Tese de doutorado - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - UFF
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a memória subjetiva e a memória coletiva e <strong>de</strong>sta com o conceito <strong>de</strong> tradição. Muitas vezes<br />
as lembranças, inclusive as subjetivas<br />
que parecem não pertencer a ninguém senão a nós, po<strong>de</strong>m<br />
bem se encontrar em meios sociais <strong>de</strong>finidos e ali se<br />
conservar; e que os membros <strong>de</strong>sses grupos (<strong>de</strong> que não<br />
cessamos <strong>de</strong> fazer parte) saberiam ali <strong>de</strong>scobri-los e nos<br />
mostrá-los, se os interrogássemos como seria necessário. (...)<br />
Cada memória individual é um ponto <strong>de</strong> visa sobre a<br />
memória coletiva (...) este ponto <strong>de</strong> vista muda conforme o<br />
lugar que ali eu ocupo, e que este lugar mesmo muda segundo<br />
as relações que mantenho com outros meios (HALBWACHS,<br />
s.d., p. 50 e p. 51)<br />
Para Halbwachs, a partilha das imagens da memória só po<strong>de</strong>ria ocorrer em torno da<br />
aproximação provocada pela linguagem. Seria por conta <strong>de</strong>sta aproximação que po<strong>de</strong>riam<br />
organizar-se na memória os elementos oriundos do sonho, da lembrança e da vigília. Ao<br />
propor a linguagem como elo entre a produção <strong>de</strong> imagens circulantes nas duas dimensões<br />
da memória, Halbwachs apontou a impossibilida<strong>de</strong> da memória individual constituir-se<br />
<strong>de</strong>ntro do solipsismo.<br />
A idéia bergsoniana <strong>de</strong> um passado inteiro, esperando para ser resgatado pela<br />
consciência, é posta em xeque pela crença na quase impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservação<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e completa <strong>de</strong>ste passado mesmo <strong>de</strong> modo inconsciente. Halbwachs<br />
sublinhou o caráter <strong>de</strong> construção da memória, elaborada pelas representações do presente.<br />
A imagem do passado estaria necessariamente alterada pela visão <strong>de</strong> mundo e valores<br />
contemporâneos ao sujeito, ace<strong>de</strong>ndo à sua diferença em relação ao passado:<br />
a lembrança é em larga medida uma reconstrução do<br />
passado com a ajuda <strong>de</strong> dados emprestados do presente, e<br />
além disso, preparada por outras reconstruções feitas em<br />
épocas anteriores e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> a imagem <strong>de</strong> outrora manifestouse<br />
já bem alterada. É possível encontrar um gran<strong>de</strong> número<br />
<strong>de</strong>ssas correntes antigas que haviam <strong>de</strong>saparecido somente<br />
na aparência. (...) a lembrança é uma imagem engajada em