Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

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historicamente conquistou a hegemonia durante e após o processo de independência - os
que tornar-se-iam os vencedores.
Como “filho do novo mundo” (ALENCAR, 1966, p. 314), o colono é visto como o
que congrega “as tradições da raça indígena”, pois “vive ao contato de quase todas as raças
civilizadas que aportam a suas plagas trazidas pela emigração”, já que no Brasil “o
estrangeiro é um veículo de novas idéias e um elemento da civilização nacional”
(ALENCAR, 1966, p. 314). Alencar constrói um discurso em diálogo com a proposta
defendida por Martius em “Como se deve escrever a história do Brasil”, texto vencedor do
concurso proposto pelo Instituto Histórico Brasileiro, a pregar o amálgama racial como
solução possível na busca da identidade pátria.
Neste sentido, Alencar categoriza os colonos e seus descendentes como:
Os operários da transformação de nossas línguas são esses
os representantes de tantas raças, desde a saxônia até a
africana, que fazem neste solo exuberante amálgama do
sangue, das tradições e da língua. (ALENCAR, 1966, p.
314).
Assim, podemos afirmar que em um Brasil que assistia a reelaboração de seu
imaginário, a ficção de Alencar fez aflorar as ruínas históricas e psíquicas e a fundação de
novos sentidos na elaboração da me mória nacional.Esta reelaboração dialoga com o projeto
de Alencar para a construção da literatura nacional, em uma perspectiva aproximada ao
sistema de pensamento evolucionista de Spencer, bem como de Do grotesco e do sublime,
prefácio de Victor Hugo a Cromwel, Alencar constrói e sistematiza um projeto orgânico
para a literatura nacional, apresentado em “Benção Paterna”.
Victor Hugo apresenta em Do grotesco e do sublime um manifesto romântico, no
qual estabelece analogias classificatórias entre as três idades do gênero humano, as três