Disciplina: Cálculo Diferencial e Integral II - UFPB Virtual
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<strong>Disciplina</strong>: <strong>Cálculo</strong> <strong>Diferencial</strong> e <strong>Integral</strong> <strong>II</strong><br />
Professor: Eduardo Gonçalves dos Santos<br />
Curso de Licenciatura em Matemática – <strong>UFPB</strong>VIRTUAL<br />
eduardo@mat.ufpb.br<br />
Ambiente <strong>Virtual</strong> de Aprendizagem: Moodle www.ead.ufpb.br<br />
Site da <strong>UFPB</strong>VIRTUAL www.virtual.ufpb.br<br />
Site do curso www.mat.ufpb.br/ead<br />
Telefone <strong>UFPB</strong>VIRTUAL (83) 3216 7257<br />
Carga horária: 60 horas Créditos: 04<br />
Ementa<br />
Descrição<br />
Derivadas e Integrais.<br />
Esta disciplina consiste de uma continuação do estudo das derivadas iniciado no curso de <strong>Cálculo</strong><br />
<strong>Diferencial</strong> e <strong>Integral</strong> I, bem como de uma apresentação ao conceito de integral. O programa da disciplina está<br />
dividido em cinco unidades. Na primeira ampliaremos o nosso leque de regras de derivação, através de um<br />
aprofundamento no estudo da regra da cadeia que possibilitará a derivação de funções compostas, bem como de<br />
funções dadas na forma implícita e de funções inversas. A segunda unidade aborda algumas aplicações da<br />
derivada, destacando-se aí aquelas relativas ao estudo do comportamento de uma função no que se refere a<br />
máximos, mínimos, crescimento, decrescimento e concavidades. A terceira unidade introduz os conceitos de<br />
integral definida e primitiva, relacionando-os através do chamado Teorema Fundamental do <strong>Cálculo</strong>. A quarta<br />
unidade faz um estudo sobre algumas técnicas para a determinação de primitivas. Na quinta unidade serão dadas<br />
algumas aplicações geométricas da integral definida, como o cálculo de áreas, volumes e comprimentos de arcos.<br />
Também durante a quarta unidade será feito um rápido estudo sobre o sistema de coordenadas polares.<br />
As idéias presentes neste curso são bastante antigas e sobre elas vários homens de ciência dedicaram boa<br />
parte de suas carreiras nos mais variados períodos da história da humanidade. Dentre eles, podemos citar<br />
Arquimedes de Siracusa, Isaac Newton, Gottfried Leibniz, Pierre Fermat, Augustin Cauchy, Joseph-Louis<br />
Lagrange, Julius Dedekind, Bernhard Riemann e Karl Weierstrass.<br />
Esse ramo da Matemática, conhecido em um contexto mais avançado como Análise Matemática,<br />
despertou paixões, causou crises e, logicamente, promoveu o avanço do conhecimento humano. O seu estudo,<br />
além de enriquecedor no sentido da aquisição pura e simples do conhecimento, é útil e importante na formação<br />
do futuro professor uma vez que proporciona uma forte ligação entre conceitos de aspectos puramente teóricos a<br />
situações das mais variadas naturezas.<br />
Objetivos<br />
Ao final do curso, espera-se que o aluno esteja habilitado a:<br />
Compreender o funcionamento da regra da cadeia e utilizá-la no cálculo de derivadas de funções<br />
dadas tanto na forma explícita quanto na forma implícita.<br />
Compreender a interpretação dada à derivada de uma função como sendo uma velocidade e utilizá-la<br />
na resolução de diversos problemas.<br />
Estudar o comportamento de uma função no que diz respeito a pontos extremos, concavidade e<br />
comportamento no infinito.<br />
Esboçar com rigor o gráfico das principais funções.<br />
Compreender o significado da integral definida e relacioná-lo com o conceito de primitiva.<br />
65
Utilizar a integral definida para calcular áreas, volumes e comprimentos de arco em alguns casos.<br />
Ler, interpretar e comunicar idéias matemáticas.<br />
Unidades Temáticas Integradas<br />
Unidade I Regras de Derivação<br />
• Derivada da função composta<br />
• Derivada de funções dadas na forma implícita<br />
• Derivada da função inversa<br />
• Derivadas de algumas funções inversas<br />
Unidade <strong>II</strong> Interpretando e Utilizando a Derivada<br />
• Taxas de variação<br />
• Crescimento e decrescimento<br />
• Máximos e mínimos locais<br />
• Máximos e mínimos globais<br />
• Concavidade e pontos de inflexão<br />
• Esboço de gráficos<br />
• O Teorema do valor médio<br />
Unidade <strong>II</strong>I <strong>Integral</strong> Definida e Primitivas<br />
• Motivação inicial: o problema da área<br />
• <strong>Integral</strong> definida: definição e propriedades<br />
• Primitivas<br />
• O teorema fundamental do cálculo<br />
Unidade IV Algumas Técnicas para se Encontrar Primitivas<br />
• Integração por substituição<br />
• Integração por partes<br />
• Substituições trigonométricas<br />
• O método das frações parciais<br />
Unidade V Aplicações Geométricas da <strong>Integral</strong> Definida<br />
• <strong>Cálculo</strong> de áreas<br />
• O sistema de coordenadas polares<br />
• Comprimentos de arcos<br />
• Volumes de sólidos de revolução<br />
66
Unidade I: Regras de Derivação<br />
1. - Situando a Temática<br />
No curso de <strong>Cálculo</strong> <strong>Diferencial</strong> e <strong>Integral</strong> I tivemos a oportunidade de definir e interpretar<br />
geometricamente um objeto bastante importante na matemática que é a derivada de uma função. Vimos que para<br />
obtê-la existem algumas regras que evitam o uso da definição e tornam seu cálculo bastante simplificado. Nesta<br />
unidade ampliaremos o estudo da Regra da Cadeia o que nos permitirá derivar uma quantidade considerável de<br />
funções.<br />
Além disso, utilizaremos a referida regra para obter a derivada de funções dadas na forma implícita e a<br />
derivada da inversa de algumas funções.<br />
2. - Problematizando a Temática<br />
As primeiras regras de derivação que foram estudadas em <strong>Cálculo</strong> <strong>Diferencial</strong> e <strong>Integral</strong> I não eram<br />
suficientes para derivar uma quantidade importante de funções como determinados tipos de funções compostas.<br />
Para tratar desse problema, tornou-se necessária a introdução de uma nova regra, conhecida como Regra da<br />
Cadeia. Aqui vamos explorar este tema de uma forma mais profunda.<br />
3. - Conhecendo a Temática<br />
3.1. - Derivada da Função Composta<br />
No curso de Matemática para o Ensino Básico <strong>II</strong> tomamos contato com uma situação que permitia obter<br />
uma nova função a partir de duas outras. Mais especificamente, dadas f : A→Be g : B→ C funções,<br />
definimos a função h: A C<br />
h x = g f x . A função h é chamada de função composta de<br />
( )<br />
→ pela fórmula ( ) ( )<br />
g e f e denotada por g f.<br />
Estamos interessados aqui em obter uma fórmula que forneça a derivada da função<br />
h a partir das derivadas de f e g . Com esse objetivo em mente vamos analisar o seguinte exemplo:<br />
h x = 2x+ 3 e vamos tentar obter sua derivada. O nosso impulso<br />
inicial é desenvolver o quadrado do binômio. Fazendo isso ficamos com:<br />
Exemplo 3.1.1. Considere a função ( ) ( ) 2<br />
( )<br />
h x = x + x+<br />
Agora usamos a regra de derivação de polinômios e vemos que:<br />
( )<br />
2<br />
4 12 9.<br />
h'x = 8x+ 12.<br />
Aqui há algo que simplificou bastante essa tarefa: o expoente do binômio é pequeno, o que permitiu que nós o<br />
desenvolvêssemos. Se o expoente fosse, por exemplo, 20, tal desenvolvimento, apesar de possível, seria bastante<br />
laborioso e o cálculo da derivada tornar-se-ia bastante penoso. Imagine o caso em que o expoente é 100.<br />
A situação discutida no Exemplo 3.1.1. nos mostra ser necessário o conhecimento de uma nova regra de<br />
derivação que permita derivar funções como aquela que lá foi discutida. Essa nova regra será chamada Regra da<br />
Cadeia pelo fato de que as derivadas serão executadas como num processo em cadeia, em seqüência. Vamos<br />
revisitar o Exemplo 3.1.1. a fim de que possamos ter uma pista acerca do funcionamento da dita regra.<br />
Exemplo 3.1.1 (Revisitado). Em primeiro lugar vamos encarar h como uma função composta. De fato, se<br />
2<br />
fizermos g ( x) = x e f ( x) = 2x+ 3 então vemos que h( x) = g( f ( x)<br />
). Agora perceba que:<br />
( ) ( )<br />
h' x = 8x+ 12= 2× 2x+ 3 ×<br />
2.<br />
67
( ) ( )<br />
Mas veja que g '( x) = 2x,<br />
f '( x ) = 2 e g' f ( x) = 2× 2x+ 3 . Portanto olhando para a expressão de<br />
h'( x ) obtida antes vemos que:<br />
h'( x) = g'( f ( x) ) × f ' ( x)<br />
.<br />
A conclusão obtida na nova visita que fizemos ao Exemplo 3.1.1. nos dá uma pista sobre o aspecto da Regra da<br />
Cadeia. Ela sugere que a derivada da função composta é obtida multiplicando as derivadas das funções<br />
envolvidas, mas com uma ressalva: nesse produto a derivada da função g está calculada no ponto f ( x ) . Em<br />
termos mais precisos podemos enunciá-la assim.<br />
( )<br />
Regra da Cadeia: Se h( x) g f ( x)<br />
= e f e g são funções deriváveis então<br />
( ) ( )<br />
( ) ( )<br />
h' x = g' f x × f ' x .<br />
A demonstração da Regra da Cadeia ficará postergada para o curso de Introdução à Análise. Aqui vamos<br />
explorar o seu poder para derivar funções mais complexas. Veremos agora diversos exemplos.<br />
Exemplo 3.1.2. Calcule a derivada das seguintes funções:<br />
a. ( ) ( ) 2008<br />
h x = 2x+ 3 b. h( x)<br />
2 ⎛3x+ 4x⎞<br />
= ⎜ 2 ⎟<br />
⎝ 2x+ 1 ⎠<br />
5<br />
( ),<br />
c. h( x)<br />
68<br />
⎛ 2x+ 1⎞<br />
= ⎜ ⎟<br />
⎝5x+ 3⎠<br />
−2<br />
h x = 3x + 5x + 6x<br />
d. ( ) 3 2<br />
2008<br />
Vejamos a letra (a). Temos que h( x) = g f ( x)<br />
onde f ( x) = 2x+ 3 e g( x) = x . Como ( )<br />
2007<br />
g'( x) = 2008 x , segue pela regra da cadeia que:<br />
2007 2007<br />
h'( x) = 2008( 2x+ 3) × 2 = 4016( 2x+ 3 ) .<br />
f ' x = 2e<br />
Vejamos a letra (b). Aqui vamos precisar lembrar a regra de derivação do quociente. Em primeiro lugar temos<br />
2<br />
3x+ 4x<br />
h( x) = g( f ( x)<br />
), onde f ( x)<br />
= 2<br />
2x1 g x = x . Note que:<br />
g ' x = 5 x .<br />
e que ( ) 4<br />
( )<br />
f ' x<br />
Assim, pela regra da cadeia, podemos dizer que:<br />
+ e ( ) 5<br />
( 2 + 1)( 6 + 4) − ( 3 + 4 )( 4 ) 6 + 4−8 2 ( 2x + 1) 2 ( 2x + 1)<br />
x x x x x x x<br />
= =<br />
2 2 2<br />
( )<br />
2 2<br />
( x +<br />
4<br />
x) ( x+ − x )<br />
( )<br />
⎛3x + 4x⎞ 6x+ 4−8x 53 4 6 4 8<br />
h'( x)<br />
= 5⎜<br />
⎟<br />
=<br />
⎝ ⎠ + +<br />
2<br />
4<br />
2<br />
2 2<br />
2<br />
2 6<br />
2x+ 1 2 2<br />
2x 1 2x 1<br />
Passemos à letra (c). Temos que h( x) = g f ( x)<br />
onde f ( x)<br />
( )<br />
f ' x<br />
( x+ ) − ( x+<br />
)<br />
( 5x+ 3) ( 5x+ 3)<br />
25 3 52 1 1<br />
= =<br />
2 2<br />
( ),<br />
2x+ 1<br />
=<br />
5x3 g'x −2<br />
= . Portanto<br />
x<br />
e que ( ) 3<br />
+ e ( ) −2<br />
g x x .<br />
.<br />
= Agora note que
Finalmente, vejamos a letra (d). Note que ( ) ( )<br />
Como g'( x)<br />
=<br />
1<br />
e f '( x) 2<br />
9x 10x 6<br />
69<br />
25 ( x + 3)<br />
( )<br />
2 1<br />
h'( x)<br />
=− × =−<br />
3 2<br />
⎛ 2x+ 1⎞ ( 5x+ 3) ⎜ ⎟<br />
⎝5x+ 3⎠<br />
3<br />
2x+ 1<br />
.<br />
h x = g( f x ), onde g ( x) =<br />
3 2<br />
xe<br />
f ( x) = 3x + 5x + 6x.<br />
= + + , temos que<br />
2 x<br />
2<br />
1 2<br />
9x + 10x+ 6<br />
h'( x) = × ( 9x + 10x+ 6)<br />
=<br />
.<br />
2 2 2 2<br />
2 3x+ 5x + 6x 2 3x + 5x + 6x<br />
Exemplo 3.1.3. Na tabela abaixo, são dadas informações sobre as funções f e g :<br />
x f ( x )<br />
f '(<br />
x )<br />
g ( x )<br />
g '(<br />
x )<br />
-1 2 3 2 -3<br />
2 0 4 1 -5<br />
( )<br />
= . Observe que, pela regra da cadeia, temos que<br />
Vamos determinar o valor de h '( − 1)<br />
, onde h( x) f g( x)<br />
h'( x) = f '( g( x) ) × g' ( x)<br />
, ou seja, quando fizermos 1,<br />
h'( 1) f '( g( 1) ) g'( 1) f '( 2) g'(<br />
1) 4 ( 3) 12<br />
e'( − 1)<br />
, onde e( x) = g( f ( x)<br />
). Com efeito, pela regra da cadeia, temos que ( ) ( )<br />
seja, e'( − 1) = g' f ( − 1) × f ' − 1 = − 5 × 3=− 15.<br />
x = − vamos obter<br />
− = − × − = × − = × − =− . De forma análoga, podemos calcular<br />
( ) ( ) ( )<br />
Exemplo 3.1.4. Calcule a derivada das seguintes funções:<br />
2<br />
= ( ( ) ) b. g( x) = cos ln ( x + 1)<br />
a. f ( x) sen cos tg( x)<br />
( )<br />
( ) ( )<br />
e' x = g' f x × f ' x , ou<br />
Observe que nesses dois exemplos há uma composição de mais de duas funções. Nesse caso, como em outros<br />
desse tipo, usamos uma interpretação muito útil e que simplifica bastante o uso da Regra da Cadeia. Se<br />
observarmos, em todos os exemplos até agora vistos, a regra da cadeia funciona assim:<br />
Começamos derivando a função mais externa, sem mexer naquela que está “dentro” dela e multiplicamos essa<br />
derivada pela derivada daquela que está “dentro”. Enquanto houver funções “dentro”, continuamos derivando,<br />
até chegarmos à variável independente.<br />
Vamos ver como funciona isso nesse caso. A função mais externa é o seno, em seguida vem o co-seno e por<br />
último vem a tangente. Seguindo a interpretação dada, primeiro derivamos o seno, sem mexer no que está dentro<br />
dele. Fazendo isso, obtemos cos( cos( tg ( x ) ) ) . Em seguida, multiplicamos essa derivada pela derivada da<br />
próxima função, sem derivar quem está dentro dela. Fazendo isso, obtemos<br />
cos cos tg x × − sen tg x . Finalmente, derivamos a última função e obtemos:<br />
( ( ( ) ) ) ( )<br />
( ( ) )<br />
2 2<br />
( ( ) ) ( ( ( ) ) ) ( ) ( ( ( ) ) ) ( ( ) ) ( )<br />
( ) ( )<br />
f ' x = cos cos tg x × − sen tg x × sec x =− cos cos tg x sen tg x sec x .<br />
Vejamos agora a letra (b). A função mais externa é o co-seno, seguida do logaritmo e por último a função<br />
quadrática. Repetindo o argumento anterior, ficamos com:
70<br />
2 ( ( ) )<br />
2 1 − 2xsen ln x + 1<br />
g'( x) =− sen( ln( x + 1) ) × × 2 x=<br />
.<br />
2 2<br />
x + 1 x + 1<br />
Ampliando o seu Conhecimento<br />
Leia com atenção os exemplos acima. Não deixe de compreender nenhuma passagem. Na plataforma<br />
MOODLE vamos disponibilizar mais exemplos resolvidos para que você fique bastante familiarizado<br />
com a regra da cadeia. Não deixe de visitar o nosso ambiente virtual.<br />
3.2. - Derivadas de funções dadas na forma implícita<br />
Na linguagem quotidiana a palavra implícita diz respeito a algo que não está dito de modo claro,<br />
evidente. Em matemática o significado é bastante semelhante. Para entendermos isso basta olharmos para as<br />
funções com as quais temos lidado até agora. Quando dizemos seja y = f ( x)<br />
uma função de x, fica claro,<br />
explícito a maneira de associar um único y para cada x atribuído. Entretanto, nem sempre as coisas acontecem<br />
assim. Em determinados contextos, nos é dada uma expressão envolvendo x e y e pergunta-se: em que condições<br />
essa expressão nos permite explicitar y como função de x, ou o contrário? A resposta não é simples e não<br />
trataremos desta questão aqui. O nosso principal interesse é o seguinte: Dada uma expressão envolvendo x e y, e<br />
supondo que essa expressão nos permita explicitar y como função de x, como fazer para encontrar a derivada de<br />
y com relação a x? Antes de prosseguirmos, convém adotarmos uma notação. Nesta seção a derivada de y com<br />
relação a x será denotada por y’. Vejamos através de alguns exemplos, como proceder para atingirmos nosso<br />
objetivo.<br />
Exemplo 3.2.1. Vamos olhar para a expressão xy = 1 cujo<br />
gráfico no plano cartesiano é uma curva chamada hipérbole que<br />
está desenhada ao lado. Observe que, neste caso, a expressão<br />
tanto fornece y como função de x como o contrário. Se<br />
quiséssemos encontrar y’ poderíamos proceder de duas maneiras.<br />
A primeira é expressar diretamente y como função de x usando a<br />
equação, o que resulta em:<br />
1<br />
y = ,<br />
x<br />
que, quando derivada, nos fornece<br />
1<br />
y ' =− .<br />
2<br />
x<br />
A segunda será aquela que nós utilizaremos com mais freqüência. Derivamos diretamente a expressão, sempre<br />
lembrando que é possível explicitar y como função de x. Fazendo isso, teremos:<br />
( ) '<br />
xy = 0 ,<br />
uma vez que a derivada da função constante é zero. Usando a regra do produto, ficaremos com:<br />
x'y+ xy'=<br />
0.<br />
como a derivada de x com relação a x é 1, temos que essa última igualdade toma o seguinte aspecto:<br />
y+ xy'=<br />
0,<br />
ou ainda,<br />
' .<br />
y −<br />
y =<br />
x
Notemos que se substituirmos y por 1 ,<br />
x obteremos nessa última expressão 2<br />
x<br />
71<br />
1<br />
y ' = − , ou seja, o mesmo que<br />
encontramos anteriormente. Agora um comentário sobre este exemplo: ele é muito especial, pois a expressão nos<br />
permite tirar y como função de x e o contrário. Agora vamos ver um exemplo onde não podemos fazer isso.<br />
4 3<br />
Exemplo 3.2.2. Supondo que a expressão xy− 3xy= 60defina<br />
implicitamente y como função de x, vamos<br />
encontrar y’. Usando a regra do produto e a regra da cadeia para derivar ambos os membros da igualdade com<br />
relação a x, ficaremos com:<br />
Agora isolando y’ ficamos com<br />
( )<br />
3 3 2 4<br />
4xy 3yyx ' 3 y xy'<br />
0<br />
+ − + = .<br />
3 3<br />
3y−4xy y ' =<br />
.<br />
2 4<br />
3yx − 3x<br />
Perceba uma diferença entre este exemplo e o anterior. No primeiro, y’ ficou apenas em função de x, enquanto<br />
que no segundo, y’ ficou em função tanto de y como de x. Isso aconteceu porque no primeiro exemplo pudemos<br />
explicitar y como função de x, enquanto que no segundo isso não foi possível.<br />
Lembre que, no curso de <strong>Cálculo</strong> <strong>Diferencial</strong> e <strong>Integral</strong> I, foi visto que a derivada de uma função f no ponto<br />
( a, f ( a ) ) é o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico daquela função naquele ponto. Portanto, quando<br />
calculamos a derivada y’ de uma função definida implicitamente por uma expressão envolvendo x e y o que<br />
estamos encontrando é o coeficiente angular da reta tangente àquela curva - já que no plano cartesiano a<br />
expressão é representada por uma curva - num dado ponto. Vamos ver dois exemplos sobre isso.<br />
Exemplo 3.2.3. Usando a técnica da derivação implícita, vamos<br />
encontrar a equação da reta tangente ao gráfico da curva<br />
3 3<br />
x y 6xy<br />
3,3 . Ao lado está mostrado o esboço<br />
+ = no ponto ( )<br />
de um pedaço dessa curva, conhecida como Fólium de Descartes.<br />
Observe que para encontrarmos a equação da reta pedida,<br />
devemos primeiro encontrar o seu coeficiente angular que será<br />
dado por y’, calculado em ( 3,3 ) . Derivando a equação da curva<br />
com respeito a x, ficamos com:<br />
2 2<br />
3x+ 3y y'= 6 y+ xy'<br />
.<br />
Isolando o termo y’, ficaremos com:<br />
( )<br />
2 2<br />
6y−3x2y−x y ' = = ,<br />
2 2<br />
3y−6xy−2x Agora fazendo x=3 e y=3, encontraremos y '= −1. Portanto, a equação da reta tangente ao Fólium de Descartes<br />
no ponto ( 3,3 ) será dada por:<br />
y − 3<br />
= −1,<br />
x − 3<br />
ou seja, y − 3= 3 −x, ou ainda, x+ y = 6. Veja que na figura acima a reta possui coeficiente angular negativo, o<br />
que se confirma no coeficiente por nós encontrado.
