 348.088.069 547.857,10<br />

2 PERDIGÃO SC-RS-SP 7,56 214.259.266 337.223,45<br />

3 CEVAL SC-PR-SP-MS 6,07 172.150.639 270.948,53<br />

4 AVIPAL RS-MS 4,53 128.381.605 202.060,28<br />

5 FRANGOSUL RS 4,48 126.895.195 199.720,82<br />

6 PENABRANCA<br />

RS-SP-PA-<br />

3,10 87.915.457 138.370,46<br />

MA-PE<br />

7 DAGRANJA PR-MG 3,04 86.244.804 135.741,02<br />

8 CHAPECÓ SC-SP-PR 2,59 73.298.734 115.365,15<br />

9 AURORA SC 2,13 60.392.137 95.051,41<br />

10 MINUANO RS 1,42 40.300.047 63.428,39<br />

11 SERTANEJO SP 1,40 39.654.495 61.412,36<br />

12 COPACOL PR 1,15 32.557.711 51.242,70<br />

13 PIF PAF MG 1,03 29.255.445 46.045,25<br />

14 COOPAVEL PR 1,02 28.788.813 44.310,82<br />

15 SÓ FRANGO DF 0,89 25.132.221 39.555,70<br />

16 A'DORO SP 0,87 24.630.118 38.765,43<br />

17 BATAVO PR 0,77 21.791.314 34.297,43<br />

18 COTREL RS 0,76 21.491.843 33.826,09<br />

19 COMAVES PR-MS 0,75 21.162.076 32.305,07<br />

20 FRIG. NICOLINI RS 0,61 17.259.808 27.165,28<br />

21 MACEDO<br />

SC 0,61 17.166.165 27.017,89<br />

KOERICH<br />

22 COPERGUAÇU SP 0,59 16.858.795 26.534,12<br />

23 COROAVES PR 0,58 16.299.469 25.653,79<br />

24 BIG FRANGO PR 0,54 15.439.052 24.299,58<br />

25 OSATO<br />

SP 0,52 14.821.929 23.328,29<br />

AJINOMOTO<br />

26 LANGUIRU RS 0,51 14.383.177 22.637,74<br />

27 FRINAL RS 0,49 13.970.050 21.987,51<br />

28 HOLAMBRA SP 0,47 13.257.767 20.866,45<br />

29 FLAMBOIÃ SP 0,44 12.451.581 19.597,59<br />

30 PIRATINI MS 0,41 11.613.818 18.279,03<br />

31 MARISTELA SP 0,41 11.598.715 18.255,26<br />

32 AVÍCOLA<br />

SP 0,40 11.366.691 17.890,08<br />

PAULISTA<br />

33 CALDANA SP 0,38 10.852.569 17.080,90<br />

34 FRANCAP MG 0,37 10.545.095 16.596,96<br />

35 NUTRIZA GO 0,37 10.461.332 15.462,13<br />

36 FRANGOESTE SP 0,34 9.694.003 15.257,43<br />

37 CÉU AZUL SP 0,34 9.681.705 15.238,07<br />

38 POLIFRIGOR SP 0,34 9.636.502 15.166,93<br />

TOTAL PARCIAL 65 1.089.048.334 1.585.083<br />

OUTROS 35 1.829.748.212 2.875.842<br />

TOTAL GERAL 100 2.834.306.172 4.460.925<br />

Fonte: UBA/ANAB.<br />

18


pequenos produtores. Esses projetos contam, ain<strong>da</strong>, com a ampliação recente <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> soja e<br />

milho no esta<strong>do</strong>, para utilização como matéria prima na produção <strong>de</strong> ração(ORTEGA, 2000: 15).<br />

To<strong>da</strong>via, essas <strong>em</strong>presas não têm prioriza<strong>do</strong> suas exportações através <strong>de</strong>sses Esta<strong>do</strong>s,<br />

utilizan<strong>do</strong> suas instalações nos Esta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> Região Sul, aproveitan<strong>do</strong> o reconhecimento internacional<br />

<strong>de</strong> rigoroso controle sanitário na produção <strong>de</strong> proteína animal, um aspecto fun<strong>da</strong>mental para<br />

enfrentar a concorrência internacional. A exceção é a SEARA/CEVAL, que t<strong>em</strong> exporta<strong>do</strong> a partir<br />

<strong>do</strong> Centro-Oeste.<br />

Os Esta<strong>do</strong>s sulistas estão livres <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças, como a New Castle, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> início <strong>do</strong>s anos 80.<br />

Como conseqüência, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com informações <strong>da</strong> Análise Setorial (Gazeta Mercantil),<br />

aproxima<strong>da</strong>mente 88% <strong>da</strong>s exportações nacionais <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango são <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

cinco maiores <strong>em</strong>presas <strong>do</strong> País, to<strong>da</strong>s através <strong>de</strong>sses Esta<strong>do</strong>s.<br />

As exportações <strong>do</strong> Centro-Oeste estão concentra<strong>da</strong>s, portanto, na SEARA/CEVAL, que <strong>em</strong><br />

1997 exportou para países asiáticos (Hong Kong, China, Japão), Europa (Al<strong>em</strong>anha, Espanha,<br />

França, Itália, Portugal, Suíça e Rússia) e América <strong>do</strong> Sul (Bolívia e Argentina). Outra gran<strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>presa, a Sadia, também exportou <strong>do</strong> Centro-Oeste (para Hong Kong), mas <strong>em</strong> menor quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Além <strong>de</strong>las, atualmente a partir <strong>de</strong> <strong>Goiás</strong> a frango Gale t<strong>em</strong> exporta<strong>do</strong> para Arábia Saudita e<br />

a Perdigão iniciou suas exportações a partir <strong>de</strong> 2001 para a Rússia, Hong Kong, Arábia Saudita e<br />

alguns países <strong>da</strong> Europa. Registre-se, portanto, no que tange à participação no comércio exterior, o<br />

caráter concentra<strong>do</strong> que vão assumin<strong>do</strong> as exportações regionais <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango e merece<br />

<strong>de</strong>staque a gran<strong>de</strong> dimensão que v<strong>em</strong> toman<strong>do</strong> a avicultura <strong>de</strong> corte goiana.<br />

III.1 – Incentivos Públicos no Centro-Oeste<br />

Observa-se, <strong>em</strong> momento recente, a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> localização <strong>do</strong>s novos investimentos na<br />

área <strong>da</strong> avicultura <strong>de</strong> corte. O Centro-Oeste t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> a região que mais t<strong>em</strong> recebi<strong>do</strong> <strong>em</strong>presas nessa<br />

área. A respeito <strong>de</strong>ste aspecto HELFAND & RESENDE (1998) citam que as políticas públicas<br />

nesta região estão favorecen<strong>do</strong> os investimentos. O FCO 21 (Fun<strong>do</strong> Constitucional <strong>de</strong> Financiamento<br />

<strong>do</strong> Centro-Oeste) beneficia investimentos nesta região relativamente ao Sul (local on<strong>de</strong><br />

tradicionalmente estão os gran<strong>de</strong>s investimentos avícolas). Incentivos fiscais <strong>em</strong> nível estadual<br />

estão, também, induzin<strong>do</strong> as <strong>em</strong>presas a se expandir<strong>em</strong> nesta direção. Além <strong>do</strong>s incentivos, a<br />

mu<strong>da</strong>nça para o Centro-Oeste permite às gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presas começar<strong>em</strong> <strong>do</strong> zero no re<strong>de</strong>senho <strong>da</strong>s<br />

instituições <strong>de</strong> integração e t<strong>em</strong> a vantag<strong>em</strong> adicional <strong>de</strong> evitar custo <strong>de</strong> relocalização <strong>do</strong> que<br />

po<strong>de</strong>ria ser um processo penoso, e politicamente explosivo, <strong>de</strong> ajustamento no Sul.<br />

