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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP

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civilização, e para tanto, as viagens foram permeadas de visitas a intelectuais e a<br />

instituições científicas: “Durante minhas viagens não tive tempo senão para tornar<br />

mais conhecido o Brasil, e travar relações pessoais que já têm sido úteis”. 30<br />

A primeira vez que o Imperador saiu do país foi em 1871 e este não foi<br />

considerado o melhor momento para sua ausência. Muitos políticos se opuseram à<br />

retirada do Soberano, pois além de não aprovarem e temerem a regência da<br />

princesa Isabel, consideravam o momento inoportuno e crítico, 31 devido ao fato de<br />

que o Brasil havia acabado de sair da traumática Guerra do Paraguai, o Manifesto<br />

Republicano havia sido lançado recentemente e para agravar as preocupações, as<br />

propostas da Lei do Ventre Livre já encontravam-se em discussão. 32<br />

A fim de receber autorização para se ausentar do país, o Imperador<br />

afirmou que a viagem era de extrema importância para que a Imperatriz pudesse<br />

fazer um tratamento de saúde. No entanto, a razão apresentada mais parecia um<br />

pretexto para, enfim, ele realizar o desejo de conhecer a Europa. Mais plausível<br />

teria sido apontar como imprescindível visitar seus netos, filhos de D. Leopoldina,<br />

que falecera havia pouco tempo, em fevereiro de 1871, antes mesmo de completar<br />

24 anos de idade. 33 Devido à sua morte, foi decretado luto oficial no Brasil por<br />

seis meses. 34<br />

Os políticos não aprovavam a viagem e a oposição só fez aumentar,<br />

principalmente quando uma nota publicada pela imprensa afirmou que o Soberano<br />

já havia reservado as passagens antes mesmo do Parlamento lhe dar o<br />

consentimento para ausentar-se do país. 35 Diversos setores demonstravam sua<br />

preocupação quanto à ausência imperial, inclusive o Ministério, que “não<br />

escondeu suas apreensões com essa viagem. Havia nele o receio sobre a possível<br />

atitude que o Conde d’Eu assumiria, ao lado da mulher, a Princesa Imperial,<br />

quando esta assumisse a chefia do Estado”. 36<br />

Era a primeira vez que Isabel, então com 24 anos, ocuparia o cargo de<br />

regente provisória e o Ministério receava que seu marido se tornasse um<br />

empecilho nas relações com o Gabinete Rio Branco. Para Joaquim Nabuco, ao se<br />

30<br />

SCHWARCZ. Op. cit. 1998. P. 385<br />

31<br />

CARVALHO. D. Pedro II. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. P. 144.<br />

32<br />

PIRES. Op. cit. 2007. P. 22.<br />

33<br />

CARVALHO. Op. cit. 2007. P. 144 e 145.<br />

34<br />

SCHWARCZ. Op. cit. 1998. P. 361.<br />

35<br />

LYRA. Op. cit. 1977. Vol. 2. P. 172.<br />

36 Idem. P. 173.<br />

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