Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF
Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF
Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
1 71<br />
fases históricas e três tipos <strong>de</strong> poesia: no tempo primitivo, a lírica; na antiguida<strong>de</strong>, a<br />
epopéia; e na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, o drama; assim, a literatura ligar-se-ia à História e reflexão<br />
sobre o literário abrangeria o pensar sobre a própria sensibilida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna.<br />
Alencar, ao contrário da proposta <strong>de</strong> Hugo, não liga <strong>de</strong> uma forma linear os<br />
períodos da literatura brasileira à temporalida<strong>de</strong> linear. Ao dividir a literatura <strong>de</strong> sua terra<br />
em três gran<strong>de</strong>s fases, classifica as obras não <strong>de</strong> acordo com o seu momento <strong>de</strong> produção,<br />
mas pela temática abordada.<br />
Assim, o que chama <strong>de</strong> fase primitiva abarca textos como Ubirajara e Iracema.<br />
São construções a partir da ruína, <strong>de</strong> uma terra ainda, mas prestes a ser dizimada e<br />
conquistada:<br />
A [fase] primitiva, que se po<strong>de</strong> chamar aborígine, são as<br />
lendas e mitos da terra selvagem e conquistada; são as<br />
tradições que embalaram a infância do povo, e ele escutava<br />
como o filho que a mãe acalenta no berço com as canções da<br />
pátria que abandonou. (ALENCAR, 1966, p. 697, grifo<br />
nosso).<br />
Apenas em sua segunda fase, a literatura brasileira passa a ser um elo para a<br />
construção do histórico, já que a primeira fase ligar-se –ia aos mitos e lendas. O histórico<br />
nesta proposta começa com o a colonização, <strong>de</strong>nunciada como violenta em Ubirajara, mas<br />
percebida como consórcio neste texto crítico. O estatuto <strong>de</strong> histórico legitima-se na<br />
percepção da construção do povo brasileiro na fusão racial e da dominação portuguesa:<br />
O segundo período é histórico: representa o consórcio do<br />
povo invasor com a terra americana, que <strong>de</strong>le recebia a<br />
cultura, e lhe retribuía nos eflúvios <strong>de</strong> sua natureza virgem e<br />
nas reverberações <strong>de</strong> um solo esplêndido. (ALENCAR, 1966,<br />
p. 697).<br />
A terceira fase, relativa ao tempo coevo a Alencar, seria a da infância da literatura,<br />
gestada durante a colonização: “A terceira fase, a infância <strong>de</strong> nossa literatura, começada