2 2<br />
Exemplo 3.2.4. Vamos determinar os pontos da curva x − xy+ y = 3, onde a reta tangente é horizontal. A<br />
curva dada representa uma elipse com eixos não paralelos aos eixos cartesianos. Para encontrarmos os pontos<br />
pedidos, devemos derivar a equação implicitamente com relação a x e encontrarmos os pontos onde y '= 0.<br />
Fazendo isso, obtemos:<br />
Isolando y ', ficamos com:<br />
3.3. - Derivada da função inversa<br />
( )<br />
2x− y + xy ' + 2yy '= 0.<br />
y−2x y ' =<br />
2y−<br />
x<br />
.<br />
Nos pontos que queremos determinar vale y '= 0.<br />
Portanto,<br />
y = 2x.<br />
Substituindo na equação da curva, teremos:<br />
Ampliando o seu Conhecimento<br />
A regra da cadeia vista anteriormente nos serve para encontrar a derivada da inversa de uma função.<br />
Vamos recordar a seguinte definição<br />
Uma função f : A→Bé dita invertível se existir uma outra função g : B A<br />
para todo x A<br />
( ) ,<br />
f g x = x para todo x ∈ B.<br />
∈ e ( )<br />
72<br />
( ) = ,<br />
→ de modo que ( )<br />
g f x x<br />
Em termos mais concretos, a função f é invertível, se existir uma outra função g que desfaça o que ela<br />
faz. Perceba que se f é invertível então a g que desfaz o que ela faz também é invertível, pois f desfaz o que g<br />
faz! Chamamos a função g de inversa da função f. Pela discussão precedente, a função f será chamada de inversa<br />
da função g.<br />
Exemplo 3.3.1. A função f : R R<br />
( ( ) ) ,<br />
g f x = x para todo x R<br />
x<br />
2<br />
2 ( 2x)<br />
+ ( 2 ) = 3,<br />
− x x<br />
ou seja, 3 3<br />
2 2<br />
x = o que nos fornece x = 1 e, portanto, x = 1 ou<br />
x = −1.<br />
Assim, substituindo em y = 2x,<br />
ficaremos com dois<br />
valores, y = 2 ou y = −2<br />
e daí os pontos serão ( 1 , 2)<br />
e ( − 1, −2)<br />
.<br />
Veja a figura ao lado.<br />
Existe um critério bastante interessante que nos permite dizer se uma dada expressão da forma<br />
F( x, y ) = 0 define y como função de x ou o contrário. Esse resultado é conhecido como Teorema<br />
da Função Implícita e é um dos principais resultados da disciplina chamada Análise Matemática.<br />
→<br />
3<br />
dada por f ( x) = x é invertível, pois a função ( )<br />
∈ e f g( x) = x para todo x ∈ R .<br />
( ) ,<br />
1<br />
3<br />
g x = x satisfaz
Nosso interesse agora é obter uma fórmula para o cálculo da derivada da função inversa. Seja então<br />
f : A→ B uma função invertível, onde A e B são subconjuntos de R..Derivando a igualdade<br />
( ( ) ) ,<br />
f g x = x ficaremos com<br />
( f ( g( x ) ) ) ' = 1,<br />
Usando a Regra da Cadeia, esta igualdade transforma-se em:<br />
ou seja, g ( x)<br />
fato:<br />
( ( ) )<br />
( ( ) ) ( )<br />
f ' g x × g' x = 1,<br />
1<br />
' = . para todo x onde essa fração fizer sentido. Podemos então enunciar o seguinte<br />
f ' g x<br />
Fórmula para a derivada da função inversa:<br />
Se f : A→ B é uma função invertível, onde A e B são subconjuntos de R e g : B→ A é a sua inversa, então<br />
1<br />
g' ( x)<br />
= .<br />
f ' g x<br />
onde essa fração fizer sentido<br />
Vamos discutir alguns exemplos.<br />
73<br />
( ( ) )<br />
f x = 2x + 5x+ 3.<br />
Podemos mostrar que f é invertível. Não faremos isso<br />
Exemplo 3.3.2. Considere a função ( ) 3<br />
aqui. Vamos explorar outro aspecto. Chamando a inversa de f de g, podemos calcular g '3. ( ) Usando a fórmula<br />
para a derivada da função inversa, temos que:<br />
g '3 ( ) = .<br />
f '( g(<br />
3)<br />
)<br />
2<br />
Sabemos que f '( x) = 6x + 5, mas não conhecemos o valor de g ( 3. ) Mas veja que se fizermos g ( 3)<br />
= a e<br />
levarmos em conta que g é a inversa de f, teremos que f ( a ) = 3. Como o único número cujo f é 3 é 0, segue que<br />
a=0. Portanto, usando a fórmula anterior, temos<br />
g '3 ( ) =<br />
f '<br />
1<br />
g 3<br />
=<br />
1<br />
f '0<br />
1 1<br />
= = .<br />
6× 0+ 5 5<br />
( ( ) ) ( ) 2<br />
3 3<br />
Exemplo 3.3.3. Considere a função f ( x) = x + 2 . Observe que a função inversa de f é g( x) = x−<br />
2 .<br />
Vamos calcular g '10 ( ) de duas maneiras: primeiro derivando g diretamente e segundo utilizando a fórmula<br />
para a derivada da função inversa. Derivando g, obtemos:<br />
( ) ( ) 2 − 1<br />
g' x = x−<br />
2 3 .<br />
3<br />
Portanto, ( ) ( ) 2 − 1 1<br />
g '10= 8 3 = . Agora vamos obter esse mesmo resultado usando a fórmula para a derivada<br />
3 12<br />
da função inversa. A dita fórmula nos diz que<br />
1<br />
g '10 ( ) = .<br />
f ' g 10<br />
2<br />
Observe que f '( x) = 3x<br />
e g ( 10) = 2 , portanto g ( )<br />
1<br />
( ( ) )<br />
1 1 1<br />
'10 = = = . 2<br />
f '2 3× 2 12<br />
( )
3.4. - Derivadas de algumas funções inversas<br />
Vamos utilizar os conhecimentos adquiridos nos parágrafos anteriores para obtermos a derivada de<br />
algumas funções inversas muito importantes.<br />
3.4.1. - Função Logarítmica<br />
x<br />
A função logarítmica é a inversa da função exponencial. Mais precisamente, seja f ( x) = e a função<br />
exponencial de base e. A inversa de f é a função g ( x) = ln ( x)<br />
. Sabemos do curso de <strong>Cálculo</strong> I que a derivada<br />
x<br />
de f é dada por f '(<br />
x) = e . Usando a fórmula para a derivada da inversa temos que<br />
( )<br />
g'x 1 1 1<br />
= = = , ou seja,<br />
f ' g x e x<br />
( ( x)<br />
)<br />
ln(<br />
x)<br />
( ( ) )<br />
' 1<br />
ln = , para todo x > 0.<br />
x<br />
Exemplo 3.4.1.1. Calcule a derivada das seguintes funções:<br />
2<br />
x<br />
= + b. f ( x) = ln ( 1+<br />
e )<br />
2<br />
a. f ( x) ln ( x 1)<br />
( ),<br />
2<br />
Observe que, na letra (a), f ( x) = m n( x)<br />
onde m( x) = ln ( x)<br />
e n( x) x 1.<br />
Cadeia, ficaremos com:<br />
( ) ( )<br />
No caso da letra (b), a função mais externa é ln ( ) .<br />
74<br />
= + Assim, usando a Regra da<br />
f ' x<br />
1 2x<br />
= m'( n x ) × n'( x) = × 2x=<br />
2 2<br />
x + 1 x + 1<br />
.<br />
x Vamos derivá-la, sem mexer no que está dentro dela, que no<br />
2<br />
x<br />
1<br />
nosso caso é 1+<br />
e . Feito isso obtemos . Em seguida, multiplicamos esse resultado pela derivada da<br />
2<br />
x<br />
1+<br />
e<br />
função que estava dentro. Só que essa também possui uma dentro de si. Assim, repetimos o mesmo processo de<br />
1<br />
2<br />
x<br />
antes. Quando fizermos esse produto ficaremos com e 2<br />
x<br />
1 e × . Agora multiplicamos esse resultado pela<br />
+<br />
x<br />
2<br />
derivada da função que estava dentro de 1+<br />
e que era x . Feito isso ficaremos com:<br />
2<br />
x<br />
1 2<br />
x 2xe<br />
f '( x) = × e × 2 x=<br />
.<br />
2 2<br />
x x<br />
1+ e 1+<br />
e<br />
3.4.2. - Função arco seno<br />
A função f ( x) = sen( x)<br />
possui como domínio o conjunto dos números reais, conforme aprendemos<br />
no curso de Matemática para o ensino básico <strong>II</strong>, e imagem o intervalo fechado [ − 1,1 ] . Entretanto ela não é<br />
invertível pelo fato de não ser injetora. Esse impedimento será contornado agora a fim de possibilitar que esta<br />
função, bem como as outras funções trigonométricas, possua<br />
inversa. O nosso procedimento aqui parecerá arbitrário e até<br />
mesmo artificial numa primeira olhada, mas, em alguns<br />
casos, os fins justificam os meios. A nossa estratégia será<br />
diminuir o domínio da função f a fim de que, neste novo<br />
domínio, ela passe a ser invertível. Observe o gráfico ao lado:
⎡ π π ⎤<br />
Vamos tomar a função seno definida apenas no intervalo fechado<br />
⎢<br />
− ,<br />
2 2⎥<br />
⎡ π π ⎤<br />
Agora definiremos uma função g : [ −1,1 ] →<br />
⎢<br />
− ,<br />
⎣ 2 2⎥<br />
da seguinte maneira:<br />
⎦<br />
Dado x ∈− [ 1,1 ] , ( )<br />
⎡ π π ⎤<br />
g x é definido como o único y ∈<br />
⎢<br />
− ,<br />
⎣ 2 2⎥<br />
⎦<br />
75<br />
⎣ ⎦ e tomando valores em [ 1,1]<br />
sen y x<br />
tal que ( ) . =<br />
− .<br />
Perceba algo de muito interessante com a função g: a sua definição foi construída de propósito, para que<br />
ela fosse a inversa de f. A função g definida acima será chamada de função arco seno e representada assim<br />
g ( x) = arcsen( x).<br />
Antes de passarmos para o cálculo da derivada da função arco seno, vamos ver um<br />
exemplo.<br />
⎡ π π ⎤<br />
arcsen . Quem é ele? É o único y ∈<br />
⎢<br />
− ,<br />
⎣ 2 2⎥<br />
⎦<br />
⎡ π π ⎤<br />
arcsen 1. Ele é o único y ∈<br />
⎢<br />
− ,<br />
⎣ 2 2⎥<br />
tal que<br />
⎦<br />
sen( y ) = 1. Mas sen 1.<br />
2<br />
π ⎛ ⎞ π<br />
⎜ ⎟=<br />
Logo arcsen()<br />
1 = .<br />
⎝ ⎠<br />
2<br />
Passaremos agora ao cálculo da derivada de g ( x) = arcsen( x).<br />
Se fizermos arcsen( x) = y,<br />
então teremos<br />
Exemplo 3.4.2.1. Vamos calcular ( 0)<br />
y é justamente 0. Portanto, arcsen ( 0) = 0. Calculemos agora ( )<br />
tal que sen( y ) = 0. Esse<br />
2 2<br />
2<br />
sen( y) = x e, como conseqüência da identidade sen ( y) + cos ( y)<br />
= 1, teremos cos( y) 1 x<br />
= − que é<br />
⎡ π π ⎤<br />
positivo, pois y ∈<br />
⎢<br />
− ,<br />
⎣ 2 2⎥<br />
. Utilizando a fórmula para a derivada da função inversa com f ( x) = sen( x)<br />
e<br />
⎦<br />
g x = arcsen x bem como o fato de que a derivada da função seno é a função co-seno, teremos que<br />
( ) ( )<br />
( arcsen( x)<br />
)<br />
Como essa expressão só faz sentido se ( )<br />
1 1 1<br />
' = = =<br />
cos 1<br />
( arcsen( x 2<br />
) ) cos y − x<br />
x ∈ − 1,1 , segue que a derivada da função arco seno só existe nesse<br />
intervalo. Resumindo nossa discussão, destacamos:<br />
( ( ) ) '<br />
arcsen x<br />
=<br />
1<br />
1−<br />
x<br />
Exemplo 3.4.2.2. Calcule a derivada das seguintes funções:<br />
2<br />
a. f ( x) = arcsen( 3x)<br />
b. m( x) = arcsen ( 2x)<br />
2<br />
( )<br />
, com x ∈( − 1,1 ) ,<br />
Comecemos pela letra (a). Observe que f ( x) = g h( x)<br />
, onde g ( x) = arcsen( x)<br />
e h( x) 3. x<br />
pela Regra da Cadeia temos que:<br />
f '( x) = g'( h( x) ) × h'( x)<br />
=<br />
1<br />
1−3 × 3=<br />
3<br />
1−9x ( x)<br />
2 2<br />
.<br />
= Portanto,<br />
2<br />
x sem mexermos na<br />
Vejamos agora a letra (b). Em primeiro lugar derivamos a função mais de externa, que é<br />
2 arcsen 2x<br />
. Em seguida multiplicamos esse resultado pela derivada<br />
( )<br />
que está dentro. Feito isso obteremos ( )
da próxima função, que no caso é arcsen( x ) , mas sem mexer no que está dentro dela. Assim procedendo<br />
obteremos ( ( ) )<br />
( ) 2<br />
1<br />
2 arcsen 2 x<br />
. Para finalizar, multiplicamos esse resultado pela derivada da próxima<br />
1−2x função que é 2x e obteremos:<br />
Portanto:<br />
3.4.3. - Função arco tangente<br />
f '( x) = 2( arcsen( 2x) ) ×<br />
1<br />
× 2<br />
1−2 76<br />
( )<br />
4arcsen 2x<br />
f ' ( x)<br />
=<br />
.<br />
2<br />
1−4x A função f ( x) = tg( x)<br />
possui como domínio o<br />
π 3π<br />
conjunto dos números reais diferentes de , , bem<br />
2 2<br />
como de seus múltiplos e imagem o conjunto dos números<br />
reais. Ela, assim como a função seno, não é invertível. A<br />
nossa missão aqui é a mesma do item anterior, ou seja,<br />
reduzir convenientemente o seu domínio a fim de que ela<br />
passe a ter inversa e, depois, encontrar a derivada dessa<br />
inversa. Observe o gráfico mostrado ao lado:<br />
( ) 2<br />
x<br />
⎛ π π ⎞<br />
Se tomarmos f ( x) = tg( x)<br />
definida apenas no intervalo ⎜−, ⎟ tomando valores em R, podemos definir a<br />
⎝ 2 2 ⎠<br />
⎛ π π ⎞<br />
função g: R→⎜−<br />
, ⎟ da seguinte maneira:<br />
⎝ 2 2 ⎠<br />
Dado x ∈ R , ( )<br />
⎛ π π ⎞<br />
g x é definido como o único y ∈⎜− , ⎟<br />
⎝ 2 2 ⎠<br />
tal que tg ( y) x.<br />
=<br />
Essa função, pela sua própria construção, é a inversa de f. Ela será chamada de função arco tangente e será<br />
representada por g ( x) = arctg ( x).<br />
Vamos ver um exemplo.<br />
arctg<br />
⎛ π π ⎞<br />
. Ele é o único y ∈⎜− , ⎟<br />
⎝ 2 2 ⎠<br />
π<br />
Trigonometria nos ensina que esse y é . Portanto arctg ( 3<br />
π<br />
3 ) = .<br />
3<br />
Vamos agora efetuar o cálculo da derivada de g ( x) arctg( x).<br />
Exemplo 3.4.3.1. Vamos calcular ( 3)<br />
tg ( y) = x e, conseqüentemente, ( )<br />
tal que tg ( y ) = 3 . A<br />
= Se fizermos y arctg( x)<br />
= , teremos<br />
2<br />
sec y<br />
2<br />
= 1 + x . Utilizando agora a fórmula da derivada da função inversa e<br />
lembrando que a derivada da tangente é a secante ao quadrado, teremos<br />
( arctg ( x)<br />
)<br />
1 1 1<br />
' = = = .<br />
2<br />
2 2<br />
sec<br />
sec y 1+<br />
x<br />
( arctg ( x)<br />
) ( )
Como essa expressão faz sentido para qualquer x ∈ R,<br />
segue que a função arco tangente é derivável em todo o<br />
conjunto dos números reais. Assim, podemos destacar:<br />
( arctg ( x)<br />
) 2<br />
Exemplo 3.4.3.2. Calcule a derivada das seguintes funções:<br />
2<br />
a. f ( x) arctg( 1 x )<br />
2<br />
= − b. g ( x) = x arctg cos(<br />
x)<br />
1<br />
' = , para todo x ∈ R.<br />
1+<br />
x<br />
( )<br />
Comecemos pela letra (a). Derivando a função mais externa, sem mexer naquela que está dentro, obtemos<br />
1 1<br />
= . Agora multiplicamos esse resultado pela derivada da que está dentro. Fazendo<br />
2<br />
2<br />
2 4<br />
1+ ( 1−x) 2− 2x+<br />
x<br />
isso, ficamos com:<br />
1 −2x<br />
f '( x) = × 2 4 ( − 2x)<br />
= 2 4<br />
2− 2x+ x 2− 2x<br />
+ x<br />
Vejamos agora a letra (b). Aqui primeiro vamos usar a regra do produto. Fazendo isso, obtemos:<br />
( ) ( )<br />
Falta agora calcular cos( ) '.<br />
( ( ) )<br />
2<br />
( ) ( ( ( ) ) )<br />
g' x = 2xarctg cos x + x arctg cos x '<br />
arctg x Agora é que entra em ação a regra da cadeia. Derivando a função mais<br />
1<br />
externa, obtemos<br />
. Agora multiplicamos esse resultado pela derivada da função que está dentro.<br />
2<br />
1+ cos ( x)<br />
Fazendo isso, ficamos com:<br />
2 2 1<br />
g '( x) = 2xarctg ( cos( x) ) + x ( arctg ( cos( x) ) ) ' = 2xarctg ( cos ( x) ) + x 2<br />
1+ cos x<br />
( −sen(<br />
x)<br />
) .<br />
3.4.4. - Função arco secante<br />
= possui o mesmo domínio<br />
da função tangente e sua imagem é o conjunto dos números<br />
reais cujo módulo é maior que ou igual a um. Como as duas<br />
funções precedentes ela também não é invertível. Observe o<br />
seu gráfico mostrado ao lado.<br />
A função f ( x) sec(<br />
x)<br />
Observe que, a despeito de terem o mesmo domínio, não usaremos o mesmo intervalo que o da tangente<br />
para inverter a função secante. Isso porque, no intervalo onde invertemos a tangente, a função secante não é<br />
⎡ π ⎞ ⎛π⎤ injetora, não podendo ser, portanto, invertível. A solução é considerar a união dos intervalos<br />
⎢<br />
0, ⎟ e ⎜ , π .<br />
⎣ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎦<br />
⎥<br />
f x = sec x definida apenas nessa união, podemos definir a função<br />
Se considerarmos ( ) ( )<br />
⎡ π ⎞ ⎛π ⎤<br />
g: { x∈R| x ≥1} →<br />
⎢<br />
0, ⎟∪⎜ , π<br />
⎣ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎦<br />
⎥<br />
da seguinte maneira:<br />
⎡ π ⎞ ⎛π ⎤<br />
∈ ∈ | ≥ 1 , g ( x ) é definido como o único y ∈<br />
⎢<br />
0, ⎟∪⎜ , π<br />
⎣ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎦<br />
⎥<br />
Dado x { x R x }<br />
77<br />
( )<br />
sec y x.<br />
=<br />
tal que ( )
A função g, pela sua própria construção é a inversa de f, será chamada de função arco secante e será representada<br />
por g ( x) = arcsec ( x)<br />
. Vejamos um exemplo.<br />
⎡ π ⎞ ⎛π ⎤<br />
Exemplo 3.4.4.1. Vamos calcular arc sec() 1 . Ele é o único y ∈<br />
⎢<br />
0, ⎟∪⎜ , π<br />
⎣ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎦<br />
⎥<br />
tal que sec( y ) = 1. Como<br />
1<br />
⎡ π ⎞ ⎛π ⎤<br />
sec ( y)<br />
= , para que sec( y ) = 1, devemos ter cos( y ) = 1. Mas em 0, , π<br />
cos(<br />
y)<br />
⎢ ⎟∪⎜ ⎣ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎦<br />
⎥<br />
o único y que<br />
possui essa característica é 0,<br />
arc sec 1 = 0.<br />
y = o que nos mostra que ( )<br />
Vamos agora calcular a derivada de g ( x) = arcsec ( x)<br />
. Se fizermos y arc ( x)<br />
= sec , teremos que<br />
cos<br />
1<br />
= . Usando<br />
x<br />
a identidade<br />
2 2<br />
sen ( y) + cos ( y)<br />
= 1, obtemos<br />
sen( y)<br />
=<br />
2<br />
x −1<br />
. Agora utilizando a fórmula para a derivada da função inversa e o fato de que<br />
2<br />
x<br />
sen( y)<br />
( sec( y)<br />
) ' = , vamos ficar com:<br />
2<br />
cos y<br />
sec( y) = x e, portanto, ( y)<br />
( arc ( x)<br />
)<br />
( )<br />
sec<br />
2<br />
1 1 cos ( y) ' = = = =<br />
' '<br />
( sec ( arcsec( x) ) ) ( sec ( y)<br />
) sen( y)<br />
1<br />
2<br />
x =<br />
2 2<br />
x −1 x<br />
x<br />
x<br />
=<br />
2<br />
x −1 x<br />
1<br />
.<br />
2<br />
x − 1<br />
Como a expressão acima só faz sentido se x > 1, segue que a função arco secante só é derivável no conjunto<br />
{ x R x }<br />
∈ | > 1 . Assim podemos destacar<br />
1<br />
sec ' ,<br />
x x −1<br />
( arc ( x)<br />
) =<br />
2<br />
Veremos agora alguns exemplos sobre as derivadas vistas acima.<br />
Exemplo 3.4.4.2. Calcule a derivada das funções abaixo:<br />
( )<br />
a. f ( x) = arcsec ln ( x)<br />
b. ( )<br />
g x = e<br />
xarcsec( x)<br />
Comecemos pela letra (a). Usando a regra da cadeia temos<br />
( ) ( )<br />
Agora a letra (b). Usando a regra da cadeia temos<br />
para todo x∈{ x∈R x ≥ }<br />
78<br />
| 1 ,<br />
1 1 1<br />
f ' ( x)<br />
= × =<br />
.<br />
2 2<br />
ln x ln x −1 x ln x ln x −1<br />
x<br />
( ) ( ) ( ( ) )<br />
⎛ 2<br />
sec( )<br />
1 ⎞ ⎛<br />
xarc x xarcsec( x) x x − 1arcsec x + x⎞<br />
g'( x) = e ⎜arcsec( x) + x⋅ ⎟=<br />
e ⎜ ⎟.<br />
⎜ 2 2<br />
x x −1⎟ ⎜ x x −1<br />
⎟<br />
⎝ ⎠ ⎝ ⎠<br />
( )
Observação: Podemos demonstrar fórmulas análogas para a derivada de outras funções trigonométricas<br />
inversas.<br />
4. Avaliando o que foi construído<br />
Dialogando e Construindo Conhecimento<br />
Reúna-se com os colegas para discutir os temas abordados. Procure os Tutores para esclarecer as dúvidas<br />
sobre algum tema que não tenha sido bem assimilado. Comunique-se! Nós estamos sempre dispostos a<br />
orientá-lo e ajudá-lo em caso de dificuldade no estudo da disciplina. Acredite em seu potencial e conte<br />
conosco.<br />
Nesta unidade você ampliou seus conhecimentos acerca da regra da cadeia e pode perceber a sua potência<br />
tanto para derivar funções dadas na forma explícita, quanto funções dadas na forma implícita, bem como no<br />
cálculo da derivada de algumas inversas. O que vimos aqui é muito importante para a próxima unidade.<br />
No Moodle...<br />
Visite o espaço reservado à disciplina <strong>Cálculo</strong> <strong>Diferencial</strong> <strong>II</strong> na plataforma MOODLE, onde você terá a<br />
oportunidade de revisar, testar e enriquecer seus conhecimentos. Lembre-se de que somos parceiros nos<br />
estudos e, portanto, devemos caminhar juntos no curso. Aguardo você no MOODLE!<br />
79
Unidade <strong>II</strong>: Interpretando e Utilizando a Derivada<br />
1. - Situando a Temática<br />
