UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
60<br />
De Queluz para Ouro Preto paramos a imperatriz, eu e o<br />
imperador n’uma velha casa, onde vimos os bancos e a velha<br />
mesa histórica, em torno da qual se fizeram as conferências dos<br />
inconfidentes. A mesa e os bancos de maçaranduba, são toscos,<br />
mas firmes, sólidos, inquebráveis como os corações d’aqueles<br />
móveis sagrados... D’ali arrancaram Tiradentes para santificá-lo<br />
na forca, a nós, arrancou-nos o ponteiro do relógio imperial,<br />
para seguirmos para Ouro Preto. E continuamos. 195<br />
A permanência na casa foi interrompida pela conhecida “pressa” de D.<br />
Pedro II em seguir viagem. Atravessada a ponte do ribeirão da Varginha e<br />
percorrendo um pouco mais, os ilustres viajantes chegaram aos arredores do<br />
arraial de Ouro Branco, indo diretamente para a casa de Bruno Von Sperling,<br />
engenheiro do primeiro distrito de Obras Públicas da província. 196 Pelo caminho o<br />
séquito era aguardado por uma comissão vinda de Ouro Preto, entre os integrantes<br />
encontrava-se Claude Henri Gorceix, diretor da Escola de Minas de Ouro Preto. O<br />
Imperador observou que: “Gorceix já está um verdadeiro mineiro e fala<br />
corretamente o português”. 197<br />
Após o almoço, às onze horas partiram rumo a Ouro Preto, passando pelo<br />
arraial de Ouro Branco. Até a chegada à capital, Gorceix e o Monarca seguiram<br />
conversando sobre geologia e mineralogia: “Gorceix ia-me mostrando as diversas<br />
rochas quase todas de xistos micáceos”. 198 No alto da serra de Ouro Branco a<br />
comitiva foi surpreendida por fortes trovoadas: “apanhamos um furioso<br />
temporal”, e devido às chuvas, “Os caminhos estão em tal estado, que sou<br />
obrigado a andar em posições bastante estrambólicas”. 199<br />
Referindo-se ao vestuário de D. Pedro durante a excursão, a Revista<br />
Ilustrada publicou: “Ele agora veste assim: chapéu desabado, perneiras até as<br />
virilhas, grande sobrecasaca, sem esporas, chapéu de sol sempre aberto e montado<br />
n’um burrinho pequeno”. 200<br />
195<br />
Revista Ilustrada. Rio de Janeiro, ano 6, número 244, 1881. P. 3.<br />
196<br />
VIANNA. Op. cit. 1957. P. 75.<br />
197<br />
Idem.<br />
198<br />
Idem.<br />
199<br />
Revista Ilustrada. Rio de Janeiro, ano 6, número 244, 1881. P. 8.<br />
200 Idem.