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Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

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CAPÍTULO 1: IMAGENS NACIONAIS NA POÉTICA DA RESTAURAÇÃO<br />

“A lição <strong>de</strong> pintura”<br />

Quadro nenhum está acabado,<br />

Disse certo pintor;<br />

Se po<strong>de</strong> sem fim continuá-lo,<br />

Primeiro, ao além <strong>de</strong> outro quadro<br />

Que, feito a partir <strong>de</strong> tal forma,<br />

Tem na tela, oculta, uma porta<br />

Que dá a um corredor<br />

Que leva a outras e a muitas outras.<br />

(João Cabral <strong>de</strong> Melo Neto)<br />

Ao apresentarmos José <strong>de</strong> Alencar como criador <strong>de</strong> imagens ligadas à modulação da<br />

i<strong>de</strong>ntificação nacional oitocentista, sublinhamos, em sua escritura crítica e ficcional, as<br />

reflexões acerca das relações entre memória e imagem, criadas em torno do que<br />

conceituamos como uma poética da restauração.<br />

Tentamos <strong>de</strong>sta forma <strong>de</strong>monstrar como o pictórico arvora-se no projeto literário<br />

alencarino como metáfora do nacional, a partir da tessitura <strong>de</strong> uma trama questionadora dos<br />

lábeis limites entre a verda<strong>de</strong> e a imaginação, relacionando-os ao jogo plástico do claro-<br />

escuro e analisando a presença <strong>de</strong> uma arquitetura textual em diálogo com a linguagem<br />

visual.<br />

A correspondência entre o pictórico e o poético nos textos <strong>de</strong> Alencar não se<br />

restringe ao uso <strong>de</strong> termos emprestados do vocábulo das artes plásticas em sua crítica, a<br />

servirem como via <strong>de</strong> construção à sua reflexão sobre a natureza literária: extrapola m este<br />

campo inicial e alcançam a sua produção romanesca, como práxis dos seus<br />

questionamentos sobre os limites entre o histórico e o ficcional.

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