O que faz da derivada um objeto tão importante na Matemática é, dentre outras coisas, a possibilidade de<br />
que, através dela, podemos obter informações muito valiosas acerca do comportamento de uma dada função. O<br />
conhecimento da derivada de uma função nos permite descobrir seus pontos de máximo e mínimo locais, em<br />
alguns casos até os globais, aspectos ligados à sua concavidade, dentre outros. Por outro lado, graças à sua<br />
interpretação como velocidade, podemos ter idéia de como grandezas que se relacionam entre si de forma<br />
explícita e, até mesmo de forma implícita, se comportam uma em relação à outra.<br />
2. - Problematizando a Temática<br />
Os problemas de máximo e mínimo estão entre os mais belos e antigos da Matemática. Determinar os<br />
pontos de máximo e mínimo de uma função com a ajuda das suas derivadas é uma tarefa que envolve um<br />
raciocínio simples, elegante e, acima de tudo, útil. Traçar o gráfico de uma função com rigor é uma tarefa que,<br />
para nós, até então, só está perfeitamente justificada para o caso das funções do primeiro grau. Como justificar,<br />
por exemplo, que a parábola tem aquela aparência ou porque outros gráficos têm este ou aquele jeito? Com o<br />
auxílio da derivada poderemos responder a estas e a outras interessantes questões acerca do comportamento de<br />
uma função de uma maneira bastante satisfatória.<br />
3. - Conhecendo a Temática<br />
3.1. - Taxas de variação<br />
Uma das interpretações mais importantes da derivada diz respeito a como uma grandeza varia em função<br />
de uma outra. Sendo mais específicos, poderíamos perguntar: se y é função de x podemos dizer o que ocorre com<br />
y quando x aumenta ou diminui? com que rapidez y cresce ou decresce quando x cresce ou decresce? Essas<br />
perguntas nos enviam a uma das mais importantes interpretações que a derivada possui que é a de Velocidade. A<br />
princípio associamos velocidade quando estamos diante do movimento de um carro, um avião, ou outro tipo de<br />
veículo. Vamos ver agora que o conceito de velocidade se expande um pouco mais. Começaremos com um<br />
exemplo: imagine que um veículo desloca-se por uma estrada e sua posição em um determinado instante é dada<br />
2<br />
pela seguinte função S() t = 2+ 4t+ 8 t , onde t é dado em segundos e S é dado em metros. Um conceito que<br />
surge, particularmente na Física, é o de Velocidade Média. Dados dois tempos t 1 e t 2 , com t1 t2<br />
velocidade média do móvel entre t 1 e t 2 , como sendo:<br />
S t − S t<br />
Vm<br />
=<br />
t − t<br />
( ) ( )<br />
2 1<br />
80<br />
2 1<br />
.<br />
< , definimos a<br />
Essa nova grandeza nos diz de que forma a posição do móvel variou entre t 1 e t 2 . Se, por exemplo,<br />
t 1 = 2 e t 2 = 4 , então:<br />
S( t2) −S( t1) S( 4) −S( 2) 146 − 42<br />
Vm= = . = = 52 m/ s.<br />
t −t 4−2 2<br />
2 1<br />
O que nos diz esse número? Ele diz que nesse intervalo de tempo, o móvel percorreu, em média, 52 metros a<br />
cada segundo. Entretanto, ele não nos diz, por exemplo, se o móvel parou em algum instante ou se deu marcha ré<br />
em algum instante, dentre outras possibilidades. Portanto, é um conceito que não oferece muito em termos de<br />
informação quantitativa do movimento do veículo. Para termos um conceito que nos informe um pouco mais<br />
sobre o movimento do veículo, precisamos de um conceito mais fino, que é o de Velocidade Instantânea.<br />
Imagine que queiramos saber quanto vale a velocidade do móvel no instante t = 2. Primeiro vamos tentar
construir o que significa a expressão velocidade num determinado instante. Imaginemos que o instante t = 2<br />
está fixo. A velocidade média entre t = 2 e um instante t > 2 é dada por:<br />
V<br />
m<br />
() ( ) 2 2<br />
S t − S 2 2+ 4t+ 8t − 42 8t + 4t−40 = = =<br />
.<br />
t−2 t−2 t−2<br />
Se fizermos esse instante t se aproximar cada vez mais de 2, essa velocidade média será calculada em um<br />
intervalo de tempo cada vez menor, [ 2,t ] . Em virtude disso, é razoável definirmos a Velocidade Instantânea em<br />
t = 2 como sendo:<br />
( 8t+ 20)( t−2)<br />
( )<br />
2<br />
8t + 4t−40 t→2 t→2 t→2<br />
81<br />
( )<br />
limVm= lim = lim = lim 8t+ 20 = 36 .<br />
t→2<br />
t−2 t−2<br />
O que nos diz esse número? Ele diz que se de repente o móvel passasse a se mover exatamente como está em<br />
t = 2 ele percorreria 2 metros a cada segundo. Outro fato importante nessa forma de pensar a velocidade<br />
S t calculada no instante t = 2.<br />
De fato, veja que<br />
instantânea é que ela é dada pela derivada da função ( )<br />
S'() t = 16t+ 4 e daí S '2 ( ) = 16× 2+ 4= 36.<br />
Na discussão acima, as grandezas S e t tiveram um papel apenas ilustrativo. Na realidade se uma<br />
grandeza y é função de uma outra x, podemos definir a Velocidade Média ou, como é mais comum, a Taxa de<br />
variação média de y com relação a x, quando x varia de x 1 até x 2 como sendo:<br />
y( x2) − y( x1)<br />
y =<br />
.<br />
x − x<br />
2 1<br />
Também podemos definir a Velocidade instantânea ou, como é mais comum, a Taxa de variação<br />
instantânea de y com relação a x, quando x = x1<br />
, como sendo y' ( x 1)<br />
. Portanto, quando calculamos uma<br />
derivada, podemos interpretá-la como uma velocidade. Vamos ver alguns exemplos dessa situação.<br />
Exemplo 3.1.1. Suponhamos que um petroleiro esteja com um vazamento de óleo no mar e que a mancha de<br />
óleo formada tenha um formato circular. Com o passar do tempo tanto a área A da mancha, bem como o seu raio<br />
r, muda com relação ao tempo. Vamos avaliar como variam. Digamos que a velocidade de crescimento da área A<br />
2<br />
seja constante e igual a 10000 m / hora. Queremos determinar a velocidade de crescimento do raio r quando<br />
2<br />
ele for igual a 20 m. Observe que a área A e o raio r relacionam-se através da fórmula: A = π r . Sabemos que<br />
dA<br />
2<br />
tanto A como r são funções do tempo t. O dado que temos é que = 10000 m / hora e r=20 m. Derivando a<br />
dt<br />
fórmula que dá a área em função do raio, levando em conta que, tanto A como r são funções implícitas de t,<br />
teremos:<br />
dA dr<br />
= 2 π r ,<br />
dt dt<br />
donde concluímos, substituindo os valores de dA<br />
dt<br />
e r ,que<br />
dr 10000<br />
= ≈ 79,61 m/hora.<br />
dt 40π<br />
Exemplo 3.1.2. Uma cidade é atingida por uma moléstia epidêmica. Os setores de saúde calculam que o número<br />
de pessoas atingidas pela referida moléstia depois de um tempo t (medido em dias a partir do primeiro dia da<br />
3<br />
t<br />
dn<br />
2<br />
epidemia) é dado, aproximadamente, por nt () = 64 t−<br />
. Observe que = 64 − t . Como a derivada de n<br />
3<br />
dt<br />
com relação a t mede a velocidade do número de casos em relação ao tempo, temos que se essa derivada for
positiva, o referido número de casos está aumentando, ao passo que se ela for negativa, então esse número de<br />
dn<br />
casos está diminuindo. Como t ≥ 0, temos que ≥ 0 apenas quando 0 8,<br />
dt t ≤ ≤ ou seja, até o oitavo dia a<br />
dn<br />
epidemia cresceu. Do oitavo dia em diante a epidemia arrefeceu, pois, a partir desse dia, 0.<br />
dt <<br />
Exemplo 3.1.3. Um tanque de água em forma de um cone circular reto invertido está sendo esvaziado a uma<br />
3<br />
taxa de 2 m / h . O raio da base do cone é 5 m e a sua altura é 14 m. Determine:<br />
a) A taxa de variação da altura da água, quando a mesma for 6 m.<br />
b) A taxa de variação do raio do topo da água quando a altura da mesma for 6 m.<br />
Vejamos a letra (a). Sabemos que o volume de um cone circular reto<br />
é dado por:<br />
1 2<br />
V = π r h,<br />
3<br />
onde r é o raio de sua base e h é a sua altura. Queremos encontrar<br />
dh<br />
quando h = 6 m. Na fórmula que dá o volume em função de r e<br />
dt<br />
h, precisaremos explicitar r em função de h. Para isso, vamos usar<br />
semelhança de triângulos. Veja a figura ao lado. Dela podemos<br />
concluir que 5 14 5h<br />
= , ou seja, r = .<br />
r h<br />
14<br />
Dela podemos concluir que 5 14 5h<br />
= , ou seja, r = . Portanto, substituindo esse valor de r na fórmula de V,<br />
r h<br />
14<br />
ficaremos com:<br />
2 3<br />
1 2 1 ⎛5h⎞ 25πh<br />
V = πr h= π⎜ ⎟ h=<br />
.<br />
3 3 ⎝14⎠ 588<br />
Derivando essa última igualdade com relação a t, ficaremos com:<br />
Substituindo os valores dados, obtemos:<br />
donde concluímos que:<br />
π<br />
= × .<br />
dt 588 dt<br />
2<br />
dV 75 h dh<br />
5400π<br />
dh<br />
− 2 = × ,<br />
588 dt<br />
dh 1176<br />
≈− ≈− 0,07 m/ h.<br />
dt 16956<br />
Note que o valor que encontramos é negativo, o que corrobora com o fato de que a altura está diminuindo com<br />
relação ao tempo. Agora vamos à letra (b). O que queremos encontrar é dr<br />
dt<br />
82<br />
quando h = 6 m. O procedimento
aqui é semelhante ao que foi feito na letra (a). A mesma semelhança de triângulos obtida na letra (a) nos permite<br />
14 r<br />
30<br />
dizer que h = . Quando h = 6 , temos que r = . Substituindo o valor de h na fórmula de V vamos obter:<br />
5<br />
14<br />
3<br />
1 2 1 2⎛14r⎞<br />
14πr<br />
V = πr h= πr<br />
⎜ ⎟=<br />
.<br />
3 3 ⎝ 5 ⎠ 15<br />
Derivando essa igualdade com relação a t, obteremos:<br />
Substituindo os valores dados, obteremos:<br />
2<br />
dV 14π<br />
r dr<br />
= × .<br />
dt 5 dt<br />
3150π<br />
dr<br />
− 2 = ×<br />
245 dt<br />
dr<br />
ou seja, ≈− 0,05 m/ h.<br />
Observe que a taxa de variação do raio com respeito ao tempo é negativa pelo fato de<br />
dt<br />
que ele está diminuindo com o passar do tempo.<br />
Veremos agora alguns problemas envolvendo taxas de variação um pouco diferentes dos exemplos<br />
acima. Nos exemplos que seguem, não há uma forma explícita que nos permita obter uma variável em função da<br />
outra. Mas isso não será problema, pois basta usarmos a técnica da derivação implícita. Problemas desse tipo<br />
costumam ser chamados de problemas de Taxas Relacionadas.<br />
Exemplo 3.1.4. Sales e Joaquim estão fazendo um passeio aéreo usando um balão de ar quente. O balão sobe a<br />
uma taxa de 3 m/ s. Passados 15 segundos, Lenimar lembra-se de que eles não levaram um rádio para contato.<br />
Lenimar, que havia estacionado seu carro a 50m do ponto de partida, desloca-se em direção a este com uma<br />
velocidade de 2 m/ s . Vamos determinar a velocidade com que aumenta a distância entre o balão e o carro de<br />
Lenimar, quando o balão estiver a 30m do solo. Desenhar uma figura sempre ajuda. Façamos uma então.<br />
Na figura acima, y denota a altura do balão em relação<br />
ao ponto de partida, x denota a distância do ponto de<br />
partida até onde Lenimar estacionou seu carro e s a<br />
distância do carro Lenimar até o balão. Agora veja, essa<br />
figura vai começar a se transformar, pois as distâncias<br />
x,y e s estarão se modificando. Mas veja uma<br />
peculiaridade que esta figura vai manter: o fato desse<br />
triângulo ser retângulo. Portanto, pelo Teorema de<br />
Pitágoras teremos:<br />
Lembrando que queremos encontrar ds<br />
dt<br />
ou seja:<br />
2 2 2<br />
s = x +<br />
y .<br />
, derivamos a igualdade acima. Fazendo isso, obteremos:<br />
ds dx dy<br />
2s× = 2x× + 2 y×<br />
,<br />
dt dt dt<br />
ds dx dy<br />
s× = x× + y×<br />
.<br />
dt dt dt<br />
83
Agora note que no instante em que Lenimar partiu em direção ao balão, este já estava a 15m acima do solo.<br />
Portanto, quando o balão estiver a 30m do solo, significa que, para efeito da nossa análise, passaram-se 5s já<br />
que a velocidade do balão é 3 m/ s . Nesse período o carro avançou 10m , já que sua velocidade é<br />
2 m/ s. Portanto, os valores de x e y no triângulo acima são x = 30 e y = 40m,<br />
donde s = 50 m.<br />
Portanto,<br />
teremos:<br />
ds<br />
50× = 30× ( − 2) + 40× 3 ,<br />
dt<br />
ds<br />
ou seja, = 1, 2 m/ s.<br />
Na expressão acima usamos a velocidade com um sinal negativo pelo fato de que a<br />
dt<br />
distância x vai estar diminuindo.<br />
3.2. - Crescimento e decrescimento<br />
A interpretação da derivada como sendo o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de uma função agora<br />
vai se mostrar muito eficaz nesta seção. Com a ajuda dessa interpretação vamos poder estudar os intervalos onde<br />
a função cresce e onde ela decresce. Se nós refletirmos um pouco, esse problema só está respondido<br />
satisfatoriamente no caso das funções do primeiro grau. Recorde que se f ( x) = ax+ b,<br />
com a ≠ 0, a função f<br />
será crescente se a > 0 e decrescente se a < 0. Para funções do segundo grau também temos um critério, mas<br />
que aparece sem a devida justificativa. Vamos recordar algumas definições.<br />
• Uma função f definida num certo intervalo I do eixo-x é dita crescente nesse intervalo quando para<br />
todos x1x2∈ I , com x1 x2<br />
1 2 .<br />
f x f x <<br />
• Uma função f definida num certo intervalo I do eixo-x é dita decrescente nesse intervalo quando para<br />
todos x1x2I ∈ , com x1 x2<br />
< tivermos ( ) ( )<br />
< tivermos f ( x ) f ( x ) ><br />
1 2 .<br />
O aspecto do gráfico de uma função crescente é o de uma<br />
curva ascendente, enquanto que o de uma função decrescente<br />
é o de uma curva descendente. Nosso intuito é relacionar o<br />
crescimento e o decrescimento de uma função com a sua<br />
derivada. Para termos uma pista de tal relação, vamos<br />
observar atentamente o gráfico mostrado a seguir. Perceba<br />
que, para valores de x pertencentes ao intervalo ( −∞ ,4)<br />
, os<br />
coeficientes angulares das retas tangentes ao gráfico dessa<br />
x, f x são positivos. Note também<br />
( )<br />
função nos pontos ( )<br />
que, a função é crescente justamente no intervalo ( −∞ ,4)<br />
.<br />
Analogamente constatamos que, para valores de x pertencentes ao intervalo ( 4, +∞ ) , os coeficientes<br />
angulares das retas tangentes ao gráfico de f são negativos. Note também que a função é decrescente no<br />
intervalo ( 4, +∞ ) . Como o coeficiente angular ao gráfico de f no ponto ( x, f ( x ) ) é dado por f '(<br />
x )<br />
podemos arriscar um palpite: A função f será crescente onde a sua derivada for positiva e decrescente onde sua<br />
derivada é negativa. De fato, o nosso palpite está correto e o resultado que temos é o seguinte:<br />
• Se f 'é<br />
positiva num intervalo I do eixo-x então f será crescente em I .<br />
• Se f 'é<br />
negativa num intervalo I do eixo-x então f será decrescente em I .<br />
84
Essas observações podem ser provadas com o uso do conhecido Teorema do Valor Médio, mas não faremos isso<br />
agora. O que faremos é analisar o crescimento e o decrescimento de algumas funções conhecidas.<br />
Exemplo 3.2.1. Considere a função do primeiro grau f ( x) = ax+ b.<br />
Vamos obter o seu crescimento, que já é<br />
conhecido, através dos nossos novos conhecimentos. Observe que f ' ( x) = a.<br />
Portanto, se a > 0 então f será<br />
crescente em todo o eixo-x e se a < 0 , f será decrescente em todo o eixo-x.<br />
Exemplo 3.2.2. Considere a função<br />
3<br />
f ( x) = x + x.<br />
Observe que ( ) 2<br />
f ' x = 3x + 1é<br />
sempre positiva. Portanto,<br />
f é crescente em todo o seu domínio. Veja um esboço do<br />
gráfico desta funçãna figura ao lado.<br />
2<br />
Exemplo 3.2.3. Considere a função f ( x) = x − 1 . Temos que ( )<br />
concluímos que f é crescente quando x > 0. Por outro lado,<br />
f '( x ) < 0 apenas quando x < 0 , o que implica ser f decrescente<br />
apenas quando x < 0.<br />
Exemplo 3.2.4. Determine os intervalos onde<br />
3 2<br />
f ( x) = x − 6x + 9x+ 1 é crescente e os intervalos onde ela é<br />
decrescente. Inicialmente vamos encontrar a derivada de f . Temos<br />
2<br />
que f '( x) = 3x − 12x+ 9. As raízes da equação f '( x ) = 0irão<br />
nos indicar os intervalos pedidos. De fato, a equação<br />
2<br />
f '( x) = 3x − 12x+ 9= 0 possui duas raízes reais e diferentes, a<br />
saber, x = 1 e x = 3. Como f '(<br />
x ) é uma função do segundo grau,<br />
o estudo do seu sinal é simples e está resumido na tabela abaixo,<br />
onde também está mostrado o gráfico de f ao lado.<br />
85<br />
f ' x 2 x.<br />
Valores de x Sinal de f '(<br />
x ) Conclusão<br />
= Como ( )<br />
x < 1<br />
positivo f é crescente<br />
1≤ x ≤ 3 negativo f é decrescente<br />
x > 3<br />
positivo f é crescente<br />
Exemplo 3.2.5. Considere a função definida por<br />
2 ⎧x − 4<br />
f ( x)<br />
= ⎨<br />
⎩ 8−x se<br />
se<br />
x<<br />
3<br />
, cujo gráfico está mostrado ao lado.<br />
x≥3<br />
Vamos determinar os seus intervalos de crescimento e de<br />
decrescimento. Inicialmente vamos determinar quem é<br />
f ' x . Observe que para 3 f ' x = 2x<br />
e que para<br />
( )<br />
x < nós temos ( )<br />
x > 3nós<br />
temos f '( x ) =− 1. Resta-nos descobrir se existe '3 ( )<br />
f .<br />
f ' x > 0 quando x > 0,
Observe que a derivada à esquerda f ' ( 3) = 6 e que a derivada à direita ( )<br />
diferentes segue que f não é derivável em x = 3. Assim:<br />
⎧2x<br />
f '(<br />
x)<br />
= ⎨<br />
⎩−<br />
1<br />
se<br />
se<br />
x<<br />
3<br />
x > 3<br />
_<br />
86<br />
f '+ 3 = − 1.<br />
Como esses valores são<br />
Observe que o ponto x = 3 vai nos auxiliar na determinação dos intervalos pedidos. Veja que o estudo do sinal<br />
f ' x e as conclusões dele decorrentes estão listados na tabela abaixo:<br />
de ( )<br />
Valores de x Sinal de f '(<br />
x )<br />
Conclusão<br />
x < 0<br />
negativo f é decrescente<br />
0≤ x < 3<br />
positivo f é crescente<br />
x > 3<br />
negativo f é decrescente<br />
f x = 3x − 2x.<br />
f ' x 2x 2<br />
−<br />
= − . Vamos analisar o sinal<br />
f ' x da seguinte forma:<br />
Exemplo 3.2.6. Considere a função ( ) 2/3<br />
Observe que ( ) 1/3<br />
de f '(<br />
x ) . Podemos escrever ( )<br />
− − ⎛ 3 1−<br />
x ⎞<br />
3<br />
1/3 1/3<br />
( ) ( )<br />
f ' x = 2x − 2= 2 x − 1 = 2⎜<br />
⎟.<br />
⎜ x ⎟<br />
⎝ ⎠<br />
Inicialmente note que x = 1é<br />
a única solução da equação<br />
f '( x ) = 0. Por outro lado a função f ( x ) não é<br />
derivável em x = 0. O estudo do sinal de f '(<br />
x ) e as<br />
conclusões dele decorrentes estão reunidas na tabela<br />
abaixo:<br />
Valores de x Sinal de f '(<br />
x ) Conclusão<br />
x < 0 negativo f é decrescente<br />
0< x < 1 positivo f é crescente<br />
x > 1 negativo f é decrescente<br />
3.3. - Máximos e mínimos locais<br />
Com o auxílio da derivada podemos abordar interessantes questões acerca de máximos e mínimos de<br />
funções. Vamos dar algumas definições para, em seguida, abordarmos os problemas.<br />
• Sejam f uma função definida num intervalo I do eixo-x e x0 ∈ I .Diremos que c é um ponto de máximo<br />
local para f se existir um intervalo J ⊂ I com c J<br />
∈ de modo que f ( x) f ( c)<br />
≤ para todo x ∈ J .<br />
• Sejam f uma função definida num intervalo I do eixo-x e x0 ∈ I .Diremos que c é um ponto de mínimo<br />
local para f se existir um intervalo J ⊂ I com c J<br />
∈ de modo que f ( x) f ( c)<br />
≥ para todo x ∈ J .
