UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP
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diversos convites de hospedagem; carros de aluguel, entradas de espetáculos e<br />
obras de caridade foram pagos com verba pessoal e não governamental.<br />
Fazia parte ainda dos elementos que cercavam esse ‘monarca-cidadão’ o<br />
desejo de liberdade. Não queria nenhum tipo de cerimônia oficial quando de sua<br />
chegada, estadia ou partida; não levava consigo o aparato majestático que<br />
circundava reis e imperadores, pelo contrário, ficou famoso pela pouca pompa e<br />
até mesmo pelo vestuário comum de viajante: casaco preto, chapéu, cachecol<br />
preto em volta do pescoço, uma pequena mala e um guarda-chuva.<br />
Mesmo apresentando-se de forma diferente da esperada no exterior e de<br />
causar ao mesmo tempo, espanto e admiração – devido à ausência de pompa, que<br />
acompanhava a nobreza –, D. Pedro II ganhou o respeito de muitas pessoas e a<br />
partir daí, o próprio Império ganhava admiradores também. Não falamos aqui do<br />
regime imperial em si, mas de um Império que libertava-se das algemas da<br />
escravidão, que era dotado de liberdade de imprensa, que estava preocupado em<br />
inserir em seu seio a ciência, a técnica e tudo que, ligado a elas, estivesse<br />
relacionado ao progresso material do país.<br />
Segundo Heitor Lyra, “os reis são em geral grandes passeadores” 14 e como<br />
a historiografia sobre o Brasil Império nos permite perceber, o Monarca muito<br />
viajou durante seu reinado. Para João Ricardo Ferreira Pires, “Há em D. Pedro II<br />
duas modalidades de viagens que se interpenetram: o viajante maravilhado ao<br />
exterior e o viajante funcional ao interior”. 15 Seguindo essa linha de raciocínio,<br />
para Lilia Schwarcz, viajar poderia ser considerado uma estratégia, uma vez que<br />
as viagens “ajudariam mesmo que simbolicamente na demarcação das fronteiras<br />
desse grande Império, além de contribuir para alargar a recepção da imagem da<br />
monarquia interna e externamente”. 16<br />
Ao longo de seu governo o Soberano empenhou-se em fazer o Brasil<br />
participar das Exposições Universais. Sua Majestade inclusive participou<br />
efetivamente da organização de uma delas, inaugurando-a junto ao presidente<br />
Ulisses Grant. A participação brasileira nessas feiras representava de certa<br />
maneira, exatamente a imagem que o Imperador buscava transmitir durante suas<br />
14 LYRA, Heitor. História de D. Pedro II, 1825-1891 – Fastígio / 1870 - 1880. Belo Horizonte,<br />
Itatiaia; São Paulo, Ed. Da Universidade de São Paulo, 1977. Volume 2. P. 171.<br />
15 PIRES, João Ricardo Ferreira. Notas de um diário de viagem a Minas Gerais: política e ciência<br />
na escrita viajante do Imperador D. Pedro II (1881). Dissertação apresentada na Pós-Graduação em<br />
História da UFMG. Belo Horizonte, MG, 2007. P. 21.<br />
16 SCHWARCZ. Op. cit. 1998. P. 357.<br />
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