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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP

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Possivelmente, o pronunciamento de Rio Branco tenha representado nessa<br />

ocasião, a opinião da maior parte dos políticos: “Não há entre nós um partido que<br />

tomasse a peito a abolição da escravidão. Ninguém supunha essa medida tão<br />

próxima”. 652<br />

163<br />

Depois de acirradas discussões, chegou-se a um consenso, praticamente<br />

todos – favoráveis e contrários à lei – estavam de acordo em retomar o projeto<br />

quando a Guerra do Paraguai terminasse, pois o país teria recomposto as finanças<br />

do Estado, da lavoura e do comércio.<br />

Como apontou José Murilo de Carvalho, terminada a guerra em 1870,<br />

pressões por alguma iniciativa governamental tiveram início: “Era certo que o<br />

governo imperial movia-se novamente para a emancipação gradual, ainda que<br />

contra os interesses dos barões do café e dos políticos que os representavam”. 653<br />

Nesse momento, estava no poder, o Gabinete de Joaquim José Rodrigues<br />

Torres, o Visconde de Itaboraí, que resistiu ao máximo às propostas de<br />

emancipação, buscando retardar sua aprovação. Como consequência de seus atos,<br />

o Presidente do Conselho de Ministros sofreu críticas veementes e: “Vendo-se em<br />

posição contrária à de d. Pedro, Itaboraí decidiu pedir demissão”. 654<br />

O Monarca aprovou a solicitação e em setembro do mesmo ano o cargo foi<br />

ocupado por Pimenta Bueno, então Visconde de São Vicente, o autor original dos<br />

projetos de libertação. O tema da emancipação retornou à ordem dos debates,<br />

ainda que contra os interesses dos barões de café e seus representantes. 655<br />

Em março de 1871, São Vicente renunciou à função em favor de José<br />

Maria da Silva Paranhos, o Visconde do Rio Branco, anteriormente contrário à<br />

proposta de lei, mas que aderiu à causa abolicionista durante a Guerra do<br />

Paraguai. Segundo a Revista Americana, “Rio Branco organizou rapidamente seu<br />

famoso gabinete, o mais fecundo do império”. 656<br />

Em junho de 1871, ao discursar em defesa do projeto na Câmara dos<br />

Deputados, Rio Branco elucidou sua mudança de posição:<br />

652 CARVALHO. Op. cit. 2007. P. 133.<br />

653 CHALHOUB. Op. cit. 2003. P. 164.<br />

654 CARVALHO. Op. cit. 2007. P. 135.<br />

655 CHALHOUB. Op. cit. 2003. P. 164.<br />

656 Sobre a administração do visconde do Rio Branco, ver: La Diplomacia de La Triple Alianza –<br />

El Barón de Cotegipe y Manuel Quintana (1871). In: REVISTA AMERICANA: uma iniciativa<br />

pioneira de cooperação intelectual (1909-1919). Ed. fac-similar. Brasília: Senado Federal, 2001.

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