Usando outros termos, o ponto c é um ponto de máximo local se, próximo dele, nenhum ponto tem o<br />
valor de f maior que f ( c ) . Da mesma forma, o ponto c é um ponto de mínimo local se, próximo dele,<br />
nenhum ponto tem o valor de f menor que f ( c ) .<br />
Vamos observar agora um fato importante que ficou implícito nos exemplos da seção anterior. Para<br />
descobrirmos os intervalos onde uma dada função era crescente e os intervalos onde ela era decrescente foi<br />
preciso fazer o estudo do sinal de f '.<br />
Em certos casos, para fazer este estudo, precisamos encontrar as raízes da<br />
equação f '( x ) = 0ou<br />
os pontos onde a função f não é derivável (veja os exemplos 3.2.3, 3.2.4 e 3.2.5 e 3.2.6).<br />
Esses pontos irão desempenhar um importante papel no estudo dos máximos e mínimos e, por isso, recebem o<br />
nome de Pontos críticos.<br />
Suponhamos que f seja contínua. Digamos que x = c seja um<br />
ponto crítico. Vamos supor que, para valores de x que estão antes de c, a<br />
derivada de f é negativa e que para valores de x que estão depois de c a<br />
derivada de f é positiva. Pelo fato da derivada de f ser negativa antes de c<br />
vemos que o seu gráfico tem um aspecto de estar descendo. Pelo fato da<br />
derivada de f ser positiva depois de c vemos que a função f é crescente, ou<br />
seja, seu gráfico tem um aspecto de estar subindo. Portanto, nessa<br />
situação temos que o ponto x = c é um ponto de mínimo local. Veja a<br />
figura ao lado.<br />
Façamos agora uma discussão semelhante para a situação<br />
contrária, ou seja, vamos supor que para valores de x que estão antes de c<br />
a derivada de f é positiva e que para valores de x que estão depois de c a<br />
derivada de f é negativa. Pelo fato da derivada de f ser positiva antes de c<br />
vemos que o seu gráfico tem um aspecto de estar subindo. Pelo fato da<br />
derivada de f ser negativa depois de c vemos que a função f é decrescente,<br />
ou seja, seu gráfico tem um aspecto de estar descendo. Portanto, nessa<br />
situação temos que o ponto x = c é um ponto de máximo local. Veja a<br />
figura ao lado.<br />
Assim, com essa análise podemos enunciar um critério bastante prático para a determinação de extremos<br />
locais, conhecido como Teste da derivada primeira:<br />
Teste da derivada primeira: Sejam f uma função contínua definida num intervalo I do eixo-x e c∈I um<br />
ponto crítico de f. Então:<br />
' 0<br />
f ' x > 0 para x à direita e próximo de c então c é<br />
• Se f ( x ) < para x à esquerda e próximo de c e Se ( )<br />
um ponto de mínimo local para f.<br />
' 0<br />
• Se f ( x ) > para x à esquerda e próximo de c e Se ( )<br />
um ponto de máximo local para f.<br />
Vamos ver agora alguns exemplos utilizando esse teste.<br />
87<br />
f ' x < 0 para x à direita e próximo de c então c é<br />
1<br />
= − . Observe<br />
5<br />
4 3<br />
Exemplo 3.3.1. Determine os pontos de máximo e de mínimo locais da função f ( x) ( x 4x<br />
)<br />
4 12<br />
que<br />
3 2<br />
f '(<br />
x) = x − x . Como f '(<br />
x ) existe para todo x<br />
5 5<br />
R<br />
equação f '( x ) = 0.<br />
Vamos encontrá-las. Fazendo f '( x ) = 0,<br />
ficamos com<br />
2<br />
4x ( x− 3) = 0 cujas raízes são x = 0 e x = 3 . Fazendo o estudo do sinal de '(<br />
)<br />
∈ , os únicos pontos críticos de f são as raízes da<br />
3 2<br />
4x 12x 0<br />
f x ficamos com:<br />
− = , ou seja,
Valores de x Sinal de f '(<br />
x )<br />
x < 0<br />
negativo<br />
0< x < 3<br />
negativo<br />
x > 3<br />
positivo<br />
Portanto, vemos que o ponto x = 3 é um ponto de mínimo local. Veja que o<br />
ponto x = 0 apesar de ser ponto crítico não é de máximo nem de mínimo local.<br />
Veja ao lado um esboço do gráfico desta função.<br />
Veja a cima um esboço do gráfico de f :<br />
Exemplo 3.3.2. Vamos determinar os pontos de máximo e de mínimo<br />
10x<br />
locais da função f ( x)<br />
= 2<br />
x + 1<br />
. Observe que Como ( ) ' f x existe<br />
para todo x ∈ R , os únicos pontos críticos de f são as raízes da<br />
equação f '( x ) = 0.<br />
Não é difícil verificar que essas raízes são x = 1 e<br />
x =− 1 . Fazendo o estudo do sinal de f '(<br />
x ) ficamos com:<br />
Valores de x Sinal de f '(<br />
x )<br />
x < − 1<br />
negativo<br />
− 1< x < 1<br />
positivo<br />
x > 1<br />
negativo<br />
Em determinados casos o estudo do sinal da derivada primeira de uma função antes e depois de um<br />
ponto crítico onde ela é derivável pode se tornar difícil. Nessa situação, quando a função for duas vezes<br />
derivável temos um critério mais efetivo para nos garantir quando este ponto crítico é de máximo ou de mínimo.<br />
Mas o que significa uma função ser duas vezes derivável? A resposta é simples: quando pudermos calcular a<br />
derivada de sua derivada. A derivada da derivada é chamada de derivada segunda. Nós vamos representar a<br />
2<br />
derivada segunda de uma função f por f '' . Por exemplo, se f ( x) x f ' x 2x<br />
f '' x = 2 .<br />
= , temos ( ) = e ( )<br />
Analogamente, se f ( x) = senx,<br />
temos que f '( x) = cosxe<br />
f ''(<br />
x) senx<br />
88<br />
=− . A derivada da derivada da<br />
derivada é chamada de derivada terceira, e assim sucessivamente. É claro que nem sempre podemos ir derivando<br />
assim. É preciso ter cuidado. Por exemplo, existem funções que só possuem a derivada primeira. Existem<br />
funções que não possuem sequer a derivada primeira. Agora podemos voltar ao critério para classificar pontos<br />
críticos. Esse critério é conhecido como teste da derivada segunda e é o seguinte:<br />
Teste da derivada segunda: Sejam f uma função definida num intervalo I do eixo-x e c∈I um ponto crítico<br />
de f. Suponha que f é derivável duas vezes em c . Então<br />
• Se f ''( c ) < 0 então c é um ponto de máximo local para f.<br />
• Se f ''( c ) > 0 então c é um ponto de mínimo local para f.<br />
• Se f ''( c ) = 0 então o teste não é conclusivo.<br />
Um interessante exercício que você pode fazer é utilizar o teste da derivada segunda para classificar os<br />
pontos críticos das funções dos exemplos anteriores. Mas veja bem, ele só serve para os pontos críticos onde a<br />
função é duas vezes derivável. Vamos utilizar o teste da derivada segunda para solucionarmos dois interessantes<br />
problemas
Exemplo 3.3.3. Qual o retângulo de perímetro 40 cm que possui a maior área? Vamos denotar por x e y os lados<br />
do retângulo. O seu perímetro é dado por p = 2x+ 2yo<br />
qual, pelo enunciado vale 40 cm, ou seja, temos<br />
2x+ 2y = 40, o que nos fornece x+ y = 20. A área do retângulo é dada por A = xy.<br />
Tirando o valor de y na<br />
expressão obtida a partir do perímetro temos que y = 20 − x que substituída na expressão da área nos dá<br />
2<br />
A = x× ( 20 − x) = 20 x−x . A função da qual queremos achar o máximo é A. Vamos achar os seus pontos<br />
críticos. Derivando a função A, encontramos A'= 20−2 x.<br />
O único ponto crítico de A é x = 10 .Derivando A<br />
novamente, encontramos A '' = − 2 , portanto o ponto x = 10 é um ponto de máximo local. Com esse valor de x<br />
tiramos y = 10 e, portanto, o retângulo pedido é um quadrado de lado 10 cm.<br />
Exemplo 3.3.4. Uma caixa aberta com base quadrada deve ser<br />
construída com 48 m 2 de papelão.Vamos enccontrar as<br />
dimensões da caixa de maior volume possível que pode ser<br />
feita. Vamos denotar por x o lado da base da caixa, que estamos<br />
supondo quadrada, e por y a altura da caixa. A área total da<br />
2<br />
caixa é dada por A = x + 4xy<br />
. Pela informação do enunciado<br />
2<br />
temos que x + 4xy = 48.<br />
O volume da caixa, que é a função<br />
que queremos maximizar, é dado por<br />
Tirando o valor de y da expressão que dá a área total, ficamos com<br />
dado por:<br />
2 ( 48 − )<br />
2<br />
2 48 − x x x 1 2 1<br />
3<br />
V = x × = = x( 48 − x ) = ( 48x−<br />
x ) .<br />
4x4 4 4<br />
89<br />
2<br />
48 − x<br />
y = , assim, o volume da caixa será<br />
4x<br />
1<br />
2<br />
Vamos encontrar os pontos críticos. Derivando V, obtemos V '= ( 48− 3x<br />
) , donde concluímos que os únicos<br />
4<br />
pontos críticos são x = 4 e x = − 4 , sendo que o primeiro é o único que nos interessa por ser positivo. Derivando<br />
6 3<br />
V novamente temos que V '' =− x=− x e que, portanto, x = 4 é um ponto de máximo pelo teste da<br />
4 2<br />
2<br />
48 − x<br />
derivada segunda. Portanto as dimensões da caixa pedida são x = 4 m e, substituindo x = 4 em y = ,<br />
4x<br />
encontramos y = 2 m.<br />
3.4. - Máximos e mínimos globais<br />
Os pontos de máximos e mínimos que apareceram na seção anterior, a princípio, só poderiam ser<br />
classificados como locais. O tipo de problema de máximos e mínimos que trataremos nesta seção são aqueles<br />
conhecidos como problemas de máximos e mínimos globais. Por um ponto de máximo global de uma função f<br />
definida em D, entendemos um ponto c tal que f ( x) ≤ f ( c)<br />
para todo x ∈ D . Analogamente definimos ponto<br />
de mínimo global. Para esse tipo de problema, o principal resultado que temos é devido ao matemático alemão<br />
Karl Weierstrass que diz o seguinte:<br />
Teorema de Weierstrass: Se f : [ ab , ] → Ré<br />
uma função contínua então f possui pontos de máximo e<br />
mínimo globais.<br />
2<br />
V = x y.
Agora atente bem. O Teorema de Weierstrass apenas diz que os pontos de máximo e mínimo globais existem,<br />
mas não diz como encontrá-los. Olhando para a figura abaixo<br />
vemos que existem os seguintes candidatos a extremos globais: os<br />
pontos críticos de f que pertencem ao interior do intervalo e os<br />
extremos do intervalo.<br />
Portanto, o roteiro a ser seguido para encontrarmos os extremos<br />
f : ab , → Rcontínua<br />
é o seguinte:<br />
globais de uma função [ ]<br />
1. Determinar os pontos críticos de f que pertencem a ( ab , ) e calcular o valor de f nestes pontos<br />
2. Calcular o valor de f nos extremos do intervalo [ ab , ] e<br />
3. Comparar os valores obtidos nos itens (1) e (2). O ponto que fornecer o maior valor para f será o ponto de<br />
máximo e o que fornecer o menor valor será o de mínimo.<br />
Observe que neste caso não é necessário fazer o estudo do sinal da derivada nem fazer o teste da derivada<br />
segunda. Vamos ver alguns exemplos:<br />
f x = 2x − 9x + 1.<br />
Vamos determinar os valores de<br />
Exemplo 3.4.1. Considere a função definida por ( ) 3 2<br />
máximo e de mínimo de f no intervalo [ − 1,1]<br />
. Observe que a função f é contínua, portanto o Teorema de<br />
Weierstrass nos garante que existem os pontos de máximo e mínimo global. Vamos localizá-los através do<br />
procedimento sugerido acima. Derivando f , obtemos ( ) 2<br />
f são x = 0 e x = 3 . Calculando o valor de f em ambos obtemos ( )<br />
o valor de f nos extremos. Feito isso, obtemos f ( − 1) =−10e ( )<br />
tabela ficamos com as seguintes informações:<br />
90<br />
f ' x = 6x − 18x<br />
. Portanto, os pontos críticos de<br />
f 0 = 1 e f ( 3) =− 26.<br />
Agora calculamos<br />
f 1 = − 6.<br />
Assim coletando os dados numa<br />
ponto Valor de f classificação<br />
x = 0<br />
f ( 0) = 1<br />
Máximo global<br />
3<br />
f 3 = − 26<br />
Mínimo global<br />
x = ( )<br />
x =− 1<br />
( )<br />
x = 1<br />
( )<br />
f − 1 =− 10<br />
nada<br />
f 1 = − 6<br />
nada<br />
Exemplo 3.4.2. Determine as dimensões do retângulo de maior área<br />
que pode ser inscrito na região fechada limitada pelo eixo-x, pelo eixo-y<br />
3<br />
e pelo gráfico de y = 8 − x . A região e um retângulo típico estão<br />
mostrados na figura ao lado. A área do retângulo é dada por A = xy .<br />
Vamos expressar y em função de x. Observe que como o ponto ( x, y )<br />
pertence ao gráfico da curva dada, temos que<br />
( )<br />
3<br />
= 8 − . Portanto,<br />
y x<br />
3 4<br />
= = × 8− = 8 − . De acordo com a figura, temos que<br />
A xy x x x x<br />
0≤ x ≤ 2,<br />
o que acarreta que desejamos encontrar o ponto de máximo<br />
0, 2 .<br />
global da função A no intervalo fechado [ ]<br />
Como A é uma função contínua, o Teorema de Weierstrass garante a existência do ponto de máximo. Vamos<br />
3<br />
encontrar os pontos críticos de A. Derivando, obtemos A'= 8− 4x,<br />
donde o único pontos crítico de A é
3 3<br />
x = 2 . Assim, calculando A em x= 0, x=<br />
2 e x = 2 verificamos que o ponto de máximo é<br />
3<br />
Portanto as dimensões do retângulo são x = 2 e y = 8− 2= 6.<br />
3.5. - Concavidade e Pontos de Inflexão<br />
91<br />
3<br />
x = 2 .<br />
A nossa próxima aplicação da derivada diz respeito a um aspecto muito importante de uma curva que é a<br />
concavidade. Vamos dar algumas definições.<br />
• Diremos que o gráfico de f tem a concavidade voltada para cima em um intervalo I do eixo-x se estiver<br />
acima de todas as retas tangentes a ele no intervalo I , exceto no ponto de tangência.<br />
• Diremos que o gráfico de f tem a concavidade voltada para baixo em I se estiver acima de todas as retas<br />
tangentes a ele neste intervalo, exceto no ponto de tangência.<br />
Observer as figuras abaixo. Na figura 1 o gráfico de f tem concavidade voltada para baixo, enquanto que na<br />
figura 2 o gráfico de f tem concavidade voltada para cima.<br />
O nosso intuito é procurar relacionar essa idéia geométrica de<br />
concavidade com as derivadas de uma função. Vamos fazer uma<br />
discussão bastante intuitiva. Observe a figura a seguir. Nela vemos<br />
que o gráfico da função no trecho considerado é côncavo para cima.<br />
Além disso, e este é o fato que devemos perceber bem, os<br />
coeficientes angulares das retas tangentes vão crescendo à medida<br />
que x aumenta. Isso quer dizer que a função que fornece esses<br />
coeficientes angulares é crescente. Mas esses coeficientes angulares<br />
são dados pela derivada da função f nos respectivos pontos. Portanto,<br />
no trecho considerado, a função f 'é<br />
crescente, ou seja, f '' > 0 .<br />
Através de uma discussão semelhante somos levados a concluir que,<br />
num intervalo onde o gráfico da função f é côncavo para baixo,<br />
temos f '' < 0 . Veja a figura ao lado:<br />
Assim resumimos o resultado de nossa discussão:<br />
Figura 1 Figura 2<br />
Seja f uma função real definida num intervalo I do eixo-x e que possui derivada segunda em seu domínio.<br />
• Se f '' > 0 em I então o gráfico de f tem a concavidade voltada para cima em I.<br />
• Se f '' < 0 em I então o gráfico de f tem a concavidade voltada para baixo em I.
A figura ao lado dá uma idéia acerca desse importante<br />
critério. Observe que antes do ponto P a função tem seu gráfico<br />
com a concavidade voltada para baixo. Após o ponto P há uma<br />
mudança da concavidade.<br />
Um ponto onde ocorre uma mudança na concavidade é<br />
conhecido como um ponto de inflexão. Para localizarmos esses<br />
pontos descobrimos as raízes da equação f ''( x ) = 0 e os pontos<br />
onde f '' não existe e, em seguida, fazemos o estudo do sinal de<br />
f ''. Veremos agora alguns exemplos.<br />
2<br />
Exemplo 3.5.1. Seja f ( x) = ax + bx+ c,<br />
com a ≠ 0 . Vamos estudar a concavidade de f . A derivada de f é<br />
dada por f '( x) = 2ax+<br />
be<br />
sua derivada segunda por f ''( x) = 2 a.<br />
Portanto, se a > 0 o gráfico de f tem a<br />
concavidade voltada para cima e se a < 0 , terá a concavidade voltada para baixo. Isso nós conhecíamos desde o<br />
9º. Ano do ensino fundamental. Só não tínhamos uma justificativa mais precisa.<br />
Exemplo 3.5.2. Seja<br />
3 2<br />
f ( x) = 2x − 12x + 18x− 2.<br />
Vamos investigar a concavidade do gráfico de f . Observe<br />
que<br />
2<br />
f '( x) = 6x − 24x+ 18<br />
e<br />
f '' x = 12x− 24 = 12 x−<br />
2 . Vemos que x = 2 é a<br />
( ) ( )<br />
única raiz de f ''( x ) = 0 . Pela análise do sinal de f ''<br />
vemos que para valores de x menores que 2 o gráfico de f<br />
tem concavidade voltada para baixo e para valores de x<br />
maiores que 2 tem concavidade voltada para cima. Veja um<br />
esboço do gráfico de f na figura ao lado.<br />
3.6. - Esboço de gráficos<br />
Exemplo 3.5.3. Nem sempre um ponto que é raiz da equação<br />
f '' x = 0 fornece pontos de inflexão. Tomemos a função<br />
( )<br />
( ) =<br />
4<br />
. Temos que<br />
3<br />
f '( x) = 4x<br />
e f ''( x) 2<br />
12x<br />
f x x<br />
= cuja<br />
única raiz é x = 0 . Entretanto o gráfico de f tem sempre a<br />
concavidade voltada para cima antes e depois do ponto em que<br />
x = 0. Ao lado está mostrado um esboço do gráfico de f .<br />
Chegamos à nossa última aplicação da derivada e, com certeza, uma das mais importantes: a construção do<br />
gráfico de algumas funções de uma variável. As ferramentas desenvolvidas nas seções anteriores serão de grande<br />
importância aqui. Daremos a seguir um pequeno roteiro para o traçado do gráfico de uma função f definida em<br />
algum subconjunto do eixo-x.<br />
92
a) Determinamos o seu domínio. Caso esse domínio contenha pontos de descontinuidade devemos analisar os<br />
limites laterais em cada um deles.<br />
b) Determinamos os pontos onde o gráfico da função corta os eixos coordenados. Esses pontos são chamados<br />
de interceptos. Em alguns casos pode ser difícil encontrar os interceptos do eixo-x. O intercepto do eixo-y é<br />
f 0 .<br />
( )<br />
c) Determinamos os intervalos onde f é crescente e os intervalos onde f é decrescente, através do estudo do<br />
sinal da derivada primeira antes e depois dos pontos críticos.<br />
d) Determinamos os intervalos onde o gráfico de f tem a concavidade voltada para cima e os intervalos onde o<br />
gráfico de f tem a concavidade voltada para baixo, através do estudo do sinal da derivada segunda antes<br />
dos pontos de inflexão.<br />
e) Determinamos o comportamento de f quando x →±∞.<br />
Vejamos alguns exemplos<br />
4 3<br />
Exemplo 3.6.1. Vamos fazer um esboço do gráfico de f ( x) = 3x + 4x<br />
. Inicialmente observamos que o seu<br />
domínio é o conjunto dos números reais. Vejamos os interceptos. Os pontos onde o gráfico de f corta o eixo-x<br />
4 3<br />
3 4<br />
são dados pelas raízes da equação f ( x) = 3x + 4x = 0,<br />
ou seja, x ( 3x+ 4) = 0 que são x = 0 e x = − . O<br />
3<br />
ponto onde o gráfico de f corta o eixo-y é f ( 0) = 0. Vamos agora determinar os pontos críticos de f. Temos que<br />
3 2<br />
f '( x) = 12x + 12 x . Os pontos críticos são x = 0 e x = −1. Agora vamos estudar o sinal de f '. Podemos<br />
3 2 2<br />
2<br />
reescrevê-la como f '( x) = 12x + 12x = 12x ( x+<br />
1)<br />
. Como o fator 12x é sempre ≥ 0 , o sinal de f 'é<br />
o<br />
mesmo de x + 1.<br />
As conclusões estão listadas na tabela a seguir<br />
Valores de x Sinal de f '(<br />
x )<br />
Conclusão<br />
x 0<br />
positivo f é crescente<br />
Da tabela acima vemos que o ponto x =− 1 é um ponto de mínimo local. Vamos agora determinar os pontos<br />
de inflexão de f. Temos que<br />
2<br />
f ''( x) = 36x + 24x.<br />
Vamos determinar agora os pontos de inflexão.<br />
Começamos localizando as raízes da equação f ''( x ) = 0, ou seja,<br />
93<br />
x + x=<br />
que são x = 0 e<br />
2<br />
36 24 0<br />
2<br />
x =− . Agora vamos estudar o sinal de f '' . Como se trata de uma função do segundo grau, reunimos na<br />
3<br />
tabela abaixo as nossas conclusões:<br />
Valores de x Sinal de f ''(<br />
x )<br />
Conclusão<br />
2<br />
x 0<br />
positivo f é côncava para cima<br />
2<br />
Do estudo acima concluímos que x =− e x = 0 são pontos de inflexão. Para finalizar determinamos<br />
3<br />
lim f x lim f x . Vamos determinar o primeiro. Observe que<br />
x→+∞<br />
( )<br />
e ( )<br />
x→−∞
⎛ ⎞<br />
lim f x = lim 3x + 4x = lim x ⎜3+ ⎟=+∞<br />
x→+∞ x→+∞ x→+∞<br />
⎝ x ⎠<br />
( ) 4 3 4 4<br />
lim<br />
x→−∞ f x = lim 3x x→−∞ + 4x = lim x<br />
x→−∞<br />
⎛ ⎞<br />
⎜3+ ⎟=+∞<br />
⎝ x ⎠<br />
Um esboço do gráfico de f está mostrado abaixo<br />
( ) 4 3 4 4<br />
Exemplo 3.6.2. Vamos fazer um esboço do gráfico de f ( x)<br />
94<br />
=<br />
9x<br />
( ) 2<br />
x + 1<br />
. Inicialmente notamos que o domínio<br />
de f é o conjunto os números reais diferentes de -1. Devemos, portanto, investigar o que ocorre com f próximo de<br />
x =− 1 . Observe que quando x está próximo de − 1 pela esquerda, o numerador está próximo de -9 e o<br />
lim f x =−∞. Por um<br />
denominador próximo de 0, e ambos possuem sinais contrários. Em virtude disso,<br />
−<br />
x→−1<br />
( )<br />
argumento semelhante temos que lim<br />
+<br />
x→−1<br />
f ( x)<br />
corta o eixo-y é f ( 0)<br />
que é igual a 0. Os pontos onde f corta o eixo-x são as raízes de ( ) 0<br />
= −∞ . Determinemos agora os interceptos de f. O ponto onde f<br />
f x = , ou seja, a raiz<br />
de 9x = 0 que é x = 0 . Veremos agora os intervalos onde f é crescente e aqueles onde f é decrescente. Temos<br />
que<br />
2<br />
9( x + 1) − 18x( x+ 1) 9( x+ 1)( 1−x) 9( 1−x)<br />
f '(<br />
x)<br />
= = = .<br />
4 4 3<br />
x+ 1 x+ 1 x+<br />
1<br />
( )<br />
( )<br />
( )<br />
Portanto, os pontos críticos de f são x =−1e x = 1.<br />
Observando a expressão da derivada, vemos que o estudo do<br />
seu sinal pode ser feito a partir do estudo do sinal do denominador uma vez que o denominador é sempre<br />
positivo. Assim sendo:<br />
Valores de x Sinal de f '(<br />
x )<br />
Conclusão<br />
x 1<br />
negativo f é decrescente<br />
Da tabela acima constatamos que x = 1 é um ponto de máximo local. Apesar de f ' ter sinal negativo antes de<br />
x =− 1 e positivo após, não podemos qualificá-lo como um ponto de mínimo local pois ele não pertence ao<br />
domínio de f. Vamos agora determinar os pontos de inflexão de f. Temos que
( )<br />
f '' x<br />
( ) ( )( )<br />
( )<br />
3 2<br />
95<br />
( )<br />
( )<br />
− 9 x + 1 −27 1− x1 x+ 1 −9 4−2x = =<br />
6 4<br />
x+ 1 x+<br />
1<br />
Os pontos onde f '' se anula ou não existe são x = −1 e x = 2 , respectivamente. O estudo do sinal de f '' está<br />
listado na tabela abaixo:<br />
Valores de x Sinal de f ''(<br />
x )<br />
Conclusão<br />
x 2<br />
positivo f é côncava para cima<br />
Deste estudo concluímos que x = 2 é o único<br />
ponto de inflexão de f . Para finalizarmos<br />
lim f x lim f x . Note<br />
devemos estudar ( )<br />
que:<br />
x→+∞<br />
e ( )<br />
x→−∞<br />
9 9<br />
9x30 f ( x)<br />
x x<br />
x→+∞ x→+∞ 2<br />
x→+∞ ( 1) 2 2 4 x→+∞<br />
x + ⎛ ⎞ 2 4<br />
1<br />
1<br />
x 1+<br />
+<br />
+ +<br />
2<br />
2<br />
lim = lim = lim = lim = = 0<br />
.<br />
⎜ ⎟<br />
⎝ x x ⎠<br />
Analogamente mostramos que f ( x)<br />
lim = 0 .<br />
x→−∞<br />
Um esboço do gráfico de f está mostrado ao lado:<br />
3.7. - O Teorema do valor médio<br />
Todos os resultados sobre crescimento, decrescimento e concavidade que obtivemos até o momento<br />
repousam essencialmente num dos teoremas mais importantes do <strong>Cálculo</strong> e que é conhecido como Teorema do<br />
valor médio. A primeira formulação feita desse teorema é devida ao matemático italiano Joseph-Louis Lagrange<br />
(1736-1813). O seu enunciado é o seguinte:<br />
Suponha que f seja uma função contínua no intervalo fechado [ ab , ] e derivável no intervalo aberto<br />
( ab , ) ,Então existe c∈ ( a, b)<br />
tal que<br />
( )<br />
f ' c<br />
ou equivalentemente, f ( b) − f ( a) = f ( c)( b− a)<br />
=<br />
' .<br />
x x<br />
( ) − ( )<br />
f b f a<br />
b−a Geometricamente ele significa existe um ponto c ( a, b)<br />
reta tangente ao gráfico de f no ponto ( , ( ) )<br />
passa pelos pontos a, f ( a ) e , ( )<br />
( )<br />
( )<br />
∈ tal que a<br />
c f c é paralela à reta que<br />
b f b , conforme nos mostra a<br />
figura ao lado. Não faremos a prova desse Teorema. Indicamos o<br />
livro de Serge Lang, citado na bibliografia como fonte de consulta.<br />
.
