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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP

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republicanos, [...], que tentavam capitalizar a favor de seus<br />

objetivos políticos e ideológicos o descontentamento<br />

generalizado da população mais humilde da corte. 151<br />

Para a coligação republicana e a imprensa partidária, a revolta estava<br />

relacionada à oposição popular em relação ao Imperador e ao governo:<br />

“publicistas e políticos antimonarquistas atribuíam as causas da Revolta do<br />

Vintém à impopularidade do regime imperial e ao desgaste da imagem de D.<br />

Pedro II entre a maior parte da população da cidade do Rio de Janeiro”. 152<br />

Entretanto, o desempenho popular na Revolta do Vintém não pode ser<br />

justificado apenas como influência republicana, mas também como resposta<br />

popular à interferência governamental:<br />

A fragmentação social tinha como contrapartida a alienação<br />

quase completa da população em relação ao sistema político<br />

que não lhe abria espaços. Havia, no entanto, uma espécie de<br />

pacto informal, de entendimento implícito, sobre o que<br />

constituía legítima interferência do governo na vida das<br />

pessoas. Quando parecia à população que os limites tinham sido<br />

ultrapassados, ela reagia por conta própria, por via da ação<br />

direta (Grifo do autor). 153<br />

Sendo assim, acreditamos que a Revolta marcou o início de uma fase de<br />

maior participação popular na vida política do país:<br />

151 JESUS. Op. cit. 2009. P. 124.<br />

152 Idem. P. 135.<br />

153 Idem. P. 132.<br />

154 Idem. P. 123-124.<br />

a Revolta do Vintém constituiria um importante marco<br />

histórico, demarcando rupturas significativas, tanto no sentido<br />

mais geral do exercício do poder político quanto na atuação dos<br />

atores sociais envolvidos nas instâncias decisórias do Estado<br />

monárquico. Pois, em plena manifestação de protesto, os<br />

moradores urbanos da corte, mesmo estando em certa medida<br />

afastados das instâncias partidárias, teriam assim se convertido<br />

numa ‘fonte de poder até então nunca utilizada’, capaz de<br />

transformar a ‘violência da rua’ em parte integrante da ‘equação<br />

política’ e ‘arrastar a política das salas do parlamento para as<br />

praças da cidade’, promovendo o colapso da cultura política<br />

dominante vigente até 1880. 154

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