UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP
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15<br />
No jogo simbólico o título de nobreza, concedido pela figura<br />
imperial, permitiu àqueles que se encontravam no tecido social,<br />
o reconhecimento coletivo, uma vez que foi uma concessão de<br />
um agente autorizado pelo senso comum a exercer e<br />
monopolizar as regras que garantiam a segurança social, o<br />
monopólio da violência simbólica legítima. O título garantia a<br />
celebridade de um indivíduo, uma diferenciação concedida pelo<br />
próprio Imperador, detentor oficial do monopólio sobre os<br />
signos que envolvem a monarquia. 8<br />
A década de 1870 não foi marcada apenas pelas críticas direcionadas ao<br />
regime monárquico, mas também por modificações nos cerimoniais de viagem:<br />
“Com o Império já consolidado a prática da unidade nacional permanece através<br />
da presença do Imperador, mas o cerimonial já não trazia o mesmo aparato: as<br />
viagens foram mais curtas, sem a mesma ostentação e pompa”. 9<br />
Ao retornar do exterior pela primeira vez, D. Pedro II aboliu o beija-mão e<br />
o uso de trajes majestáticos, passando a vestir-se frequentemente com uma casaca<br />
preta: “A vivência da unidade nacional, ainda importante, sobreviveu através da<br />
figura de um Imperador mais secularizado e de um cerimonial real bem menos<br />
soutos”. 10<br />
As visitas ao interior do país possibilitaram ao Soberano ser reconhecido<br />
pelos membros da corte local e com eles se relacionar em um contexto de<br />
instabilidade do regime vigente. Os ritos e cerimoniais que o acompanharam<br />
durante as excursões, possivelmente atuaram como uma expressão de poder do<br />
Estado monárquico. Nestas ocasiões o Monarca apresentava-se “como um elo da<br />
união entre a região e o Império, como a encarnação viva do Poder Moderador<br />
perante os súditos e os políticos brasileiros”. 11<br />
A partir das questões aqui apresentadas, nos propomos a abordar as<br />
viagens que D. Pedro II fez a Minas Gerais no decorrer do ano de 1881. Nosso<br />
intuito é descrever a história de viagem, assim como o trajeto percorrido pelo<br />
Soberano e sua comitiva, sendo necessário, portanto, fazer o levantamento das<br />
localidades que receberam os visitantes. Visamos também identificar as pessoas<br />
com as quais o Monarca teve mais contato e envolvimento no decorrer da<br />
excursão, demonstrar seu interesse em melhor conhecer a região, descrever as<br />
8<br />
GENOVEZ. Op. cit. 2002. P. 35.<br />
9<br />
Idem. P. 22.<br />
10<br />
Idem. P. 23.<br />
11<br />
Idem. P. 91.