Veremos agora através de um exemplo como esse resultado funciona. Para isso, vamos ver a prova de<br />
um resultado sobre crescimento estabelecido anteriormente que é o seguinte:<br />
Seja f uma função definida num intervalo I do eixo-x. Se f 'é<br />
positiva em I então f será crescente em I .<br />
De fato, sejam a e b em I, com a b<br />
f a < f b . Pelo teorema do valor médio,<br />
existe c∈ ( a, b)<br />
tal que f ( b) − f ( a) = f ' ( c)( b−a) . Como ambos os fatores do lado direito dessa igualdade<br />
são positivos, pois f 'é<br />
positiva, então segue que f ( b) f ( a)<br />
0 f b > f a .<br />
4. - Avaliando o que foi construído<br />
< . Vamos provar que ( ) ( )<br />
− > , ou seja, ( ) ( )<br />
Ampliando o seu Conhecimento<br />
Imagine que um objeto move-se em linha reta com sua posição sendo dada por uma função s = s( t)<br />
com t∈ [ a, b]<br />
. Então de acordo com o Teorema do Valor Médio, existe um instante t = c∈ ( a, b)<br />
tal que a velocidade instantânea em c é igual à velocidade média do móvel entre t = a e t = b.<br />
Nesta unidade você teve a oportunidade de apreciar uma nova interpretação da derivada e viu como a<br />
derivada é útil no estudo do comportamento de uma função. Dentre os conhecimentos mais marcantes que vimos<br />
aqui podemos destacar a construção rigorosa do gráfico de uma função. Como dissemos anteriormente só as<br />
funções do primeiro grau possuíam um gráfico com construção totalmente justificada.<br />
No Moodle...<br />
Dialogando e Construindo Conhecimento<br />
Vá à plataforma MOODLE e dedique-se à leitura do material disponibilizado, discussões nos fóruns e<br />
resolução das tarefas relacionadas ao assunto desta unidade. Procure sempre sanar as suas dúvidas.<br />
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Dialogando e Construindo Conhecimento<br />
Reúna-se com os colegas para discutir os temas abordados. Procure os Tutores para esclarecer as dúvidas<br />
sobre algum tema que não tenha sido bem assimilado. Comunique-se! Nós estamos sempre dispostos a<br />
orientá-lo e ajudá-lo em caso de dificuldade no estudo da disciplina. Acredite em seu potencial e conte<br />
conosco.<br />
96
Unidade <strong>II</strong>I: <strong>Integral</strong> Definida e Primitivas<br />
1. - Situando a Temática<br />
A partir de agora nós vamos conhecer dois novos objetos da Matemática. São a integral definida e a<br />
primitiva. A primeira vai ser definida a partir de uma situação concreta, a saber, a determinação de uma área.<br />
Como quase tudo o que é feito em Matemática, começa-se com uma situação concreta, esta motiva uma<br />
definição abstrata e esta última cria vida própria e desenvolve-se dando origem a novos resultados que podem<br />
incluir até mesmo outras situações concretas diversas daquela inicial. Durante este curso esta atitude já foi<br />
tomada com relação à derivada. Motivaremos a integral definida para uma situação particular e sempre<br />
voltaremos a essa interpretação. O outro objeto, a primitiva de uma função, será definida como um processo<br />
inverso ao da derivação, ou seja, dada uma função f, procura-se uma outra g tal que a derivada de g seja f. A<br />
função g será chamada uma primitiva para f . Apesar da aparente simplicidade, tal procura, em geral, pode ser<br />
bastante laboriosa. O mais impressionante será o relacionamento entre os dois novos objetos introduzidos: a<br />
integral definida e a primitiva de uma função relacionam-se harmoniosamente num resultado conhecido como<br />
Teorema fundamental do cálculo.<br />
2. - Problematizando a Temática<br />
Determinar a área de uma figura plana foi um problema bastante atacado pelos antigos cientistas e,<br />
muito satisfatoriamente, por um dos maiores gênios da antiguidade, Arquimedes de Siracusa. Aqui abordaremos<br />
alguns problemas semelhantes aos que ele abordou e os resolveremos de uma maneira moderna usando o<br />
chamado Teorema fundamental do <strong>Cálculo</strong>.<br />
3. - Conhecendo a Temática<br />
3.1 - Motivação inicial: o problema da área<br />
O cálculo das áreas de polígonos já era conhecido desde<br />
Euclides. Entretanto foi Arquimedes quem primeiro construiu<br />
uma idéia satisfatória no cálculo de áreas de figuras planas em<br />
geral. A sua idéia baseava-se na aproximação da região por<br />
polígonos, dos quais se sabia efetivamente calcular a área.<br />
Vejamos a seguinte situação. Tomemos a função<br />
2<br />
f ( x) = x + 1e<br />
o nosso problema é determinar a área da região<br />
S do plano limitada pelo gráfico de f , pelo eixo-x e pelas retas<br />
x = 0 e x = 2 , conforme a figura ao lado:<br />
Vamos dividir o intervalo [ 0, 2 ] em 4 intervalos iguais.<br />
Como são 4 intervalos, cada um terá comprimento<br />
2−0 2<br />
Δ x = = = 0,5 . Assim, teremos os intervalos<br />
4 4<br />
⎡ 1⎤ ⎡1 ⎤ ⎡ 3⎤<br />
⎢<br />
0, , ,1 , 1,<br />
⎣ 2⎥ ⎦<br />
⎢<br />
⎣2 ⎥<br />
⎦<br />
⎢<br />
⎣ 2⎥<br />
⎦ e 3 ⎡ ⎤<br />
⎢<br />
,2<br />
⎣ 2 ⎥<br />
. Em cada um desses intervalos<br />
⎦<br />
escolhemos um ponto qualquer. Vamos escolher o ponto extremo<br />
direito. Consideramos então os retângulos de base igual a cada<br />
intervalo e altura igual ao valor de f no ponto especificado.<br />
Calculamos a soma das áreas de cada um desses retângulos e obtemos um valor aproximado para a área<br />
desejada.<br />
Aqui temos um valor aproximado para essa área:<br />
97
1 ⎛1⎞ 1 1 ⎛3⎞ 1 1 5 1 1 13 1<br />
× f ⎜ ⎟+ × f () 1 + × f ⎜ ⎟+<br />
× f ( 2) = × + × 2+ × + × 5= 5.75.<br />
2 ⎝2⎠ 2 2 ⎝2⎠ 2 2 4 2 2 4 2<br />
Evidentemente a escolha do ponto extremo direito foi uma opção nossa. Poderíamos também ter escolhido o<br />
ponto extremo esquerdo, ou outro qualquer. Caso tivéssemos escolhido o extremo esquerdo e repetido o<br />
processo, um valor aproximado para a área pedida seria<br />
1 1 ⎛1⎞ 1 1 ⎛3⎞ 1 1 5 1 1 13<br />
× f ( 0) + × f ⎜ ⎟+ × f () 1 + × f ⎜ ⎟=<br />
× 1+ × + × 2+ × = 3.75<br />
2 2 ⎝2⎠ 2 2 ⎝2⎠ 2 2 4 2 2 4<br />
Uma figura neste caso está mostrada abaixo:<br />
Se tivéssemos tomado o ponto médio de cada intervalo, um valor aproximado para a área seria<br />
1 ⎛1⎞ 1 ⎛3⎞ 1 ⎛5⎞ 1 ⎛7⎞ 1 17 1 25 1 41 1 65<br />
× f ⎜ ⎟+ × f ⎜ ⎟+ × f ⎜ ⎟+ × f ⎜ ⎟=<br />
× + × + × + × = 4.625.<br />
2 ⎝4⎠ 2 ⎝4⎠ 2 ⎝4⎠ 2 ⎝4⎠ 2 16 2 16 2 16 2 16<br />
Uma figura representando essa situação está mostrada abaixo:<br />
Observe que o valor dessas aproximações vai melhorando cada vez mais quando fizermos a quantidade de<br />
intervalos aumentar. Se ao invés de 4 tivéssemos tomado 8, a aproximação seria 4,65625 usando como ponto<br />
escolhido o ponto médio de cada intervalo. Só para se ter uma idéia, o valor exato de tal área é 14<br />
4,666...<br />
3 =<br />
Vale a pena notar também que se dividirmos o intervalo [ 0, 2 ] em n subintervalos todos de igual comprimento<br />
2− 0 2<br />
= teremos os seguintes subintervalos:<br />
n n<br />
⎡ 2⎤ ⎡2 4⎤ ⎡4 6⎤<br />
⎡ 2( n − 2)<br />
⎤<br />
I1 =<br />
⎢<br />
0, , I2 , , I3 , ,..., In<br />
,2<br />
n⎥ =<br />
⎢<br />
= = ⎢ ⎥<br />
n n⎥ ⎢n n⎥ .<br />
⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ n ⎦<br />
98
Se escolhermos um ponto qualquer em cada um deles, c1∈I1, c2∈I2,..., cn∈ In,<br />
o valor para a<br />
aproximação neste caso será:<br />
2 2 2 2 2 2 2 2 n<br />
2 2<br />
( c1 + 1) × + ( c2 + 1) × + ( c3 + 1 ) × + ... + ( cn + 1) × = ∑ ( ci<br />
+ 1)<br />
× ,<br />
n n n n i=<br />
1 n<br />
n<br />
2 2<br />
Onde o símbolo ∑ ( ci<br />
+ 1)<br />
× indica a soma das n parcelas que estão do lado esquerdo. Veja que todas<br />
i=<br />
1 n<br />
elas são semelhantes, só diferem no índice. Por isso mesmo vamos usar com freqüência esta notação que é<br />
muito mais econômica.<br />
3.2. - <strong>Integral</strong> definida: definição e propriedades<br />
A idéia surgida anteriormente para o cálculo de área agora será usada como motivação para definirmos um<br />
novo objeto matemático: a integral definida. Suponha que f seja uma função contínua definida num intervalo<br />
[ , ]<br />
ab em n subintervalos, I1, I2,..., I n<br />
b−a todos de mesmo comprimento Δ x = . Vamos escolher pontos c1∈I1, c2∈I2,..., cn∈Ine consideremos a<br />
n<br />
soma, conhecida como soma de Riemann:<br />
ab do eixo-x e n um número natural. Vamos dividir o intervalo [ , ]<br />
( ) ( ) ( ) ( )<br />
f c Δ x+ f c Δ x+ f c Δ x+ + f c Δ x<br />
1 2 3 ... n<br />
que pode ser reescrita numa forma mais compacta da seguinte maneira:<br />
( ) ( ) ( ) ... ( ) ( )<br />
f c Δ x+ f c Δ x+ f c Δ x+ + f c Δ x= ∑ f c Δx.<br />
1 2 3<br />
Definimos a integral definida de f em [ ab , ] com sendo:<br />
b<br />
n→+∞ i=<br />
1<br />
99<br />
( )<br />
lim n<br />
∑ f c Δx.<br />
i<br />
n i<br />
i=<br />
1<br />
Vamos representá-la pelo símbolo ∫ f ( x) dx.<br />
Devemos lê-lo como a integral de ( )<br />
b n<br />
∫ lim<br />
a<br />
n→+∞ i=<br />
1<br />
b .Portanto, ( ) ∑ ( )<br />
f x dx= f c Δx.<br />
i<br />
Caso a função f seja positiva no intervalo [ ab , ] a integral definida de<br />
f em [ ab , ] representa a área que está abaixo do gráfico de f acima do<br />
eixo-x e limitada pelas retas x = a e x = b , conforme a figura ao lado.<br />
a<br />
n<br />
f x entre a e
Agora devemos ter um cuidado: nem sempre a integral<br />
definida fornece a área entre o gráfico de f , o eixo-x e<br />
as retas x = a e x = b , conforme nos mostra a figura<br />
abaixo. Nela está mostrado o gráfico da função<br />
f ( x) = ( x+ 1)( x−1)( x−<br />
3)<br />
. Perceba que a área da<br />
região delimitada pelo gráfico de f , pelo eixo-x e as<br />
Veremos a seguir algumas propriedades da integral definida. Vamos adiar suas demonstrações para o curso de<br />
Introdução à Análise. Suponha que f e g sejam funções contínuas definidas no intervalo [ ab , ] . Então valem as<br />
seguintes propriedades:<br />
( ± ) = ( ) ± ( )<br />
b b b<br />
∫ f x g x dx ∫ f x dx ∫ g x dx,<br />
1. ( ) ( )<br />
a a a<br />
b c b<br />
2. Se c∈ ( a, b)<br />
então f ( x) dx= f ( x) dx+ f ( x) dx,<br />
∫ ∫ ∫ .<br />
a a c<br />
b b<br />
3. Se f ( x) ≤ g( x)<br />
para todo x ∈ [ ab , ] então ( ) ≤ ( )<br />
∫ f x dx ∫ g x dx.<br />
a a<br />
Faremos também as seguintes convenções:<br />
a<br />
1. f ( x) dx= 0<br />
a<br />
∫ f<br />
b<br />
x dx=−∫ f x dx<br />
∫ 2. ( ) ( ) .<br />
a<br />
3.3. - Primitivas<br />
3<br />
x = NÃO é dada por ( )<br />
retas x =−1e 3<br />
∫ f x dx!<br />
Isso<br />
−1<br />
porque a função nesse trecho assume valores positivos e<br />
negativos. Portanto o que essa integral nos fornece na<br />
realidade é A1− A2,<br />
onde A 1 é a área da região abaixo do<br />
gráfico de f e acima do eixo-x entre x =− 1 e x = 1 e<br />
A2 é a área da região acima do gráfico de f e abaixo do<br />
eixo-x entre x = 1e<br />
x = 3.<br />
b a<br />
A partir de agora iremos a busca de calcular a integral definida de uma função contínua f definida em<br />
um intervalo [ ab , ] . Quem vai interceder de maneira decisiva nesse cálculo será o objeto que estudaremos nesta<br />
seção, a chamada primitiva ou integral indefinida de uma função. Sabemos do nosso estudo inicial de derivadas<br />
que a derivada de uma função constante é igual a zero. A pergunta que se nos põe é a seguinte: uma função que<br />
possua derivada igual nula é constante? Colocada assim de uma forma tão geral essa pergunta está longe de ter<br />
uma resposta afirmativa, como nos mostra o seguinte exemplo:<br />
Exemplo 3.3.1. Considere a função:<br />
( )<br />
f x<br />
⎧ 1 se x > 0<br />
= ⎨<br />
⎩−<br />
1 se x < 0<br />
Observe que essa função tem derivada nula em todos os pontos do seu domínio, mas ela não é uma função<br />
constante.<br />
100
Para responder à pergunta formulada anteriormente de forma satisfatória usaremos o Teorema do Valor Médio.<br />
A resposta definitiva é a seguinte:<br />
Fato 1: Suponha que f seja uma função contínua definida num intervalo aberto I do eixo-x e que para todo<br />
x ∈ I . Então f é constante em I .<br />
Esse fato nos permite ainda tirar uma conclusão bastante importante acerca de funções que possuem a mesma<br />
derivada:<br />
Fato 2: Suponha que f e g são funções contínuas definidas no mesmo intervalo aberto I do eixo-x e que<br />
( ) ( )<br />
f ' x = g' x para todo x I<br />
Passamos agora a definir o principal objeto dessa seção:<br />
∈ . Então existe uma constante k tal que ( ) ( )<br />
101<br />
f x = g x + k,<br />
para todo x ∈ I .<br />
Seja f uma função definida num intervalo aberto I do eixo-x. Uma primitiva ou integral indefinida para f é<br />
uma função F definida em I tal que F'( x) f ( x)<br />
= para todo x ∈ I .<br />
2<br />
Exemplo 3.3.2. A função F( x) = x é uma primitiva para a função f ( x) 2x<br />
2 2<br />
de f as funções F( x) = x + 1,<br />
F( x) = x − 1 e, mais geralmente, ( ) 2<br />
= em R . Também são primitivas<br />
F x = x + k , onde k∈Ré qualquer<br />
constante. Uma pergunta que poderíamos fazer nesse momento é a seguinte: Todas as primitivas de f são dessa<br />
2<br />
forma, ou seja, se F é uma primitiva de f então F( x) = x + k ? A resposta é sim. De fato, Se F e G são<br />
primitivas de f no intervalo aberto I , então, em I , temos F'( x) = G'( x)<br />
. Logo, pelo fato 2 acima, concluímos<br />
que deve existir uma constante k tal que G( x) = F( x) + k , para todo x ∈ I .<br />
O que o exemplo 3.3.2. acima nos conta é que se encontrarmos uma primitiva F de uma função f então todas as<br />
outras são obtidas a partir de F adicionando constantes (que podem ser negativas ou positivas). Portanto, nosso<br />
esforço estará concentrado na determinação de uma primitiva.<br />
Usaremos a notação abaixo para indicar que todas as primitivas de uma função f são iguais a F adicionada a<br />
constantes:<br />
f ( x) dx= F( x) + k,<br />
k uma constante.<br />
Observe que os símbolos ∫ f ( x) dxe<br />
∫ ( )<br />
∫<br />
A seguir exibiremos algumas propriedades da primitiva de uma função.<br />
b<br />
a<br />
f x dxindicam<br />
objetos distintos apesar da semelhança entre eles.<br />
Se f e g são funções definidas em um intervalo I , então valem as seguintes propriedades:<br />
1. ∫⎡⎣f( x) ± g ( x) ⎤⎦<br />
dx= ∫ f ( x) dx± ∫g(<br />
x) dx,<br />
2. ∫cf( x) dx= c∫ f ( x) dx,<br />
onde c é uma constante real.<br />
Agora atente bem porque não valem propriedades semelhantes para divisão e produto. Logo mais veremos<br />
como relacionar a idéia de primitiva com o cálculo de integrais definidas. Antes vejamos alguns exemplos que<br />
ilustram a importância das primitivas.<br />
Exemplo 3.3.3. Vamos determinar a função f que satisfaz às seguintes condições:<br />
( )<br />
( )<br />
2<br />
⎧ ⎪ f ' x = 3x<br />
⎨<br />
.<br />
⎪⎩ f 0 = 2
f 0 = 2,<br />
temos que 2,<br />
= + . Um problema como esse é conhecido como problema de valor inicial,<br />
uma vez que além da informação sobre a derivada da função f também possuímos uma informação sobre o valor<br />
de f em um ponto.<br />
Como<br />
2<br />
3<br />
f '( x) = 3x<br />
temos, por inspeção, que f ( x) = x + k , onde k é uma constante. Como ( )<br />
k = donde f ( x) 3<br />
x 2<br />
Exemplo 3.3.4. Uma partícula desloca-se sobre o eixo-x. Sabe-se que no instante t, t>0, a sua velocidade é<br />
v() t = 2t+ 1.<br />
Sabe-se, ainda, que no instante t = 0 , a partícula encontra-se na posição x = 1. Determine a<br />
posição da partícula em um instante de tempo t > 0 qualquer.<br />
Sabemos que a velocidade v() t da partícula é dada pela derivada de sua posição x() t . Portanto,<br />
x ' t = 2t+ 1.<br />
Por inspeção, verificamos que<br />
2<br />
x( t) = t + t+ k , onde k é uma constante. Como<br />
()<br />
2<br />
x ( 0) = 1, devemos ter k = 1 o que acarreta ( )<br />
x t = t + t+<br />
1.<br />
Veremos agora um quadro resumido com algumas primitivas chamadas imediatas. O adjetivo refere-se ao<br />
fato de que são obtidas pelo processo inverso de derivação:<br />
•<br />
k + 1<br />
k x<br />
∫ x dx = + C,<br />
se k ≠ − 1<br />
k + 1<br />
•<br />
1<br />
−1<br />
∫ dx = ∫ x dx = ln x + C<br />
x<br />
•<br />
x x<br />
∫ edx= e + C<br />
• ∫ senxdx =− cos x + C<br />
• ∫ cos xdx = senx + C<br />
•<br />
2<br />
∫ sec xdx = tgx+ C<br />
• ∫<br />
1<br />
2<br />
1−<br />
x<br />
dx = arcsenx + C<br />
•<br />
1<br />
∫ dx = arctgx+ C<br />
2<br />
1+<br />
x<br />
2<br />
− x<br />
2<br />
As funções e ,cos ( x ) , sen( x)<br />
3.4. - O Teorema fundamental do <strong>Cálculo</strong><br />
Ampliando o seu Conhecimento<br />
Chegamos a um dos resultados mais importantes do nosso curso. Aquele que nos permitirá relacionar as<br />
noções de derivada e integral de uma forma bastante surpreendente e, como resultado, nos mostra um caminho<br />
prático para calcularmos integrais definidas evitando o tortuoso caminho da definição. O resultado é o seguinte:<br />
Teorema Fundamental do <strong>Cálculo</strong>:<br />
,<br />
Se f for contínua em [ ab ] e se F for uma primitiva de f em [<br />
b<br />
f ( x) dx= F( b) −F(<br />
a).<br />
, ]<br />
∫<br />
a<br />
e muitas outras não possuem primitivas que possam ser<br />
expressas em termos das funções que conhecemos. Esse fato foi provado pelo matemático francês<br />
Liouville.<br />
102<br />
ab , então:
Vamos ver uma demonstração deste fato. Ela é simples e bonita o suficiente para apreciarmos. Supondo que<br />
ab , . Então:<br />
f seja contínua em [ ]<br />
b n<br />
∫ lim<br />
a<br />
n→+∞ i=<br />
1<br />
( ) ∑ ( )<br />
f x dx= f c Δx<br />
existe independentemente da escolha dos ci's. O que faremos aqui é fazer uma escolha particular dos ci's e<br />
que fornecerá o resultado desejado. Como F é contínua em cada intervalo [ 1 ] , Ii = xi−xi e derivável no intervalo<br />
x x<br />
∗<br />
c ∈ x x tal que:<br />
aberto ( − ) , existe, pelo Teorema do Valor Médio, um ponto ( )<br />
1 , i i<br />
1 ,<br />
i i−i i i−1 '<br />
∗<br />
i i i−1 ∗<br />
i i i−1<br />
( ) ( ) ( )( ) ( )( )<br />
F x − F x = F c x − x = f c x − x .<br />
Agora vamos somar todas as parcelas do tipo acima. Mais especificamente:<br />
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )<br />
F x F x F x F x F x F x F x F x F x F x<br />
1 − 0 + 2 − 1 + 3 − 2 + ... + n−1 − n−2 + n − n−1<br />
=<br />
∗<br />
f c1 x1− x0 +<br />
∗<br />
f c2 x2 − x1 +<br />
∗<br />
f c3 x3 − x2 + ... +<br />
∗<br />
f cn−1 xn−1− xn−2 +<br />
∗<br />
f cn xn − xn−1<br />
( )( ) ( )( ) ( )( ) ( )( ) ( )( )<br />
O lado esquerdo dessa igualdade reduz-se a F( x ) F( x ) F( b) F( a)<br />
escrita numa forma mais compacta como:<br />
Agora fazendo n →+∞ nós obtemos:<br />
donde:<br />
como queríamos demonstrar.<br />
