UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP
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discordou: “Como Chefe do poder civil, e defensor nato da Constituição<br />
brasileira, protesto”. 363<br />
102<br />
Em carta ao bispo de Mariana, o padre Clavelin afirmou que: “Os rostos<br />
dos Seminaristas, que até então mostraram grande alegria pela presença do<br />
Monarca, cobriram-se logo de uma expressão de tristeza, manifestando assim a<br />
profunda mágoa que lhe causara tal protesto”. 364<br />
Ao perceber que o professor permaneceu disposto a provar a superioridade<br />
da Igreja sobre o Estado, o padre superior propôs que outros assuntos fossem<br />
abordados. Como para Chanavat a discussão não havia terminado, quando o<br />
Soberano passou por um grupo de seminaristas, o padre lhe disse que “não<br />
admitia o seu protesto, e que era escandaloso um Monarca Católico protestar<br />
contra a doutrina da Igreja e diante de alunos de Teologia”. 365<br />
Apesar do desacato, D. Pedro II<br />
respondeu que admitia o poder eclesiástico para as causas<br />
espirituais; mas como o lente acrescentara que também o devia<br />
admitir para as questões mistas, S. M. não respondeu<br />
diretamente, afirmando só que é Católico, mas tolerante,<br />
enquanto o lente é intolerante. 366<br />
Após o ocorrido, o Imperador conversou com o padre Clavelin e afirmou<br />
que era contrário a abusos de autoridade eclesiástica, e que nessas circunstâncias,<br />
as decisões não caberiam unicamente à apreciação do clero.<br />
Coincidência ou não, nesse contexto, a Revista Ilustrada publicou uma<br />
caricatura, acompanhada por uma nota, que acreditamos estar relacionada ao<br />
incidente: “As coisas não andam boas; o Padre Eterno está zangado... Horríveis<br />
terremotos tem abalado o velho mundo!”. 367<br />
363<br />
Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana. Memórias – Caraça – Visita de D. Pedro II<br />
– 1878-1898. Fundo: Livros Diversos – Armário VII – Prateleira 4. P. 24 (Carta remetida pelo<br />
Colégio do Caraça ao Bispo de Mariana).<br />
364<br />
Idem.<br />
365<br />
Idem.<br />
366<br />
Idem.<br />
367<br />
Revista Ilustrada. Rio de Janeiro, ano 6, número 245, 1881. P. 4.