Além <strong>de</strong>sses recursos, os novos investimentos po<strong>de</strong>m contar, ain<strong>da</strong>, com incentivos fiscais<br />

<strong>do</strong> governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, e o principal <strong>de</strong>les é o Programa <strong>de</strong> Incentivo ao Desenvolvimento<br />

Econômico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Tocantins (Prosperar), com recursos orçamentários previstos <strong>do</strong> ICMS e<br />

sobre a prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> transporte interestadual e intermunicipal e <strong>de</strong> comunicação, ten<strong>do</strong><br />

por base o faturamento previsto no projeto. Sua liberação é <strong>de</strong> 70% <strong>do</strong> ICMS <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> para os<br />

projetos <strong>em</strong> implantação e 50% para os que queiram promover uma expansão. Os juros cobra<strong>do</strong>s<br />

sobre esses <strong>em</strong>préstimos é <strong>de</strong> 0,2% não capitalizáveis sobre o sal<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r. (Gazeta Mercantil,<br />

27/06/2000).<br />

Para efeitos <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>, estamos consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Tocantins na Região Centro-<br />

Oeste. Entretanto, como integrante <strong>da</strong> Região Norte, os <strong>em</strong>preendimentos para ali dirigi<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m<br />

lançar mão <strong>do</strong>s incentivos <strong>da</strong> Superintendência Nacional <strong>da</strong> Amazônia (SUDAM) e <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong><br />

Constitucional <strong>de</strong> Financiamento <strong>do</strong> Norte (FCN).<br />

21 O FCO (Fun<strong>do</strong> Constitucional <strong>de</strong> Financiamento <strong>do</strong> Centro Oeste), foi o responsável pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong><br />

avicultura <strong>de</strong> corte, com recursos subsidia<strong>do</strong>s, na região <strong>de</strong> Doura<strong>do</strong>s - MS (SHIKI,1996).<br />

19


Para o escoamento <strong>da</strong> exportação, oferece-se a hidrovia <strong>do</strong> Tocantins, numa integração<br />

intermo<strong>da</strong>l com as ferrovia Norte-Sul e Carajás, para que se alcance o Porto <strong>de</strong> Itaqui no Maranhão,<br />

mais próximo <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s norte-americano e europeu que <strong>do</strong>s portos <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> país. Entretanto, é<br />

preciso registrar que aquela hidrovia v<strong>em</strong> enfrenta<strong>do</strong> probl<strong>em</strong>as para sua construção, já que<br />

movimentos ambientalistas <strong>de</strong>nunciam o projeto como sen<strong>do</strong> altamente agressor ao meio ambiente.<br />

Portanto, <strong>de</strong>ve ser visto com reservas as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua utilização nos novos projetos <strong>em</strong><br />

instalação volta<strong>do</strong>s para a exportação.<br />

Outro incentivo importante para a expansão <strong>da</strong> criação animal intensiva no Tocantins v<strong>em</strong><br />

<strong>da</strong> oferta <strong>de</strong> energia elétrica, seja pela ampliação <strong>da</strong>s linhas que interligam o Sist<strong>em</strong>a Norte-Sul, seja<br />

pela previsão <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> mais cinco hidrelétricas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, a primeira a entrar <strong>em</strong><br />

funcionamento até o final <strong>de</strong> 2001. Pensan<strong>do</strong> nessa ampliação <strong>da</strong> oferta é que o Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

criou um Programa <strong>de</strong> Eletrificação Rural <strong>do</strong> Tocantins (Pertins), com recursos <strong>do</strong> Japan Bank for<br />

International Cooperation (JIBC).<br />

ORTEGA (2000) cita que os governos <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e <strong>Goiás</strong> e o <strong>do</strong><br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral também têm atua<strong>do</strong> mais agressivamente na atração <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas, a partir <strong>de</strong><br />

incentivos fiscais. Em Mato Grosso <strong>do</strong> Sul oferece-se 67% <strong>de</strong> isenção <strong>de</strong> ICMS por até 15 anos,<br />

prorrogável por outros 15 anos e, para o perío<strong>do</strong> posterior, existe uma previsão <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong><br />

parte <strong>do</strong> ICMS, a partir <strong>de</strong> regulamentação a ser elabora<strong>da</strong>. O Secretário <strong>de</strong> Indústria e Comércio <strong>de</strong><br />

Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, <strong>em</strong> entrevista, aponta para um aumento <strong>da</strong> arreca<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>quele imposto <strong>em</strong><br />

40%, entre 1998 e 1999, apesar <strong>da</strong>s isenções. Sua elevação, segun<strong>do</strong> ele, resultou <strong>do</strong> combate a<br />

sonegação.<br />

Em <strong>Goiás</strong>, o incentivo fica por conta <strong>do</strong> financiamento <strong>de</strong> 70% <strong>do</strong> ICMS por 15 anos, com<br />

prazo <strong>de</strong> 15 anos para pagamento, a juros <strong>de</strong> 2,4% a.a., s<strong>em</strong> atualização monetária. O mesmo<br />

incentivo é concedi<strong>do</strong> no Distrito Fe<strong>de</strong>ral. No caso específico <strong>da</strong> instalação <strong>do</strong> complexo<br />

agroindustrial <strong>da</strong> Perdigão <strong>em</strong> Rio Ver<strong>de</strong> (Projeto Buriti), a implantação teve a sua atrativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

basea<strong>da</strong> na concessão, pelo Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiás</strong>, <strong>do</strong> diferimento <strong>do</strong> ICMS para atrair o investimento,<br />

<strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais. Como têm aconteci<strong>do</strong>, nos últimos anos, os Governos <strong>de</strong><br />

Minas Gerais e <strong>Goiás</strong> envolveram-se <strong>em</strong> uma acirra<strong>da</strong> guerra fiscal, para atrair este<br />

<strong>em</strong>preendimento. Embora não fosse um fator imprescindível, pesou bastante na <strong>de</strong>cisão final <strong>da</strong><br />

Perdigão, o diferimento <strong>do</strong> ICMS concedi<strong>do</strong> por <strong>Goiás</strong>. To<strong>da</strong>via o que realmente teve maior<br />

relevância foi a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> financiamento com utilização <strong>de</strong> recursos <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong><br />

Constitucional <strong>do</strong> Centro-Oeste (FCO) a taxas <strong>de</strong> juros reduzi<strong>da</strong>s como incentivo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> região Centro-Oeste, fator inexistente no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas.<br />

Apesar <strong>do</strong>s discursos <strong>de</strong> combate à chama<strong>da</strong> “guerra fiscal”, que a <strong>de</strong>bati<strong>da</strong> reforma fiscal<br />

po<strong>de</strong> contribuir para eliminar, o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiás</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o secretário <strong>de</strong> Indústria e<br />

Comércio, <strong>em</strong> recente entrevista, está prepara<strong>do</strong> para manter os benefícios. Entretanto, uma <strong>da</strong>s<br />

propostas mais discuti<strong>da</strong>s para a reforma fiscal é a cobrança <strong>do</strong> ICMS on<strong>de</strong> o produto é<br />

comercializa<strong>do</strong>, e não no Esta<strong>do</strong> on<strong>de</strong> é produzi<strong>do</strong>, impedin<strong>do</strong> que estes abram mão <strong>da</strong> arreca<strong>da</strong>ção<br />

e dificultan<strong>do</strong> o uso <strong>de</strong>sse artifício para atrair as gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presas exporta<strong>do</strong>ras.<br />