n<br />
i=<br />
1<br />
n→+∞ i=<br />
1<br />
n<br />
103<br />
0<br />
i<br />
− = − . Portanto a igualdade pode ser<br />
∗ ( i )( i − i−1)<br />
= ( ) − ( )<br />
∑ f c x x F b F a .<br />
∗ b<br />
( i ) Δ = ( ) = a<br />
( ) − ( )<br />
lim n<br />
∑ f c x ∫ f x dx F b F a ,<br />
b<br />
a<br />
∫<br />
( ) = ( ) − ( )<br />
f x dx F b F a<br />
Vamos calcular algumas integrais definidas usando o Teorema Fundamental.<br />
2<br />
3 2<br />
Exemplo 3.4.1. Calcule ∫ ( + )<br />
3 2<br />
f ( x) x x .<br />
1<br />
x x dx.<br />
Em primeiro lugar vamos determinar uma primitiva para<br />
= + Usando a lista de primitivas vista no final da seção anterior, temos que uma primitiva para f é<br />
4 3<br />
x x<br />
F( x ) = + . Portanto, pelo Teorema Fundamental do <strong>Cálculo</strong>, temos que:<br />
4 3<br />
2 4 3 4 3<br />
3 2<br />
∫ ( x x ) dx F( 2) F(<br />
1)<br />
1<br />
⎛2 2 ⎞ ⎛1 1 ⎞ 15 7 45−28 17<br />
+ = − = ⎜ + ⎟− ⎜ + ⎟=<br />
+ = =<br />
⎝ 4 3 ⎠ ⎝ 4 3 ⎠ 4 3 12 12<br />
2<br />
Exemplo 3.4.2. Calcule a área limitada pelo gráfico de f ( x) = x + 1,<br />
as retas x = 0 , x = 2 e o eixo-x. Esse<br />
foi o problema com o qual iniciamos nosso estudo da integral definida. Pelo que já vimos a área pedida é igual a<br />
2<br />
3<br />
2<br />
2 x<br />
∫ ( x + 1)<br />
dx . Uma primitiva para f ( x) = x + 1 é F( x) = + x.<br />
Portanto:<br />
0<br />
3<br />
,
2 3 3<br />
2<br />
∫ ( x ) dx F( ) F(<br />
)<br />
0<br />
⎛2 ⎞ ⎛0 ⎞ 8 14<br />
+ 1 = 2 − 0 = ⎜ + 2⎟− ⎜ + 0⎟= + 2=<br />
.<br />
⎝ 3 ⎠ ⎝ 3 ⎠ 3 3<br />
Exemplo 3.4.3. Calcule a área da região limitada pelo gráfico de f ( x) ( x 1)( x 1)( x 3)<br />
104<br />
= + − − entre os pontos<br />
x =− 1 e x = 3 . Revendo a discussão sobre áreas e integrais a área pedida será dada por<br />
1 3<br />
( ) − ( )<br />
∫ f x dx∫ f x dx,<br />
ou seja, a área pedida é dada por:<br />
−1<br />
1<br />
1 3 1 3<br />
3 2 3 2<br />
∫ ( ) ∫ ( ) ∫( 3 3) ∫ ( 3 3)<br />
f x dx− f x dx= x − x − x+ dx− x − x − x+ dx=<br />
−1 1 −1<br />
1<br />
3 2<br />
Uma primitiva para f ( x) = x −3x − x+<br />
3é<br />
( )<br />
32<br />
igual a F() 1 −F( −1) −( F( 3) − F()<br />
1 ) = .<br />
4<br />
4. - Avaliando o que foi construído<br />
4 2<br />
x 3 x<br />
F x = −x − + 3x.<br />
Portanto, a área pedida será<br />
4 2<br />
Nesta unidade tivemos a oportunidade de conhecer dois objetos novos da matemática: a integral definida e a<br />
primitiva de uma função. Vimos que ambas resolvem problemas concretos e que relacionam-se através do<br />
conhecido Teorema Fundamental do <strong>Cálculo</strong>.<br />
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Unidade IV: Algumas Técnicas para se Encontrar Primitivas<br />
1. - Situando a Temática<br />
Na unidade anterior tivemos a oportunidade de conhecer o Teorema fundamental do cálculo que fornece<br />
uma maneira mais rápida para se calcular a integral definida de uma função f em termos de alguma de suas<br />
primitivas. O que faremos nesta unidade será apresentar algumas técnicas para a determinação de primitivas que<br />
também são conhecidas por técnicas de integração.<br />
2. - Problematizando a Temática<br />
As primitivas imediatas vistas na unidade anterior são obtidas diretamente por um processo inverso de<br />
derivação. Em geral isso pode ser feito, mas por procedimentos um pouco mais delicados. Portanto o principal<br />
problema abordado aqui será o de determinar primitivas de funções.<br />
3. - Conhecendo a Temática<br />
3.1. - Integração por substituição<br />
Duas das técnicas de integração que estudaremos funcionam ao contrário de duas regras de derivação. A<br />
primeira é a integração por substituição que funciona ao contrário da Regra da Cadeia. Começaremos com um<br />
exemplo.<br />
2<br />
Exemplo 3.1.1. Vamos determinar uma primitiva para a função ( )<br />
105<br />
2xcos x , o que é equivalente a calcular<br />
2<br />
2 du<br />
∫ 2xcos ( x ) dx.<br />
Observe que se fizermos u = x , e derivarmos com relação a x ficaremos com = 2 x,<br />
de<br />
dx<br />
modo que du = 2 xdx.<br />
Essa última passagem é justificável, mas não faremos isso aqui. Agora fazemos a<br />
substituição:<br />
2 2 2<br />
( ) ( ) ( )<br />
∫2xcos x dx = ∫cos x 2xdx = ∫ cosudu<br />
= senu + C = sen x + C .<br />
Perceba bem: o segredo aqui foi fazer uma escolha acertada da substituição, ou seja, uma escolha acertada de u.<br />
Vejamos outro exemplo:<br />
x<br />
Exemplo 3.1.2. Calcule ∫ dx.<br />
Vamos fazer de duas formas para que fique claro que às vezes um mesmo<br />
2<br />
1+<br />
x<br />
2<br />
problema pode ser resolvido de duas ou mais maneiras diferentes. Vamos ao primeiro modo. Se fizermos u = x<br />
du<br />
e derivarmos com relação a x, ficaremos com = 2 x,<br />
ou seja, du = 2 xdx.<br />
Mas veja que isso fornece<br />
dx<br />
du<br />
xdx = . Por que fizemos isso ? Porque no integrando temos xdx e não 2xdx ! Agora substituímos e<br />
2<br />
obtemos:<br />
x 1 1 du 1 1<br />
∫ dx = .<br />
2 ∫ xdx = 2 ∫ = ∫ du<br />
1+ x 1+ x 1+ u 2 2 1+<br />
u<br />
Aparentemente a nossa escolha de u não foi boa, porque nos conduziu a uma integral que também não é da<br />
categoria das imediatas. Mas veja que podemos fazer uma nova substituição. Faremos v= 1 + u.<br />
Derivando v<br />
dv<br />
com relação a u, teremos = 1, ou seja, dv = du.<br />
Agora substituindo, teremos:<br />
du
Portanto:<br />
1 1<br />
∫ du = ∫ dv = ln v + C = ln 1 + u + C.<br />
1+<br />
u v<br />
x 1 1 1 1 1<br />
∫ = ∫ = + = + + = + +<br />
106<br />
( )<br />
2 2<br />
dx du ln u C ln 1 x C ln 1 x C.<br />
2<br />
1+ x 2 1+ u 2 2 2<br />
2<br />
Vejamos agora uma substituição que é mais rápida. Façamos u = 1 + x . Derivando com relação a x, teremos<br />
du<br />
du<br />
= 2 x,<br />
ou seja, du = 2 xdx.<br />
Essa última nos leva a xdx = . Agora substituindo, teremos:<br />
dx 2<br />
x 1 du 1 1 1 1<br />
2<br />
∫ dx = ln ln 2 ∫ = ∫ du = u + C = ( 1 + x ) + C.<br />
1+ x u 2 2 u 2 2<br />
Em resumo, a regra funciona assim:<br />
( ) ( )<br />
Regra da Substituição: Se quisermos calcular ∫ f<br />
du = g ' ( x) dx.<br />
Assim:<br />
g( x) × g ' x dx,<br />
podemos fazer u g ( x)<br />
∫ f ( g( x) ) × g ' ( x) dx= ∫ f ( u) du.<br />
Portanto, se soubermos calcular esta última e, digamos, que ela seja F( x ), a primeira será F g ( x )<br />
= e daí,<br />
( ).<br />
Vejamos mais dois exemplos:<br />
x<br />
Exemplo 3.1.3. Calcule ∫ dx . Observe que este caso é um pouco diferente dos demais. Gostaríamos muito<br />
x −1<br />
x −1<br />
que o integrando fosse o inverso do que realmente é, ou seja, se fosse algo como ∫ dx seria fácil calcular<br />
x<br />
(será mesmo? Tente). Bom, mas esse impulso inicial é válido e vamos nos apegar a ele. Façamos<br />
u = x−1.<br />
Derivando com relação a x, obtemos du = dx.<br />
Mas o que fazer com o x que está no numerador já que<br />
ele não aparece na expressão de du ? Fazemos o seguinte, lembre que u = x−1,<br />
portanto, x= u+<br />
1. Agora<br />
substituímos:<br />
x u+ 1 u 1 1<br />
∫ dx = ∫ du = ∫ du + ∫ du = ∫1du + ∫ du = u + ln u + C = ( x − 1) + ln x − 1 + C.<br />
x−1u u u u<br />
Exemplo 3.1.4. Calcule ∫<br />
x<br />
dx.<br />
Observe que não está clara aqui nenhuma substituição. Vamos tentar<br />
2x+ 3<br />
du<br />
u = 2x+ 3. Veja que = 2, ou seja, du = 2 dx.<br />
A mesma idéia que usamos antes, ou seja, tirar o valor de x em<br />
dx<br />
u − 3<br />
função de u nos leva a x = . Portanto substituindo ficaremos com:<br />
2<br />
u − 3<br />
∫<br />
x<br />
dx = ∫<br />
2x+ 3<br />
2<br />
u<br />
du 1 u−3 1⎧ = ∫ du = ⎨∫ 2 4 u 4⎩ u<br />
du − ∫<br />
u<br />
3 ⎫ 1 1/2 −1/2<br />
du⎬= { ∫udu − 3∫udu}<br />
=<br />
u ⎭ 4<br />
Há outra possibilidade que é tentar u = 2x+ 3. Faça como exercício.<br />
( ) 3/2<br />
x +<br />
3/2 1/2 3/2<br />
1 ⎧u u ⎫ u<br />
1/2 2 3<br />
= ⎨ − 3 ⎬=<br />
− 6u + C = − 6 2x+ 3 + C.<br />
4⎩3/2 1/2⎭ 6 6
3.2. - Integração por partes<br />
A regra do produto para funções deriváveis afirma que se u e v são funções deriváveis então o produto das duas<br />
também é derivável e sua derivada será dada por:<br />
uv ' x = u' x v x + u x v' x .<br />
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )<br />
A técnica de integração por partes irá reverter esse processo. Isso será descrito a seguir. A primeira coisa para<br />
que devemos atentar é que a fórmula da derivada do produto nos diz que u( x) v( x) é uma primitiva<br />
de u'( x) v( x) + u( x) v'( x)<br />
, ou seja,<br />
u'( x) v( x) + v( x) u'( x) dx= u x v x<br />
∫<br />
( ) ( ) ( )<br />
A segunda é que, supondo que u'( x) v( x) possua uma primitiva imediata, podemos escrever:<br />
∫u( x) v'( x) dx= u( x) v( x) −∫<br />
v( x) u'( x) dx<br />
Se fizermos u '(<br />
x) dx = du e v '(<br />
x) dx = dv a fórmula acima fica:<br />
∫udv = uv − ∫ vdu,<br />
que é conhecida como fórmula da integração por partes. Vamos ver alguns exemplos.<br />
Exemplo 3.2.1. Calcule ∫ x cos xdx.<br />
Observe que não há substituição que possa ser útil para calcular essa<br />
du<br />
integral. Vamos fazer u = x e dv = cos xdx.<br />
Com essas escolhas, temos que = 1, ou seja, du = dx e<br />
dx<br />
dv<br />
= cos x , ou seja, v= senx.<br />
Assim, usando a fórmula acima, temos que:<br />
dx<br />
∫xcos xdx = ∫udv= uv − ∫vdu = xsenx − ∫ senxdx = xsenx + cos x + C .<br />
Observe que as escolhas para u e dv foram muito importantes. Se tivéssemos feito outras escolhas as coisas<br />
poderiam ter ficado mais complicadas. De fato, vamos ver o que ocorreria se tivéssemos escolhido u = cos x e<br />
2<br />
du<br />
dv<br />
x<br />
dv = xdx.<br />
Nesse caso teremos =−senx, ou seja, du = − senxdx e = x,<br />
o que implica v = . Assim,<br />
dx dx 2<br />
substituindo na fórmula da integração por partes, ficamos com<br />
2<br />
x 1 2<br />
∫xcos xdx = ∫udv= uv − ∫vdu = cos x + ∫ x senxdx .<br />
2 2<br />
Note que a última integral é mais difícil de calcular que a primeira. Essa dificuldade maior surgiu em virtude da<br />
nossa escolha infeliz de u e de dv .<br />
Ficou evidenciado no exemplo acima que o sucesso do método da integração por partes reside na escolha certa<br />
de u e de dv . Assim, algumas recomendações são úteis. Escolha u e dv de modo que v e vdu possuam<br />
primitivas fáceis de encontrar. Não precisam ser imediatas, apenas fáceis. Vamos ver mais alguns exemplos.<br />
Exemplo 3.2.2. Calcule ∫ x ln xdx.<br />
A melhor escolha para u e dv é u = ln x e dv = xdx.<br />
Com essa escolha,<br />
2<br />
1 x<br />
temos du = dx e v = . Assim, usando a fórmula da integral por partes ficamos com:<br />
x 2<br />
2 2<br />
x 1 2 1 x 1 2<br />
∫xln xdx = ∫udv = uv − ∫vdu = ln x − ∫<br />
x dx = ln x − x + C.<br />
2 2 x 2 4<br />
107
2 x<br />
2<br />
x<br />
Exemplo 3.2.3. Calcule ∫ x edx.<br />
Vamos fazer u = x e dv = e dx.<br />
Com essas escolhas, teremos du = 2xdx<br />
e<br />
x<br />
v= e . Assim, usando a fórmula da integral por partes, ficaremos com:<br />
2 x 2 x x<br />
∫xedx= ∫udv = uv − ∫vdu= x e −2<br />
∫ xe dx.<br />
Em uma primeira olhada, podemos pensar que a escolha foi ruim. Mas veja que a última integral pode ser<br />
calculada usando novamente partes. Note que apesar de termos caído novamente numa integral por partes a<br />
escolha foi boa porque ela proporcionou uma diminuição no expoente de x que era 2 e passou a ser 1. A última<br />
x<br />
integral pode ser calculada usando novamente partes. Fazendo u = xe<br />
dv = e dx,<br />
obtemos du = dx e<br />
x<br />
v= e . Substituindo na fórmula da integral por partes, ficaremos com:<br />
∫xedx= ∫udv = uv − ∫vdu= xe − ∫ e dx = xe −e<br />
x x x x x<br />
Agora substituímos esse valor na penúltima integral e obtemos:<br />
2 x 2 x x 2 x x x<br />
∫xedx = ∫udv = uv − vdu = x e − 2∫ xe dx = x e − 2xe+ 2 e + C.<br />
3.3. - Substituições trigonométricas<br />
Existem algumas substituições que envolvem funções trigonométricas e que servem para tratar um grande<br />
número de integrais. Elas são as chamadas Substituições Trigonométricas e são três.<br />
Integrais envolvendo expressões do tipo<br />
2 2<br />
a − x , com a > 0.<br />
Para esse tipo de integral, usaremos a substituição x = asenθ , com<br />
dx = a cosθ<br />
dθ<br />
e<br />
( )<br />
2 2 2 2 2 2 2 2 2<br />
a − x = a − a sen = a − sen = a = a<br />
pela escolha do ângulo θ. Vamos a um exemplo:<br />
2<br />
9 − x<br />
dx 2<br />
108<br />
.<br />
π π<br />
− ≤θ≤ . Com essa substituição temos<br />
2 2<br />
θ 1 θ cos θ cos θ,<br />
Exemplo 3.3.1. Calcule ∫<br />
x<br />
. Neste caso a = 3 e, portanto, usaremos a substituição x = 3senθ<br />
.<br />
Utilizando as fórmulas descritas acima vamos fazer as substituições. Feito isso ficaremos com:<br />
2 2<br />
9−x3cosθ cos θ<br />
2 2<br />
∫ dx = 3cos cot 2 ∫ × θdθ = d g d 2 ∫ θ = 2 ∫ θ θ = ∫ ( cosec θ − 1)<br />
dθ<br />
=<br />
x 9sen<br />
θ sen θ<br />
2<br />
= ∫cos ec θdθ − ∫ dθ =−cot gθ − θ + C.<br />
Agora precisamos retornar à variável original que é x. A nossa única relação entre x e θ é a da substituição, ou<br />
x<br />
⎛ x ⎞<br />
seja, x = 3senθ<br />
. A primeira informação que tiramos é que senθ = , ou seja, θ = arcsen⎜<br />
⎟.<br />
Por outro lado,<br />
3<br />
⎝3⎠ x<br />
como senθ = , temos, que:<br />
3
2<br />
cosθ 1 sen θ 1<br />
109<br />
2 2<br />
⎛ x ⎞ 9 − x<br />
= − = − ⎜ ⎟ =<br />
⎝3⎠ 3<br />
cosθ donde, cot gθ<br />
= =<br />
senθ 2<br />
9 − x<br />
3<br />
x<br />
3<br />
=<br />
2<br />
9 − x<br />
e, portanto,<br />
x<br />
∫<br />
2<br />
9−x dx =−cot gθ − θ + C =− 2<br />
x<br />
2<br />
9−x<br />
⎛ x⎞<br />
− arcsen⎜ ⎟+<br />
C<br />
x<br />
⎝3⎠ Integrais envolvendo expressões do tipo<br />
2 2<br />
a + x , com a > 0.<br />
Para esse tipo de integral, usaremos a substituição x = atgθ , com<br />
2<br />
temos dx = sec θdθ e<br />
( )<br />
θ 1 θ sec θ sec θ,<br />
2 2 2 2 2 2 2 2 2<br />
a + x = a + a tg = a + tg = a = a<br />
pela escolha do ângulo θ . Vamos a um exemplo.<br />
,<br />
π π<br />
− ≤θ≤ . Com essa substituição<br />
2 2<br />
1<br />
Exemplo 3.3.2. Calcule<br />
2<br />
4 dx ∫<br />
. Usando a substituição acima, com a = 2 , isto é, x = 2 tgθ , essa integral<br />
x +<br />
vai tomar o seguinte aspecto:<br />
2<br />
1 2sec θ<br />
∫ dx = ∫ dθ = ∫sec<br />
θdθ. 2<br />
x + 4 2secθ<br />
A última integral requer um pequeno truque para o seu cálculo. Primeiro note que:<br />
2<br />
secθtgθ + sec θ<br />
sec θ =<br />
,<br />
secθ<br />
+ tgθ<br />
onde essa fração fizer sentido. Portanto:<br />
2<br />
secθtgθ + sec θ<br />
∫sec θdθ = ∫<br />
dθ.<br />
secθ<br />
+ tgθ<br />
Mas essa última integral pode ser calculada observando que a substituição u = secθ<br />
+ tgθé<br />
tal que<br />
2<br />
du = secθtgθ + sec θ dθ.<br />
Assim:<br />
Portanto:<br />
( )<br />
2<br />
secθtgθ + sec θ du<br />
∫secθdθ = ∫ dθ = ∫ = ln u + C = ln sec θ + tgθ + C.<br />
secθ<br />
+ tgθ u<br />
2<br />
1 2sec θ<br />
∫ dx = ∫ dθ = ∫secθdθ<br />
= ln sec θ + tgθ + C.<br />
2<br />
x +<br />
4 2secθ
Agora precisamos expressar secθ e tgθ em função de x. A relação entre x e θ que possuímos é x = 2 tgθ , o<br />
x<br />
que acarreta tgθ = . Agora lembre uma identidade muito importante da trigonometria, qual seja,<br />
2<br />
2 2<br />
sec θ = 1 + tg θ.<br />
Usando essa identidade, podemos concluir que:<br />
Portanto:<br />
110<br />
2 2 2<br />
2 ⎛ x⎞ 4+ x x + 4<br />
secθ = 1+ tg θ = 1 + ⎜ ⎟ = = .<br />
⎝2⎠ 4 2<br />
2 2<br />
1 2sec θ x + 4 x<br />
∫ dx = ∫ dθ = ∫secθdθ<br />
= ln secθ + tgθ + C = ln + + C.<br />
2<br />
x + 4 2secθ 2 2<br />
Integrais envolvendo expressões do tipo<br />
2 2<br />
x − a , com a > 0.<br />
Para esse tipo de integral, usaremos a substituição x= asec θ,<br />
com 0<br />
essa substituição temos dx = secθtgθdθ<br />
e:<br />
( )<br />
2 2<br />
x − a =<br />
2 2 2<br />
a sec θ − a =<br />
2<br />
a<br />
2<br />
sec θ − 1 =<br />
2 2<br />
a tg θ = atgθ,<br />
pela escolha do ângulo θ . Vamos a um exemplo.<br />
π<br />
3 π<br />
≤ θ < ou π ≤ θ < . Com<br />
2<br />
2<br />
1<br />
Exemplo 3.3.3. Calcule<br />
.<br />
2<br />
25 dx<br />
∫<br />
Usando a substituição acima com a = 5 , isto é, x = 5sec θ,<br />
a integral<br />
x −<br />
dada tomará o seguinte aspecto:<br />
1 5secθtgθ<br />
∫ dx = ∫ dθ = ∫secθdθ<br />
= ln sec θ + tgθ + C.<br />
2<br />
x − 25 5tgθ<br />
x<br />
Precisamos agora voltar para a variável x. Da relação x = 5sec θ,<br />
tiramos que sec θ = . Logo<br />
5<br />
Portanto<br />
2 2 2<br />
2 ⎛ x⎞ x −25 x −25<br />
tgθ = sec θ − 1 = ⎜ ⎟ − 1 = = .<br />
⎝5⎠ 25 5<br />
2<br />
1 x x − 25<br />
θ θ θ θ<br />
2<br />
∫ dx = ∫sec<br />
d = ln sec + tg + C = ln + + C.<br />
x − 25<br />
5 5<br />
3.4. - O método das frações parciais<br />
p x<br />
O nosso objetivo aqui será calcular integrais do tipo ∫ dx onde p e q são polinômios em uma<br />
q x<br />
p ( x)<br />
variável com coeficientes reais. Vamos considerar, durante a discussão que segue, somente frações<br />
q( x )<br />
onde<br />
o grau do numerador é menor que o do denominador e onde o coeficiente do termo de maior grau do<br />
denominador seja 1.O porquê disso ficará mais claro adiante. O principal fato usado nesse método é um<br />
resultado de Álgebra Abstrata que é o seguinte:<br />
( )<br />
( )
Todo polinômio com coeficientes reais pode ser escrito como um produto de polinômios de grau um e/ou de<br />
grau dois, todos com coeficientes reais, sendo que os polinômios de grau dois possuem discriminante negativo<br />
Vejamos alguns exemplos desse fato:<br />
3<br />
Exemplo 3.4.1. O polinômio p( x) x 1<br />
discriminante do polinômio de grau 2 é − 3.<br />
2<br />
= − pode ser escrito como p( x) ( x 1)( x x 1)<br />
111<br />
= − + + . Observe que o<br />
= − + .<br />
Observe que ele não possui fatores de grau 2.<br />
p ( x)<br />
O método das frações parciais consiste em decompor a fração em frações mais simples, chamadas<br />
q( x )<br />
frações parciais, que são mais fáceis de integrar. Essa decomposição será baseada nos fatores que aparecem na<br />
decomposição do denominador. Para facilitar o entendimento, dividiremos o estudo do método em quatro casos.<br />
3 2<br />
Exemplo 3.4.2. O polinômio p( x) = 2x + 3x − 2x<br />
pode ser escrito como p( x) x( 2x 1)( x 2)<br />
1º. Caso: Os fatores de q( x ) são todos de grau 1 e não há fatores repetidos.<br />
= − 1 − 2 ... − k , onde os números reais a1, a2,..., a k são todos distintos. Assim<br />
sendo a Álgebra Abstrata nos permite dizer que existem números reais A1, A2,..., Aktais que<br />
p( x) A1 A2<br />
Ak<br />
= + + ... + .<br />
