UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ... - ICHS/UFOP
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101<br />
Em 1875, o Monarca concedeu exoneração a Rio Branco e o Duque de<br />
Caxias assumiu o novo Ministério. Para Caxias, o único meio possível para se<br />
conseguir a suspensão dos interditos por meio da Santa Sé, seria conseguindo a<br />
anistia dos bispos. Solicitou então a aprovação de D. Pedro II, que acabou<br />
cedendo ao pedido, afinal Caxias impusera: “a anistia ou a retirada do<br />
Gabinete”. 358 Para o Imperador, os bispos deveriam sofrer as consequências de<br />
seus atos, posto que violaram as leis do Império, contudo, mesmo não<br />
concordando com a anistia, a concedeu em 17 de setembro de 1875. Mesmo com<br />
a concessão, “as relações entre Igreja e Estado ficaram para sempre<br />
arranhadas”. 359<br />
Ao indagar sobre o ensino do placet no colégio, o Governante agitou uma<br />
“caixa de marimbondos”. 360 O professor da disciplina, padre João Chanavat,<br />
convidou o seminarista Rodolfo Augusto de Oliveira Pena para discorrer sobre o<br />
que aprenderam. O aluno “começou dizendo ser falsa e contrária aos<br />
ensinamentos do Concílio Vaticano a doutrina que julgava necessário o Placet<br />
para que os atos pontifícios tivessem força de lei num país católico”. 361<br />
A resposta incomodou o Monarca e como se a explicação do seminarista<br />
não fosse suficiente, o professor pediu ainda, que ele expusesse quantos poderes<br />
haviam na sociedade e o aluno afirmou que haviam dois poderes, o eclesiástico e<br />
o civil, e:<br />
acrescentou que ambos os poderes eram distintos e livres na sua<br />
esfera; mas que o eclesiástico, o qual tem objeto mais alto, o<br />
bem sobrenatural e eterno, e extensão territorial maior, pois<br />
abrange o mundo todo, enquanto o poder civil tem por objeto<br />
imediato o bem temporal e se limita a cada nação em<br />
particular. 362<br />
Ao ouvir a assertiva, D. Pedro II interrompeu a explicação e perguntou o<br />
que era feito quando se tratava de questões mistas. O professor tomou a palavra e<br />
afirmou que, nesse caso, a decisão caberia à Igreja. Instantaneamente o Imperador<br />
358<br />
LYRA, Heitor. História de Dom Pedro II, 1825-1891. Belo Horizonte, Itatiaia; São Paulo, Ed.<br />
Da Universidade de São Paulo, 1977. Vol. 2. P. 217 e 218.<br />
359<br />
CARVALHO. Op. cit. 2007. P. 156.<br />
360<br />
ZICO. Op. cit. s/d. P. 63.<br />
361<br />
Idem. P. 64.<br />
362<br />
Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana. Memórias – Caraça – Visita de D. Pedro II<br />
– 1878-1898. Fundo: Livros Diversos – Armário VII – Prateleira 4. P. 24 (Carta remetida pelo<br />
Colégio do Caraça ao Bispo de Mariana).