As mesmas forças econômicas (preços relativos) que induz<strong>em</strong> as mu<strong>da</strong>nças técnicas ten<strong>de</strong>m<br />

a induzir também as mu<strong>da</strong>nças institucionais necessárias para viabilizar a introdução <strong>da</strong>s novas<br />

técnicas. Do mesmo mo<strong>do</strong>, as respectivas ofertas <strong>de</strong> inovações técnicas e <strong>de</strong> inovações<br />

institucionais são gera<strong>da</strong>s por forças similares: os avanços nos conhecimentos científicos <strong>em</strong> geral<br />

Portanto, os governos <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Mato Grasso <strong>do</strong> Sul, <strong>Goiás</strong> e <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral têm<br />

si<strong>do</strong> mais agressivos na atração <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas a partir <strong>de</strong> incentivos fiscais e a existência <strong>de</strong> recursos<br />

<strong>do</strong> FCO, a taxas <strong>de</strong> juros reduzi<strong>da</strong>s para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> Centro-Oeste.<br />

20


III. 2 – O Projeto Buriti <strong>em</strong> <strong>Goiás</strong><br />

A déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> noventa marca a chega<strong>da</strong> <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s investimentos no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiás</strong>. O<br />

projeto Buriti po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> uma referência para o estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> agroindustrialização <strong>em</strong> função<br />

<strong>de</strong> sua dimensão <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> investimentos, tecnologias utiliza<strong>da</strong>s e uma nova forma <strong>de</strong><br />

integração.<br />

O Projeto Buriti está sen<strong>do</strong> impl<strong>em</strong>enta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998, pela Perdigão <strong>em</strong> Rio Ver<strong>de</strong>,<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> região Su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Goiás</strong>, região esta que é a maior produtora <strong>de</strong> milho, soja e<br />

algodão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. A base técnica <strong>do</strong> processo produtivo <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s agropecuárias produtoras<br />

<strong>de</strong>stes grãos é intensiva no uso <strong>de</strong> inovações tecnológicas mo<strong>de</strong>rnas e a maior parte <strong>do</strong>s<br />

estabelecimentos produtores <strong>de</strong>stes grãos apresenta tamanho <strong>de</strong> área superior a 200 hectares<br />

(CENSO AGROPECUÁRIO DE GOIÁS, 1995-96). São estes produtores – que, <strong>em</strong> geral, <strong>de</strong>têm<br />

maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> alavancag<strong>em</strong> <strong>de</strong> recursos, na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que, principalmente, t<strong>em</strong> maior patrimônio<br />

para <strong>da</strong>r <strong>em</strong> garantia <strong>do</strong> <strong>em</strong>préstimo bancário - o público alvo <strong>da</strong> Perdigão para celebrar contratos<br />

<strong>de</strong> integração. Os gran<strong>de</strong>s produtores <strong>de</strong> leite <strong>de</strong>sta região, a maior bacia leiteira <strong>de</strong> <strong>Goiás</strong>, são<br />

também público alvo <strong>da</strong> integra<strong>do</strong>ra.<br />

Este projeto apresenta números nunca antes vistos <strong>em</strong> termos <strong>da</strong> avicultura <strong>de</strong> corte<br />

nacional. Segun<strong>do</strong> informações <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa (PERDIGÃO, 1999), quan<strong>do</strong> estiver <strong>em</strong> pleno<br />

funcionamento, a sua produção significará um aumento <strong>de</strong> 50% na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>da</strong><br />

agroindústria (capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 1998), <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> aves e <strong>de</strong> suínos. Estão<br />

sen<strong>do</strong> investi<strong>do</strong>s R$ 550.000.000,00, sen<strong>do</strong> R$ 400.000.000,00 pela Perdigão, R$ 110.000.000,00<br />

pelos produtores e R$ 40.000.000,00 pelas transporta<strong>do</strong>ras. Desse total, o BNDES vai financiar R$<br />

180.000.000,00 para as instalações industriais 22 e o Fun<strong>do</strong> Constitucional <strong>do</strong> Centro-Oeste - FCO,<br />

via Banco <strong>do</strong> Brasil, vai financiar R$ 110.000.000,00 para os produtores construír<strong>em</strong> os módulos <strong>de</strong><br />

alojamento para aves e suínos. 23 24 A área total construí<strong>da</strong> soma 1.501.650 m 2 (PERDIGÃO, 2001).<br />

A previsão inicial <strong>de</strong> que o projeto estaria operan<strong>do</strong> no ano 2000 foi confirma<strong>da</strong>, mas<br />

notícias <strong>da</strong> mídia apontam para atraso no cronograma <strong>de</strong> implantação <strong>em</strong> função <strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

que a <strong>em</strong>presa estaria encontran<strong>do</strong> para encontrar produtores interessa<strong>do</strong>s <strong>em</strong> se integrar. A<br />

previsão inicial <strong>de</strong> que o Projeto Buriti estará operan<strong>do</strong> a plena capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>em</strong> 2003 está manti<strong>da</strong>.<br />

As principais características <strong>de</strong>ste projeto são: produtores integra<strong>do</strong>s médios ou gran<strong>de</strong>s;<br />

pequeno número <strong>de</strong> produtores integra<strong>do</strong>s (seja <strong>em</strong> termos absolutos, seja <strong>em</strong> termos relativos);<br />

produtores integra<strong>do</strong>s com maior capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alavancag<strong>em</strong> <strong>de</strong> recursos no sist<strong>em</strong>a financeiro<br />

(seja por ter maior patrimônio, seja por ter maior articulação com o mesmo); custos eleva<strong>do</strong>s para<br />

implantação <strong>do</strong>s aviários; módulos <strong>de</strong> confinamento com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> individual para 25.000 aves;<br />

módulos com automação no fornecimento <strong>de</strong> água e comi<strong>da</strong>, além <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong><br />

climatização; e produtores integra<strong>do</strong>s utilizan<strong>do</strong> a mesma base técnica.<br />

III.3 – Projeto Buriti, “Justificativas”<br />

A nosso ver, a principal explicação para a introdução <strong>de</strong>ste novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> integração na<br />

avicultura <strong>de</strong> corte brasileira é a pressão que as integra<strong>do</strong>ras estão receben<strong>do</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> para<br />

22 . Abate<strong>do</strong>uro <strong>de</strong> aves com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> 281.600 aves/dia e produção 130.000 t/ano; abate<strong>do</strong>uro <strong>de</strong> suínos com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 3.520<br />

suínos/dia e produção 73.500 t/ano; industrialização <strong>de</strong> carnes (produtos: lingüiças, salsichas, presuntos, apresenta<strong>do</strong>s, morta<strong>de</strong>las,<br />

salames, hambúrgueres e <strong>em</strong>pana<strong>do</strong>s) com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para 120.000 t/ano; industrialização <strong>de</strong> massas com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para 12.000<br />

t/ano; fábrica <strong>de</strong> rações com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para 60.000 t/mês; fábrica <strong>de</strong> subprodutos com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para 30.000 t/ano; incubatório <strong>de</strong><br />

corte com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para 1.460.000 pintos/s<strong>em</strong>ana; estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> água com consumo previsto 8.000 m 3 /dia, estação <strong>de</strong><br />

tratamento <strong>de</strong> efluentes com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento 8.000 m 3 /dia (conceito misto aeróbico e anaeróbico) e sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> transporte<br />

com 320 veículos integra<strong>do</strong>s (PERDIGÃO, 2000).<br />

23 . Sist<strong>em</strong>a produtor <strong>de</strong> leitões com 64 módulos <strong>de</strong> 520 cabeças; sist<strong>em</strong>a termina<strong>do</strong>r <strong>de</strong> leitões 272 módulos <strong>de</strong> 1.006 cabeças; e<br />

sist<strong>em</strong>a termina<strong>do</strong>r <strong>de</strong> aves com 478 módulos <strong>de</strong> 25.000 cabeças ca<strong>da</strong> (PERDIGÃO, 2000).<br />