q( x) ( x−a1) ( x−a2) ( x−ak) Vamos ver um exemplo<br />
Nesse caso q( x) ( x a )( x a ) ( x a )<br />
x −1<br />
Exemplo 3.4.3. Calcule ∫<br />
dx.<br />
Inicialmente note que:<br />
3 2<br />
x − x − 2x<br />
( ) ( )( )<br />
− − 2 = − − 2 = − 2 + 1 .<br />
3 2 2<br />
x x x x x x x x x<br />
Pela decomposição fornecida acima temos que existem 1, 2<br />
A A e A 3 tais que<br />
x −1<br />
A1 A2<br />
A3<br />
= + + .<br />
3 2<br />
x −x −2x x x− 2 x+<br />
1<br />
O que faremos agora é encontrar esses números. Desenvolvendo o lado esquerdo da igualdade acima, ficaremos<br />
com<br />
x −1<br />
A1( x− 2)( x+ 1) + A2x( x+ 1) + A3x( x−2)<br />
=<br />
3 2 3 2<br />
x −x −2x x −x −2x<br />
E nessa igualdade de frações algébricas, podemos multiplicar ambos os membros pelo denominador comum de<br />
ambas as frações e ficaremos com a seguinte igualdade de polinômios:<br />
( )( ) ( ) ( )<br />
x− 1= A1 x− 2 x+ 1 + A2x x+ 1 + A3x x−<br />
2 ,<br />
1 1 1<br />
que nos fornecerá, através de uma identidade de polinômios, A1 = , A2<br />
= e A 3 =− . Portanto chegamos à<br />
2 5 10<br />
seguinte decomposição:
1 1 1<br />
x −1<br />
= 2 + 5 − 10<br />
− −2 − 2 + 1<br />
.<br />
3 2<br />
x x x x x x<br />
Integrando essa última igualdade temos<br />
x −1<br />
1 1 1 1 1 1<br />
∫ dx = ,<br />
3 2 ∫ dx + ∫ dx − ∫ dx<br />
x −x −2x 2 x 5 x− 2 10 x+<br />
1<br />
Portanto<br />
x −1<br />
1 1 1<br />
∫<br />
dx= ln x + ln x−2− ln x+ 1 + C.<br />
3 2<br />
x −x −2x<br />
2 5 10<br />
Note que as duas últimas integrais logo acima foram obtidas por substituição. Tente fazer.<br />
2º. Caso: Os fatores de q( x ) são todos de grau 1, mas alguns são repetidos.<br />
Digamos que o fator ( x a j )<br />
− apareça com potência k, ou seja, ele repete-se k vezes na decomposição de<br />
q( x ) . A Álgebra Abstrata nos permite provar que esse fator vai originar k frações parciais do seguinte tipo:<br />
A1 A2<br />
+ + +<br />
( x−aj) ( x −aj) ( x−aj) 112<br />
A<br />
2 ... k<br />
Os demais fatores que não se repetem fornecem apenas uma fração parcial cada, conforme vimos no caso 1.<br />
Vamos ver um exemplo.<br />
Exemplo 3.4.4. Calcule<br />
parciais do integrando será:<br />
∫<br />
4x<br />
2<br />
( x− 1) ( x+<br />
1)<br />
4x<br />
k<br />
.<br />
dx.<br />
De acordo com o que dissemos acima, a decomposição em frações<br />
A A<br />
1 2<br />
= + +<br />
2 2<br />
( x− 1) ( x+ 1) ( x− 1) ( x−1)<br />
( x+<br />
1)<br />
onde as duas primeiras frações foram originadas pelo fator ( ) 2<br />
x − 1 e a última pelo fator ( )<br />
mesmo processo do exemplo precedente, obtemos a seguinte identidade de polinômios<br />
( )( ) ( ) ( ) 2<br />
4x= A x− 1 x+ 1 + A x+ 1 + A x−<br />
1 .<br />
1 2 3<br />
Após desenvolvermos obteremos A1 = 1, A2<br />
= 2 e A 3 = −1. Portanto a decomposição fica:<br />
4x 2<br />
x− 1 x+ 1<br />
=<br />
1<br />
x− 1<br />
+<br />
2<br />
2<br />
x−1<br />
+<br />
−1<br />
,<br />
x+<br />
1<br />
que quando integrada fica :<br />
Ou seja,<br />
( ) ( ) ( ) ( ) ( )<br />
4x1 2 1<br />
∫ dx = ∫ dx + ∫ dx −∫<br />
dx,<br />
2 2<br />
( x− 1) ( x+ 1) ( x− 1) ( x−1)<br />
( x+<br />
1)<br />
A<br />
3<br />
,<br />
x + 1. Repetindo o
∫<br />
4x2 dx = ln x − 1 + − ln x + 1 + C.<br />
x −1<br />
2<br />
( x− 1) ( x+<br />
1)<br />
3º. Caso: Alguns dos fatores de q( x ) são de grau dois mas não se repetem.<br />
Digamos que na decomposição de q( x ) apareça um fator do tipo<br />
negativo. A Álgebra Abstrata garante esse fator gera uma fração parcial do tipo:<br />
Ax+ B<br />
2<br />
ax + bx + c<br />
,<br />
onde A e B são números reais. Vamos ver um exemplo.<br />
113<br />
2<br />
ax + bx + c que possua discriminante<br />
2<br />
x + 2x+ 1<br />
3 2<br />
Exemplo 3.4.5. Calcule ∫ dx.<br />
Inicialmente observe que x + x= x 3<br />
( x + 1, ) sendo que o<br />
x + x<br />
discriminante desse último fator é negativo. Portanto, de acordo com o que vimos acima, a decomposição em<br />
frações parciais do integrando será:<br />
2<br />
x + 2x+ 1 A Bx+ C<br />
= + ,<br />
3 2<br />
x + x x x + 1<br />
onde A,B e C são números reais a serem determinados. Procedendo como nos exemplos anteriores, concluímos<br />
que os valores de A,B e C são, respectivamente, 1,2 e 2. Logo a decomposição toma a seguinte forma:<br />
2<br />
x + 2x+ 1 1 2x+ 2<br />
= +<br />
3 2<br />
x + x x x + 1<br />
.<br />
Portanto,<br />
2<br />
x + 2x+ 1 1 2x+ 2<br />
∫ dx = dx dx.<br />
3 ∫ + ∫ 2<br />
x + x x x + 1<br />
A primeira integral do lado direito da igualdade é imediata. Vamos ver a segunda. Observe que:<br />
2x+ 2 2x 2<br />
∫ dx = .<br />
2 ∫ dx + dx<br />
2 ∫ 2<br />
x + 1 x + 1 x + 1<br />
Agora note que a primeira integral do lado direito pode ser tratada usando a substituição<br />
que a segunda é imediata. Após os cálculos ficamos com:<br />
2<br />
x + 2x+ 1<br />
2<br />
∫ dx = ln x + ln 3<br />
( x + 1) + 2 arctg ( x) + C.<br />
x + x<br />
4 o . Caso: Alguns dos fatores de q( x) são de grau dois e se repetem.<br />
Digamos que na decomposição de q( x ) apareça um fator do tipo<br />
2<br />
u = x + 1 enquanto<br />
2<br />
ax + bx + c que possua discriminante<br />
negativo e se repita k vezes. A Álgebra Abstrata garante que esse fator gera k frações parciais do seguinte tipo:<br />
Ax 1 + B1 + 2<br />
ax + bx + c<br />
Ax 2 + B2<br />
2<br />
2<br />
ax + bx + c<br />
+ ... +<br />
Ax k + Bk<br />
k<br />
2<br />
ax + bx + c<br />
,<br />
onde os i A e os B j são números reais a serem determinados.<br />
( ) ( )
Exemplo 3.4.6. Calcule<br />
( ) 2<br />
1<br />
∫ dx.<br />
Procedendo como está acima descrito, a decomposição em frações<br />
2<br />
x x + 1<br />
parciais do integrando será:<br />
1 A Bx + C Dx + E<br />
= + + ,<br />
2 2<br />
2<br />
2 2<br />
x( x + 1) x ( x + 1)<br />
( x + 1)<br />
onde A, BCDe , , E são números reais a serem determinados. Procedendo como nos exemplos anteriores, os<br />
valores de A, BCDe , , E são respectivamente, 1,-1,0,-2 e 0. Assim a decomposição em frações parciais fica:<br />
1 1 x 2x<br />
= − − .<br />
2 2<br />
2<br />
2 1 2<br />
x x + 1 x x + x + 1<br />
( ) ( ) ( )<br />
Integrando ficamos com:<br />
1 1<br />
∫ dx = 2 ∫ dx −∫ 2<br />
x x + 1 x<br />
x<br />
2<br />
x + 1<br />
dx − ∫<br />
2x 1 2<br />
dx = ln x − ln 2<br />
( x + 1 ) +<br />
2<br />
x + 1<br />
2<br />
1<br />
2<br />
x + 1<br />
+ C.<br />
( ) ( ) ( )<br />
4. - Avaliando o que foi construído<br />
114<br />
( )<br />
As técnicas que aqui estudamos serão muito importantes no futuro pois, como vimos na seção anterior, o<br />
cálculo de uma integral definida resume-se, em alguns casos, a determinar uma primitiva de uma função.<br />
No Moodle...<br />
Na plataforma MOODLE, no espaço reservado à disciplina <strong>Cálculo</strong> <strong>Diferencial</strong> e <strong>Integral</strong> <strong>II</strong>, você<br />
poderá testar seus conhecimentos a respeito do tema desta unidade. Dedique-se ao estudo do material<br />
disponibilizado e à resolução das tarefas relacionadas a este assunto. Vamos nos encontrar no MOODLE.<br />
Até lá.<br />
Dialogando e Construindo Conhecimento<br />
Reúna-se com os colegas para discutir os temas abordados. Visite constantemente a plataforma<br />
MOODLE, faça as tarefas nela propostas Procure os Tutores para esclarecer as dúvidas sobre algum<br />
tema que não tenha sido bem assimilado. Comunique-se! Nós estamos sempre dispostos a orientá-lo e<br />
ajudá-lo em caso de dificuldade no estudo da disciplina. Participe! Acredite em seu potencial e conte<br />
conosco.
Unidade V: Aplicações Geométricas da <strong>Integral</strong> Definida<br />
1. - Situando a Temática<br />
Dentre as várias aplicações da integral definida vamos ver algumas de caráter geométrico. Além disso,<br />
conheceremos um novo sistema de coordenadas, o sistema de coordenadas polares que, além de nos mostrar uma<br />
nova forma de localizar pontos no plano, vai nos permitir abordar algumas aplicações da integral definida de<br />
forma mais ampla.<br />
2. - Problematizando a Temática<br />
Determinaremos aqui algumas áreas de figuras planas conhecidas, comprimentos de algumas curvas e<br />
volumes de alguns sólidos.<br />
3. - Conhecendo a Temática<br />
3.1. - <strong>Cálculo</strong> de áreas<br />
A motivação que usamos para introduzir o conceito de integral definida foi o problema de determinar a<br />
área de uma região plana. Aqui exploraremos mais essa motivação. Sabemos da unidade <strong>II</strong>I que se f é uma<br />
função contínua definida em [ ab , ] e positiva nesse intervalo então a área abaixo do gráfico de f , acima do<br />
eixo-x e entre x = a e x b<br />
b<br />
= é dada por ( )<br />
∫ f x dx.<br />
Demos alguns exemplos dessa situação logo após o Teorema<br />
a<br />
fundamental do cálculo. Veremos aqui um caso interessante e que pode ser resolvido usando esse mesmo<br />
raciocínio.<br />
A situação é a seguinte: sejam f e g funções contínuas em<br />
[ ab , ] tais que f ≥ gnesse<br />
intervalo. Um exemplo dessa<br />
situação está ilustrado na figura ao lado. O que gostaríamos<br />
de determinar é o valor da área limitada pelos gráficos de<br />
f e de g entre x = a e x = b . Se repetirmos a mesma<br />
argumentação vista na unidade <strong>II</strong>I, constataremos que a<br />
área pedida é dada por:<br />
b<br />
∫ ⎡⎣f( x) − g( x) ⎤⎦<br />
dx.<br />
Vejamos alguns exemplos.<br />
a<br />
Exemplo 3.1.1. Determine a área entre os gráficos das<br />
g x = x . Os gráficos estão<br />
2<br />
funções f ( x) = x e ( )<br />
ilustrados na figura ao lado. Na figura estão mostradas as<br />
2<br />
curvas y = x que representa o gráfico de f e y = x que<br />
representa o gráfico de g. O ponto de interseção entre elas é<br />
obtido igualando as duas equações das curvas, ou seja,<br />
2<br />
resolvendo a equação x = x . As soluções dessa equação<br />
são x = 0 e x = 1.Portanto,<br />
pelo que vimos a área é dada<br />
.<br />
por:<br />
1<br />
1 1 3<br />
2 ⎡ 2 3⎤<br />
∫⎡⎣fxgx⎤⎦dx ∫ x x dx<br />
⎢<br />
x x<br />
0 0 ⎣<br />
⎥<br />
⎦0<br />
2 1 1<br />
− = − = − = .<br />
3 3 3<br />
( ) ( ) ( )<br />
115
Exemplo 3.1.2. Determine a área limitada pelos gráficos de<br />
2<br />
f ( x) = 2x + 10e<br />
g( x) = 4x+ 16. Inicialmente vamos<br />
determinar os pontos de interseção entre as curvas<br />
2<br />
y = 2x + 10e<br />
y = 4x+ 16que<br />
representam,<br />
respectivamente, os gráficos de f e de g. Igualando as duas<br />
2<br />
equações, ficamos com 2x + 10= 4x+ 16,<br />
cujas raízes<br />
são x =− 1 e x = 3 . Veja a figura ao lado. Portanto, pelo<br />
que vimos a área pedida é dada por:<br />
3 3 3<br />
2 2 ⎡ 2 3 2 ⎤ 64<br />
∫ ⎡⎣g( x) − f ( x) ⎤⎦dx<br />
= ∫[ 4x+ 16] − ⎡<br />
⎣2x+ 10⎤ ⎦dx = ∫ ( 4x− 2x+ 6) dx =<br />
⎢<br />
− x + 2x+ 6x<br />
=<br />
−1 −1 −1 ⎣ 3 ⎥<br />
⎦−13<br />
Exemplo 3.1.3. Calcule a área entre os gráficos de f e g das funções<br />
do exemplo anterior entre x = − 2 e x = 5.<br />
Na figura abaixo estão<br />
representados os gráficos de f e de g, no trecho considerado. Observe<br />
que nesse trecho não há uma função que seja superior à outra<br />
inteiramente. Sendo mais específicos, de x =−2a x = −1 a função f<br />
é maior que a função g. De x =− 1 até x = 3 a função g é superior a<br />
f e, de x = 3 até x = 5 novamente f passa a ser superior a g.A<br />
estratégia será usar a idéia anterior para dividirmos a área pedida em<br />
três: uma que vai de x =−2a x =− 1 , outra que vai de x = − 1 até<br />
x = 3 e a última que vai de x = 3até<br />
x = 5.<br />
Assim sendo, a área<br />
pedida será igual a:<br />
−1<br />
3 5 1 5<br />
2 64 2<br />
142<br />
∫ ( f ( x) − g ( x) ) dx + ∫ ( g ( x) − f ( x) ) dx + ∫ f ( x) − g ( x) dx = ∫ ( 2x+ 10−4x− 16) dx + + ∫(<br />
2x+ 10−4x− 16)<br />
dx =<br />
−2 −1 3 −2<br />
3 3<br />
3<br />
3.2. - O sistema de coordenadas polares<br />
Faremos agora uma pequena mudança no nosso estudo para introduzirmos um novo sistema de<br />
coordenadas no plano chamado sistema de coordenadas polares.<br />
No sistema de coordenadas cartesianas, que tem sido o mais usado por<br />
nós até aqui, a localização de um ponto P baseia-se na sua distância a duas<br />
retas concorrentes: uma horizontal, chamada eixo concorrência das retas<br />
chama-se a origem do sistema de coordenadas. A distância orientada do ponto<br />
P até a reta vertical chama-se abscissa, em geral representada pela letra x e<br />
sua distância orientada até a reta horizontal chama-se ordenada, geralmente<br />
representada pela letra y. Veja a figura ao lado.<br />
Um outro modo de localizar um ponto é baseado em duas outras entidades<br />
associadas ao ponto P no plano. Essas entidades são: a sua distância orientada até a<br />
<br />
origem, que será denotada por r e o ângulo orientado que o vetor OP forma com o<br />
semi-eixo-x positivo, que será denotado por θ . Assim diremos que os números r e θ<br />
são coordenadas polares para P. Veja a figura ao lado.<br />
Coordenadas polares do ponto P são representadas como um par ordenado ( r, θ ) . O<br />
plano onde encaramos os pontos com suas coordenadas polares não possui o eixo-y,<br />
nem a parte negativa do eixo-x. Ele será chamado de plano polar. O ponto O será<br />
chamado de pólo e o eixo-x positivo passa a se chamar eixo polar.<br />
116<br />
3
Antes de passarmos aos exemplos, cumpre fazermos um ligeiro comentário acerca do adjetivo<br />
orientado(a) que apareceu no texto anteriormente. Para nós, ele terá um significado associado ao sinal. Tanto<br />
ângulos como distâncias poderão estar acrescidas de um sinal. No caso de ângulos o sinal será positivo se os<br />
medirmos no sentido anti-horário e negativo caso a medida seja efetuada no sentido horário. Para as distâncias<br />
faremos o comentário logo após os exemplos.<br />
Exemplo 3.2.1. Localize no plano polar o ponto cujas coordenadas<br />
⎛ 3π<br />
⎞<br />
3π<br />
polares são ⎜2, ⎟.<br />
Para isso, efetuamos uma rotação de radianos<br />
⎝ 4 ⎠ 4<br />
no sentido anti-horário e marcamos desde o pólo uma distância de 2<br />
⎛ 11π<br />
⎞<br />
unidades. A representação está mostrada ao lado. Observe que esse mesmo ponto possui ⎜2, ⎟ como um par<br />
⎝ 4 ⎠<br />
11π 3π<br />
de coordenadas polares. Se você notou que = + 2π<br />
não terá dificuldade em perceber que se<br />
4 4<br />
adicionarmos 2π ao ângulo, encontraremos um novo par de coordenadas polares para o ponto dado. Isso quer<br />
dizer que um mesmo ponto tem infinitos pares de coordenadas<br />
polares!<br />
Queremos agora dar um sentido para coordenadas polares<br />
onde r possa assumir valores negativos. Vamos supor que<br />
⎛ π ⎞<br />
queiramos marcar no plano polar o ponto ⎜−2, ⎟.<br />
A forma de<br />
⎝ 6 ⎠<br />
marcá-lo e que será conveniente quando formos traçar curvas no<br />
plano polar é a seguinte: primeiro marcamos o ponto com r > 0 , ou<br />
⎛ π ⎞<br />
seja, ⎜2, ⎟.<br />
Em seguida, tomamos seu simétrico com relação ao<br />
⎝ 6 ⎠<br />
pólo. Esse simétrico será a representação no plano polar de<br />
⎛ π ⎞<br />
⎜−2, ⎟ .Veja a figura ao lado.<br />
⎝ 6 ⎠<br />
Agora temos uma grande liberdade de interpretar as coordenadas polares com vários sinais. Vejamos<br />
mais um exemplo:<br />
⎛ π ⎞<br />
Exemplo 3.2.2. Determine pares de coordenadas polares para o ponto ⎜5, ⎟ que satisfaçam:<br />
⎝ 3 ⎠<br />
a) r > 0 e θ < 0 b) r < 0 e θ > 0 c) r < 0 e<br />
θ < 0<br />
⎛ π ⎞ ⎛ 5π<br />
⎞<br />
Na letra (a), podemos tomar ⎜5, − 2π ⎟= ⎜5, − ⎟.<br />
Para a<br />
⎝ 3 ⎠ ⎝ 3 ⎠<br />
letra (b), observamos que o ponto dado tem que ser o simétrico<br />
de um outro. O ângulo positivo que devemos girar para<br />
π 4π<br />
marcarmos o ponto pedido deve ser π + = , portanto,<br />
3 3<br />
⎛ 4π<br />
⎞<br />
nesse caso, um par de coordenadas polares é ⎜−5, ⎟<br />
⎝ 3 ⎠ .<br />
Vejamos a letra (c). Novamente, o ponto dado tem que ser<br />
simétrico de um outro. Portanto, o ângulo negativo que devemos<br />
117
π 2π<br />
⎛ 2π<br />
⎞<br />
girar deve ser − π =− . Assim, um par de coordenadas polares nesse caso é ⎜−5, − ⎟.<br />
Veja a figura a<br />
3 3<br />
⎝ 3 ⎠<br />
cima:<br />
Uma pergunta que surge naturalmente é a seguinte: como relacionar um par de<br />
coordenadas polares de um ponto com as coordenadas cartesianas de um ponto<br />
P ?. Para respondê-la, vamos observar a figura ao lado. Da figura ainda,<br />
y<br />
podemos concluir que: senθ<br />
= , ou seja, y = rsenθ , bem como<br />
r<br />
x<br />
que cosθ<br />
= , ou seja, x= rcosθ . Assim, conhecidas coordenadas polares<br />
r<br />
para um ponto P então suas coordenadas cartesianas ficam automaticamente conhecidas através das expressões<br />
anteriores. Agora, vamos ao problema contrário. Suponhamos dadas as coordenadas cartesianas ( x, y ) de P e<br />
vamos encontrar um par de coordenadas polares para ele. Comecemos com o caso onde x = 0. Nesse caso, o um<br />
par de coordenadas polares para o ponto P é y, 2<br />
π ⎛ ⎞<br />
⎜ ⎟.<br />
Suponhamos agora que x ≠ 0 . Então o triângulo da figura<br />
⎝ ⎠<br />
anterior nos fornece:<br />
y<br />
⎛ y ⎞<br />
tgθ<br />
= , ou seja, θ = arctg ⎜ ⎟<br />
x<br />
⎝ x ⎠ .<br />
O mesmo triângulo, através do Teorema de Pitágoras, nos fornece:<br />
2 2<br />
r = x + y .<br />
Para usarmos as fórmulas acima devemos tomar apenas um cuidado: o quadrante onde o ponto está não é, em<br />
geral, fornecido por elas. Portanto, devemos tomar cuidado quando formos utilizá-las. Vejamos alguns exemplos<br />
desse tipo de situação.<br />
⎛ π ⎞<br />
Exemplo 3.2.3. Suponha um par de coordenadas polares para o ponto P seja ⎜5, ⎟.<br />
Vamos determinar as suas<br />
⎝ 3 ⎠<br />
coordenadas cartesianas. Sabemos que:<br />
π 1 5<br />
x= rcosθ<br />
= 5cos = 5×<br />
=<br />
3 2 2<br />
3 5 3<br />
y rsen 5sen 5 .<br />
3 2 2<br />
π<br />
= θ = = × =<br />
⎛5 5 3⎞<br />
Logo as coordenadas cartesianas de P são ⎜ , ⎟.<br />
Veja a figura do exemplo 3.2.2.<br />
⎜2 2 ⎟<br />
⎝ ⎠<br />
Exemplo 3.2.4. Vamos determinar um par de coordenadas polares para o ponto P cujas coordenadas cartesianas<br />
são ( −1, − 1)<br />
. Inicialmente notamos que ( ) ( )<br />
118<br />
2 2<br />
r = − 1 + − 1 = 2 . Por outro lado,<br />
⎛−1⎞ π<br />
θ = arctg ⎜ ⎟=<br />
artcg () 1 = . Como o ponto P pertence ao quarto quadrante este certamente não é um θ<br />
⎝−1⎠ 4<br />
para o ponto P, em virtude de nossa escolha para o sinal de r. Se observarmos bem, o ângulo correto é 3π<br />
−<br />
4<br />
que também possui tangente igual a 1, mas é “esquecido” pela função arco-tangente, já que não pertence ao<br />
domínio usual de inversão da função tangente.
