UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP
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Elas ridicularizavam as viagens do Imperador ao exterior, a paixão pelo<br />
estudo e erudição em temas que não se adequavam à realidade do país, o<br />
envolvimento com a maçonaria e, sobretudo, o cansaço que abatia o “velho”<br />
Monarca, como por exemplo, a sonolência nos atos solenes, e o que acreditavam<br />
se tratar de um desinteresse imperial em governar.<br />
Em um dos periódicos utilizados no segundo capítulo do presente trabalho,<br />
muitas críticas foram direcionadas a D. Pedro II, trata-se da Revista Ilustrada,<br />
propriedade do italiano Angelo Agostini, nascido em 1843, em Vercelli, província<br />
de Piemonte. Angelo viveu aproximadamente dez anos na França, vindo para o<br />
Brasil aos 16 anos, acompanhando sua mãe. O desembarque ocorreu no Rio de<br />
Janeiro e pouco tempo depois, Agostini seguiu para São Paulo, onde deu início à<br />
profissão de caricaturista, trabalhando primeiramente, no periódico Diabo Coxo.<br />
O jornal era redigido por Luís Gama, “ex-escravo, abolicionista e liberal”,<br />
e contava com a colaboração de “Sizenando Nabuco – irmão mais novo do<br />
defensor da causa abolicionista Joaquim Nabuco”. 666 De acordo com Rosangela<br />
de Jesus Silva, as ideias políticas de Angelo Agostini, tomaram forma a partir<br />
desse contexto: “Seus companheiros de jornal Luís Gama e Sizenando Nabuco<br />
tinham posições muito firmes no sentido anti-escravista”, além disso, Luís Gama<br />
era um homem “com experiência política e social suficiente para plantar junto a<br />
jovens como Agostini os germes do abolicionismo e do liberalismo”. 667<br />
Posteriormente, em parceria com Américo de Campos e Antônio Manuel<br />
dos Reis, fundou o periódico O Cabrião, “que se compromete a dizer a verdade, é<br />
um observador atento e crítico dos acontecimentos políticos, religiosos, culturais e<br />
de costumes em geral, ainda da incipiente cidade de São Paulo”. 668 Para<br />
Rosangela de Jesus Silva, a orientação política d’ O Cabrião era “abolicionista,<br />
liberal e com sinais das ideias republicanas”. 669<br />
A vida útil da folha foi breve. Com apenas um ano de publicação, em 1867<br />
o periódico encontrou seu fim e Agostini buscou novas possibilidades na Corte,<br />
666 SILVA, Rosangela de Jesus. Angelo Agostini: crítica de arte, política e cultura no Brasil do<br />
Segundo Reinado. Revista de História da Arte e Arqueologia, número 6, dezembro de 2006. P.<br />
111.<br />
667 Idem.<br />
668 Idem. P. 109.<br />
669 Idem. P. 111.