15.04.2013 Views

Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1 48<br />

enquanto passado só po<strong>de</strong> voltar numa não.i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cinsigo mesmo – abertura sibre o<br />

futuro, acabamento constitutivo”. (GAGNEBIN, 1994, p. 17)<br />

Prenhe <strong>de</strong> temporalida<strong>de</strong> e concebível em sua aliança com o presente, a origem é<br />

promessa, sobretudo, em seu inacabamento, a exigir para além da leitura do passado a<br />

mudança no presente.<br />

O conceito <strong>de</strong> origem nos permite perceber a poética alencarina como algo que se<br />

instaura em um campo <strong>de</strong> forças temporais que trazem em si o choque entre o resgate e a<br />

<strong>de</strong>struição, pois só a partir <strong>de</strong>sta dialética – entre o revelar e a ruína há a compreensão <strong>de</strong>ste<br />

conceito, uma vez que “não se <strong>de</strong>staca dos fatos, mas se relaciona com sua pré e pós –<br />

história” (BENJAMIN, 1984, p. 68).<br />

Em torno do que foi dito, o conceito benjaminiano <strong>de</strong> alegoria nos auxilia na<br />

compreensão da leitura alencarina frente às ruínas do imaginário, em sua potência <strong>de</strong> se<br />

darem como objeto significante àquele que pu<strong>de</strong>r lê-las como constelação, em uma reflexão<br />

capaz <strong>de</strong> estabelecer relações a gerarem novas significações. A leitura alegórica permite a<br />

mobilida<strong>de</strong> dos sentidos ao dizer o outro, fala a emergir na relação entre o lúdico e o luto,<br />

percebidos pelo olhar benjaminiano no trauerspiel barroco.<br />

Em O nosso cancioneiro (1874), compilação <strong>de</strong> cartas trocadas com Joaquim Serra<br />

sobre a cultura popular nor<strong>de</strong>stina, Alencar alu<strong>de</strong> à metáfora da restauração para falar do<br />

papel do artista frente aos silêncios e ruínas <strong>de</strong> uma cultura perdida, como a rua <strong>de</strong><br />

Combray.<br />

Ao tentar coletar as canções ouvidas em sua infância, ao propor-se a editar o<br />

folclore <strong>de</strong> seu povo e assim salvá-lo do esquecimento pelo suporte escrito, Alencar<br />

<strong>de</strong>parou-se com a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> coletar material. Decepcionado, confessa nas cartas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!