Passamos agora a uma situação que naturalmente surge nas coordenadas polares. Vamos introduzir algumas<br />
curvas e tentar desenhá-las. Uma curva em coordenadas polares é uma expressão do tipo r = f ( θ ) . Vamos ver<br />
alguns exemplos e tentar desenhá-las. Você pode usar um software apropriado como o winplot ou o geogebra<br />
para fazer desenhos bem curiosos.<br />
π<br />
Exemplo 3.2.5. Vejamos o que representa no plano polar a equação θ = . Como ela<br />
4<br />
não envolve r nós vemos que a única condição para que um ponto pertença a essa<br />
π<br />
curva é que o seu θ seja igual a . Portanto essa curva representa uma reta de<br />
4<br />
coeficiente angular 1. Veja a figura ao lado.<br />
Exemplo 3.2.6. Vamos ver o que representa<br />
no plano polar a equação r = 7 . Vamos abordar a questão de uma<br />
forma mais dialogada. O que significa r = 7 em coordenadas<br />
polares? Significa que todos os pontos dessa curva estão a uma<br />
distância 7 do pólo. Muito bem. E pontos que estão a uma mesma<br />
distância de um ponto formam algo conhecido? Sim. Muito bem. E o<br />
que esses pontos formam? Uma circunferência, com centro no pólo e<br />
raio 7. Ótimo. Sem o diálogo, poderíamos converter essa equação em<br />
uma equação cartesiana que é a que conhecemos melhor. Como<br />
2 2<br />
r = x + y , temos que a equação da nossa curva, agora em<br />
2 2<br />
2 2<br />
coordenadas cartesianas, é x + y = 7 , ou seja, x + y = 49, o que de fato coincide com o resultado obtido<br />
no nosso diálogo, ou seja, nossa curva é mesmo uma circunferência de centro no pólo (ou na origem) com raio 7.<br />
Uma figura dela está mostrada acima.<br />
Exemplo 3.2.7. Vejamos agora o que representa r = 4cosθ<br />
. Aqui um<br />
diálogo fica mais complicado pois a curva em questão não possui seu r<br />
constante como no exemplo anterior. Agora a curva reveste-se de um<br />
caráter dinâmico. No que segue faremos θ variar de 0 até 2π e<br />
acompanharemos o que sucede com r. Inicialmente note que se θ varia de<br />
π<br />
0 até , r varia de 4 até 0. Portanto, enquanto giramos no sentido anti-<br />
2<br />
π<br />
horário saindo de 0 e nos aproximando de , r deverá sair de 4 e<br />
2<br />
colapsar até 0 . Veja na figura abaixo o primeiro trecho do gráfico<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5<br />
−1<br />
−2<br />
−3<br />
y<br />
x<br />
π<br />
Agora faremos θ variar de até π . Quando fizermos isso, r variará entre<br />
2<br />
0 e -4. Aqui um cuidado: como r < 0 vamos marcar pontos simétricos.<br />
Dizendo de outra forma, enquanto θ fizer seu passeio no segundo<br />
quadrante, nós estaremos marcando os pontos no quarto! Assim, o gráfico<br />
da figura anterior fica completo:<br />
119<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5<br />
−1<br />
−2<br />
−3<br />
−4<br />
5<br />
y<br />
x
= − . A<br />
idéia é fazer θ variar em intervalos onde possamos acompanhar bem o que se<br />
π<br />
passa com r. Primeiro vamos fazer θ variar de 0 até . Com isso, r varia de<br />
2<br />
2 até 0. O trecho do gráfico correspondente a essa variação está mostrado na<br />
figura ao lado.<br />
Exemplo 3.2.8. Vamos fazer agora um esboço da curva r 21 ( senθ)<br />
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5<br />
Fazendo agora θ variar de π até 3π<br />
, vemos que r varia de 2 até 4,<br />
2<br />
conforme mostra a figura ao lado:<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
−1<br />
−2<br />
−3<br />
−4<br />
5<br />
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5<br />
−1<br />
−2<br />
−3<br />
−4<br />
5<br />
y<br />
y<br />
x<br />
x<br />
5<br />
π<br />
Agora faremos θ variar de até<br />
2<br />
π . Fazendo isso, r variará de 0 até 2. Ao lado vemos mais um trecho<br />
do gráfico.<br />
Finalmente, faremos θ variar de 3π<br />
até 2π o que acarreta uma<br />
2<br />
variação de r desde 4 até 2, completando o gráfico como nos mostra a<br />
figura ao lado. Essa curva chama-se cardióide, por ter um formato de<br />
coração.<br />
Nosso intuito agora é calcular a área de uma região no plano polar limitada por<br />
duas retas, θ = α e θ = β e pela curva r = f ( θ ) , conforme a figura ao lado.<br />
Podemos provar que a área pedida é dada por:<br />
β 1 2<br />
A = ∫ f ( θ ) dθ.<br />
2 α<br />
Consulte o livro de Serge Lang citado na bibliografia para ver a demonstração.<br />
Vejamos alguns exemplos:<br />
120<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5<br />
−1<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5<br />
−1<br />
−2<br />
−3<br />
−4<br />
5<br />
y<br />
−2<br />
−3<br />
−4<br />
y<br />
x<br />
x
Exemplo 3.2.9. Vamos calcular a área de um círculo de raio a > 0 . A equação de uma circunferência de raio a<br />
e, digamos, com centro no pólo é dada por r = a.<br />
A área limitada por esta circunferência é justamente a área<br />
pedida. Lembrando que, para cobrirmos a circunferência precisamos variar θ de 0 até 2π , a fórmula acima nos<br />
diz que:<br />
β 1 2<br />
2 1 π<br />
2 1 2 2<br />
A = ∫ f ( θ ) dθ = ∫ a dθ = a 2π<br />
= πa<br />
,<br />
2 α 2 0 2<br />
que é a fórmula conhecida por todos nós.<br />
Exemplo 3.2.10. Vamos calcular a área limitada pela cardióide r = 1− cosθ.<br />
A<br />
curva tem o aspecto mostrado na figura ao lado. Pela fórmula que vimos acima, a<br />
área é dada por:<br />
β 1 2 2 2<br />
2 1 π<br />
2 1 π<br />
2 1 π<br />
2<br />
A= ∫ f ( θ ) dθ = ∫ ( 1− cosθ) dθ = ∫ ( 1− 2cosθ + cos θ) dθ = π + ∫ cos θdθ =<br />
2 α 2 0 2 0 2 0<br />
3.3. - Comprimento de Arco<br />
1 2π<br />
⎡1 1 ⎤ 3π<br />
∫ cos 2 d<br />
2 ⎢<br />
0 2 2 ⎥ 2<br />
= π + + θ θ =<br />
⎣ ⎦<br />
Uma outra aplicação interessante da integral definida é a possibilidade de calcularmos o comprimento de<br />
uma curva. Vamos considerar três casos desta situação.<br />
3.3.1 - Gráficos de funções<br />
A nossa primeira situação ocorre quando a curva que desejamos calcular o comprimento é um pedaço do gráfico<br />
de uma função. Suponhamos então que f seja uma função definida<br />
num intervalo [ ab , ] e que queremos calcular o comprimento do<br />
gráfico de f entre x = a e x = b . Para esse fim devemos fazer<br />
algumas hipóteses sobre a função f. As hipóteses mais convenientes<br />
são a de que f é derivável e que sua derivada f’ é contínua. Uma<br />
função que satisfaz a essa condição é conhecida como uma função de<br />
1<br />
classe C .No que segue obteremos uma fórmula para o cálculo do<br />
comprimento desejado. A idéia que permeará o nosso raciocínio será<br />
a de aproximar o comprimento pedido pelo comprimento de uma<br />
poligonal, conforme a figura acima: Escolhemos alguns pontos sobre<br />
, b, f b sejam o primeiro e o último,<br />
( )<br />
a curva - na figura escolhemos 9 - de modo que a f ( a ) e ( )<br />
respectivamente. Digamos que as coordenadas cartesianas de cada ponto escolhido sejam , ( )<br />
121<br />
( )<br />
( i i )<br />
x f x , com<br />
i = 0,..., n.<br />
Agora ligamos os pontos consecutivos e formamos uma poligonal como ilustra a figura acima. O<br />
comprimento de cada lado dessa poligonal será dado pela distância entre os vértices sucessivos, ou seja, a<br />
distância entre i P e P i+<br />
1 . Sabemos, pela Geometria Analítica, que essa distância é dada por:<br />
( ) 2<br />
( ) ( ) ( ) ( )<br />
2<br />
d Pi, Pi+ 1 = xi+ 1− xi + f xi+ 1 − f xi<br />
.<br />
Agora usamos o Teorema do valor médio para a função f em cada intervalo [ xi, x i+<br />
1]<br />
para obtermos um<br />
ponto ∈ [ , ] tal que f ( x ) − f ( x ) = f '(<br />
c )( x − x ) . Graças a isso, a expressão de ( , )<br />
ci xi x i+<br />
1<br />
toma o seguinte aspecto:<br />
i+ 1 i i i+ 1 i<br />
( ) ( ) ( ) ( )<br />
2<br />
( ) ( ) ( ) ( )<br />
2 2 2 2<br />
i, i+ 1 i+ 1 i i+ 1 i i+ 1 i ' i i+ 1 i<br />
d P P = x − x + f x − f x = x − x + f c x − x =<br />
2<br />
1<br />
−2 −1 1 2<br />
−1<br />
−2<br />
d P P +<br />
i i 1
que, por sua vez, ainda pode ser simplificada e tornar-se<br />
( ) ( ) ( )<br />
( ) ( ) ( )<br />
2 2 2<br />
i, i+ 1 i+ 1 i 1 ' i i+ 1 i 1 ' i<br />
d P P = x − x + f c = x − x + f c .<br />
O comprimento da poligonal será o igual à soma dos segmentos que a compõem. Assim, se denotarmos<br />
o seu comprimento por L n teremos que:<br />
( 0, 1) ( 1, 2) ... ( − 1, )<br />
n−1 i= 0<br />
( , + 1) n−1<br />
i=<br />
0<br />
1 '(<br />
2<br />
) ( + 1 )<br />
P P P podem ser escolhidos de forma que os intervalos [ , ]<br />
L = d P P + d P P + + d P P = ∑d P P = ∑ + f c x −x<br />
.<br />
n n n i i i i i<br />
Os pontos 0, 1,...,<br />
n<br />
comprimento que denotaremos por Δ x . Assim:<br />
n<br />
n 1 ' i<br />
i=<br />
0<br />
122<br />
( ) 2<br />
L = ∑ + f c Δx.<br />
x x + tenham o mesmo<br />
i i 1<br />
A aproximação acima será cada vez melhor desde que tomemos a quantidade de pontos cada vez maior.<br />
Como f’ é contínua, se fizermos n →+∞, na expressão de L n o limite existirá e será igual ao comprimento da<br />
curva em questão. Portanto:<br />
n<br />
2<br />
b<br />
2<br />
L = lim L = lim ∑ 1+ f ' c Δ x= ∫ 1+ f ' x dx,<br />
Ou seja, podemos enunciar que:<br />
Se f : [ ab , ] → Ré<br />
uma função de classe<br />
x = a até x = b é dado por:<br />
Vejamos agora alguns exemplos.<br />
( ) ( )<br />
n i<br />
n→+∞ n→+∞ i= 0<br />
a<br />
1<br />
C então o comprimento do gráfico de f no trecho variando de<br />
b<br />
( ) 2<br />
L = ∫ 1+ f ' x dx<br />
Exemplo 3.3.1.1. Vamos calcular o comprimento do gráfico da função f ( x)<br />
Começamos calculando a derivada de f que é dada por f '(<br />
x)<br />
Logo:<br />
a<br />
2<br />
3x1 2<br />
=<br />
2<br />
−<br />
6x<br />
. Agora note que:<br />
2<br />
2<br />
4<br />
2 ⎛3x 1 ⎞ 9x 1 1<br />
1+ f '( x)<br />
= 1+ ⎜ − 1 2 ⎟ = + − + 4<br />
⎝ 2 6x⎠ 4 2 36x 2<br />
2<br />
⎛3x 1 ⎞<br />
= ⎜ + ⎟ .<br />
⎝ 2 6x⎠<br />
2<br />
2<br />
3 3 3 2<br />
2<br />
⎛3x 1 ⎞ ⎛3x 1 ⎞ 1<br />
L= ∫ 1+ f '( x) dx= ∫ ⎜ + ⎟ dx= ∫⎜<br />
+ ⎟dx=<br />
13+ ln3.<br />
1 1 ⎝ 2 6x⎠ 1⎝<br />
2 6x⎠ 6<br />
3.3.2 - Curvas na forma paramétrica<br />
3<br />
x 1<br />
= + , com 1≤x≤ 3.<br />
2 6x<br />
Vamos supor agora que queiramos calcular o comprimento de um pedaço de uma curva no plano e que<br />
esta curva esteja dada na forma paramétrica, ou seja, os pontos dessa curva são expressos através de funções de<br />
uma outra variável. Esse ponto de vista é particularmente interessante em física, quando estudamos o movimento<br />
de um projétil no plano e as variáveis x e y que descrevem o movimento do projétil são funções do tempo.<br />
Temos aqui uma fórmula análoga à do caso anterior e cuja demonstração também segue os mesmos passos.<br />
Vamos apenas enunciá-la. Aqueles que quiserem ver a demonstração podem consultar o livro de Serge Lang<br />
citado na bibliografia.
Suponha que C seja uma curva no plano dada na forma paramétrica pelas equações<br />
⎧ ⎪x<br />
= xt ( ) ,<br />
⎨ com t∈ [ t0, t1]<br />
,<br />
⎪⎩ y = y() t .<br />
onde as funções x = xt () e y y() t<br />
comprimento do arco de C entre os pontos t0 e t 1 é dado por<br />
= são tais que suas derivadas são contínuas em [ , ]<br />
t1<br />
t0<br />
( '() ) '()<br />
123<br />
( )<br />
2 2<br />
L = ∫ x t + y t dt<br />
t t . Então o<br />
Vejamos dois exemplos.<br />
3 ⎧ x = 2sen<br />
t<br />
Exemplo 3.3.2.1. Vamos calcular o comprimento da curva C dada por ⎨ , com t ∈ ⎡0, π ⎤ .<br />
3<br />
⎩y<br />
= 2cos t ⎣ 2⎦<br />
2<br />
2<br />
Observe que x '() t = 6sen tcost e y'() t =− 6cos tsent.<br />
Assim sendo, temos que o comprimento pedido é<br />
dado por:<br />
π π<br />
2 2 2 2<br />
4 2 4 2<br />
() ()<br />
L = ∫ x ' t + y ' t dt = ∫ 36sen t cos t + 36cos tsen tdt =<br />
0 0<br />
π π<br />
2 π 2<br />
2<br />
π<br />
2 2 2 2 2 2 2 2<br />
∫ sen t t ( sen t t) dt ∫ sen t tdt ∫ sent tdt ⎡<br />
⎣ sen t⎤<br />
⎦0<br />
0 0 0<br />
36 cos + cos = 36 cos = 6 cos = 3 = 3<br />
Exemplo 3.3.2.2. Vamos calcular o comprimento de uma circunferência de<br />
raio a. A idéia é obter uma forma paramétrica para a circunferência.<br />
Observe a figura ao lado. Seja P um ponto da circunferência. Se denotarmos<br />
por t o ângulo que OP faz com o eixo-x, então o triângulo OPA nos<br />
fornece x = OA = a cost<br />
e y = OB = asent , com o ângulo t pertencendo<br />
ao intervalo [ 0 , 2π<br />
] . Portanto temos a parametrização da circunferência<br />
como sendo:<br />
⎧x()<br />
t = a cos t<br />
⎨<br />
⎩ y()<br />
t = asent<br />
com ∈[<br />
0,<br />
2π<br />
]<br />
t . Daí x' () t = −asent<br />
e y' () t = a cost<br />
.<br />
2 2 2 2 2 2 2 2<br />
x ' t + y' t = − asent + acost = a sen t+ cos t = a . Daí, o comprimento pedido será<br />
donde () () ( ) ( ) ( )<br />
( () ) ()<br />
( )<br />
2π 2 2 2π 2π<br />
2<br />
L = ∫ x ' t + y ' t dt = ∫ a dt = a ∫ dt = 2πa,<br />
0 0 0<br />
que é um fato conhecido por nós, mas, até então, sem a devida justificativa.<br />
3.3.3 - Curvas na forma polar<br />
Suponhamos que seja dada uma curva no plano polar cuja equação seja r = f ( θ ) , com θ [ αβ , ]<br />
f sendo uma função de classe<br />
1<br />
C em [ , ]<br />
0 1<br />
∈ , com<br />
α β . Podemos encontrar uma expressão para o cálculo do<br />
comprimento dessa curva no trecho considerado usando a expressão anterior. Basta ver que essa curva admite<br />
uma parametrização bastante curiosa que é aquela que converte coordenadas polares para cartesianas. Assim<br />
sendo, temos a seguinte parametrização para a curva:
Agora, derivando as funções x e y nós ficamos com:<br />
( θ ) cosθ ( θ) cos(<br />
θ)<br />
( θ ) = θ = ( θ) ( θ)<br />
⎪⎧<br />
x = r = f<br />
⎨<br />
⎪⎩ y rsen f sen<br />
( ) ( ) ( )<br />
( ) = ( ) + ( )<br />
⎧ ⎪x<br />
' θ = f ' θ cosθ<br />
− f θ senθ<br />
⎨<br />
⎪⎩ y' θ f ' θ senθ f θ cosθ<br />
Agora utilizamos a fórmula da seção anterior com essa parametrização e obtemos:<br />
Vejamos agora alguns exemplos.<br />
( ( ) ) ( )<br />
( ) ( ( ) ) ( ( ) )<br />
β 2 2 β<br />
2 2<br />
L = ∫ x' θ + y' θ dθ = ∫ f ' θ + f θ dθ<br />
α α<br />
Exemplo 3.3.3.1. Vamos calcular o comprimento de uma circunferência de raio a > 0 . Relembramos que não<br />
há problemas em considerá-la centrada na origem e que sua equação em coordenadas polares é dada por r = a.<br />
f a<br />
f ' θ = 0.<br />
Portanto, usando a fórmula anterior temos que:<br />
Assim, ( θ ) = e, consequentemente, ( )<br />
( ( ) ) ( )<br />
( )<br />
2π 2 2 2π 2π<br />
2 2<br />
L = ∫ f ' θ + f θ dθ = ∫ a + 0 dθ = ∫ adθ = 2πa,<br />
0 0 0<br />
o que é uma nova forma de provarmos um resultado já conhecido.<br />
Exemplo 3.3.3.2. Vamos calcular o comprimento da cardióide do exemplo 3.3.2. A equação da cardióide é<br />
r = 1− cosθ.<br />
Note que nesse caso f ( θ ) 1 cosθ<br />
f ' θ = senθ<br />
. Logo:<br />
( ( ) ) ( )<br />
= − e, portanto, ( )<br />
( ) ( )<br />
π 2 2 π π<br />
L= 2∫ f ' θ + f θ dθ = 2∫ 2 1− cosθ dθ = 2 2∫ 1− cosθdθ<br />
=<br />
0 0 0<br />
π 2<br />
1−cos θ π senθ<br />
π<br />
= 2 2∫ dθ = 2 2∫ dθ<br />
=− 4 2⎡ 1+ cosθ ⎤ = 8.<br />
0 1+ cosθ 0 1+ cosθ<br />
⎣ ⎦0<br />
3.3.4 - Volumes de sólidos de revolução<br />
Nesta seção vamos usar a integral definida para calcular o volume de um sólido de revolução, ou seja, um sólido<br />
que é obtido pela rotação de uma região do plano cartesiano em torno de uma reta dada, conhecida como eixo de<br />
rotação. A situação que se apresenta é a seguinte: seja f : [ ab , ] → Ruma<br />
função contínua. Consideremos a<br />
região do plano delimitada pelo gráfico de f, pelas retas x = a , x = b e pelo eixo-x, conforme nos mostra a<br />
figura (1) abaixo. Suponhamos que essa região sofra uma rotação em torno do eixo-x dando origem a um sólido<br />
mostrado na figura (2) abaixo<br />
124
Gostaríamos de encontrar uma expressão que nos permita calcular o<br />
volume de tal sólido. Usaremos o chamado método das seções<br />
planas. Para isso, vamos dividir o intervalo [ ab , ] em n<br />
b−a subintervalos de comprimento Δ x = e escolhamos em cada<br />
n<br />
*<br />
um desses subintervalos um ponto c i . Considere em cada<br />
*<br />
subintervalo o cilindro de altura x f c .<br />
Δ e raio ( i )<br />
O volume de cada um desses cilindros é ( ) 2<br />
*<br />
volume do sólido dado, ou seja,<br />
π f c Δ x e a soma desses volumes dá um valor aproximado para o<br />
i<br />
n<br />
* * * * *<br />
( 1) ( 2) ( 3)<br />
... ( n) ∑ ( i )<br />
2 2 2 2 2<br />
V ≈π f c Δ x+ π f c Δ x+ π f c Δ x+ + π f c Δ x= π f c Δx<br />
Essa aproximação será cada vez melhor na medida em que escolhermos mais e mais pontos. Assim, fazendo<br />
n →∞e levando em conta que f é contínua, temos:<br />
n<br />
b<br />
* ( i ) ( )<br />
125<br />
2 2<br />
V = lim ∑π f c Δ x= ∫ π f x dx.<br />
n→∞ i= 1<br />
a<br />
Portanto temos podemos enunciar o seguinte resultado:<br />
Seja f : [ ab , ] → Ruma<br />
função contínua. Suponha que a região do plano delimitada pelo gráfico de f, pelas<br />
retas x = a , x = b e pelo eixo-x, sofre uma rotação em torno do eixo-x. O volume do sólido obtido é dado por:<br />
( ) 2<br />
b<br />
V = ∫ π f x dx<br />
Vamos ver alguns exemplos<br />
a<br />
Exemplo 3.3.4.1. Vamos calcular o volume do sólido obtido pela rotação da região delimitada pelo gráfico da<br />
2<br />
função f ( x) = x − 4x+ 5,<br />
as retas x = 1,<br />
x = 4 e o eixo-x, em torno desse último. Veja as figuras abaixo:<br />
Nesse caso temos uma aplicação direta da fórmula anterior, ou seja,<br />
4 2 4<br />
2 4 3 2<br />
78π<br />
V = ∫π ( x − 4x+ 5) dx= ∫ π ( x − 8x + 26x − 40x+ 25)<br />
dx=<br />
.<br />
1 1<br />
15<br />
i=<br />
1
Exemplo 3.3.4.2. Vamos calcular o volume de um cone de altura h e raio<br />
da base r. Esse cone é obtido pela rotação, em torno do eixo-x, da região<br />
r<br />
delimitada pelo gráfico de f ( x) = x,<br />
pela reta x = h e pelo eixo-x. Veja<br />
h<br />
a figura ao lado.<br />
Nesse caso usamos diretamente a fórmula acima e obtemos<br />
que é outra fórmula que já conhecíamos.<br />
2 2 2 3<br />
h<br />
h h<br />
⎛ r ⎞ r 2 r ⎡x ⎤ 1 2<br />
∫π⎜ ⎟ π 2 ∫ π π<br />
2 ⎢ ⎥<br />
0 ⎝h ⎠ h 0 h ⎣ 3 ⎦ 3 0<br />
V = x dx= x dx= = r h,<br />
Exemplo 3.3.4.3. Vamos calcular o volume de uma esfera de raio r. Metade da esfera é obtida pela rotação em<br />
2 2 2<br />
torno do eixo-x da região delimitada pela circunferência x + y = r , pelo eixo-y e pelo eixo-x. Veja as figuras<br />
abaixo:<br />
2 2<br />
A parte de cima da circunferência corresponde à função f ( x) = r − x , obtida tirando o valor de y na<br />
equação da circunferência. Portanto, o volume da metade da esfera será dado por:<br />
2<br />
( ) ( )<br />
r<br />
r r<br />
2 2 2 2 ⎡ 2 1 3⎤ 3 1 3 2 3<br />
V = ∫πr − x dx= ∫π r − x dx= ⎢πr x− πx = πr − πr = πr<br />
3 ⎥<br />
,<br />
⎣ ⎦ 3 3<br />
0 0 0<br />
4 3<br />
donde concluímos que o volume da esfera é dado por 2V<br />
= π r .<br />
3<br />
4. - Avaliando o que foi construído<br />
Ampliando o seu Conhecimento<br />
Em alguns casos é possível calcularmos áreas de figuras infinitas usando o Teorema fundamental do<br />
<strong>Cálculo</strong> e as idéias de limite no infinito. Por exemplo, a área limitada pelo gráfico da função<br />
1<br />
f ( x)<br />
= , pela reta x = 1 e pelo eixo-x possui um valor numérico associado que é 1. Esse tipo de<br />
2<br />
x<br />
situação motiva o estudo de um interessante tema que são as integrais impróprias.<br />
Nesta unidade tivemos a oportunidade de ver como a integral definida pode ser útil no cálculo de<br />
comprimentos, áreas e volumes. Obtivemos a justificativa de algumas fórmulas que já eram conhecidas nossas.<br />
126
5. Referências<br />
No Moodle...<br />
Na plataforma MOODLE, no espaço reservado à disciplina <strong>Cálculo</strong> <strong>Diferencial</strong> e <strong>Integral</strong> <strong>II</strong>, você<br />
poderá testar seus conhecimentos a respeito do tema Derivadas. Dedique-se à resolução das tarefas<br />
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conosco.<br />
1. Ávila, G.,CÁLCULO I: FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL, Editora LTC, 7 a Edição 2003.<br />
2. Lang, Serge., CÁLCULO , Volume 1, Editora LTC, 1975.<br />
3. Simmons, George, CÁLCULO COM GEOMETRIA ANALÍTICA, Volume 1, McGraw-Hill,1985.<br />
4. Stewart, James, CÁLCULO, Volume 1, Editora Pioneira, 4ª. Edição, 2003.<br />
127