24 . O projeto inclui, ain<strong>da</strong> a construção <strong>de</strong> uma granja <strong>de</strong> matrizes <strong>de</strong> aves com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para 864.000 cabeças, um quarentenário e<br />

um centro <strong>de</strong> difusão genética (PERDIGÃO, 2000).<br />

21


aumento <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sua produção, tanto interna quanto externa, como forma <strong>de</strong> manter<br />

e, principalmente, ampliar a participação no merca<strong>do</strong>.<br />

Dentre os três setores produtores <strong>de</strong> carne, a avicultura é o setor que v<strong>em</strong> apresentan<strong>do</strong><br />

maior crescimento <strong>da</strong> produção. Este crescimento estaria a apontar para uma situação <strong>de</strong><br />

comodi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> manter a participação no merca<strong>do</strong>. No entanto, vimos, também,<br />

que ocorreram gran<strong>de</strong>s mu<strong>da</strong>nças no controle acionário <strong>da</strong>s principais <strong>em</strong>presas e ou novos<br />

investimentos pelas mesmas, com o acirramento <strong>da</strong> luta por melhora <strong>da</strong> participação no merca<strong>do</strong>.<br />

Nesta luta por aumento <strong>de</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> as <strong>em</strong>presas se voltam para reduzir os seus<br />

custos <strong>de</strong> transação, <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> logística. Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que procuram a<strong>do</strong>tar novos<br />

processos produtivos industriais e novas formas <strong>de</strong> comercialização mais eficientes, procuram ter<br />

acesso a matéria-prima (ave viva) mais barata, ter acesso a insumos a ser<strong>em</strong> utiliza<strong>do</strong>s na produção<br />

<strong>de</strong> aves a custo menor (milho e soja), ter menor custo para colocar o produto no merca<strong>do</strong>. Assim, a<br />

integra<strong>do</strong>ra busca o aumento <strong>de</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> via redução nos custos <strong>de</strong> transação; via redução<br />

no custo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> aves; via redução <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> logística, entre outros. 25<br />

III.3.1 – Redução nos Custos <strong>de</strong> Transação<br />

Na avicultura <strong>de</strong> corte a agroindústria utiliza o processo <strong>de</strong> integração. Ou seja, não produz<br />

diretamente o "frango", mas através <strong>da</strong> "parceria", consegue que outros agentes execut<strong>em</strong> etapas <strong>de</strong><br />

sua produção. Portanto, na ótica <strong>da</strong> estrutura <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, a agroindústria abre mão <strong>de</strong> produzir<br />

internamente (integração vertical) e ou comprar no merca<strong>do</strong> (merca<strong>do</strong> spot), para produzir via<br />

integração (hierarquia) e, assim, obter ganhos <strong>de</strong> escala e redução <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> produção internos e<br />

<strong>de</strong> transação. A integra<strong>do</strong>ra participa <strong>do</strong> processo produtivo via fornecimento <strong>do</strong>s pintinhos, <strong>de</strong><br />

insumos agrícolas (ração, medicamentos, etc.), assistência técnica, etc. Em troca, os produtores<br />

integra<strong>do</strong>s fornec<strong>em</strong> os frangos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um padrão mínimo exigi<strong>do</strong> <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, num perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

t<strong>em</strong>po estipula<strong>do</strong>.<br />

No mo<strong>de</strong>lo tradicional <strong>de</strong> integração os custos <strong>de</strong> transação ten<strong>de</strong>m a ser eleva<strong>do</strong>s,<br />

principalmente, porque: os custos <strong>de</strong> elaboração <strong>do</strong>s contratos são mais eleva<strong>do</strong>s <strong>em</strong> função <strong>da</strong> base<br />

técnica <strong>do</strong>s produtores ser diferencia<strong>da</strong>; o custo <strong>de</strong> monitoramento é maior porque há um número<br />

maior <strong>de</strong> produtores integra<strong>do</strong>s por ca<strong>da</strong> planta industrial; o custo <strong>de</strong> assistência técnica é maior<br />

porque há maior número <strong>de</strong> produtores, a base técnica é diferencia<strong>da</strong>, e os probl<strong>em</strong>as sanitários<br />

ten<strong>de</strong>m a ser maiores <strong>em</strong> função <strong>de</strong> uma localização inapropria<strong>da</strong> <strong>do</strong>s produtores - seja por estar<strong>em</strong><br />

distantes <strong>da</strong> integra<strong>do</strong>ra e ou por estar<strong>em</strong> localiza<strong>do</strong>s muito próximos entre si; e o custo <strong>de</strong> realizar<br />

as transações entre os integra<strong>do</strong>s e a integra<strong>do</strong>ra é maior porque como os integra<strong>do</strong>s t<strong>em</strong> pequena<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> confinamento, não há ganho <strong>de</strong> escala na entrega <strong>do</strong> pintinho, <strong>da</strong> ração, <strong>do</strong>s produtos<br />

veterinários, na busca <strong>do</strong> frango para abate, e há maiores gastos com o cálculo <strong>da</strong> r<strong>em</strong>uneração <strong>do</strong>s<br />

integra<strong>do</strong>s pela engor<strong>da</strong> <strong>do</strong> frango e com o pagamento <strong>do</strong>s mesmos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fato <strong>de</strong> haver maior<br />

número <strong>de</strong> integra<strong>do</strong>s.<br />

O novo mo<strong>de</strong>lo aparent<strong>em</strong>ente contribuiria para a redução <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> transação porque:<br />

ao possibilitar a redução drástica <strong>do</strong> número <strong>de</strong> integra<strong>do</strong>s por planta industrial 26 , ao estabelecer<br />

que os mesmos tenham uma mesma base técnica e façam uso <strong>da</strong>s inovações tecnológicas <strong>de</strong><br />

maneira intensiva, ao escolher produtores para ser<strong>em</strong> integra<strong>do</strong>s com maior acesso a informações<br />

(ao não se envolver<strong>em</strong> com trabalho direto no processo produtivo e sim com o gerenciamento <strong>do</strong><br />

negócio como um to<strong>do</strong>), haveria redução <strong>do</strong>s custos com formulação e monitoramento <strong>do</strong>s<br />

contratos, assistência técnica, entrega <strong>do</strong> pintinho, <strong>da</strong> ração, <strong>do</strong>s produtos veterinários, na busca <strong>do</strong><br />

frango para abate, cálculo <strong>da</strong> r<strong>em</strong>uneração <strong>do</strong>s integra<strong>do</strong>s pela engor<strong>da</strong> <strong>do</strong> frango e com o<br />

25 . Na hora <strong>da</strong> escolha <strong>da</strong> localização <strong>do</strong> investimento os incentivos fiscais são muitos importantes.<br />

26 . Novas técnicas <strong>de</strong> produção como o a<strong>de</strong>nsamento <strong>de</strong> aves (maior número <strong>de</strong> aves por m²) conjuga<strong>da</strong>s às novas tecnológicas na<br />

construção <strong>de</strong> galpões superdimensiona<strong>do</strong>s (25 mil aves/galpão), sofistica<strong>do</strong>s e automatiza<strong>do</strong>s propiciaria, às agroindústrias<br />

integra<strong>do</strong>ras, a integração com um menor número <strong>de</strong> produtores por uni<strong>da</strong><strong>de</strong> industrial.<br />

