UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP
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o governo não dava aos militares a atenção que eles mereciam em compensação<br />
pelo esforço de guerra”. 661<br />
165<br />
Nos anos 1880, o major Benjamin Constant propagou dentro das escolas<br />
militares, ideias positivistas que: “Em seu esquema evolucionista, [...] considerava<br />
a república um regime superior à monarquia”. 662 Por valorizarem os estudos<br />
teóricos, como a matemática e a ciência, a expansão dos ideais positivistas<br />
agravou ainda mais o quadro de descontentamento quanto ao lugar que o grupo<br />
ocupava na sociedade, uma vez que a “mocidade militar”, expressão utilizada por<br />
Maria Tereza Chaves de Mello, se considerava mais instruída e preparada que os<br />
bacharéis, para modernizar e elevar o país a um estágio superior da civilização, a<br />
República. 663<br />
Dessa forma, a aversão militar ao governo imperial, devido ao sentimento<br />
de falta de oportunidade dentro do sistema e o desprestígio profissional perante a<br />
sociedade, só fizeram aumentar sua revolta e oposição ao Estado, assim como o<br />
desgaste entre a Coroa e a classe senhorial, que permaneceu sentindo-se traída<br />
pelo Monarca. O afastamento entre a elite proprietária e a Coroa, afetou as<br />
estruturas do Império, uma vez que essa elite era a grande responsável pela base e<br />
apoio econômico do país.<br />
Em meio à agitação política, as críticas a D. Pedro II se tornaram cada vez<br />
mais frequentes e ganharam o espaço público. Através das caricaturas publicadas<br />
nas folhas impressas – que desde os anos 1870 se incorporaram ao cotidiano da<br />
Corte com mais veemência –, os membros do Partido Republicano foram os<br />
grandes responsáveis pela propagação de imagens depreciativas do Imperador e<br />
do regime monárquico. 664<br />
Como “resultado da indiferença com que o monarca encarava os negócios<br />
de Estado, ou da atitude oscilante que começava a ostentar publicamente”, 665 o<br />
Soberano recebeu nas folhas ilustradas, a alcunha de “Pedro Banana”. As sátiras<br />
envolvendo os representantes do Governo, utilizavam o humor para informar e<br />
funcionavam, principalmente, como espaço de crítica e denúncia política.<br />
661<br />
CARVALHO. Op. cit. 2007. P. 195.<br />
662<br />
Idem.<br />
663<br />
MELLO, Maria Tereza Chaves de. A República Consentida: cultura democrática e científica do<br />
final do Império. Rio de Janeiro: Ed. UDV: editora da Universidade Federal Rural do Rio de<br />
Janeiro (Edur), 2007. P. 37 e 38.<br />
664<br />
SCHWARCZ. Op. cit. 1998.<br />
665 Idem. P. 416.