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Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

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O <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> reverberar a imagem <strong>de</strong> um país uno, em diversos níveis, está presente<br />

também nesse romance. Por outro lado, Ubirajara inaugura um marco histórico alternativo,<br />

ao historicizar o tempo pré-cabralino. Este direcionamento na narrativa dota <strong>de</strong> sentido um<br />

tempo cronológico <strong>de</strong>sprezado. O romance contribui para a fundação <strong>de</strong> um novo<br />

imaginário histórico ao romper com um tempo histórico colonizador que marca a origem do<br />

Brasil a partir da conquista, resgatando o que foi apagado pela escrita da voz do vencedor,<br />

pelo relato oficial da História.<br />

A representação do rio Paquequer, em O Guarani, também alegoriza a concepção<br />

<strong>de</strong> um tempo histórico alternativo, construído na analogia entre as relações do Paquequer e<br />

do Paraíba e da metrópole com a colônia. Assim como o rio é livre em sua foz e submete-se<br />

ao Paraíba, a pátria submetida a Portugal era livre nos primórdios. A enchente anuncia a<br />

revolta do rio servil e conduz à <strong>de</strong>struição.<br />

É o retorno à “foz” (ligada implicitamente a Peri, o “filho indômito <strong>de</strong>ssa pátria <strong>de</strong><br />

liberda<strong>de</strong>”) que a narrativa <strong>de</strong> “Ubirajara” metaforiza: o retorno a um passado reelaborado,<br />

carregado <strong>de</strong> esperanças em um futuro conjugado como o futuro do pretérito 28 :<br />

a idéia <strong>de</strong> um organismo sociológico que se move pelo<br />

calendário através do tempo vazio apresenta uma analogia<br />

precisa com a idéia <strong>de</strong> nação, que também é concebida como<br />

uma comunida<strong>de</strong> compacta que se move firmemente através<br />

da história. (ANDERSON, s.d., p.34)<br />

Ubirajara contribui para a fundação <strong>de</strong> um novo imaginário histórico ao romper<br />

com um tempo histórico colonizador que marca a origem do Brasil a partir da conquista;<br />

com a metodologia do restaurador, o narrador remove a “crosta” e tenta criar uma outra<br />

visão do tempo histórico, em um discurso pautado pela diferença cultural, na medida em<br />

28 “A filosofia da história <strong>de</strong> Benjamin se <strong>de</strong>sdobra no tempo paradoxal do futuro do pretérito”. Peter Szondi,<br />

apud GAGNEBIN, Jeanne. “Walter Benjamin”.

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