22


pagamento <strong>do</strong>s mesmos. Haveria, também, menor oportunismo por parte <strong>do</strong> integra<strong>do</strong> uma vez que<br />

o custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar a integração seria eleva<strong>do</strong> <strong>em</strong> função <strong>do</strong>s eleva<strong>do</strong>s custos <strong>do</strong><br />

investimento. Enfim, contribuiria para reduzir os custos administrativos e, por conseqüência, <strong>de</strong><br />

transação. Assim, introdução <strong>do</strong> novo mo<strong>de</strong>lo seria explica<strong>da</strong> como uma forma <strong>de</strong> reduzir o custo<br />

<strong>de</strong> transação<br />

Um maior volume <strong>de</strong> aves produzi<strong>da</strong>s por produtor possibilitaria a integração com um<br />

menor número <strong>de</strong> produtores por uni<strong>da</strong><strong>de</strong> industrial, que por utilizar uma mesma base tecnológica,<br />

possibilitaria redução no custo <strong>de</strong> assistência técnica assim como no custo <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong><br />

contratos, reduzin<strong>do</strong> custo <strong>de</strong> transação.<br />

Para termos uma idéia <strong>de</strong> quanto se reduziria o número <strong>de</strong> integra<strong>do</strong>s neste novo mo<strong>de</strong>lo<br />

vamos fazer um breve exercício. Segun<strong>do</strong> o relatório <strong>de</strong> administração <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa Perdigão, para<br />

produzir 290.800 tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> frigorifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> aves havia um total <strong>de</strong> 3.260 produtores integra<strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong> 1998. Isto eqüivale à uma produção média <strong>de</strong> 89,2 t por integra<strong>do</strong>. Em Rio Ver<strong>de</strong>, para<br />

produção prevista é <strong>de</strong> 130.000 tonela<strong>da</strong>s ano ter<strong>em</strong>os, no máximo, 478 integra<strong>do</strong>s, uma vez que<br />

serão apenas 478 módulos <strong>de</strong> confinamento. Se dividirmos a produção total espera<strong>da</strong> <strong>em</strong> Rio Ver<strong>de</strong><br />

pela produção média <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo tradicional teríamos o número <strong>de</strong> integra<strong>do</strong>s necessários segun<strong>do</strong> o<br />

mo<strong>de</strong>lo tradicional que seria <strong>de</strong> 1.457 produtores integra<strong>do</strong>s (130.000t/89,2t=1.457). Como<br />

ter<strong>em</strong>os, no máximo, 478 integra<strong>do</strong>s no projeto <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong>, haverá uma que<strong>da</strong> mínima <strong>de</strong> 67% no<br />

número <strong>de</strong> integra<strong>do</strong>s. Se, como está previsto, <strong>em</strong> média ca<strong>da</strong> integra<strong>do</strong> <strong>em</strong> Rio Ver<strong>de</strong> tiver <strong>do</strong>is<br />

módulos, o número <strong>de</strong> integra<strong>do</strong>s cai para 239 produtores, ou seja, uma que<strong>da</strong> <strong>de</strong> 83%. Portanto, o<br />

número <strong>de</strong> produtores integra<strong>do</strong>s no Projeto Buriti será significativamente menor que aquele que se<br />

observaria se fosse utiliza<strong>do</strong> o mo<strong>de</strong>lo tradicional <strong>de</strong> integração.<br />

Se consi<strong>de</strong>rarmos, ain<strong>da</strong>, que estes produtores estarão usan<strong>do</strong> uma mesma base técnica, e<br />

se localizarão apropria<strong>da</strong>mente, tanto <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> distância <strong>da</strong> planta industrial quanto entre si - o<br />

que contribui para reduzir os probl<strong>em</strong>as sanitários -, po<strong>de</strong>mos concluir que os custos <strong>de</strong> assistência<br />

técnica e com a formulação e monitoramento <strong>do</strong>s contratos, cairão ain<strong>da</strong> mais, assim como os<br />

custos com entrega <strong>do</strong> pintinho, <strong>da</strong> ração, <strong>do</strong>s produtos veterinários, busca <strong>do</strong> frango para abate,<br />

cálculo <strong>da</strong> r<strong>em</strong>uneração <strong>do</strong>s integra<strong>do</strong>s pela engor<strong>da</strong> <strong>do</strong> frango e com o pagamento <strong>do</strong>s mesmos.<br />

Isto está a apontar que, sob estes aspectos, o custo <strong>de</strong> transação no novo mo<strong>de</strong>lo será<br />

significativamente menor que no mo<strong>de</strong>lo tradicional.<br />

III.3.2 – Redução nos Custos <strong>de</strong> Produção<br />

Outra explicação para a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong>ste novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> integração seria que o mesmo<br />

proporcionaria uma menor custo <strong>de</strong> produção <strong>do</strong> frango para a agroindústria integra<strong>do</strong>ra, a principal<br />

matéria-prima utiliza<strong>da</strong> no processo produtivo <strong>da</strong> integra<strong>do</strong>ra. Esta redução <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> produção,<br />

<strong>em</strong> nível <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s confina<strong>do</strong>ras, se <strong>da</strong>ria: pela maior escala <strong>de</strong> produção (aviários com maior<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> confinamento); utilização mais intensiva <strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong> automação e <strong>de</strong><br />

climatização que permitiria maior produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra <strong>em</strong>prega<strong>da</strong> no processo produtivo<br />

e melhor aproveitamento <strong>da</strong> estrutura física (maior quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aves confina<strong>da</strong>s por metro<br />

quadra<strong>do</strong> <strong>de</strong> aviário); menor incidência <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as sanitários; menor custos <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong><br />

ração, pintinhos, produtos veterinários e <strong>do</strong> frango vivo para a integra<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao maior volume<br />

transporta<strong>do</strong>;<br />

Po<strong>de</strong>mos concluir, portanto, que a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> integração <strong>de</strong>ve permitir<br />

uma redução <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> ave viva - principal matéria-prima <strong>da</strong> agroindústria<br />

integra<strong>do</strong>ra - e, consequent<strong>em</strong>ente, uma melhoria <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> agroindústria, <strong>em</strong>bora não<br />

tenha si<strong>do</strong> possível dimensionar esta redução uma vez que não foi possível ter acesso aos <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong><br />

<strong>em</strong>presa.<br />

23


III.3.3 – Redução <strong>do</strong>s Custos <strong>de</strong> Logística<br />

A redução <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> logística com a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> novo mo<strong>de</strong>lo vai ocorrer,<br />

principalmente, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fato <strong>de</strong> que o custo <strong>de</strong> suprimento <strong>do</strong>s integra<strong>do</strong>s, por parte <strong>da</strong><br />

agroindústria - <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> pintinhos, ração, produtos veterinários diversos - assim como o custo<br />

<strong>de</strong> transporte <strong>do</strong> frango vivo até a integra<strong>do</strong>ra, serão menores pelo fato <strong>de</strong> que o volume<br />

transporta<strong>do</strong> será maior que no mo<strong>de</strong>lo anterior, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à maior escala <strong>de</strong> produção neste novo<br />

mo<strong>de</strong>lo.<br />

Dessa forma, a redução <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> logística proporciona<strong>do</strong> pelo novo mo<strong>de</strong>lo seria aquele<br />

obti<strong>do</strong> pela redução <strong>do</strong> custo na entrega <strong>de</strong> ração e <strong>de</strong> pintinho e na “busca” <strong>do</strong> frango vivo para o<br />

abate. Como seriam menores o número <strong>de</strong> produtores integra<strong>do</strong>s e maior o volume <strong>de</strong> ração e <strong>de</strong><br />

pintinhos a ser<strong>em</strong> entregues, assim como menor o custo <strong>de</strong> buscar o frango vivo, seja porque são<br />

poucos os produtores, seja porque estão localiza<strong>do</strong>s perto <strong>da</strong> agroindústria integra<strong>do</strong>ra, seria menor<br />

o custo <strong>de</strong> logística. Po<strong>de</strong>-se concluir, portanto, que a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> integração venha<br />

permitir redução <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> logística <strong>da</strong> integra<strong>do</strong>ra.<br />

