Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF

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INTRODUÇÃO
Conta a biografia da moça que o seu pai lhe dava como recompensa pelas longas
horas de estudo a permissão para ler romances de José de Alencar.
A moça em questão é a princesa Isabel, filha daquele que se tornaria o grande
desafeto de um de seus romancistas favoritos. O caso revela mais do que a mera
curiosidade: a referência ao papel secundário do romance na formação intelectual,
considerado como puro entretenimento.
Sem educação principesca, embora ilustrado, Alencar, ao escrever “Como e porque
sou romancista”, resgatou o romance da condição menor, elegendo-o como peça
fundamental de sua formação, para além da evasão e do divertimento.
A leitura dos melodramas para as mulheres da família na infância é somente o ponto
de partida para o encontro de escritores como Chateaubriand, Walter Scott e, aquele que
primeiro o impressionara profundamente, Balzac. O acesso aos seus romances na
adolescência e juventude permitiu a intuição da forma romanesca como elemento poderoso
de reflexão e conscientização do leitor frente ao mundo.
E o mundo de Alencar é pós-colonial, precário em sua ambígua identidade. O
romance surge então como estratégia de formação e conformação de imagens capazes de
contribuir para o delineamento da face nacional.
Nesta tese, tentaremos indicar alguns caminhos reflexivos para o estudo do romance
alencarino, pertencente a um contexto a clamar por (re) leituras. Intentamos analisar as
relações entre memória e literatura na ficção romântica oitocentista brasileira, mais