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Doença hepática gordurosa não Alcoólica - Sociedade Brasileira de ...

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O tratamento da DHGNA inclui medidas comportamentais, controle dos fatores <strong>de</strong> risco, drogas, cirurgia bariátrica<br />

(CBA) e transplante hepático. Cirurgia bariátrica e tratamento da DHGNA: Quando indicar? Por que indicar? Qual o<br />

impacto da cirurgia?<br />

Quando indicar: pacientes com IMC > 40kg/m 2 ; IMC > 35kg/m 2 associado a comorbida<strong>de</strong>s; obesos que <strong>não</strong> obtiveram<br />

sucesso comprovado <strong>de</strong> tratamentos clínicos (NIH/Consensus Conference/91).<br />

Porque indicar: é elevada a frequência <strong>de</strong> complicações cardiovasculares, metabólicas, neoplásicas, psicológicas e sociais<br />

em obesos graves; é elevada a mortalida<strong>de</strong> precoce <strong>de</strong>sses indivíduos (12x maior entre 25-34 anos e 6x maior entre 34-44<br />

anos); maior tolerância e menos complicações com as técnicas cirúrgicas atuais.<br />

Nos obesos graves, a DHGNA é, em geral, assintomática, mas o espectro da doença é amplo. Varia <strong>de</strong> esteatose a cirrose.<br />

Nesses pacientes, o tratamento clínico da DHGNA é pouco eficaz. A perda <strong>de</strong> peso estimada é <strong>de</strong> 2-10% ao ano, tornando<br />

difícil o controle a DHGNA.<br />

Em estudo realizado na Bahia, a avaliação <strong>de</strong> 141 obesos graves mostrou que a ausência <strong>de</strong> sintomas ou sinais <strong>de</strong> doença<br />

<strong>hepática</strong> em 100% dos casos e ALT e AST foram normais em 72% e 88% dos pacientes, respectivamente. Entretanto, a<br />

biópsia <strong>hepática</strong> mostrou esteato-hepatite com fibrose em 74,5% e um caso <strong>de</strong> cirrose (Bittencout/2007). Uma revisão <strong>de</strong> 12<br />

estudos observacionais e <strong>de</strong> corte transversal, totalizando 1.620 obesos que realizaram cirurgia bariátrica e biópsia <strong>hepática</strong>,<br />

mostrou esteato-hepatite em 37% e cirrose em 1,7% (Machado M/2006). A divergência <strong>de</strong>stas prevalências da DHGNA<br />

nos diversos estudos tem sido explicada pelos diferentes critérios utilizados no diagnóstico histológico, pela experiência<br />

do patologista, número e tamanho dos fragmentos, e pelo fato <strong>de</strong> terem sido realizadas mais <strong>de</strong> uma biópsia em diferentes<br />

segmentos do fígado (Arun/2007; Pedrosa/2007).<br />

Impacto da CBA no tratamento da DHGNA: são vários os estudos que mostram melhora <strong>de</strong> parâmetros clínicos laboratoriais,<br />

metabólicos e histológicos dos pacientes com DHGNA pós-CBA. Entre eles, um estudo realizado na Bahia mostrou em 40 obesos<br />

graves com follow-up médio <strong>de</strong> 21 meses e após uma perda <strong>de</strong> peso média <strong>de</strong> 46kg, melhora <strong>de</strong> todos os parâmetros metabólicos e<br />

melhora das enzimas assim como melhora dos marcadores <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> utilizando os escores HAIR, BAAT e FLI (Andra<strong>de</strong>/2008).<br />

A avaliação <strong>de</strong> 381 pacientes pós-CBA com controle histológico no primeiro e no quinto ano (Mathurin/2009) mostraram:<br />

melhora da esteatose e balonização; embora a fibrose tenha permanecido 95%, a maioria apresentava grau 1 (F1); diminuição<br />

dos casos <strong>de</strong> esteato-hepatite, <strong>de</strong> 27,4 para 14,2%. A melhora da DHGNA foi observada no primeiro ano <strong>de</strong> follow-up,<br />

persistiu por cinco anos, e houve correlação com a resistência à insulina (RI). A piora da fibrose foi associada com maior<br />

IMC, maior gravida<strong>de</strong> da DHGNA na biópsia inicial, e maiores índices <strong>de</strong> RI.<br />

Em conclusão, a CBA po<strong>de</strong> contribuir no tratamento <strong>de</strong> pacientes com DHGNA no obeso grave; entretanto, <strong>de</strong>ve ser<br />

indicada obe<strong>de</strong>cendo critérios estabelecidos. Medidas comportamentais e controle das condições associadas à obesida<strong>de</strong>,<br />

recomendadas a todos pacientes com DHGNA, <strong>de</strong>vem ser mantidas após a CBA.<br />

transplante De FígaDo<br />

Mário reis álvares-da-silva<br />

Nos últimos anos, com o aumento da expectativa <strong>de</strong> vida em pacientes transplantados, têm surgido novas complicações, <strong>de</strong>ntre<br />

elas a síndrome metabólica, que costuma ocorrer com frequência após um período variável <strong>de</strong> meses a anos. De fato, pacientes<br />

transplantados estão sob alto risco metabólico, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> fatores tais como diabetes mellitus pré-transplante, dieta<br />

ina<strong>de</strong>quada, se<strong>de</strong>ntarismo, uso <strong>de</strong> imunossupressores e a inflamação crônica e intrínseca do próprio transplante. Assim, é<br />

fácil compreen<strong>de</strong>r porque a prevalência <strong>de</strong> fatores da síndrome metabólica cresce tanto no período pós-transplante (<strong>de</strong> 5,4%<br />

em candidatos a transplante a 51,9% em receptores). Se isto <strong>não</strong> bastasse, a esteato-hepatite <strong>não</strong> alcoólica (NASH) vem-se<br />

tornando causa frequente <strong>de</strong> transplante hepático. Ela é hoje a terceira causa <strong>de</strong> transplante nos Estados Unidos, sendo que<br />

na última década foi a única indicação <strong>de</strong> transplante que teve sua frequência aumentada. Os pacientes com NASH ten<strong>de</strong>m a<br />

ser mais do sexo feminino, com ida<strong>de</strong> mais avançada e índice <strong>de</strong> massa corporal superior, além <strong>de</strong> terem mais comorbida<strong>de</strong>s,<br />

como diabetes mellitus e hipertensão arterial. Em linhas gerais, o indivíduo transplantado por NASH tem sobrevida semelhante<br />

a outras causas, mas é notável que a mortalida<strong>de</strong> cardiovascular seja maior neste grupo. A<strong>de</strong>mais, estão sob risco <strong>de</strong><br />

evolução a NASH <strong>de</strong> novo no enxerto. Assim, <strong>de</strong>ve-se tentar combater a síndrome metabólica nesses indivíduos. As estratégias<br />

envolvem controle intensivo da glicemia no período pós-transplante, uso <strong>de</strong> estatinas (em especial se já usadas antes do<br />

procedimento), o uso judicioso <strong>de</strong> imunossupressores, mantendo baixa a imunossupressão e a a<strong>de</strong>quando conforme a situação<br />

clínica e a vigilância <strong>de</strong> NASH <strong>de</strong> novo através <strong>de</strong> ultrassonografias protocolares e biópsia <strong>hepática</strong> em casos selecionados.<br />

O tratamento <strong>de</strong> NASH <strong>de</strong> novo ainda é limitado e envolve medidas <strong>não</strong> farmacológicas, medicamentosas ou até cirúrgicas.<br />

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