IV – O novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> “Integração”<br />

As principais características <strong>do</strong> novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> integração são: alto nível <strong>de</strong> automação<br />

<strong>do</strong>s aviários; alto volume <strong>de</strong> aves confina<strong>da</strong>s por aviário/produtor integra<strong>do</strong>; redução significativa<br />

no número <strong>de</strong> produtores integra<strong>do</strong>s para ca<strong>da</strong> planta industrial e, portanto, <strong>do</strong> número <strong>de</strong> contratos<br />

estabeleci<strong>do</strong>s pela firma agroindustrial integra<strong>do</strong>ra; produtores integra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> tipo médio ou gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>corrente <strong>da</strong> exigência <strong>de</strong> que os integra<strong>do</strong>s tenham maior capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alavancag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

financiamento <strong>em</strong> função <strong>do</strong> aumento significativo nos custos <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> novos aviários (seja<br />

pela maior automação, seja pela ampliação no tamanho <strong>do</strong> aviário); produtores melhor informa<strong>do</strong>s<br />

sobre o merca<strong>do</strong>; produtores que buscam alternativas <strong>de</strong> investimento (melhor retorno <strong>do</strong> capital<br />

investi<strong>do</strong>, e não simplesmente uma nova fonte <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>); uso pre<strong>do</strong>minante <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra<br />

assalaria<strong>da</strong> nos aviários; e re-espacialização <strong>da</strong>s agroindústrias integra<strong>do</strong>ras <strong>em</strong> função <strong>da</strong><br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se localizar <strong>em</strong> regiões que tenham características fatores como concentração <strong>de</strong> um<br />

número significativo <strong>de</strong> produtores com maior capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alavancag<strong>em</strong> <strong>de</strong> financiamento e que<br />

queiram se integrar, concessão <strong>de</strong> benefícios (incentivos) fiscais necessários para a redução <strong>do</strong> risco<br />

<strong>de</strong> possíveis per<strong>da</strong>s financeiras com o investimento, e oferta abun<strong>da</strong>nte <strong>de</strong> matérias-primas (milho e<br />

soja), <strong>de</strong> forma a ter acesso às mesmas <strong>em</strong> condições favoreci<strong>da</strong>s.<br />

As principais diferenças entre estes <strong>do</strong>is mo<strong>de</strong>los se refer<strong>em</strong>: ao tipo <strong>de</strong> produtor integra<strong>do</strong>;<br />

ao grau <strong>de</strong> heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> base técnica <strong>de</strong> produção; ao número <strong>de</strong> produtores integra<strong>do</strong>s por<br />

estabelecimento agroindustrial e, portanto, <strong>do</strong> número <strong>de</strong> contratos; ao número <strong>de</strong> aves confina<strong>da</strong>s<br />

por produtor; ao nível <strong>de</strong> automação <strong>do</strong>s aviários; ao uso <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra assalaria<strong>da</strong>; e às<br />

exigências mínimas <strong>de</strong> aporte <strong>de</strong> capital para se tornar integra<strong>do</strong>.<br />

Como o Projeto Buriti é o primeiro on<strong>de</strong> se procura a<strong>do</strong>tar as características <strong>de</strong>ste novo<br />

mo<strong>de</strong>lo no Brasil, algumas características <strong>do</strong> mesmo ain<strong>da</strong> não po<strong>de</strong>m ser plenamente visualiza<strong>da</strong>s<br />

uma vez que o mesmo não está plenamente impl<strong>em</strong>enta<strong>do</strong>. Assim, variáveis importantes para<br />

análise <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo, como grau <strong>de</strong> organização e representação <strong>do</strong>s produtores, ain<strong>da</strong> não po<strong>de</strong>m ser<br />

avalia<strong>da</strong>s. No caso específico <strong>de</strong>sta variável, <strong>da</strong><strong>do</strong> as características <strong>do</strong>s produtores integra<strong>do</strong>s<br />

(maior acesso a informações, não envolvimento direto no processo produtivo, alto volume <strong>de</strong><br />

capital investi<strong>do</strong> no mesmo, etc.) é <strong>de</strong> se esperar que os produtores integra<strong>do</strong>s apresent<strong>em</strong> maior<br />

nível <strong>de</strong> organização e representação, o que terá impactos diferentes nas relações entre integra<strong>do</strong> e<br />

integra<strong>do</strong>r.<br />

O novo mo<strong>de</strong>lo é fruto <strong>de</strong> um lento processo <strong>de</strong> evolução <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo tradicional <strong>de</strong><br />

integração <strong>de</strong> avicultura <strong>de</strong> corte brasileira. Várias <strong>da</strong>s características <strong>de</strong>ste novo mo<strong>de</strong>lo,<br />

particularmente no que se refere à utilização <strong>de</strong> inovações tecnológicas, como automação <strong>de</strong><br />

24


alimentação, uso <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> climatização, módulos <strong>de</strong> confinamento maiores entre outros,<br />

po<strong>de</strong>m ser observa<strong>da</strong>s, ain<strong>da</strong> que <strong>de</strong> maneira parcial, no mo<strong>de</strong>lo tradicional <strong>de</strong> integração, <strong>da</strong>í a<br />

característica <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo tradicional <strong>de</strong> heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> base técnica. Uma gran<strong>de</strong> diferença<br />

entre os <strong>do</strong>is mo<strong>de</strong>los está, portanto, na homogeneização <strong>de</strong>stas características no conjunto <strong>de</strong><br />

integra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma mesma planta industrial.<br />

É importante salientar que a essência <strong>da</strong> idéia <strong>do</strong> que v<strong>em</strong> a ser integração não mu<strong>da</strong>, seja o<br />

integra<strong>do</strong> pequeno ou médio/gran<strong>de</strong> produtor. Em qualquer <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los a integra<strong>do</strong>ra fornece ao<br />

integra<strong>do</strong>, a ave <strong>de</strong> um dia, a ração para alimentação <strong>do</strong> mesmo, e a assistência técnica. O integra<strong>do</strong><br />

se responsabiliza pela construção <strong>do</strong>s aviários e instalação <strong>do</strong>s respectivos equipamentos, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com as <strong>de</strong>terminações <strong>da</strong> integra<strong>do</strong>ra, e entrega a ave para a integra<strong>do</strong>ra quan<strong>do</strong> a mesma estiver<br />

com o peso apropria<strong>do</strong> para abate. O pagamento <strong>da</strong> integra<strong>do</strong>ra ao integra<strong>do</strong> é feito <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com<br />

indica<strong>do</strong>res técnicos constantes <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> integração celebra<strong>do</strong> entre as partes. A integra<strong>do</strong>ra,<br />

portanto, terceiriza a engor<strong>da</strong> <strong>da</strong>s aves junto aos produtores integra<strong>do</strong>s.<br />

V – Impactos <strong>da</strong> Produção Industrial <strong>de</strong> Frangos <strong>de</strong> <strong>Corte</strong>, Espera<strong>do</strong>s para <strong>Goiás</strong><br />

