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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP

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164<br />

Eu me achei entre não menos de 50 mil Brasileiros, que<br />

estiveram em contato com os povos dos Estados vizinhos, e eu<br />

sei por mim, e por confissão de muitos dos mais ilustrados<br />

dentre eles, quantas vezes a permanência dessa instituição<br />

odiosa no Brasil nos vexava e nos humilhava ante o<br />

Estrangeiro. 657<br />

Após calorosos debates e a análise do projeto emancipacionista, a<br />

comissão formada pela Câmara dos Deputados, deu parecer favorável à adoção da<br />

lei em 30 de junho de 1871: “O projeto passou na Câmara por 61 votos a 35 e foi<br />

aprovado no Senado com menor dificuldade”. 658 Sob o Gabinete do Visconde do<br />

Rio Branco, em 28 de setembro de 1871, foi sancionada a Lei do Ventre Livre,<br />

sendo assinada pela então regente do Brasil, princesa Isabel: “Desde esse dia,<br />

nenhum homem mais nasceu escravo no Brasil, e a glória da civilização sem<br />

mancha iluminou a frente vencedora do eminente estadista do império”. 659<br />

Segundo Sidney Chalhoub, a resistência às propostas se deu<br />

principalmente entre o núcleo dos grandes proprietários, que atuavam a partir de<br />

uma política de domínio assentada na inviolabilidade de sua vontade e viam a<br />

exploração da mão-de-obra escrava como o meio mais comum de enriquecimento.<br />

A insatisfação e questionamentos levantados pela elite proprietária de<br />

terras e de escravos, contra o modelo governamental brasileiro, somaram-se ao<br />

coro de reclamações, reivindicações oriundas do setor militar.<br />

Os militares, descontentes com sua ínfima participação no quadro político<br />

nacional e visando um “novo status” social, 660 reforçaram o movimento<br />

republicano, juntamente a uma parcela da classe senhorial.<br />

Essa insatisfação, que ganhou espaço nos anos 1870 entre os militares e a<br />

elite proprietária, teve continuidade na década de 1880, destacando-se então, a<br />

atuação militar.<br />

Desde o regresso da Guerra do Paraguai, os militares demandavam por<br />

maior participação na vida política do país, contudo, o poder permaneceu nas<br />

mãos dos integrantes da elite civil, o que criou entre o setor, “a convicção de que<br />

657 LYRA, Heitor. Op. cit. 1977. Vol. 1. P. 162.<br />

658 CARVALHO. Op. cit. 2007. P. 136.<br />

659 REVISTA AMERICANA. Op. cit. 2001. P. 338.<br />

660 JESUS, Ronaldo Pereira de. Visões da Monarquia: escravos, operários e abolicionismo na<br />

corte. Belo Horizonte, MG: Argvmentvm, 2009. P. 64.

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