15.04.2013 Views

Moa Bonita, 30 de abril de 1978 - Bangu.net

Moa Bonita, 30 de abril de 1978 - Bangu.net

Moa Bonita, 30 de abril de 1978 - Bangu.net

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Maracanã, 26 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1966<br />

3<strong>30</strong><br />

Uma vitória com alma, coração e coação<br />

Todo mundo já <strong>de</strong>ve ter ouvido falar em<br />

um jogo em que Castor <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> invadiu o<br />

campo <strong>de</strong> arma em punho atrás do juiz,<br />

<strong>de</strong>scontente que estava com o andamento da<br />

partida.<br />

Esse fato quase inacreditável ocorreu<br />

mesmo e foi exatamente no maior palco do<br />

futebol brasileiro. Era um sábado à noite, no<br />

Maracanã. Um público exato <strong>de</strong> 13.373<br />

pagantes testemunhou a cena <strong>de</strong> filme <strong>de</strong><br />

“bang-bang”. Um acontecimento insólito que<br />

serviu para garantir ao <strong>Bangu</strong> uma vitória<br />

importantíssima rumo ao título <strong>de</strong> 1966.<br />

Os jornais do dia seguinte dispararam<br />

contra o dirigente alvirrubro. “Castor ganhou<br />

jogo coagindo juiz: 3 x 2” – disse o Última<br />

Hora; “<strong>Bangu</strong> venceu América por 3 a 2 com<br />

pênalti inexistente no último minuto” –<br />

escreveu o Jornal do Brasil.<br />

Foi uma noite em que o <strong>Bangu</strong> teve tudo<br />

para per<strong>de</strong>r para o América e prejudicar toda a<br />

campanha impecável <strong>de</strong> 66. Logo aos 5<br />

minutos <strong>de</strong> jogo, Ica fez 1 a 0 para os rubros.<br />

O <strong>Bangu</strong> conseguiu empatar graças a uma<br />

jogada individual <strong>de</strong> Paulo Borges, que driblou<br />

Eraldo e Al<strong>de</strong>ci, esperou a saída do goleiro Ari<br />

e completou para o fundo das re<strong>de</strong>s em um<br />

verda<strong>de</strong>iro golaço, aos 21 minutos.<br />

Ter um craque do porte <strong>de</strong> Paulo Borges<br />

era fundamental. Aos 31 minutos, ele ganhou<br />

na corrida dos zagueiros Luciano e Eraldo,<br />

pegou a bola e, por cobertura, surpreen<strong>de</strong>u<br />

novamente o goleiro Ari: 2 a 1.<br />

Praticamente sozinho, Paulo Borges<br />

tinha “endireitado” o placar do Maracanã. Só<br />

que, a partir daí, o América ressurgiu no jogo e<br />

começou a pressionar. O lateral-direito Fidélis<br />

se contundiu gravemente – e como, na época,<br />

não eram permitidas substituições, ficou em<br />

campo “fazendo número” na ponta-esquerda.<br />

O 2º tempo reservou as melhores<br />

emoções para os torcedores. O América só não<br />

empatou com um belo chute <strong>de</strong> Edu, porque o<br />

travessão “<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u”, com Ubirajara já batido.<br />

Na sequência, o árbitro Idovan Silva<br />

anulou um gol do americano Zezinho, em<br />

impedimento.<br />

A situação não era das melhores para o<br />

<strong>Bangu</strong>. Até que, aos 29 minutos, Cabrita<br />

<strong>de</strong>rrubou Edu na área perigosa. Pênalti que o<br />

juiz não titubeou em marcar.<br />

Foi aí que Castor <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, na época<br />

vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> futebol do clube, invadiu o<br />

gramado do Maracanã, com um revólver<br />

reluzente. Queria mostrar toda sua indignação<br />

para o sr. Idovan Silva. Cabralzinho teve que<br />

conter o ímpeto <strong>de</strong> Castor, enquanto o juiz,<br />

acovardado, correu para se escon<strong>de</strong>r atrás <strong>de</strong><br />

Ubirajara.<br />

- Eu não tenho nada a ver com isso. Tá<br />

vendo? Foi fazer besteira agora o ‘homem’<br />

quer te pegar... – dizia o goleiro ao árbitro em<br />

apuros.<br />

Os policiais acabaram retirando Castor<br />

<strong>de</strong> campo. Depois <strong>de</strong> muita confusão, eis que<br />

Eduardo cobrou o pênalti, empatando a<br />

partida.<br />

O <strong>Bangu</strong>, que já segurava a magra vitória<br />

<strong>de</strong> 2 a 1, teve que ir ao ataque. Descuidou-se<br />

da <strong>de</strong>fesa, e Eduardo quase surpreen<strong>de</strong>u<br />

Ubirajara, que pegou o forte chute em dois<br />

tempos.<br />

Enfim, quando o americano Al<strong>de</strong>ci caiu<br />

em campo, precisando <strong>de</strong> atendimento médico,<br />

o juiz Idovan Silva foi até ele. Achou que era<br />

“cera” e expulsou o zagueiro.<br />

Aos 43, era o ponta-direita rubro Zezinho<br />

que caía em campo, tentando diminuir o<br />

ímpeto do <strong>Bangu</strong>. O juiz também não<br />

paralisou o “espetáculo”.<br />

O jogo <strong>de</strong> “ataque contra <strong>de</strong>fesa”, teve um<br />

final polêmico. O lance, comentadíssimo na<br />

época, ocorreu exatamente aos 45 minutos do<br />

2º tempo:


“Ocimar fez um lançamento em<br />

profundida<strong>de</strong> para Paulo Borges, que chegou à<br />

gran<strong>de</strong> área juntamente com Aladim. Paulo<br />

Borges per<strong>de</strong>u o controle da bola, caindo ao<br />

chão, e Luciano <strong>de</strong>safogou para fora da área,<br />

quando o juiz assinalou pênalti. Marcação<br />

absurda, injusta e escandalosa, pois Paulo<br />

Borges caíra sozinho a uma distância <strong>de</strong>,<br />

aproximadamente, três metros do único<br />

zagueiro americano <strong>de</strong>ntro da área” – registrou<br />

o cronista Álvaro Queiroz, do Última Hora.<br />

Cabralzinho foi para a cobrança <strong>de</strong>cisiva.<br />

Chutou forte, no alto, sem <strong>de</strong>fesa para Ari. O<br />

<strong>Bangu</strong> vencia o América por 3 a 2 e estava<br />

empatado com o Flamengo na tabela <strong>de</strong><br />

classificação.<br />

Ao terminar a partida, o árbitro Idovan<br />

Silva foi falar com Ubirajara.<br />

- E aí, ‘Bira’, será que o ‘homem’ ainda<br />

quer me pegar?<br />

- Fica tranquilo que eu vou conversar<br />

com ele... - disse o goleirão.<br />

No vestiário do <strong>Bangu</strong>, os repórteres só<br />

queriam saber o que Castor <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> tinha a<br />

<strong>de</strong>clarar. O vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> futebol<br />

profissional, malandramente, respon<strong>de</strong>u<br />

apenas o que queria:<br />

- Essa vitória foi conseguida com a alma e<br />

o coração do <strong>Bangu</strong>, que provou ser uma<br />

equipe que tem garra, luta e não se intimida<br />

ante uma partida <strong>de</strong>cisiva.<br />

O técnico argentino Alfredo González<br />

também fez questão <strong>de</strong> falar, embora<br />

claramente invertesse os papéis, colocando-se<br />

como vítima dos erros <strong>de</strong> Idovan Silva:<br />

- Esse rapaz que apitou o jogo pareceu<br />

inexperiente. Creio que se trata <strong>de</strong> um árbitro<br />

novo, pois, caso contrário, ele não teria feito<br />

tudo aquilo em prejuízo do <strong>Bangu</strong>. É verda<strong>de</strong><br />

que po<strong>de</strong>ríamos ter vencido por um escore<br />

melhor, mas o juiz nos atrapalhou <strong>de</strong>mais.<br />

A frase<br />

“É um rato, um ladrão <strong>de</strong>sclassificado! O<br />

Castor está certo. Com um tipo <strong>de</strong>ssa laia, nós<br />

também <strong>de</strong>veríamos ter agido <strong>de</strong>sta forma.”<br />

Wolney Braune,<br />

presi<strong>de</strong>nte do América, referindo-se ao árbitro<br />

do jogo<br />

Sábado, 26 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1966<br />

3 x 2<br />

Competição: Campeonato Carioca<br />

Local: Maracanã (RJ)<br />

Juiz: Idovan Silva<br />

Público: 13.373<br />

<strong>Bangu</strong>: Ubirajara, Cabrita, Fidélis, Luís<br />

Alberto e Ari Clemente; Ocimar e Jaime; Paulo<br />

Borges, Cabralzinho, La<strong>de</strong>ira e Aladim. T:<br />

Alfredo González.<br />

América: Ari, Farah, Luciano, Al<strong>de</strong>ci e Eraldo;<br />

Amorim e Ica; Zezinho, Antunes, Edu e<br />

Eduardo. T: Wilson Santos.<br />

Gols: No 1º tempo: Ica (5), Paulo Borges (21) e<br />

Paulo Borges (31). No 2º tempo: Eduardo (pên.)<br />

(29) e Cabralzinho (pên.) (45).<br />

Obs: Al<strong>de</strong>ci (América) foi expulso.<br />

Campeonato Carioca 1966<br />

Classificação Pts J V E D GP GC SG<br />

1 <strong>Bangu</strong> 26 15 12 2 1 41 7 34<br />

2 Flamengo 26 15 11 4 - 29 8 21<br />

3 Fluminense 22 15 10 2 3 22 10 12<br />

4 Botafogo 20 15 8 4 3 17 11 6<br />

5 América 18 15 8 2 5 33 24 9<br />

6 Vasco 15 15 6 3 6 19 18 1<br />

7 Olaria 10 15 4 2 9 14 <strong>30</strong> -16<br />

8 Bonsucesso 9 15 3 3 9 15 25 -10

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!