Neste it<strong>em</strong> vamos analisar alguns impactos que a a<strong>do</strong>ção generaliza<strong>da</strong> <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

integração basea<strong>do</strong> no médio/gran<strong>de</strong> produtor po<strong>de</strong>ria causar <strong>em</strong> termos econômicos, sociais e<br />

ambientais.<br />

V.1 – Em Termos Sociais<br />

Uma diss<strong>em</strong>inação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> integração basea<strong>do</strong> no médio/gran<strong>de</strong> produtor teria<br />

impacto social <strong>do</strong>s mais significativos. Um primeiro impacto seria o provoca<strong>do</strong> pela exclusão <strong>do</strong><br />

pequeno produtor <strong>da</strong> condição <strong>de</strong> integra<strong>do</strong> se manti<strong>da</strong>s as condições institucionais referentes às<br />

exigências para concessão <strong>de</strong> <strong>em</strong>préstimos bancários, as quais exclu<strong>em</strong> os pequenos produtores.<br />

Portanto, a maior parte <strong>do</strong>s produtores agrícolas brasileiros, que é aquela forma<strong>da</strong> pelos pequenos<br />

produtores, <strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ser integra<strong>do</strong> <strong>da</strong> avicultura <strong>de</strong> corte.<br />

Um segun<strong>do</strong> impacto, seria a substituição <strong>do</strong>s pequenos produtores, ain<strong>da</strong> hoje integra<strong>do</strong>s,<br />

por médios/gran<strong>de</strong>s produtores. Ou seja não só os pequenos produtores não conseguiriam mais se<br />

tornar integra<strong>do</strong>s, como uma parcela significativa <strong>do</strong>s mesmos <strong>de</strong>ixaria esta condição. Para termos<br />

idéia <strong>de</strong>ste potencial <strong>de</strong> substituição vamos retomar o exercício realiza<strong>do</strong> no it<strong>em</strong> 3.1, Seguin<strong>do</strong><br />

aquele raciocínio, para ca<strong>da</strong> integra<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong> com as características <strong>do</strong> novo mo<strong>de</strong>lo - que, no<br />

mínimo, vai produzir 271 t <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> frango frigorifica<strong>da</strong> - serão substituí<strong>do</strong>s, no mínimo, 3<br />

(271,9t/89,2t=3) produtores integra<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo antigo - uma vez que, <strong>em</strong> média, produz<strong>em</strong> 89,2 t<br />

<strong>de</strong> carne frigorifica<strong>da</strong>, <strong>em</strong> média, por produtor. Se, como se espera, sejam <strong>do</strong>is módulos por ca<strong>da</strong><br />

integra<strong>do</strong> no mo<strong>de</strong>lo novo, a substituição vai ser <strong>de</strong> no mínimo 6 (543,9t/89,2t=6) produtores<br />

integra<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo tradicional por ca<strong>da</strong> integra<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong> <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo novo. Ou seja, se o<br />

novo mo<strong>de</strong>lo fosse diss<strong>em</strong>ina<strong>do</strong>, haveria uma que<strong>da</strong> brutal no número <strong>de</strong> produtores integra<strong>do</strong>s.<br />

Esta substituição po<strong>de</strong> ser ain<strong>da</strong> maior se o número médio <strong>de</strong> módulos por produtor integra<strong>do</strong> no<br />

mo<strong>de</strong>lo novo for superior a 2.<br />

As conseqüências para estas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção que per<strong>de</strong>riam a condição <strong>de</strong> integra<strong>do</strong><br />

po<strong>de</strong>ria ser caótica. A concentração <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>de</strong>corrente seria <strong>da</strong>s mais significativas.<br />

Outro impacto significativo <strong>da</strong> diss<strong>em</strong>inação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo é a redução <strong>do</strong> número <strong>de</strong> pessoas<br />

que trabalham nos aviários e ou prestan<strong>do</strong> assistência técnica. Embora não tenha si<strong>do</strong> possível fazer<br />

um cálculo aproxima<strong>do</strong> a redução nos <strong>do</strong>is casos será eleva<strong>da</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, ao eleva<strong>do</strong> nível<br />

<strong>de</strong> automação <strong>do</strong>s aviários e, <strong>de</strong> outro, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao menor número <strong>de</strong> aviários, ao melhor<br />

planejamento <strong>da</strong> localização <strong>do</strong>s aviários visan<strong>do</strong> evitar probl<strong>em</strong>as sanitários, e à menor distância<br />

<strong>do</strong>s integra<strong>do</strong>s <strong>da</strong> integra<strong>do</strong>ra.<br />

25


Portanto, se o novo mo<strong>de</strong>lo se diss<strong>em</strong>inar, <strong>de</strong>verá se reduzir drasticamente o número <strong>de</strong><br />

integra<strong>do</strong>s, o número <strong>de</strong> pessoas que trabalham nos aviários e o número <strong>de</strong> pessoas que prestam<br />

assistência técnica. O impacto sobre a concentração <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, na ausência <strong>de</strong> políticas<br />

compensatórias, ten<strong>de</strong> a ser significativo.<br />

V.2 - Em Termos Regionais<br />

A diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo, s<strong>em</strong> alteração na condição <strong>de</strong> financiamento aos produtores<br />

integra<strong>do</strong>s, e portanto, com a exclusão <strong>do</strong>s pequenos produtores, po<strong>de</strong> levar a impactos regionais<br />

profun<strong>do</strong>s. É <strong>de</strong> se esperar que os novos projetos se localiz<strong>em</strong> <strong>em</strong> regiões <strong>em</strong> que hajam médios e<br />

gran<strong>de</strong>s produtores interessa<strong>do</strong>s <strong>em</strong> se integrar. Assim po<strong>de</strong> ocorrer uma re-regionalização <strong>da</strong><br />

avicultura <strong>de</strong> corte brasileira. Portanto, as áreas propícias ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixariam <strong>de</strong> ser as áreas com gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> pequenos produtores passan<strong>do</strong> a ser as áreas<br />

com gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> médios/gran<strong>de</strong>s produtores. Esta modificação espacial seria tão maior<br />

quanto maior fosse a substituição <strong>do</strong>s pequenos produtores integra<strong>do</strong>s por novos médios/gran<strong>de</strong>s<br />

produtores. Po<strong>de</strong>-se dizer, portanto, que a diss<strong>em</strong>inação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo po<strong>de</strong>ria levar a um significativo<br />

aumento, <strong>em</strong> termos absolutos e <strong>em</strong> termos relativos, <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> aves naquelas regiões on<strong>de</strong> há<br />

maior presença <strong>de</strong> médios/gran<strong>de</strong>s produtores, como a região <strong>do</strong>s cerra<strong>do</strong>s e ou <strong>do</strong> Centro-Oeste.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, a escolha <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> para instalar o projeto <strong>da</strong> Perdigão é ex<strong>em</strong>plar.<br />

Uma possível re-espacialização <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> frangos, particularmente se houver<br />

concentração <strong>da</strong> produção <strong>em</strong> região que não a Sul <strong>do</strong> país, fará com que os impactos sociais<br />

aventa<strong>do</strong>s no it<strong>em</strong> anterior sejam ain<strong>da</strong> maiores, uma vez que se concentrarão numa região.<br />

V.3 - Em Termos Econômicos<br />

Os impactos econômicos <strong>da</strong> diss<strong>em</strong>inação <strong>do</strong> novo mo<strong>de</strong>lo po<strong>de</strong>m ser <strong>do</strong>s mais<br />

significativos, particularmente se a redução <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> transação, <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> logística<br />

foram tão significativos quanto se espera. Se a competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> crescer, ten<strong>de</strong> a haver um aumento<br />

<strong>da</strong>s exportações <strong>de</strong> frango e <strong>da</strong> produção interna.<br />

