UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP
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177<br />
Desde 1876, Henri Gorceix convidava o Monarca para conhecer a Escola<br />
de Minas, sempre afirmando que seria uma grande honra recebê-lo. Em setembro<br />
de 1877, quase um ano após a inauguração da Escola, o professor lhe enviou uma<br />
carta: “Que me seja permitido, Majestade, lhe dirigir um pedido, cuja realização<br />
seria, para mim, uma grande recompensa: que Vossa Majestade se digne visitar a<br />
Escola de Minas de Ouro Preto”, e em 1878, repetiu o convite: “possa Vossa<br />
Majestade vir visitar a Província de Minas Gerais. Sua visita será para mim uma<br />
recompensa e um apoio moral para melhorá-la ainda mais”. 711<br />
Assim sendo, acreditamos que um dos motivos que levaram D. Pedro II a<br />
concordar em realizar a excursão foi, enfim, poder conhecer a Escola de Minas –<br />
que segundo os relatos do Soberano, podia servir de modelo para outras<br />
instituições 712 –, mas com certeza esse não teria sido o único motivo. Como vimos<br />
anteriormente, em carta à princesa Isabel, o Imperador afirmou que o passeio seria<br />
muito interessante, uma vez que navegaria o Rio das Velhas, conheceria o local<br />
onde Peter Lund havia feito importantes descobertas e observaria de perto os<br />
trabalhos de mineração.<br />
Em correspondência com a Condessa Barral, afirmou que visitaria “os<br />
lugares dos sucessos da conspiração do Tiradentes e celebrados pelos versos de<br />
Gonzaga na sua Marília de Dirceu, e de Cláudio Manuel da Costa em seu poema<br />
de Vila Rica”. 713<br />
Dessa maneira, percebemos que os principais interesses do Imperador<br />
quanto às viagens a Minas Gerais em 1881, eram: científico, técnico e intelectual.<br />
Técnico porque durante as excursões, o Monarca analisou as possibilidades de<br />
navegação do Rio das Velhas, conversou com pessoas competentes a respeito da<br />
construção de vias férreas e participou da inauguração de duas estradas de ferro no<br />
mês de agosto, momento em que, ao lado de seu povo, comemorou a inserção da<br />
região nas vias do progresso.<br />
De acordo com João Ricardo Ferreira Pires, guiado por tais interesses, “a<br />
viagem pode ser pensada, então, como uma estratégia de reconhecimento e<br />
fixação de um poder sobre o território ainda desconhecido por D. Pedro II, calcada<br />
711 LIMA. Op. cit. 1977. P. 72.<br />
712 Arquivo do Museu Imperial. Cartas de D. Pedro II a Isabel. In: Coleção Grão Pará – Cartas da<br />
família imperial (manuscritas). Fundo: XXXIX-1-22; 1881; Documentos: 24. Carta de 08 de Maio<br />
de 1881.<br />
713 PIRES. Op. cit. 2007. P. 168.