UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP
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passa de uma questão de forma e oportunidade”. 648 O posicionamento do<br />
Soberano gerou reação e grande efervescência entre políticos e fazendeiros.<br />
Segundo Joaquim Nabuco, a proposta teve<br />
162<br />
o efeito de um raio caindo de céu sem nuvens. Ninguém<br />
esperava tal pronunciamento. Tocar assim na questão da<br />
escravidão pareceu a muitos, na perturbação do momento, uma<br />
espécie de sacrilégio histórico, de loucura dinástica, de suicídio<br />
nacional. 649<br />
Favorável à causa emancipacionista, em 1867 o Imperador nomeou uma<br />
comissão do próprio Conselho, presidida por Nabuco de Araújo, que teria como<br />
finalidade a formulação de um projeto baseado na opinião da maioria dos<br />
conselheiros.<br />
A resistência ao projeto foi clara desde o início de seu desenvolvimento,<br />
tendo à frente da linha de oposição, a elite proprietária e alguns políticos, em sua<br />
maioria conservadores. A fim de justificar os motivos para tal objeção, a classe<br />
senhorial relacionou sua resistência à dependência econômica do país da mão-de-<br />
obra escrava, considerada a maior responsável pela pujança da economia de<br />
exportação. 650<br />
Um dos conselheiros contrários ao projeto, José Maria da Silva Paranhos,<br />
futuro Visconde do Rio Branco, apresentou seu ponto de vista sobre a questão<br />
servil:<br />
no estado atual da sociedade brasileira, mesmo os espíritos mais<br />
afoitos não agitariam semelhante reforma, se o governo<br />
imperial (Vossa Majestade Imperial permitir-me-á esta<br />
franqueza) não fosse o primeiro em julgar que era chegada ou<br />
estava mui próxima a oportunidade de tão profunda mudança no<br />
modo de ser de nossos estabelecimentos agrícolas. 651<br />
Percebemos então, que para os escravocratas, o momento era considerado<br />
inoportuno e assim sendo, a iniciativa de D. Pedro II foi considerada precipitada.<br />
648 CARNEIRO, Edison. Antologia do negro brasileiro: de Joaquim Nabuco a Jorge Amado, os<br />
textos mais significativos sobre a presença do negro em nosso país. Rio de Janeiro: Agir, 2005. P.<br />
55-56.<br />
649 CARVALHO. Op. cit. 2008. P. 305.<br />
650 Para outras justificativas dadas pela oposição à aprovação da lei, ver: CHALHOUB. Op. cit.<br />
2003. P. 143 a 150; CARVALHO. Op. cit. 2008. P. 307.<br />
651 CHALHOUB. Op. cit. 2003. P. 148.