Um crescimento expressivo <strong>da</strong> produção interna po<strong>de</strong> atenuar os impactos sociais<br />

aventa<strong>do</strong>s no it<strong>em</strong> V.1, uma vez que reduziria os impactos negativos <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego, seja<br />

pela expansão <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> aves, seja pela expansão <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> insumos (milho e soja), seja<br />

pelo crescimento <strong>do</strong> <strong>em</strong>prego direto nas instalações industrias <strong>da</strong> integra<strong>do</strong>ra.<br />

V.4 – Em Termos Ambientais<br />

A concentração <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> aves <strong>em</strong> poucas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção e ou <strong>em</strong> uma<br />

<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> região faz com que o potencial <strong>de</strong> poluição <strong>do</strong>s <strong>de</strong>jetos produzi<strong>do</strong>s nos aviários seja<br />

ain<strong>da</strong> maior. Portanto, a diss<strong>em</strong>inação <strong>do</strong> novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> integração po<strong>de</strong> aumentar as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> manejo <strong>do</strong>s <strong>de</strong>jetos, <strong>do</strong> o<strong>do</strong>r e <strong>da</strong> poluição <strong>da</strong> água, causan<strong>do</strong> <strong>da</strong>nos à natureza. Apesar <strong>de</strong> ser<strong>em</strong><br />

áreas <strong>de</strong> maior altitu<strong>de</strong> e t<strong>em</strong>peratura (diferentes <strong>da</strong>quelas <strong>do</strong> Sul), facilitan<strong>do</strong> o manejo e a redução<br />

<strong>do</strong> maior risco <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças entre os animais, não se po<strong>de</strong>m atenuar os riscos ambientais.<br />

VI – Conclusão<br />

A avicultura <strong>de</strong> corte se diferencia <strong>do</strong>s outros setores <strong>da</strong> produção animal <strong>em</strong> vários<br />

aspectos, vale <strong>de</strong>stacar o pequeno espaço <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po entre a sua chega<strong>da</strong> no Brasil por volta <strong>da</strong><br />

déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 40 e a sua consoli<strong>da</strong>ção como ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> industrial na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70. As transformações <strong>da</strong><br />

base técnica são b<strong>em</strong> características neste setor e ocorreram intensamente nas áreas <strong>da</strong> genética,<br />

nutrição, mecânica, instalações e sani<strong>da</strong><strong>de</strong>. Fazen<strong>do</strong> uma análise hoje, os números existentes <strong>em</strong><br />

26


termos <strong>de</strong> produção, consumo, exportação e importância para o agronegócio, evi<strong>de</strong>nciam o gran<strong>de</strong><br />

dinamismo <strong>de</strong>sta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, justifican<strong>do</strong> o fato <strong>de</strong> ser reconheci<strong>da</strong> como o setor mais tecnifica<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

produção animal.<br />

Os <strong>de</strong>terminantes <strong>da</strong>s transformações <strong>da</strong> base técnica na avicultura <strong>de</strong> corte são o resulta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> vários fatores tais como: a <strong>de</strong>sagregação <strong>do</strong> complexo rural e a formação <strong>do</strong> complexo<br />

agroindustrial, ao apropriacionismo e substitucionismo industrial, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> economia <strong>de</strong><br />

terra e <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra e a participação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> através <strong>de</strong> políticas públicas e financiamentos.<br />

Dentro <strong>da</strong> produção animal chama a atenção também a forma como se organizou a<br />

avicultura <strong>de</strong> corte, hoje mais <strong>de</strong> 70% <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> frangos <strong>de</strong> corte brasileira e feita na forma <strong>de</strong><br />

integração, sen<strong>do</strong> que até 1961 to<strong>da</strong> a produção era constituí<strong>da</strong> por produtores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Deve<br />

se <strong>de</strong>stacar que hoje a avicultura <strong>de</strong> corte brasileira é a que apresenta o menor custo <strong>de</strong> produção a<br />

nível mundial, esse menor custo soma<strong>do</strong> às mu<strong>da</strong>nças tecnológicas e <strong>de</strong> organização <strong>da</strong> produção é<br />

que construíram essa gran<strong>de</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sse setor. Hoje a avicultura <strong>de</strong> corte t<strong>em</strong> um papel<br />

<strong>de</strong>staca<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> agronegócio brasileiro.<br />

A partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90 a avicultura <strong>de</strong> corte inicia um intenso processo <strong>de</strong> reestruturação<br />

produtiva, a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que concentrava principalmente na região sul, inicia a instalação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

projetos no Centro oeste. Atualmente <strong>Goiás</strong> é o maior produtor regional, segui<strong>do</strong> por Mato Grosso e<br />

Mato Grosso <strong>do</strong> Sul. Com o surgimento <strong>de</strong> novos condicionantes interferin<strong>do</strong> na questão locacional,<br />

a estrutura especializa<strong>da</strong> <strong>de</strong> produção in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> fabricantes <strong>de</strong> ração, incubatórios,<br />

abate<strong>do</strong>uros e pequenos produtores <strong>de</strong> frangos é substituí<strong>da</strong> pela integração vertical <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s essas<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma mesma <strong>em</strong>presa. Alia<strong>do</strong> à essas mu<strong>da</strong>nças ocorre a <strong>em</strong>ergência <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a<br />

integração materializan<strong>do</strong>-se na forma <strong>de</strong> uma novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> produção que atualmente integra<br />

médios e gran<strong>de</strong>s produtores.<br />

Vários fatores como a oferta <strong>de</strong> grãos (milho e soja), clima, incentivos fiscais e a<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo mais eficiente <strong>de</strong> produção diante <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> internacional<br />

direcionaram os novos projetos para o Centro-Oeste, e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta região, <strong>Goiás</strong> t<strong>em</strong> posição <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>staque.<br />

Dentre os projetos que se instalaram <strong>em</strong> <strong>Goiás</strong>, merece <strong>de</strong>staque o projeto buriti. Este<br />

projeto apresenta números nunca antes visto <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> avicultura <strong>de</strong> corte nacional,<br />

representan<strong>do</strong> um aumento <strong>de</strong> 50% <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>da</strong> sua i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>ra, a Perdigão.<br />

Deve se <strong>de</strong>stacar também que existe gran<strong>de</strong>s transformações na estrutura <strong>de</strong>sta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>em</strong> <strong>Goiás</strong>.<br />

Finalmente <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>stacar que a constituição <strong>do</strong> novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> integração para a<br />

produção <strong>de</strong> frangos <strong>de</strong> corte reflete o resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> pressão por aumento <strong>da</strong> eficiência produtiva e<br />

por conquista <strong>de</strong> novos merca<strong>do</strong>s internacionais a que às agroindústrias integra<strong>do</strong>ras estão<br />

submeti<strong>da</strong>s. A partir <strong>do</strong> que foi apresenta<strong>do</strong> po<strong>de</strong> concluir que o novo mo<strong>de</strong>lo que se instala <strong>em</strong><br />

<strong>Goiás</strong> ten<strong>de</strong> a ser mais vantajoso <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista técnico e econômico <strong>da</strong> produção, que o mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> integração basea<strong>do</strong> na integração com pequenos produtores característico <strong>do</strong> Sul, uma vez que o<br />

mesmo proporcionaria <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> transação, <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> logística. Isto, no entanto, não<br />

significa que a diss<strong>em</strong>inação <strong>do</strong> mesmo não possa proporcionar impactos sociais, ambientais e<br />

regionais negativos, o que indica uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliação melhor <strong>da</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinar<br />

fun<strong>do</strong>s públicos para o fomento <strong>do</strong> mesmo ou para políticas compensatórias redutoras <strong>de</strong>sses<br />

impactos.<br />

VII – Referências Bibliográficas<br />

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