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Doença hepática gordurosa não Alcoólica - Sociedade Brasileira de ...

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12<br />

trataMento clínico Do nash<br />

MuDanças no estilo De viDa<br />

João galizzi Filho<br />

professor adjunto do Departamento <strong>de</strong> clínica Médica da Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Medicina da universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas gerais.<br />

Indivíduos portadores <strong>de</strong> resistência insulínica, síndrome metabólica e seus <strong>de</strong>sdobramentos clínicos como as doenças<br />

cardiovasculares e a DHGNA apresentam componentes culturais, ambientais, genéticos, dietéticos, físicos e psicológicos<br />

que, em diferentes combinações, dificultam a correção <strong>de</strong> seus distúrbios. As limitações dos tratamentos farmacológicos,<br />

atualmente disponíveis para a DHGNA e sua variante principal, NASH, colocam as modificações no estilo <strong>de</strong> vida como<br />

priorida<strong>de</strong> maior da terapêutica. No entanto, a distância entre o discurso médico e a incorporação na prática das mudanças<br />

<strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> vida é gran<strong>de</strong>, sendo frequente motivo <strong>de</strong> frustração para o paciente e para o profissional que o assiste. Sabemos<br />

das dificulda<strong>de</strong>s em promover mudanças constantes e duradouras em hábitos <strong>de</strong> vida já consolidados, sobretudo quando<br />

se trata <strong>de</strong> doença oligo ou assintomática e <strong>de</strong> aspectos ligados à alimentação e à prática <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s físicas regulares.<br />

A individualização <strong>de</strong> cada caso passa pela análise das dificulda<strong>de</strong>s para que sejam incluídas na rotina, <strong>de</strong> modo regular<br />

e permanente, ativida<strong>de</strong>s físicas a<strong>de</strong>quadas. Para isso, alguns objetivos <strong>de</strong>vem ser colocados como algo constante, mas <strong>de</strong><br />

certa forma flexível, evitando-se a rigi<strong>de</strong>z que resulta, após certo tempo, em abandono das novas práticas. Para indivíduos<br />

<strong>de</strong> tendência se<strong>de</strong>ntária ou que rejeitem exercícios físicos, é mais conveniente que possam variar, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> certos limites,<br />

o tempo <strong>de</strong> duração, os dias da semana, os locais e os tipos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s físicas, transformando-as, se possível, em algo<br />

prazeroso, do que se sentirem induzidos à prática rígida por tempo, horário e dias pre<strong>de</strong>terminados. Por outro lado, o fato<br />

<strong>de</strong> as ativida<strong>de</strong>s físicas regulares promoverem sensação <strong>de</strong> bem-estar e melhoria da resposta à insulina <strong>não</strong> <strong>de</strong>ve ser motivo<br />

para que o paciente negligencie a importância da perda <strong>de</strong> peso. Sugere-se que o paciente faça exercícios físicos que<br />

induzam aumento da frequência cardíaca por 30 a 40 minutos ao dia, quatro a cinco dias por semana, lembrando, por outro<br />

lado, que para os refratários, algum nível <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> física é certamente melhor que nenhum. Estas dificulda<strong>de</strong>s práticas<br />

exigem que novas formas <strong>de</strong> abordagem sejam <strong>de</strong>senvolvidas.<br />

Com relação às mudanças nos hábitos alimentares, a ênfase <strong>de</strong>ve ser dada às modificações na relação do paciente com o ato<br />

<strong>de</strong> se alimentar, ao invés da imposição <strong>de</strong> dietas com redução radical <strong>de</strong> algum componente, como, por exemplo, com gran<strong>de</strong><br />

redução do teor <strong>de</strong> carboidratos, cuja eficácia a longo prazo <strong>não</strong> foi confirmada em vários estudos. Resultados duradouros<br />

têm sido alcançados por “grupos <strong>de</strong> ajuda” com programas <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> peso. Os conhecimentos atuais sugerem que se <strong>de</strong>va<br />

evitar bebidas com maior teor <strong>de</strong> açúcar ou <strong>de</strong> frutose, assim como evitar gorduras saturadas/trans, aumentando-se a ingestão<br />

<strong>de</strong> gorduras poli-insaturadas, especialmente ácidos graxos ômega-3. Alimentos com elevadas taxas <strong>de</strong> calorias (fast food) e<br />

o hábito <strong>de</strong> alimentar-se rapidamente <strong>de</strong>vem ser evitados. Com efeito, a alimentação rápida acompanha-se quase sempre<br />

<strong>de</strong> ingestão compulsiva <strong>de</strong> alimentos, neutralizando os esforços para perda <strong>de</strong> peso que, <strong>de</strong> acordo com dados disponíveis,<br />

<strong>de</strong>ve ser, em princípio, <strong>de</strong> cinco a 10% do peso inicial.<br />

Estas <strong>de</strong>safiadoras propostas para introduzir hábitos <strong>de</strong> vida saudáveis e benéficos ao controle da DHGNA requerem,<br />

com frequência, abordagem multidisciplinar, com participação <strong>de</strong> profissionais capazes <strong>de</strong> auxiliar nos diferentes aspectos<br />

envolvidos. No entanto, a atuação <strong>de</strong> uma equipe multiprofissional <strong>não</strong> <strong>de</strong>ve diluir o compromisso do profissional médico<br />

para com o indivíduo, enfraquecendo a relação médico-paciente ou sendo fator complicador para ele.<br />

A DHGNA e a NASH constituem-se, pois, em complexo e crescente problema mundial <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>safiar nossa capacida<strong>de</strong><br />

científica e <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação sociocultural no tempo presente e em décadas futuras. Sua prevenção <strong>de</strong>manda, por certo,<br />

profunda reflexão crítica sobre os princípios que norteiam formas, estilos e hábitos <strong>de</strong> viver na socieda<strong>de</strong> contemporânea.

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